EXTRATO DE: DEMOCRACIA, O DEUS QUE FALHOU

Autor: Hans-Hermann Hoppe

Ed. Mises Brasil – 2001/2014/2023

 

INTRODUÇÃO

Até 1914, existiam apenas três republicas na Europa: França, Suíça e, após 1911, Portugal.

 

A Primeira Guerra Mundial resultou em muito mais baixas de civis – vítimas de inanição e de doença – do que de soldados mortos em campos de batalha.

 

Exemplos do que seja uma teoria a priori: É impossível uma ateria estar em dois lugares ao esmo tempo. Não há dois objetos que possam ocupar o mesmo lugar. Uma linha reta é a linha mais curta entre dois pontos. Etc. [E no que tange à economia] A satisfação mais cedo é preferida à satisfação mais tarde. A produção deve preceder o consumo. O que é consumido agora não pode ser consumido novamente no futuro. Sem a propriedade privada dos meios de produção, não é possível haver preços para esses fatores; e sem preços a sua contabilidade de custos é impossível.

 

O conflito interpessoal é possível apenas se as coisas são escassas.

 

Proposições como “os Estados Unidos produzem mais computadores do que qualquer outro país” exigem a coleta de dados históricos para serem validadas. E devem ser constantemente reavaliadas, pois tais alegadas relações não são necessárias, mas sim “contingentes”, i. é, não há nada de intrinsecamente impossível e inconcebível em acreditar oposto do dito acima.

 

O governo monárquico é reconstruído teoricamente como um governo de propriedade privada (particular), o qual, por sua vez, é explicado como a promoção, por parte do governante, de uma visão de longo prazo (orientada para futuro) e de uma preocupação para com  valor do capital e o calculo econômico. Em segundo lugar a democracia e a experiência democrática são dissecadas sob uma atípica luz desfavorável. O governo democrático é reconstruído como um governo de propriedade pública, o qual é explicado como a adoção de uma visão de curto prazo (orientada para o presente), ocorrendo, assim, o desprezo ou a negligencia do valor do capital por parte dos governantes; e a transição da monarquia para a democracia é interpretada de acordo com o declínio civilizatório.

[Eu prefiro a expressão “involução civilizatória”, pois não se trata de se deixar de ser civilizado, apenas estamos dando um passo atrás, um retrocesso na caminhada que até hoje foi inexorável na evolução humana.]

 

O desenvolvimento do mundo ocidental é a história dos estados e do estatismo.

 

O estado sempre produzirá menos justiça (e em menor qualidade), como também produzirá mais e mais “males”, i. é, injustiça e agressão.

 

A escolha entre monarquia e democracia é uma opção entre duas ordens sociais defeituosas.

 

Ordem natural: é a expressão usada por Hans para referir-se a um sistema social livre do monopólio e da tributação. Outros nomes: anarquia ordenada, anarquismo de propriedade privada, anarcocapitalismo, autogoverno, sociedade de leis privadas e capitalismo puro.

 

É em contraste com uma ordem natural que os erros econômicos e éticos da monarquia se esclarecem. É em contraste com uma ordem natural que os erros ainda maiores da democracia são esclarecidos; e é diante de tal contraste que a transformação histórica da monarquia para a democracia revela-se como um declínio civilizatório.

 

CAPÍTULO I – SOBRE A PREFERÊNCIA TEMPORAL, O GOVERNO E O PROCESSO DE DESCIVILIZACAO

 

PREFERÊCIA TEMPORAL

 

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O homem sempre visa a substituir um estado de coisas menos satisfatório por um estado mais satisfatório; e ele sempre considera o momento futuro em que os seus objetivos serão alcançados. E ele sempre demonstra uma preferência por bens presentes em vez de por bens futuros e/ou mais duráveis. Este é o fenômeno da preferência temporal.

 

FATORES QUE INFLUENCIAM A PREFERÊNCIA TEMPORAL

 

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A utilidade marginal dos bens futuros cai porque há menos tempo de vida disponível. E com a idade a preferência pelo consumo tende a aumentar.

 

O homem define a sua preferência temporal de acordo com as suas avaliações subjetivas.

 

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O poupador troca bens presentes (de consumo) por bens futuros (de capital) com a expectativa de que estes ajudarão a produzir uma oferta maior de bens presentes no futuro.

 

(...) os membros da classe baixa se caracterizam pela sua visão de curto prazo e pelo seu hedonismo. Para estes a consciência do futuro se traduz na ideia de que ele á algo fixo, fadado, além do seu controle: as coisas acontecem com o indivíduo; ele não as torna realidade. Nesta classe, fenômenos como promiscuidade, alcoolismo, drogas ... têm uma causa em comum: alta preferência temporal. A sua causa não é o desemprego ou a baixa renda, como observa Edward C. Banfield.

 

Redução da taxa de preferência temporal significa que há uma preferência por optar por consumo futuro; e o inverso, alta preferência temporal significa que há uma preferência pelo hoje, pela satisfação imediata de consumo.

 

PREFERÊNCIA TEMPORAL, PROPRIEDADE, CRIME E GOVERNO

 

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Ninguém se interessaria em aprender sobre qualquer fato ou lei da natureza a menos que achasse que tal conhecimento poderia ajudá-lo a melhorar a sua situação.

 

A marca distintiva das violações governamentais do direito de propriedade, é que elas são consideradas legitimas não apenas pelos agentes do governo que se dedicam a elas, mas também pelo público em geral (até esmo pelas vítimas).

 

(...) a vítima da interferência do governo, não tem o direito à defesa física e à proteção da sua propriedade. (...) por serem legitimas, tais violações são continuas. (...)  a vítima não pode armar contra ele, mas deve permanecer indefesa.

 

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(...) se tais violações seguem aumentando, a tendência natural da humanidade pode não só ser suspensa, como revertida para uma tendência à descivilização; indivíduos previdentes e responsáveis se tornarão bêbados ou alucinados; os adultos se tornarão crianças; o homem civilizado se tornará um bárbaro; e os produtores se tornarão criminosos.

 

GOVERNO, EXPANSAO GOVERNAMENTAL E O PROCESSO DE DESCIVILIZAÇÃO: DA MONARQUIA À DEMOCRACIA

 

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Todo governo é u monopólio territorial. (...) E, ao maximizar a sua riqueza e os seus rendimentos por meio da expropriação, todo governo representa uma ameaça constante ao processo de civilização e uma fonte crescente de forças descivilizadoras.

 

David Hume: nada parece ser mais surpreendente do que a facilidade com que os muitos são regidos pelos poucos, bem como a implícita submissão com a qual os homens sacrificam os seus próprios sentimentos e as suas paixões em prol de seus governos.

 

Em todas as sociedades indivíduos específicos rapidamente adquirem um status de elite em razão dos seus diversos talentos. (...) E já que devem a sua posição privilegiada a só seu caráter pessoal elitista e às suas realizações, eles se considerarão como os proprietários pessoais do monopólio.

 

A monarquia e a democracia desencadeiam diferentes efeitos na preferência temporal social e no consequente processo de civilização.

 

Bertran de Jouvenel: Há em cada estado uma margem de obediência que se ganha apenas através do uso da força ou através da ameaça do uso da força.

 

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(...) a propriedade privada conduz ao calculo econômico, promovendo, em consequência, uma visão de longo prazo.

 

(...) quanto menor for o grau de tributação, mais produtivos serão os súditos (...).

 

Toda propriedade privada é, por definição, propriedade exclusiva.

 

Quanto maiores forem o território e a população aos quais oi monopólio da expropriação se estende, melhor será a situação dos detentores desse monopólio. (...) deve-se esperar que a tendência expansionista ande de mãos dadas com uma tendência à centralização.

 

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Ao invés de manter ou até mesmo aumentar o valor da propriedade do governo – como faz um rei -, um presidente (o zelador temporário do governo) usará ao máximo os recursos governamentais o mais rapidamente possível, pois, se ele não os consumir agora, ele pode nunca mais ter a possibilidade de consumi-los. (...) Para um presidente a moderação oferece apenas desvantagens.

 

Nunca pode haver mais que um soberano supremo, seja rei ou presidente [e eu acrescento: ou ministro do supremo].

 

A democracia cria a ilusão de que ninguém é governado por ninguém; de que todos governam a si mesmos, e, com isto, a resistência do público contra o governo é sistematicamente enfraquecida.

 

[O que houve na URSS foi] um sistema de escravidão pública.

 

Um zelador presidencial do governo não é responsabilizado pelas dívidas contraídas durante o seu mandato. [Diferente e contrariamente para um rei.]

 

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Em vez de ser imutável – e, portanto, previsível -, a lei torna-se cada vez mais flexível e imprevisível.

 

Edward C. Banfield: Não é provável que a ameaça de punição legal dissuada a pessoa de visão de curto prazo, orientada para o presente. Os ganhos que ele espera obter do seu ato ilegal encontram-se muito perto do presente, ao passo que o castigo que ela iria sofrer – no improvável caso de ser punida – está em um futuro muito distante para ser evado em consideração. (...) Em seu meio é normal ficar em apuros com a polícia.

 

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Uma vez que os membros de um grupo privilegiado por critérios de sexo, raça ou faixa etária são recompensados com um rendimento não merecido, eles têm menos incentivos para obter um rendimento no futuro; uma vez que os membros de um grupo discriminado por tais critérios, eles também serão menos produtivos no futuro. (...) O custo da manutenção do existente nível de assistencialismo será maior agora do que antes; e, a fim de financiá-lo, mais tributação e mais expropriação de riqueza devem ser impostas sobre os demais produtores.

 

RETROSPECTIVA E PERSPECTIVAS

 

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Em comparação com século XIX, a destreza cognitiva das elites políticas e intelectuais e a qualidade da educação pública diminuíram. E as taxas de criminalidade, de desemprego estrutural, de dependência do estado de bem-estar social, de parasitismo, de negligencia de imprudência, de incivilidade, de psicopatia e de hedonismo aumentaram.

 

O curso da história humana é determinado pelas ideias, sejam elas verdadeiras ou falsas.

 

Não é o governo (monarquia ou democrático) a fonte da civilização humana e da paz social, mas sim a propriedade privada – bem como o reconhecimento e a defesa dos direitos de propriedade privada -, o contratualismo e a responsabilidade individual.

 

SOBRE A MONARQUIA, A DEMOCRACIA E A IDEIA DE ORDEM NATURAL

 

TEORIA: O CONTRASTE ENTRE A ECONOMIA DA PROPRIEDADE PRIVADA GOVERNAMENTAL E A ECONOMIA PROPRIEDADE PÚBLICA

 

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O que caracteriza a propriedade privada governamental é o fato de que os recursos expropriados e o privilégio monopolístico da expropriação futura são propriedade individual.

 

A propriedade pública governamental, o controle do aparato governamental esta nas mãos de um administrador ou zelador o zelador pode usar o aparato governamental para a sua vantagem pessoal mas este não lhe pertence.

 

O proprietário privado do governo tende a possuir um horizonte de planejamento sistematicamente mais longo – i. é, o seu grau de preferência temporal será menor; por conseguinte, o seu grau de exploração econômica tende a ser menor do  o de um zelador governamental. Sujeitos a um maior grau de exploração.

 

Em um regime de propriedade pública governamental, os governados, sujeitos a um maior grau de exploração, estarão comparativamente mais orientados para o presente do que em um sistema de propriedade pública privada.

 

(...) onde tudo é expropriado, toda a produção futura será bruscamente suspensa.

 

(...) um zelador temporário usará ao máximo os recursos governamentais o mais rapidamente possível (...) ele não tem interesse em não estragar o seu país. (...) para ele a moderação oferece apenas desvantagens.

 

O agressor (o Estado) não desaparece na clandestinidade, mas permanece ao redor; e a vítima não pode se armar contra ele, mas deve permanecer indefesa.  (...) [As vitimas] reagem a isso associando um risco permanentemente maior à totalidade da sua produção futura e ajustando sistematicamente para baixo as suas expectativas em relação à taxa de retorno de todos os investimentos futuros. (...) a sua esperada taxa de retorno de ações produtivas e orientadas para o futuro é reduzida em todos os aspectos; em consequência disso, as vitimas reais e potenciais tornam-se mais orientadas para o presente.

 

PRÁTICA: A TRANSICAO DA MONARQUIA PARA A DEMOCRACIA (1789-1918)

 

Introduziu-se o sufrágio adulto universal, e todo o poder estatal foi investido em parlamentos e funcionários “públicos”. Uma nova ordem mundial – a era republicano-democrática sob a égide de um dominante governo dos Estados Unidos – começara.

 

Do ponto de vista da teoria econômica, o fim da Primeira Guerra Mundial pode ser considerado o momento da história em que a propriedade privada governamental foi completamente substituída pela propriedade pública governamental.

 

Preferência temporal = preferência pelo retorno imediato (quanto mais baixa maior a preferência pelo retorno de longo prazo).

 

[Ao longo da história] excetuando-se momentos e locais específicos, o poder público nunca conseguiu tomar mais do que de 5 a 8% da renda nacional.

 

A França introduziu pela primeira vez algum tipo de imposto de renda em 1873; os Estados Unidos em 1913; a Alemanha em 1924.

 

Keynes: A longo prazo estaremos todos mortos. [Sintetiza a opção de Keynes por uma economia de consumo imediato.]

 

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Sob a democracia, com o exercício do poder escondido no anonimato, os presidentes e os parlamentos rapidamente se elevaram acima da lei.

 

Observa Jouvenel: O proprietário não se sente surpreso ao ser obrigado a manter  um inquilino; o empregador não está menos acostumado a ter de elegar os salários dos seus empregados em virtude dos decretos do Poder. Hoje (...) dependemos da boa vontade da autoridade estatal.

 

A democratização da lei e da aplicação do direito conduziu a uma constante inundação cada vez maior de legislações. Atualmente, o número de atos legislativos e de regulações aprovados pelos parlamentos no decorrer de apenas um único ano é de dezenas de milhares, afetando todos os aspectos da vida civil e comercial – o que resulta em uma maior insegurança jurídica.

 

Um exemplo típico disso é a edição de 1994 do Código de Regulamentos Federais em vigor do governo federal dos Estados Unidos, o qual é composto por um total de 201 livros, ocupando cerca de 8 metros de prateleiras de uma biblioteca. Só o índice desse código possui 754 páginas.

 

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Verifica-se, portanto, que o fenômeno do aumento dos índices de criminalidade somente pode ser explicado por um crescente grau de preferência temporal social; por uma crescente perda de responsabilidade individual; e por uma diminuição do respeito por todas as leis – i. é, relativismo moral -, estimulada por inabaláveis enchentes de legislações.

 

Banfield: Os ganhos de uma pessoa que foca no curto prazo espera obter do seu ato ilegal encontram-se muito perto do presente, ao passo que o castigo, no improvável caso de se apanhada e punida, está em um futuro muito distante para ser levado em consideração.

 

CONCLUSAO: MONARQUIA, DEMOCRACIA E A IDEIA DE ORDEM NATURAL

 

A transição história da monarquia para a democracia representa, na verdade, declínio civilizatório- e não progresso.

 

O século XX – a era da democracia – deve ser classificado entre s períodos mais sangrentos e assassinos de toda a história humana.

 

O que podemos fazer para impedir que o processo de declínio civilizatório complete o seu percurso rumo a uma catástrofe econômica e social?

 

Acima de tudo, a ideia da democracia e da regra da maioria deve ser deslegitimada.

 

À legitimidade do governo monárquico foi  irremediavelmente perdida. (...) Mas a ideia do governo republicano-democrático deve ser reputada como igualmente – se não mais – ridícula e risível, sendo ele identificado como fonte do contínuo processo de descivilização.

 

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(...) a manutenção e a preservação de uma economia baseada na propriedade privada e nas trocas voluntárias exigem, como pressuposto sociológico, a existência de uma elite natural voluntariamente reconhecida – uma nobilitas naturalis (Nobreza natural).

 

O resultado natural das transações voluntárias entre vários proprietários  privados é, decididamente, não igualitarista, hierárquico e elitista. Em consequência  da enorme diversidade de talentos humanos, em todas as sociedades (sejam quais forem os seus graus de complexidade)| algumas pessoas rapidamente adquirem o status de elite.

 

Ler: Bertrand Jouvenel – O Poder – A história natural do seu crescimento.

 

(...) ao invés de defender o direito preexistente e aplicar os universais e imutáveis princípios da justiça, os juizes monopolistas – os quais não temem perder clientes em decorrência de não serem imparciais em suas decisões – puderam sucessivamente alterar a lei existente em proveito próprio.

 

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Ainda existem homens ricos hoje em dia; mas eles, mito frequentemente, devem a sua fortuna direta ou indiretamente ao estado.

 

Apenas em pequenas regiões, comunidades ou bairros é que será novamente possível, para alguns poucos indivíduos – com base no reconhecimento popular da sua independência econômica, das suas grandes realizações profissionais, da sua vida pessoal moralmente impecável e dos seus juízos e gostos superiores -, ascender às fileiras das autoridades naturais voluntariamente reconhecidas e dar legitimidade à ideia de uma ordem natural de juizes concorrentes e de jurisdições sobre postas – i. é, de uma sociedade “anárquica” de leis privadas – como resposta à monarquia e à democracia.

 

Wilhelm Röpke: A liderança, a responsabilidade e a defesa exemplar das formas e dos valores orientadores da sociedade devem ser o exaltado dever e o indiscutível direito de uma minoria que forma (e é voluntária e respeitosamente reconhecida como tal) o ápice de uma pirâmide social hierarquicamente estruturada em termos de realizações. A sociedade de massa (...) deve ser compensada pela liderança individual – não por parte de gênios pioneiros ou excêntricos ou de intelectuais fogos-fátuos, mas, ao contrário, por parte de pessoas com coragem para rejeitar novidades extravagantes em favor das “velhas e boas verdades” que Goethe nos adverte e alerta para respeitar e em prol dos valores humanos simples, indestrutíveis e historicamente comprovados. (...) Nenhuma sociedade livre, pelo menos a de todos nós, que ameaça degenerar-se em uma sociedade de massa, pode subsistir sem uma classe de censores. A sobrevivência do nosso mundo livre dependerá, em última instância, da capacidade da nossa era de produzir um número suficiente de tais aristocratas de espírito público.

 

SOBRE A MONARQUIA, A DEMOCRACIA A OPINIÃO PÚBLICA E A DESLEGITIMAÇÃO

 

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Baseado na propriedade privada, explicou Mises, o surgimento da sociedade – da cooperação humana – foi o resultado (1) da diversidade natural entre as pessoas e os bens e (2) do reconhecimento de que o trabalho realizado no âmbito da divisão do trabalho é mais produtivo do que o trabalho realizado em isolamento autossuficiente. Explanou ele: “Se por meio da divisão do trabalho, obtém-se uma maior produtividade do que aquela obtida por meio do trabalho isolado, o homem é capaz de perceber esse fato, a ação humana tende, naturalmente, à cooperação e à associação. (...) A experiência ensina que essa condição torna-se efetiva porque a sua causa – a desigualdade inata entre os homens e a desigual distribuição geográfica dos fatores naturais de produção - é real. É este fato que nos permite compreender o curso da evolução social.

 

[A justificativa para a existência de um Estado mínimo.] Mises: Sem o recurso da coerção, a existência da sociedade correria perigo e que, por trás das regras de conduta, cuja observância é necessária para assegurar a cooperação  humana pacifica, deve pairar a ameaça da força, para que todo o edifício da sociedade não deva ficar à mercê de qualquer um dos seus membros. Alguém tem de estar em condições de exigir daquela pessoa que não respeita a vida, a saúde, a liberdade pessoa ou a propriedade privada dos outros que obedeça às regras da vida em sociedade. É esta a função que a doutrina liberal atribui ao Estão: a proteção da propriedade, da liberdade e da paz.

 

Mises: As terras e os povos, aos olhos dos príncipes, nada mais são do que objetos sob o domínio da propriedade principesca; (...).

 

Mises: No liberalismo o direito de autodeterminação no tocante à questão de adesão a um estado significa: sempre que os habitantes de um determinado território demonstrarem que não desejam permanecer unidos ao estado ao qual pertencem no momento, mas que desejam formar um estado independente ou anexar-se a qualquer outro estado, os seus desejos devem ser respeitados e cumpridos. Este é o único modo viável e eficaz de evitar revoluções, guerras civis e guerras internacionais.

 

A resposta dos agentes governamentais sempre será a mesma: (1) maximizar os gastos com serviços de proteção e, ao mesmo tempo (2) minimizar a produção efetiva de proteção. Quanto mais dinheiro se pode gastar e quanto menos se deve trabalhar para produzir, melhor a situação será.

 

Se é possível recorrer exclusivamente ao governo por justiça, então ela será distorcida em prol do governo, não obstante as constituições e os supremos tribunais. Constituições e supremos tribunais são

  CONSTITUIÇÕES E SUPREMOS TRIBUNAIS são agências governamentais!!!

                                     

Na democracia, os privilégios ao invés de ficarem restritos apenas aos príncipes e aos nobres, eles junto com a discriminação e o protecionismo podem ser exercidos por – e concedidos a todos.

                                               

Na democracia, o zelador pode desfrutar todos os benefícios advindos de gastos correntes mais elevados enquanto o passivo e a concomitante queda nos valores das propriedades recaem sobre outras pessoas. Assim, a divida pública é maior e aumenta mais rapidamente sob condições democráticas do que sob o governo monárquico.

 

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O zelador democrático não encara nenhum obstáculo lógico à redistribuição de propriedade privada. Em vez de envolver-se com a preservação e o aumento dos valores do capital, ele se preocupará principalmente com a defesa e a promoção da sua própria posição contra a concorrência de novos entrantes no governo. Esse tipo de legitimidade não se apoia sobre a legitimidade da propriedade privada. Ele repousa sobre a legitimidade da propriedade “social” ou pública. Portanto, ao tomar à força a propriedade de uma pessoa e ao entregá-la para outra, ele, na condição de zelador, não contradiz o seu próprio fundamento ideológico.

 

O zelador encontra-se sempre sob a pressão da concorrência política de outros que almejam substituí-lo. O zelador deve conceder ou prometer conceder privilégios para grupos em vez de para particulares. Dessa forma a natureza estrutural da sociedade será progressivamente deformada.

 

Uma vez que algo de bom provavelmente está sendo redistribuído, essa alteração implica literalmente que o número relativo de pessoas ruins ou não tão boas assim e de características pessoais e  hábitos ruins ou não tão bons assim aumentará continuamente; e a vida em sociedade se tornará cada vez mais desagradável. Em vez de colonização, cultura e aculturação, a democracia promove degeneração social, corrupção e decadência.

 

Em toda sociedade sempre existem indivíduos que cobiçam a propriedade de outros.

 

Na medida em que recorrem à democracia, todos podem abertamente cobiçar as propriedades de todos os outros; e, desde que se obtenha o ingresso no governo, todos podem agir movidos pelos seus desejos pelas propriedades dos demais.

 

Toda demanda é legítima se for expressa publicamente sob a proteção especial da “liberdade de expressão”.

 

Submetidos a eleições de massa, aqueles membros da sociedade com pouca ou nenhuma inibição moral contra o roubo da propriedade de outrem tendem a obter o ingresso no governo e a subir ao topo da  hierarquia governamental.

 

A seleção dos governantes através de eleições populares faz com que seja praticamente impossível que qualquer pessoa boa ou inofensiva possa ascender ao topo. Os primeiros-ministros e os presidentes são selecionados graças à sua comprovada eficiência como demagogos moralmente desinibidos.

 

H. L. Mencken: Os políticos raramente, se nunca, são eleitos apenas pelos seus méritos – pelo menos, não em uma democracia. Algumas fezes, sem dúvida, isso acontece, mas apenas por algum tipo de milagre. (...) Irá algum deles pronunciar uma palavra, por mais obvia que seja, que possa alarmar ou alienar a imensa turba de idiotas que se aglomeram ao redor da possibilidade de usufruir uma teta que se torna cada fez mais fina?

 

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Em nome do bem comum, nossos zeladores nos “protegem” do aquecimento global, da extinção de animais, dos maridos e das esposas; dos pais e dos empregadores; da pobreza, da doença e dos desastres; da ignorância, do preconceito, do racismo, do sexismo, da homofobia; e de inúmeros outros inimigos e perigos públicos. E, como enormes arsenais de armas de agressão e de destruição em massa, eles nos “defendem” de novos Hitlers e de todos os suspeitos de serem simpatizantes desses novos Hitlers. (...) Todavia, a única tarefa para a qual o governo foi concebido – proteger as nossas vidas e as nossas propriedades – não foi executada pelos nossos zeladores.

 

Anomia: ausência de lei, de regra, de ordem.

 

Um governo não pode impor a sua vontade sobre a totalidade da população a menos que encontre um amplo apoio e uma grande cooperação voluntária dentro do povo governado.

 

Lá Boétie:

Aquele que os domina tanto (...), na verdade, nada mais tem do que o poder que vocês lhe conferem para destruí-los. De onde ele tira tantos olhos com os quais os espia, a não ser qualquer de vocês os coloquem a serviço dele? Como ele possui tantas mãos para golpeá-los, a menos que as tenha tomado de vocês? (...) Se a tirania realmente depende da aprovação e do  consentimento em massa, então o instrumento óbvio para a sua derrubada é, simplesmente, a retirada massiva dessa aprovação e desse consentimento.

 

A massa das pessoas, como reconheceram La Boétie e Mises, sempre e em todo lugar consiste de “brutos”, “estúpidos” e “tolos”, facilmente iludidos e afundados em habitual submissão.

 

(...) a maioria ainda aceita o governo democrático em decorrência do fato de que ele lhes fornece uma variedade de bens e de benefícios. Esses “loucos”, observa La Boétie, não percebem que estão “meramente recuperando uma parte dos seus próprios bens e que o seu governante não poderia ter lhes dado o que eles estavam recebendo sem ter antes lhes tomado à força esses bens”,

 

(...) se o poder de governo reside na aceitação generalizada de ideias falsas,, absurdas, tolas e insensatas, então a única verdadeira proteção é (1) o ataque sistemático a essas ideias e (2) a propagação e proliferação das ideias verdadeiras.

 

Nada é mais eficaz no sentido de convencer as massas a cessar de colaborar com o governo do que a exposição, a desmistificação e a ridicularização constantes, incansáveis e implacáveis do governo e dos seus representantes como fraudes e imposturas morais e econômicas: como reis nus submetidos ao desprezo, como alvos de toas as piadas.

 

La Boétie: Decidam não mais servir e vocês serão livres; não lhes peço que empurrem ou sacudam o tirano, mas que, simplesmente, não mais o sustentem – e vocês o verão, como um grande colosso, cuja base se retira, cair graças ao seu próprio peso e quebrar-se em pedaços.

 

 

SOBRE A DEMOCRACIA, A REDISTRIBUICAO E A DESTRUIÇÃO DE PROPRIEDADE

 

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Considere-se, p. ex. , a prática quase universal da oferta de ensino universitário “gratuito”, na qual a classe operaria, cujos filhos raramente frequentam universidades, custeia através dos impostos a educação dos filhos da classe média!

 

Em consequência da prática de subsidiar pessoas em função de estarem desempregadas, mais desemprego será criado.

 

Mises: Ao enfraquecer ou destruir completamente a vontade de estar bem, de estar em condições para o trabalho, a previdência social cria a doença e a incapacidade para o trabalho; ela estimula o hábito de reclamar.

 

Caso as tendências atuais continuem, é seguro dizer que o estado de bem-estar social ocidental se desmoronará, assim como o socialismo oriental desabou no final da década de 1980.

 

Em grandes territórios que englobam milhões ou até mesmo centenas de milhões de pessoas – onde os potenciais saqueadores não conhecem as suas vítimas (e vice-versa) -, o desejo humano de enriquecer à custa do outro se depara com pouco ou nenhum obstáculo.

 

A ideia de democracia é imoral e não econômica. No tocante ao status moral do governo da maioria, deve ser ressaltado que ela permite que A e B se unam para roubar C, que C e A, por sua vez, se juntem para roubar B e que, em seguida, B e C conspirem contra A – e assim por diante. Isso não é justiça, mas sim um escândalo moral; e, ao invés de o regime democrático e os seus defensores serem tratados com respeito, eles devem ser tratados com desprezo de ridicularizados como fraudes morais.

 

(...) a verdadeira fonte da civilização humana se encontra na propriedade privada, na produção e nas trocas voluntárias.

 

A justiça e a eficiência econômica exigem uma sociedade de propriedade privada pura e irrestrita – uma “anarquia da produção” em que ninguém manda em ninguém, em que todas as relações entre os produtores são voluntárias e, portanto, mutuamente benéficas.

 

SOBRE A CENTRALIZAÇÃO E A SECESSÃO

 

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No inicio desse milênio que recém findou, a Europa consistia em milhares de unidades políticas independentes. (...) Durante a segunda metade do século XVII, a Alemanha era composta por aproximadamente 234 países, 51 cidades livres e 1.500 propriedades senhoriais independentes.

 

A partir de uma perspectiva global, a humanidade chegou mais perto do que nunca do estabelecimento de um governo mundial.

 

Os tribunais constitucionais – bem como os juizes do Supremo Tribunal – são parte integrante do aparato estatal cujos poderes estão encarregados delimitar. Por que razão eles desejariam restringir o poder da própria organização que lhes fornece empregos, dinheiro e prestígio?

 

A secessão não eliminará as diferenças culturais e as disparidades de padrões de  vida; e, na verdade, ela pode muito bem acentua-las. Todavia, é precisamente com a revelação de todas as diferenças culturais e de todas as disparidades de desenvolvimento socioeconômico de diversos povos que a secessão, com o tempo, fornecerá melhores estímulos para o progresso cultural e econômico de todos os povos, tanto os desenvolvidos quantos os subdesenvolvidos.

 

A secessão permitirá que cada pequeno território tenha as suas próprias normas de admissão e determine, de forma independente, (1) com quem os seus residentes se associarão no próprio território e (2) com quem tais habitantes preferirão efetuar uma cooperação social à distância.

 

A secessão, ser for efetivada em uma escala suficientemente grande, pode mudar tudo. O mundo se constituiria de dezenas de milhares de diferentes países, regiões e cantões; de centenas de milhares de cidades livres independentes, como as atuais Mônaco, Andorra, San Marino, Liechtenstein, Hong Kong e Cingapura. Aumentariam consideravelmente as oportunidades de migração economicamente motivada, e o mundo consistiria em pequenos territórios de governos liberais economicamente integrados através do livre comércio e de uma moeda-mercadoria internacional (como o ouro). Seria um mundo inédito de prosperidade, de crescimento econômico e de progresso cultural.

 

SOBRE O SOCIALISMO E A DESESTATIZAÇÃO

 

Uma vez que sob o socialismo os meios de produção não podem ser vendidos, não existem preços de mercado para os fatores de produção. Sem tais preços, a contabilidade de custos é impossível.

 

Já que os lucros e os prejuízos advindos dos bens de capital e das vendas da empresa socialista são socializados ao invés de serem atribuídos a produtores individuais específicos, a inclinação d ser humano à preguiça e à negligencia é sistematicamente encorajada.

 

Caso se deseje subir a escada do regime socialista, é preciso recorrer a talentos políticos. Não é a capacidade de empreender, de trabalhar e de satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores que garante o sucesso. Ao invés disso, é por meio da persuasão, da demagogia e da intriga – bem como por meio de promessas, de subornos e de  ameaças – que se alcança o topo. É desnecessário dizer que essa politização da sociedade, implícita em qualquer sistema de propriedade coletiva, contribui ainda mais para o empobrecimento e a miséria.

Como se pode justificar que alguém que não tenha contribuído literalmente nada para a existência e a manutenção de um bem em particular – e que talvez nem sequer saiba que ele existe – possa possuí-lo da mesma forma que alguém que ativa e objetivamente contribuiu para a sua existência e manutenção.

 

A constituição deve ser extremamente breve e estabelecer os seguintes princípios em termos o mais inequívocos possível:

Todo indivíduo, além de ser o único proprietário do seu corpo físico, tem o direito de empregar a sua propriedade privada da maneira que ele desejar, desde que, com isso, ele não modifique coercivamente a integridade física do corpo ou da propriedade de outra pessoa. Todas as trocas interpessoais e todas as trocas de títulos de propriedade entre proprietários privados devem ser voluntárias (contratuais).

 

Então, todas as regulações das propriedades, todas as requisições de licenças, todas as restrições à importação e à exportação e todos os controles de salários e de preços devem ser imediatamente abolidos, introduzindo-se a liberdade total de contrato, de profissão, de comércio e de migração. Subsequentemente, o governo, estando  agora sem bens, deve declarar a sua própria existência como inconstitucional – na medida em que dependa da aquisição não contratual de tributação e abdicar do seu poder. [Aí mora o busílis da questão!!!]

 

165

[Aqui apenas uma proposição de Hans.]Com a inexistência de atividade governamental e com toda a riqueza nacional nas mãos de particulares, os povos da Europa oriental poderão em breve se tornar alvos de inveja entre os seus homólogos da Europa ocidental.

 

A abolição de todos os controles de preços eliminaria quase instantaneamente todos os desabastecimentos autuais, e a produção começaria a aumentar imediatamente, tanto em termos quantitativos quanto em termos qualitativos.

 

SOBRE A IMIGRACAO LIVRE E A INTEGRACAO FORÇADA

 

173

O argumento clássico em favor da imigração livre apresenta-se desta forma: Ceteris Paribus[1], as empresas se deslocam para regiões com salários mais baixos, e a mão-de-obra se move para áreas com salários mais altos, afetando assim a tendência à equalização das taxas de salários, bem como a melhor localização do capital.

 

Mises: A cooperação social nada tem a ver com amor pessoal e com um mandamento que nos diga para amarmos uns aos outros. (...) Elas cooperam entre si porque, dessa maneira, servem melhor aos seus próprios interesses.

 

Estima-se em 50 mil o número de criminosos transportados para a América do Norte entre 1717 e 1776.

 

(...) os parasitas improdutivos, os vagabundos e os criminosos, são provavelmente os sustentáculos e mais confiáveis do governante democrático.

 

(...) os imigrantes geralmente vão para “guetos étnicos” que incubam as diferenças étnicas. Tais diferenças podem persistir por 3 gerações.

 

SOBRE O LIVRE COMÉRCIO E A IMIGRAÇÃO RESTRITA

 

187

A inferência obtida de dados históricos não é mais convincente do que a conclusão de que, a partir da constatação de que os ricos consomem mais do que os pobres, o consumo deve então ser a causa que torna uma pessoa rica. [É sarcasmo, sim.]

 

Se fosse verdadeira a ideia de que o protecionismo internacional pudesse tornar uma nação inteira mais prospera e mais forte, então também deveria ser verdadeira a concepção de que os protecionismos inter-regionais e interlocais pudessem tornar mais prósperas  e mais fortes as regiões e as localidades.

 

É exatamente pela voluntariedade absoluta da associação humana e pela separação – i.e., pela ausência de qualquer forma de integração forçada – que se concretiza a possibilidade de relações pacificas – i.e., de livre comércio - entre indivíduos cultural, racial, étnica e religiosamente diferentes.

 

201

Uma vez que não há nenhum governo em uma sociedade anarcocapitalista, não há distinção clara entre habitantes nativos e estrangeiros.

 

Na URSS e na Alemanha oriental, o governo podia colocar um completo estranho na casa ou no apartamento de alguém.

 

SOBRE A COOPERAÇAO, A TRIBO, A CIDADE E O ESTADO

 

207

 

Mises:Se, por meio da divisão do trabalho, obtém-se uma maior produtividade do que aquela obtida por meio do trabalho isolado; se o homem é capaz de perceber esse fato, a ação há tende, naturalmente, à cooperação e à associação; o homem torna-se um ser social não porque sacrifica os seus interesses em favor da sociedade, mas sim porque pretende melhorar o seu próprio bem-estar.

 

A cooperação entre os seres humanos é o efeito de ações individuais propositadas, de objetivos conscientes que visam à concretização de fins individuais.

 

No reino animal só existe interação. [não existe cooperação]

 

Mises: A sociedade implica sempre a cooperação de homens com outros homens, de forma a permitir que todos os participantes atinjam os seus próprios fins. [Aquele que não percebe isso] encontra-se na mesma categoria moral dos animais (...).

 

A cooperação humana (i.e., a sociedade) só pode prevalecer e evoluir na medida em que o homem for capaz de subjugar, domesticar, apropriar e cultivar o seu ambiente físico e animalesco e na media em que ele for bem-sucedido na repressão do crime, reduzindo-o a ocorrências raras por meio da autodefesa, da proteção dos direitos de propriedade e da punição.

 

Mises: Pode-se admitir que, no homem primitivo, a propensão a matar e a destruir e a disposição para a crueldade fossem inatas. Pode-se também supor que, nas condições daqueles tempos, as tendências agressivas e homicidas favorecessem a preservação da vida. Houve um tempo em que o homem era uma besta brutal. (...) Mas não se deve esquecer que ele, fisicamente, era um animal fraco;(...)

 

A cooperação humana conduz a (1) melhores e maiores padrões de vida, (2) um crescimento da população, (3) a extensão e à intensificação da divisão do trabalho e (4) ao aumento da diversidade e da diferenciação.

 

O que, especificamente, faz com que seja possível estabelecer um monopólio da lei e da ordem sobre um território com populações étnica, tribal e/ou racialmente mistas?

 

O potencial monopolista deve fomentar a consciência racial, tribal ou nacional entre os cidadãos da sua própria raça, da sua própria tribo, do seu próprio clã e prometer em troca do seu apoio, ser um juiz parcial em questões relacionadas à sua própria raça, à sua própria tribo ou ao seu próprio clã (ou seja, trata-se exatamente daquilo de que os cidadãos das demais origens étnicas têm medo – i.e., eles querem evitar serem tratados com parcialidade).

 

(...) uma vez que um monopólio judicial tenha sido estabelecido, os seus agentes – o governo – também se tornam os juizes e árbitros de última instância em todos os assuntos relacionados com a família, esforçando-se, naturalmente, para expandir esse poder.

 

220

Em consequência de um interminável processo de redistribuição de rena e de riqueza em nome da justiça racial, social e/ou sexual, a própria ideia de justiça como princípios universais e imutáveis de conduta e de cooperação será corroída e finalmente destruída.

 

O estado – o monopólio da justiça – deve ser reconhecido como a fonte da descivilização.

 

O assistencialismo deve ser reconhecido como uma estão exclusiva das famílias e da caridade voluntária; e o estado assistencialista deve ser reconhecido como a subvenção da irresponsabilidade.

 

SOBRE O CONSERVADORISMO E O LIBERTARIANISMO

223

Conservador se refere a alguém que acredita na existência de uma ordem natural, de um estado de coisas natural, que corresponde à natureza das coisas; que se harmoniza com natureza e o homem.

 

 Os conservadores apóiam e desejam preservar a família, as hierarquias sociais e as camadas de autoridade material e espiritual/intelectual baseadas em laços familiares e relações de parentesco.

 

O desprezo historicista e a ignorância da ciência econômica não alteram o fato de que existem inexoráveis leis econômicas. Por exemplo: você não pode, simultaneamente, ter em mãos o seu bolo e comê-lo. (...) Você pode ter socialismo ou a moral tradicional, mas você não pode ter ambos simultaneamente, pois a economia nacionalista social é a própria causa das anomalias culturais e sociais.

 

Toda redistribuição compulsória de riqueza ou de renda, independentemente dos critérios em que se baseia, implica tomar à força de alguns – os ricos (os possuidores de algo) – e dar a outros – os pobres (os não possuidores de algo). Assim, o incentivo para ser um possuidor é reduzido, e o incentivo para ser um não possuidor é estimulado. (...) O resultado de toda redistribuição é que serão produzidos menos bens e cada vez mais males, menos perfeição e mais deficiências. (...) Com a prática de subsidiar mães solteiras (um mal), haverá mais mães solteiras e mais filhos ilegítimo – e assim por diante. (...) Com a prática de aliviar os indivíduos da obrigação de prover os seus próprios rendimentos, a sua própria saúde, a sua própria segurança, a sua própria velhice e a educação das suas próprias crianças, são reduzidos o alcance e o horizonte temporal da ação provedora privada, e o valor do casamento da família, dos filhos e das relações de parentesco é diminuído.

 

232

(...) todos os indicadores de desintegração (e de disfunção) familiar – como as taxas de divorcio, de ilegitimidade, de abuso por parte dos filhos, de abuso por parte dos pais, de maus tratos conjugais, de família monoparental, de celibato, de estilos de vida alternativos e de aborto – aumentaram.

 

(...) com a socialização (estatização) do sistema de saúde (...) uma máquina monstruosa de redistribuição de riqueza e de renda – à custa de pessoas responsáveis e de grupos de alto risco – foi colocada em movimento. Os subsídios para os doentes j(os enfermos) e os incapazes (os inválidos|) fomentam a doença (a enfermidade) e a incapacitarão (a invalidez|0 e enfraquecem a vontade de trabalhar para o próprio sustento e de levar uma vida saudável.

 

Mises: Estar doente não é um fenômeno independente da vontade consciente (...). A eficiência do homem não é apenas um efeito da sua condição física; ela depende, em grande medida, da sua mente e da sua vontade. (...) Ao enfraquecer ou destruir completamente a vontade de estar bem e de estar em condições para o trabalho, a previdência social cria a doença e a incapacidade para o trabalho; ela estimula o hábito de reclamar, bem como neuroses de outros tipos.

 

A educação pública e a previdência social fornecem uma possibilidade para os jovens rebeldes de escapar da autoridade paternal (de escapar de punições por comportamentos impróprios). Os velhos conservadores sabiam que essa políticas emancipariam o indivíduo da disciplina imposta pela vida familiar e comunitária apenas para submete-lo, em vez disso, ao controle direto e imediato do estado. (...) eles sabiam que tais práticas conduziriam a uma infantilização sistemática da sociedade – a um retrocesso tanto em termos emocionais quanto em termos mentais (intelectuais), da idade adulta para a adolescência ou infância.  

 

Robert A. Nisbet: [Na idade média, o poder] encontra-se diluído – não porque estava distribuído em muitas mãos, mas sim porque ele se originava de muitas fontes independentes. Havia as liberdades da igreja, baseadas em um lei superior à lei do rei; havia a lei da natureza (o direito natural), que estava insculpida no coração dos homens e não podia ser apagada pelos decretos reais; e havia as prescrições dos imemoriais costumes locais e feudais que estereotipam uma variedade de jurisdições e impediam a supremacia de uma única vontade. (...) O enorme acúmulo de funções do estado contemporâneo, faz com que o controle do estado seja a meta maior (ou o premio maior) das modernas lutas pelo poder.

 

Os verdadeiros conservadores devem ser libertários de linha dura (antiestatistas).

 

Para Rothbard, o Libertarianismo é um sistema racional de ética.

 

A propriedade de recursos escassos é adquirida através de um ato de apropriação original (por meio do qual recursos são retirados de um estado de natureza e transformados para um estado de civilização).


(...) a única ordem social justa é um sistema de anarquia de propriedade privada.

 

[Com] a chamada legislação dos direitos civis e a guerra contra a pobreza, surgiu um novo fenômeno de massa. Emergiu um novo “lumpenproletariado” de intelectuais e de jovens intelectualizados –os produtos de um sistema em constante expansão  de educação socialista (pública)- “alienados” da moralidade e da cultura do mainstream “burguês” (mesmo vivendo com muito mais conforto do que o lumpenproletariado de antigamente graças à riqueza criada por essa cultura dominante).

 

[Um dos grandes feitos do estado assistencialista é a criação] da nova classe dos adolescentes permanentes.

 

Rothbard: O LM (libertário modal) é um adolescente que se rebela contra todos ao seu redor: em primeiro lugar, contra os seus pais; em segundo lugar, contra a sua família; em terceiro lugar, contra os seus vizinhos; e, por fim, contra a própria sociedade. Ele se opõe especialmente às instituições da autoridade social e cultural: em particular, à burguesia da qual ele proveio, às normas e convenções burguesas e às instituições da autoridade social (como as igrejas). (...) Mas, acima de tudo, LM é um vadio, um vigarista e, muitas vezes, um verdadeiro bandido.

 

246

Não ter o direito de excluir outras pessoas significa não ter o direito de se defender de outros indivíduos.

 

O resultado é a integração forçada. Os americanos devem aceitar imigrantes que não desejam. Os professores não podem se livrar de alunos bagunceiros ou mal-comportados; os empregadores têm de ficar com funcionários ineficientes ou destrutivos; os proprietários são obrigados a conviver com maus inquilinos; os restaurantes e os bares devem acomodar clientes indesejados.

 

[Quando não há o direito de expulsar indesejados] o mau comportamento, a má conduta e a má índole são incentivados.

 

Spencer H. MacCallum: A comunidade proprietária não é uma exclusividade da nossa época. As suas raízes, na história humana, são profundas. (...) No mundo primitivo, no âmbito das famílias, a terra é comumente administrada pelo homem mais velho na linha de sucessão patrimonial.

 

253

O igualitarismo é incompatível com a ideia de propriedade privada.

 

A adolescência é caracterizada por explosões regulares de rebelião (revolta) contra a disciplina imposta pela vida familiar e pela autoridade paternal. O relativismo cultural e o multiculturalismo fornecem o instrumento ideológico para a emancipação de tais limitações.

 

Ao invés de todos os habituais democratas, comunista e adeptos de estilos de vida alternativos serem rapidamente isolados, excluídos e expulsos da civilização, eles são tolerados pela sociedade.

 

SOBRE OS ERROS DO LIERALISMO CLÁSSICO E O FUTURO DA LIBERDADE

257

 

Mises: O programa do liberalismo pode ser condensado em uma única palavra: propriedade.

 

A chegada do último homem, o homo sociodemocraticus.

 

É preciso explicar a razão pela qual as pessoas, ainda que estejam cientes das corretas ideias liberais, apegam-se a crenças falsas.

 

Trata-se de uma proposição verdadeira e inegável a afirmação de que, sendo a humanidade o que ela é, sempre existirão assassinos, ladrões, agressores, trapaceiros e, embusteiros e de que a ida em sociedade será impossível a menos que eles sejam ameaçados com punições físicas.

 

Mercier de lá Rivière: Em virtude da sua razão, o homem é capaz de reconhecer as leis que conduzem à sua maior felicidade, e todos os males sociais decorrem do desrespeito dessas leis da natureza humana. Na natureza humana, o direito de autopreservação implica o direito de propriedade, e qualquer propriedade individual de bens retirados do solo pelo homem exige a propriedade próprio terreno.

 

Em contraste com a intenção original dos liberais de preservar a liberdade e a propriedade, todo governo mínimo possui uma tendência inerente a se transformar em um governo máximo.

 

Se só é possível recorrer ao governo por justiça, então a justiça será distorcida em prol do governo, não obstante as constituições e agencias governamentais (...) Previsivelmente, as definições de propriedade e de proteção serão continuamente modificadas, e o alcance da jurisdição, constantemente ampliado em beneficio do governo.

 

Rothbard: Nenhuma Constituição pode se interpretar ou se aplicar sozinha, por si mesma; ela precisa ser interpretada e aplicada pelos homens.

 

Todos os governos possuem uma tendência inata a promover a centralização  e, finalmente, a transformar-se em um governo mundial.

 

[Na democracia] o zelador não detém a propriedade do país; porém, enquanto ele estiver no cargo, ele está autorizado a usa-lo para o seu proveito e para a vantagem dos seus protegidos.

 

Caso o liberalismo deseja ter algum futuro, é necessário, portanto, que ele repare o seu erro fundamental os liberais terão de reconhecer que (1) nenhum governo pode ser contratualmente justificado; que (2) todo governo destrói aquilo que eles desejam preservar; e que (3) a proteção e a produção se seguinte somente podem ser legitima e efetivamente ofertadas por um sistema de fornecedores concorrentes de seguinte.

 

272

Thomas Jefferson, na Declaração de Independência, afirmou que “os governos são instituídos entre os homens, decorrendo os seus justos poderes do consentimento dos governados”, a fim de garantir o direito “à vida, à liberdade e à busca da felicidade”; e “que, sempre que qualquer forma de governo se tornar destrutiva de tais fins, trata-se do direito do povo modificá-lo ou suprimi-lo e instituir um novo governo, o qual será fundamentado e terá os seus poderes organizados nos princípios e nas formas que sejam os mais prováveis de garantir a segurança e a felicidade das pessoas”.

 

Os novos liberais propõem a secessão ilimitada – i.e., a proliferação irrestrita de territórios livres e independentes – até que o alcance da jurisdição estatal finalmente definhe por completo. (...) Eles promovem a visão de um mundo de dezenas de milhares de países, regiões e cantões livres; de centenas de milhares de cidades livres independentes, como as atuais “esquisitices” de Mônaco, Andorra, San Marino, Liechtenstein , Hong Kong e Cingapura.

 

275

Demonstrarei que a ideia de seguinte coletiva é um mito que não merece qualquer justificativa para o Estado moderno e que toda seguinte é e deve ser privada. (...)

“O homem é o logo do próprio homem” (Hobbes) e que no estado de natureza os homens viveriam em pé de guerra. [Meu comentário: isto é um absurdo do Hobbes porque se tivesse sido isto a humanidade não teria se desenvolvido, teríamos nos extinguido. Então essa natureza do homem ser o lobo do homem é absurda. O que aconteceu nos primórdios, provavelmente, é o que se imagina, eram pequenos grupos que se antagonizavam na medida em que se encontravam e um temia o outro. O preconceito, por exemplo, é uma reação à ameaça, frente ao outro que eu não identifico como sendo um similar meu, eu me retraio, se vou partir para o conflito ou não já é uma outra instância. Portanto isso é uma bobagem que o Hobbes imaginou. Acrescente-se que por muito tempo não houve Estado. O Estado só vai começar quando começa a existir a agricultura, e desta vem a propriedade. O fato não se deu e mostrou que o homem é capaz de superar seus impulsos naturais.]

 

276

O Estado promove a segurança  ou a paz entre A e B, apenas para que em seguida possa roubá-los mais lucrativamente. (...) A segurança coletiva, portanto, não é melhor que a segurança privada. A segurança [do Estado] é obtida através da expropriação, isto é, do desarmamento de seus súditos.

 

277

Ao supor-se que para estabelecer uma cooperação pacífica entre A e B, é necessário haver um Estado. Segue-se uma conclusão em duas partes: se houver mais de um Estado, então assim como presumivelmente não pode haver paz entre A e B sem a intermediação do Estado, não poderá haver paz entre os Estados enquanto eles permanecerem em estado de natureza, isto é, em um estado de anarquia uns em relação aos outros. Portanto, para que seja alcançada a paz universal, é necessário estabelecer a centralização política, a unificação, e por fim o poder mundial. [O que, acrescento eu, é uma absurda utopia. Para ter uma paz mundial há que se dividir a humanidade em duas partes: o protetores, cuidadores, os evitadores de conflito, e a outra metade os criadores de caso, seria esta a conclusão.

 

278

Certamente fico disposto a me envolver em mais provocações e agressões e a correr riscos maiores, se puder fazer terceiros pagarem por eles. O Estado mundial é o vencedor de todas as guerras. Ele é a última máfia de proteção então sobrevivente. Isso não o torna especialmente perigoso? E o poderio físico de um Estado Mundial não será esmagador em comparação a qualquer um de seus súditos individuais? [Ele falou isto em 2000, e só hoje em 2003, estamos tomando conhecimento desta tendência de governo mundial.]

 

O mito da segurança coletiva se mostra tão disseminado quanto impactante. [Hope se arrisca prever que o mito hobesiano] é aceito por bem mais que 90% da população adulta. [Isso vem corroborar o meu pensamento de que todo mundo quer proteção, todo mundo quer um dinheiro na conta sem esforço. A tendência ter uma vida sem esforço está dentro da natureza humana.]

 

279

A experiência americana com o estatismo protetor foi um sucesso? A proliferação de leis só gera insegurança jurídica e risco moral. O Estado se ampliou de tal forma que passou a regulamentar tudo. [Exemplos:] Como locadores somos forçados a aturar locatários ruins; como banqueiros somos

 

 

SOBRE O GOVERNO E A PRODUÇÃO PRIVADA DE SEGURANÇA

 

Toda segurança é e deve ser privada.

 

Cada detalhe da vida privada, das propriedades, do comércio e dos contratos é regulado por montanhas cada vez mais altas de leis, gerando, assim, insegurança jurídica e risco moral.

 

Considere-se por um momento, um mundo completamente livre de estados. A maioria dos proprietários seria segurada individualmente por grandes empresas seguradoras, com frequência multinacionais, dotadas de enormes reservas de capital. A maioria dos agressores comportando riscos ruins, ficaria sem qualquer tipo de seguro. Nessa situação, todo agressor ou todo grupo de agressores desejaria restringir os seus alvos e evitar todos os “danos colaterais”, já que, caso contrário, eles se veriam confrontados com uma (ou mais) poderosa agencia profissional de defesa.

 

Embora seja do interesse dos funcionários estatais combater o crime privado comum, na condição de agentes financiados por impostos, eles têm pouco ou nenhum interesse em ser especialmente eficientes na tarefa de impedi-lo – ou, caso ele já tenha ocorrido, em compensar as suas vítimas e prender ou punir os criminosos. (...) Ao invés de compensar as vítimas de crimes que o estado não evitou (como deveria), o governo força as vítimas a, mais uma vez, arcarem com prejuízos; como pagadores de impostos, elas têm de custear a apreensão, a prisão, a reabilitação e/ou o lazer dos seus agressores.

 

Os estados, em todo o mundo, buscam desarmar os seus próprios cidadãos de modo a ter maior poder de expropriá-los e de tributá-los.

 

SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DO GOVERNO LIMITADO E AS PERSPECTIVAS PARA A REVOLUÇÃO

 

(...) todas as sociedades humanas são a consequência natural de famílias e de sistemas de parentesco, sendo caracterizadas, portanto, por um elevado grau de homogeneidade interna – i.e., os “semelhantes” normalmente se associam com os “semelhantes” e se distanciam e se separam dos “não semelhantes”.

 

Os senhores feudais e os reis, em geral, não preenchem os requisitos constitutivos de um estado: eles só podiam “tributar” com o consentimento dos tributados, e todo homem livre era tão soberano (supremo tomador de decisões) em sua própria terra quanto o rei feudal o era em sua respectiva propriedade.

 

Rivière: Ah! O que é o homem, para pensar que é capaz de ditar leis a seres que ele não conhece? A ciência do governo está em estudar e reconhecer as leis que Deus tão manifestamente insculpiu na própria organização do  homem quando lhe deu a existência. Uma tentativa de ir além disso seria uma grande desgraça e uma ação destrutiva.

 

Rothbard: Ao passo que um proprietário privado, estando seguro em sua propriedade e possuindo o seu valor de capital, planeja a utilização do seu recurso para um período longo de tempo, o funcionário do governo tem de extrair os frutos da propriedade o mais rapidamente possível, visto que ele não possui a segurança e a garantia de propriedade.

 

(...) como resultado da “livre competição política”, toda a estrutura moral da sociedade foi distorcida, e mais e mais indivíduos maus ascenderam ao topo.

 

Em todas as sociedades, existem pessoas que cobiçam a propriedade de outros; mas elas, na maioria dos casos, normalmente aprendem a não agir de acordo com tal sentimento (...).

 

A seleção de um soberano se dá em decorrência do acaso de este ter nascido na nobreza. A sua única qualificação pessoal é a sua educação e a sua criação voltadas para torná-lo um futuro regente, um preservador da dinastia e das suas posses. Isso não impede que ele venha a se tornar um inofensivo indivíduo medíocre ou até mesmo uma pessoa decente e moral.

 

Mencken: Revoluções políticas geralmente não realizam nada de valor genuíno e real; o seu único efeito inquestionável é simplesmente expulsar do poder uma gangue de ladrões e nele colocar outra gangue.

 

314

(...) o politicamente talentosos, que têm pouca ou nenhuma inibição contra tomar a propriedade alheia e mandar nos outros, possuem uma clara vantagem sobre aqueles que têm mais escrúpulos. (...) conduzindo, assim, ao cultivo e à perfeição das peculiares habilidades da demagogia, da fraude, da mentira, do oportunismo, da corrupção e do suborno. (...) eles atingem as suas posições graças à sua competência em serem demagogos moralmente desinibidos.

 

A Constituição [americana] revelou-se um instrumento para a ratificação da expansão do poder do estado e não para restrição [de tais poderes].

 

(...) ao passo que os cidadãos  americanos ficaram cada vez mais indefesos, inseguros e empobrecidos e os estrangeiros em todo o mundo tornaram-se cada vez mais ameaçados e intimidados pela força militar dos Estados Unidos, os presidentes, os congressistas e os juizes do Supremo Tribunal se tornaram cada vez mais arrogantes, moralmente corruptos e perigosos.

 

É absurdo acreditar que uma agencia que pode tributar sem o consentimento dos tributados possa ser uma protetora de propriedades.

 

Ninguém no seu juízo perfeito concordaria com um contrato que permitisse ao alegado protetor determinar unilateralmente o preço a ser pago pela proteção; e ninguém concordaria com um contrato irrevogável (...).

 

Rothbard: O que acontece hoje em dia é este absurdo: A rouba $15.000 de B. o governo persegue, leva a juízo e condena A, tudo à custa de B, que é um dos muitos pagadores de impostos vitimados neste processo. O governo, então, ao invés de obrigar A a indenizar B ou a executar trabalhadores forçados até que esse débito esteja pago, obriga B, a vítima, a pagar impostos para sustentar o criminoso na prisão por dez ou vinte anos. Onde é que está a justiça nisso?

 

Uma pessoa é considerada representada caso ela vote ou não vote.

 

Toda seguradora deve restringir as ações dos seus clientes para evitar quaisquer agressões e provocações por parte deles. [Eles] têm de se subordinar à condição de o segurado submeter-se a determinadas normas de conduta não agressiva – i.e., civilizada.

 

As massas são sempre estúpidas e indolentes.

 

Todas as revoluções, sejam boas ou más [!!!], são iniciadas por minorias.

 

[Previsão do autor] O número de potenciais regiões separatistas continuará a aumentar, até mesmo para além do seu nível atual.

 



[1] Expressão latina que significa “tudo o mais constante” ou “mantidas inalteradas todas as outras coisas”.