Autor: Martin Gardner
Ediouro, 2002
Gardner não desconhece o fato de que o público em geral nada conhece sobre ciência. Por outro lado, esse mesmo público crê em astrologia, em anjos, demônios, gnomos e fadas, e se assusta ao lembrar que estamos sendo observados por alienígenas que pilotam poderosíssimos ufos.
(...crenças que surgiram nas ultimas décadas e que, por absoluta falta de senso crítico, se tornaram “verdades” indiscutíveis, quando são apenas a eterna necessidade de crer, comum ao ser humano desde sempre.
Introdução
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Pseudociência é uma palavra vaga que se refere a uma ambígua porção de um continuum em que não há fronteiras nítidas.
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Um importante objetivo da Sketical Inquirer sempre foi desmistificar as alegações mais extravagantes da falsa ciência. Não peço nenhuma desculpa por ser um desmistificador. Acredito que é dever de cientistas e escritores especializados em ciência expor os equívocos da má ciência, especialmente nos campos da medicina, em que as falsas convicções podem causar sofrimento desnecessário e até mesmo a morte.
A partir de pesquisas de opinião, sabemos o quanto o público em geral é ignorante em relação à ciência. Quase metade de todos os adultos nos Estados Unidos acredita hoje na astrologia, em anjos e em demônios, e que estamos sendo observados por alienígenas em OVNIs que freqüentemente fazem a abdução de seres humanos. Mais da metade acredita que a evolução é uma teoria não-verificada.
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Diversos estados americanos estão sempre fazendo o possível para obrigar as escolas públicas a ensinarem o criacionismo.
Como Carl Sagan gostava de mostrar, nos Estados Unidos há mais astrólogos profissionais do que astrônomos.
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Não tenho expectativas de que este livro altere mentes de concreto, mas se por acaso eles ajudarem um leitor de cabeça aberta a descartar uma convicção maluca, eles estarão fazendo mais do que apenas proporcionar entretenimento e risadas para os céticos.
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Para os que acreditam que a bíblia é um livro historicamente exato, esta não é uma pergunta qualquer. Se Adão e Eva não tinham umbigo, não eram seres humanos perfeitos. Por outro lado, se tinham umbigo, sua presença implicaria em um parto pelo qual eles jamais passaram.
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Philip Henry Gosse (1810-1888), autor de Omphalos, zoólogo britânico, fundamentalista da seita Plymouth Brethren, percebeu que os fosseis de plantas e animais demonstravam que houve vida anterior a Adão e Eva. Ao mesmo tempo, ele estava certo de que todo o universo havia sido criado literalmente em seis dias, cerca de 4 mil anos antes de Cristo.
“Pode-se objetar”, escreve Gosse, “alegando que pressupor que o mundo foi criado com esqueletos fosseis em sua crosta – esqueletos de animais que jamais existiram realmente – é acusar o Criador de formar objetos cujo único propósito era nos iludir. (...) Os anéis concêntricos da madeira de uma arvore criada teriam sido formados simplesmente para nos iludir? As linhas de crescimento de uma concha criada tencionariam iludir? (...) Se deus criou Adão e Eva (...) deus não poderia ter criado com a mesma facilidade um registro de história passada da Terra que jamais existiu a não ser na mente divina? (...) Uma vez isto considerado, não há muita dificuldade em estender-se o conceito à historia geológica da Terra. (...) marcas de dentes em ossos enterrados e milhões de fosseis espalhados pela Terra – todos esses e muitos outros aspectos testemunham eventos geológicos passados que na verdade jamais ocorreram.
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Eu poderia supor que hoje nenhum criacionista levaria Omplalos a sério. Ledo engano! O jornal Dês Moines Sunday Register (22 de março de 1987) publicou uma carta do leitor John Patterson alegando que a existência de uma supernova de um milhão de anos de idade contradizia a idéia de que deus criou todo o universo por volta do ano 4000 ªC. Em abril, o jornal trazia a resposta de uma certa Donna Lowers: “Ele criou bolsões de petróleo profundamente enterrados que a natureza levaria milhões de anos para processar. Ele colocou fosseis da vida marinha bem longe do mar e criou estrelas que explodem para nos maravilharmos com eles no século XX....”[?????]
Omphalos é freqüentemente invocada para explicar que deus criou o universo com a luz das distantes galáxias já a caminho!
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Enquanto o papa atual enfatizou em uma declaração recente que a evolução é uma teoria legítima, deve-se insistir em que deus infundiu almas imortais em adão e Eva – almas que não eram possuídas por seus ancestrais símios. Esta é a gora a opinião de quase todos os mais importantes pensadores católicos.
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O movimento Design Inteligente acredita no fato de que a vida evoluiu durante milhões de anos a partir de formas unicelulares nos mares primordiais da Terra. Sua discordância é apenas em relação à idéia de que a evolução tenha ocorrido sem a mão de deus.
“O mundo assombrado pelos demônios”, de Carl Sagan, Cia. Das Letras,
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Embora concordem sobre o fato da evolução, todos os evolucionistas de hoje discutem os mecanismos pelo qual ela funciona. Há uma fenda importante entre os gradualistas, que seguem Darwin na ênfase da mudança lenta, e os teóricos do “salto”, o mais notável dos quais é Stephen Jay Gould, que dá ênfase a longos períodos de estagnação para muitas formas de vida, interrompidos por períodos de mudança rápida. “Rápido” para eles quer dizer mudanças que ocorrem através de mutações incrementais durante dezenas de milhares de anos – um mero piscar de olhos no tempo geológico.
[Não concordo com esta teoria. Primeiro é preciso justificar os períodos de estagnação que eu não vejo como pois aceitar isso implicaria em não aceitar as leis da evolução propostas por Darwin. Segundo, é preciso explicar como as mutações em “saltos” ocorrem. Que variável é introduzida no sistema que altera a velocidade da evolução.]
Nota de rodapé.
Existem milhares de fosseis do “elo perdido”, e a cada ano são encentrados mais. Há exemplos das etapas entre répteis e mamíferos, entre répteis e pássaros, entr3e mamíferos terrestres e baleias, entre os cavalos e seus progenitores, entre os seres humanos e seus extintos ancestrais símios. As chamadas “lacunas” fósseis em parte se devem à raridade das condições para fossilização e às series relativamente rápidas de mutações enfatizadas por Gould e seus colegas.
“O Relojoeiro Cego, Richard Dawkins, Cia. Das Letras.
“O rio que saía do Éden: uma visão darwiniana da vida”, Rocco.
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Newton não apenas acreditava que Deus criou o universo e todas as suas leis em seis dias, como também acreditava que era necessário que Deus ajustasse periodicamente as trilhas dos planetas para manter o sistema solar funcionando livremente.
Por que Johnson [as pessoas] não consegue aceitar que o acaso, combinado com as leis naturais, é o método de criação de Deus?
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Se as leis que regem a evolução foram feitas e sustentadas por Deus, que necessidade tem Deus de enfiar o dedo nesse processo?
Disse um chefe do observatório astronômico do Vaticano: “Não há nenhum momento mágico. Tudo é magia.”
OBJETOS PERTO DA TERRA
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Uma técnica para desviar um asteróide talvez fosse fazer um foguete aterrisar na rocha, empurrando-a para uma trajetória inofensiva, ou prender nela uma imensa vela solar para deixar a radiação do sol dar este empurrão.
Quais são as implicações filosóficas de um asteróide gigantesco colidindo com a Terra e nos eliminando do universo. Evidentemente este não é um problema para ateus, agnósticos ou panteístas, porque estes se resignam com o fato de que a natureza não dá a menor bola para a preservação de uma espécie.
[E para os teístas também não haveria muito problema na medida em que a maioria das religiões, de um jeito ou de outro, mantém na reserva uma idéia sobre o “juízo final”.]
A ESTRELA DE BELÉM
[A idéia do dilúvio é mais uma das muitas contradições do cristianismo. Ela prega um genocídio feito por Deus.] Uma vez perguntei a um adventista do sétimo dia por que Deus seria tão cruel a ponto de matar todos os bebes inocentes. Ele respondeu que Deus previu como eles se tornariam cruéis, se permitisse que crescessem!
Deixemos a bíblia ser a Bíblia! Não se trata de ciência. Não é historia exata. É uma miscelânea de fantasias religiosas escritas por inúmeros autores.
O GRANDE MISTÉRIO DO EQUILÍBRIO DO OVO
A ENERGIA EM PONTO ZERO E HAROLD PUTHOFF
“Nosso universo é apenas uma dessas coisas que acontecem de vez em quando.” Edward Tryon, físico.
Por que há algo em vez de nada?
86 – DAVID BONHM – A ONDA GUIADA
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Todos os físicos concordam que não há nenhuma possibilidade de enviar mensagens codificadas usando o fenômeno EPR. É como se duas pessoas, uma em Nova York e outra em Paris, simultaneamente jogassem uma moeda. Por razoes desconhecidas, se uma das moedas cai em cara, a outra deverá cair em coroa – e vice-versa.
O paradoxo EPR permaneceu sem confirmação até poucos anos, quando o físico irlandês John Stewart Bell criou uma maneira brilhante de testa-lo em curtas distâncias no laboratório. As duas partículas emaranhadas se comportam precisamente conforme prevê a MQ.
Na MQ padrão todas as partículas podem ser observadas como partícula ou como onda. A onda não é física, como as ondas de água ou de som, mas são ondas de probabilidades em um espaço abstrato. Quando um fóton passa por uma fenda numa barreira, para registrar numa tela de detecção, é uma partícula. Quando há duas fendas abertas, o fóton se comporta como onda e é impossível dizer por qual fenda ele passara sem eliminar a onda.
99-A REFLEXOLOGIA
110-A URINOTERAPIA
Plínio, o Velho, em sua Historia naturalis, louva os poderes curativos da urina obtida de um menino virgem. Arnold de Villanova, um astrólogo, alquimista e médico espanhol, dizia que as verrugas desapareciam com a aplicação de urina de cachorro. Também afirmava que a visão melhoraria bastante lavando-se os olhos com a própria urina todos os dias de manhã. Lynn ainda cita um antigo tratado árabe que discute o poder curativo da urina de um elefante branco.
Pierre Fauchard, um dentista parisiense, é considerado o fundador da odontologia moderna. Em 1728 afirmou o seguinte: “Aliviei muitos doentes que estavam com quase todos os dentes cariados e que, em conseqüência eram freqüentemente atormentados por odores... por meio do seguinte remédio. Este consiste em enxaguar a boca todas as manhãs e também à noite... com algumas colheres cheias de sua própria urina assim que derramada.”
Existe quem acredite na Índia que beber a urina pode curar todas as doenças, do resfriado comum ao câncer.
125-FREUD: A EQUIVOCADA TEORIA DOS SONHOS
Antes de 1900, prevalecia entre os psicólogos a opinião de que em geral os sonhos são imagens ao acaso e absurdas como os de Alice no país das maravilhas. Nas palavras de Freud, seriam como os sons de “dedos inábeis passeando pelas teclas de um piano”.
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Entre os símbolos femininos mais misteriosos estão bosques, papel, mesas, livros e flores. Se um homem sonha que está tirando flores de uma mulher, é um símbolo de que deseja deflora-la. (...) Uma mulher sonha com violetas – e em A interpretação dos sonhos Freud associa isto com a palavra viol, em francês, que quer dizer “violação” (ou “curra”).
Veja como Freud interpreta o sonho desagradável das férias com a sogra: a sondadora passava por uma fase de intensa resistência à analise. Ansiosa para provar que Freud estava equivocado, seu inconsciente criou um sonho que contradizia sua teoria!
Repito o que muitas vezes se diz: onde acertou, Freud não foi original, e onde foi original, estava equivocado. Compare com Darwin. Onde acertou, Darwin foi original. Onde ele não foi original, como na defesa do lamarckismo, ele errou.
137-A TEORIA DOS SONHOS PÓS-FREUDIANA
O sonho REM certamente tem alguma função – se não, por que a evolução o teria inventado?
A teoria de Evans-Newman é de que o cérebro, como um computador, se enche de informação inútil. Exatamente como se tem de limpar rotineiramente o lixo da memória de um computador, o cérebro precisa de uma limpeza periódica.
Carl Jung descartava o que pensava ser uma exagerada ênfase de Freud aos desejos sexuais reprimidos. Para ele, os sonhos refletem “arquétipos” – vestígios da memória herdados de nosso passado evolucionário. Sonhos de voar e cair, por exemplo, são memórias genéticas de ancestrais balançando pelas arvores e caindo ao chão de vez em quando. [???????]
O objetivo do sono REM é arrefecer essas conexões sinápticas acidentais e apagar as memórias espúrias. Naturalmente, esse processo ao acaso cria cenas esquisitas e absurdas.
Os bebês têm duas vezes mais sono REM do que os adultos, e até no ventre já apresentam o sono REM – se na verdade os bebês estiverem sonhando, esses fatos parecem contradizer a teoria de Freud.
Crick e Mitchison propõem que “sonhamos para esquecer”. Esforços para lembrar sonhos podem ser prejudiciais. “Talvez não se devesse estimular a tentativa de rememorar os sonhos, porque essa lembrança poderá ajudar a reter partículas de pensamento que seria melhor esquecer. [!!!!!!!]
Em vez de apagar memórias banais, ou apagar as conexões neuronais indesejadas, o cérebro está apenas utilizando sua energia elétrica para bombardear os neurônios mais ou menos ao acaso enquanto dormimos.
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Embora passemos um terço de nossas vidas desacordados, ainda não sabemos por que isto é necessário para a nossa saúde. Sabemos que o sono reabastece o corpo e que, de alguma forma, ele recupera a manga desfeita do cuidado, como diz o Macbeth de Shakespeare. A idéia de que os sonhos servem para “descansar” os neurônios tem de ser descartada, porque hoje sabemos que os neurônios estão tão ativos enquanto dormimos quanto como quando estamos acordados. (...)Outra hipótese é que talvez a evolução tenha criado o sonho em parte como forma de divertimento, já que em geral os sonhos são agradáveis e divertidos, co (...) [!!!!!!!]
Surpreendentemente, as especulações de hoje não são lá muito diferentes do que eram para Platão e Aristóteles.
É evidente que o sono é essencial para a saúde, mas aparentemente as pessoas podem ser privadas de sonho REM por longos períodos sem quaisquer efeitos adversos.
Um golfinho resolve o problema de dormir e de sonhar dormindo com um lado de seu cérebro, enquanto o outro permanece acordado para garantir o ar necessário!
147-JEAN HOUSTON – GURO DA NOVA ERA
159-O CANIBALISMO É UM MITO?
169-O DIVERTIDO EMBUSTE DE ALAN SOKAL
180-A INTERNET
O comediante Jackie Mason, em um recente one-man show na Broadway fez os seguintes comentários sobre os internautas que se gabam de manter conversas com estranhos:
“Você quer conversar com pessoas pelo mundo afora? Não se conversa com o cada da casa vizinha... Um cara liga pra você e é engano. Você começa uma conversa?... Na semana passada um sujeito me disse: “Falei com um cara da Sibéria, é um alpinista siberiano”.... Se um alpinista siberiano chegasse na sua casa dizendo: “Oi! Sou um alpinista siberiano!” – será que você diria: “Entre, estou louco para conversar com você! A vida inteira eu quis bater papo com um alpinista siberiano!”
Ver:
190-CARLOS CASTAÑEDA E A ANTROPOLOGIA DA NOVA ERA
Entre os antropólogos americanos uma estridente minoria acredita firmemente na realidade da percepção extra-sensorial, na psicocinese, na precognição e em outras maravilhas mediúnicas, especialmente nos poderes paranormais dos xamãs ou feiticeiros de culturas primitivas.
203-CLAIBORNE PELL, SENADOR DO ESPAÇO
215-A ABSURDA VISÃO A DISTÂNCIA DE COURTNEY BROWN
229-O PORTÃO DO CÉU
Em março de 1997, o choque do mundo em reação ao suicídio de 38 felizes inocentes que passaram por uma lavagem cerebral e seu líder ensandecido, no Rancho Santa Fé, Califórnia, teve dois desdobramentos. O evento voltou a despertar a consciência do público em relação ao imenso poder de gurus carismáticos sobre a mente de seguidores do culto, e chamou a atenção para a extensão em que o mito da nave espacial alienígena se tornou a ilusão dominante de nosso tempo. Uma pesquisa recente da Newsweek revelou que praticamente metade dos americanos acredita que os OVNIs são reais e que o governo dos Estados Unidos sabe disso.
Quem teria sido o maior responsável pelos horrores do Rancho Santa Fé? Eram dois neuróticos, ocultistas que se auto-iludiam: Marshll Herff Applewhite e sua companheira platônica, Bonnie Lu Trousdale Nettles.
O casal rapidamente tornou-se inseparável, numa estranha ligação que os psiquiatras chamam de “insanidade a dois” – que se desenvolve quando dois neuróticos passam a viver juntos e um reforça as ilusões do outro.
Os primeiros convertidos eram principalmente jovens hippies, vagabundos e pessoal da Nova Era, gente desencantada com outros cultos, ansiosa para que alguém lhes dissesse no que acreditar ou o que fazer.
Como hoje todos sabem, dezoito homens e vinte e uma mulheres adormeceram com fenobarbital misturado num pudim ou em molho de maça e depois tomaram vodka. Foram amarrados sacos plásticos em suas cabeças para sufoca-los durante o sono. O rosto e a parte superior dos corpos dos “monges”, como se chamavam, foram cuidadosamente cobertos com um quadrado de pano vermelho-escuro. Todos os trinta e nove estavam vestidos igualmente: calças e camisas negras, tênis de corrida Nike, também pretos. Os dois últimos a morrer foram mulheres com os sacos nas cabeças, mas sem a cobertura vermelha. O aspecto mais espantoso dessas mortes ritualizadas eram as bolsas de viagem cuidadosamente arrumadas ao lado de seus beliches, um na nota de 5 dólares e algumas moedas em cada um de seus bolsos.
A crença em OVNIs alienígenas está tão disseminada pelo mundo que uma empresa de Londres há pouco tempo ofereceu seguro para qualquer pessoa contra abdução, fecundação ou ataque por alienígenas. Cerca de 4 mil pessoas, a maioria na Inglaterra e nos Estados Unidos compraram apólices.
245-THOMAS EDISON (1847-1931), PARANORMAL
257-O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA TEMPLE UNIVERSITY?
A homeopatia é uma das “fronteiras” preferidas do centro (Centro de Ciências Fronteiriças da Temple University). É o ponto sustentado por uma “pirado” do século XIX: determinadas substâncias, diluídas a um grau em que não reste mais nenhuma molécula da substância, têm grande potência no tratamento de uma enorme diversidade de males. Como os remédios homeopáticos consistem em nada mais do que água destilada, torna-se necessário que seus defensores pressuponham que, de alguma misteriosa maneira totalmente desconhecida dos químicos, a água retém uma memória de suas substâncias desaparecidas.
Segundo alguns, a doença é causada por “ilusões mentais” na mente, que não estaria confinada ao cérebro, mas atua em cada átomo de nosso organismo. Os remédios homeopáticos, dizem eles, “são padrões de ondas não-lineares que ressoam com semelhantes programas de pensamento, localizados no campo da memória da mente subconsciente e com perturbações no campo da mente consciente. Esses remédios são capazes de eliminar os programas ilusórios localizados no campo da memória que serve de base para a doença”.
[Para alguns], os alienígenas extraem o esperma dos homens, e os óvulos da mulheres, e depois os utilizam para produzir uma raça de híbridos que em breve assumirá o controle da Terra. Jacobs escreve que “desesperadamente deseja” que isto não fosse verdade, mas agora teme “pelo futuro” de seus filhos.
[Para outros] existem seres híbridos que vivem entre nós e são diabolicamente espertos para se esconder. Eles se parecem conosco e se vestem exatamente como nós. Para nos confundir ainda mais, os alienígenas implantam falsas memórias na cabeça dos abduzidos para que, quando voltarem à Terra, a policia pense que as malucos, porque falam em ter visto Jesus, a Virgem Maria, Abraham Lincoln e outros notáveis.
[As pessoas ignoram] quanto é fácil criar memórias falsas. Felizmente, esse tipo de memória é menos prejudicial do que as falsas lembranças de abusos sexuais por parte de seres humanos adultos. Pais, mães e professores inocentes já perderam anos na prisão, alguns condenados à prisão perpetua, com base unicamente em memórias falsas de abusos sexuais contadas em depoimentos dramáticos nos tribunais pro crianças e adultos que sofreram lavagem cerebral de terapeutas fanáticos.
275-ISAAC NEWTON, ALQUIMISTA E FUNDAMENTALISTA
Existem 3 Newtons:
Newton estava convencido de que de tempos em tempos Deus precisava ajustar as órbitas dos planetas para mantê-los livres de perturbações causadas por cometas e outras forcas. (...) Se Deus é perfeito, onipotente e onisciente como Newton acreditava, Leibniz queria saber por que teria Ele criado um universo tão cheio de falhas, exigindo ajustes perpétuos?
286-FARRAKHAN, A CABALA, OS BAHAÍ E O 19
298-A NUMEROLOGIA DO DR. KHALIFA
Os textos de Khalifa sobre o 19 foram muito vendidos por todos os países islâmicos, onde se tornaram polêmicos, não apenas porque sua numerologia tendia a dar suporte à heresia bahá’i com sua ênfase no 19 mas também porque o autor rejeitava os dois últimos versos da nona surata por serem espúrios. Por quê? Porque em nove pontos eles violavam o código secreto 19. E sua afirmação anterior de que o texto do Alcorão havia sido milagrosamente preservado de qualquer espécie de adulteração?
Muitas palavras árabes têm diversas formas, e Khalifa não é coerente em suas regras de contagem. Às vezes inclui as formas plurais, às vezes não. Uma palavra ligada a um pronome deve ser considerada uma ou duas? Nas línguas ocidentais, o significado de palavra é bastante claro, porque há espaço entre as palavras, mas no árabe, no caso de pronomes oblíquos regidos em genitivo ou acusativo (como, por exemplo, em “casa dele”, não há nenhum espaço. Até em inglês há uma certa indefinição. O exemplo que Lomax dá é a palavra truck (“caminhão” ou “barganha, negocio”). Ao contar truck num livro deve-se incluir trucks, trucked e trucking – plural e formas verbais correspondentes? Procura-se em vão a definição de palavra usada por Khalifa.
Phillips diz que é como tomar a palavra nevertheless (“entretanto”, em português), que em inglês é composta de never (“nunca”), the (artigo) e less (“menos”): será uma só ou três palavras, dependendo de como se deseja o resultado da contagem de palavras... o
305-AS IDÉIAS RELIGIOSAS DE STEPHEN JAY GOULD E DARWIN
Ciência e religião, argumenta Gould, são exemplos de um principio que ele chama de NOMA ou Non-Overlapping Magisteria. Há realmente um conflito entre os dois se a religião é tomada no estreito sentido de um credo que exige miraculosas intervenções de Deus na historia e se recusa a aceitar a esmagadora evidencia favorável à evolução. Quando os dois magisteria são misturados, essas superstições geram inimizade mutua. Contudo, se a religião for tomada em um sentido mais amplo, como um teismo filosófico livre de superstições ou como humanismo secular com base em normas éticas, então Gould não vê nenhum conflito entre os dois magisteria.
Gould nos lembra que a ciência é uma busca pelos fatos e as leis da natureza. A religião é uma busca espiritual pelo significado último e por valores morais que a ciência não tem poder para proporcionar. Para ecoar Kant e Hume, a ciência nos diz o que é, não o que deveria ser.
A tolerância religiosa está no âmago do livro de Gould. Ele até elogia o papa João Paulo II por sua afirmação de 1996 de que a evolução já não e’mais apenas uma teoria, mas um fato perfeitamente estabelecido que os católicos deveriam aceitar, embora insista que almas imortais foram infundidas nos corpos evoluídos dos primeiros seres humanos.
Rocks of Ages [Rochas dos temps], Stephen Jay Gould, paleontólogo de Harvard.
“A natureza é amoral, n imortal…”, escreve Gould. “Ela existia éons antes de chegarmos, não sabia que estávamos a caminho e não dá a menor bola para nossa existência... (...) A natureza apenas é... em toda a sua complexidade e diversidade, em toda a sua sublime indiferença por nossos desejos.”
Vejamos como Darwin expressou suas opiniões religiosas em uma carta ao filho em 1860:
“Uma palavra mais sobre “leis projetadas” e “resultados indesejados”. Vejo um pássaro que quero para comer, pego uma arma e o mato; faço isto intencionalmente. Um homem bom e inocente está de pé sob uma árvore e é morto por um raio. Você acredita (e eu realmente gostaria de ouvir) que Deus intencionalmente matou este homem? Muitas ou a maioria das pessoas realmente acredita nisto; não consigo e não acredito. Se você acredita nisto, acredita que quando uma andorinha engole um mosquito, Deus planejou que aquela particular andorinha engoliria aquele particular mosquito naquele particular instante? Acredito que o homem e o mosquito estão no mesmo apuro. Se a morte do homem ou a do mosquito não foram planejadas, não vejo nenhuma boa razão para acreditar que seu primeiro nascimento uma produção fossem necessariamente planejados.”
E em uma carta de 1873:
“Penso que geralmente (e cada vez mais conforme envelheço), mas nem sempre, agnóstico seria a descrição mais correta de meu estado mental.”
De uma carta de 1879:
“Sei que se admitirmos uma primeira causa, a mente continuará ansiosa por saber se isto aconteceu e como aconteceu.”
[EPOP – Estado Presente de Oferta e Procura]
E em sua autobiografia de 1876:
“A soma de prazeres como esses, que são habituais ou recorrentes com freqüência, proporciona, como não posso duvidar muito, aos seres mais sensíveis um excedente de felicidade sobre a infelicidade, embora às vezes alguns sofram muito. Esse sofrimento é bastante compatível com a crença na seleção natural, que não é perfeita em sua ação, mas termina apenas por tornar cada espécie o mais bem-sucedida possível na batalha pela vida com outras espécies, em circunstancias maravilhosamente complexas e mutantes.” [Não há outro fim possível porque a alternativa é fim daquela espécie.]
“Acreditando como eu que no futuro distante o homem será uma criatura bem mais perfeita do que a hoje existente, é intolerável pensar que ele e todos os seres sencientes estejam condenados à completa aniquilação depois de progresso tão lento e demorado. Para os que admitem plenamente a imortalidade da alma humana, a destruição de nosso mundo não parecer’[a tão assustadora.”
“Não posso fingir lançar a menor luz sobre problemas tão abstrusos. O mistério do começo de todas as coisas é insolúvel para nós e, por enquanto, devo me contentar em permanecer agnóstico.”
318-O JUDEU ERRANTE
Por quase cem anos, os pregadores e autores de livros adventistas asseguraram ao mundo que Jesus voltaria no período da vida de algumas das pessoas que viram a grande chuva de meteoros de 1833. Depois e passado 1933, a igreja aos poucos abandonou essa interpretação das palavras de Jesus.
333-A SEGUNDA VINDA
Os que acreditam na iminência do retorno do Cristo talvez se aborreçam com o fato de que, desde que os evangelhos foram escritos, grande numero de cristãos aplicou os sinais bíblicos do fim à sua própria geração.
Um importante arauto do terror milenar foi um monge chamado Raoul Glaber. Como quase todos os profetas que falham, Glaber encontrou um erro em seus cálculos quando o Cristo não apareceu. Os mil anos deveriam ser contados depois da morte de Cristo, não a partir de seu nascimento. Isso passava o fim do mundo no ano 1000 para o ano de 1033.
Em 1988, um tal de Edgar publicou uma brochura que vendeu mais de 6 milhões de exemplares com o título “88 razões pelas quais o arrebatamento será em 1988]. O livrinho previa que o evento se daria no dia 11, 12 ou 13 de setembro. Quando o evento deixou de acontecer, Edgar descobriu um pequeno erro em seus cálculos e passou a data para 1 de setembro de 1989. Quando essa data também se mostrou errada, ele decidiu não abrir mais a boca. Contou a um repórter que estava sob medicação para controlar esquizofrenia paranóide, mas sua condição mental nada tina a ver com seus cálculos.
Um outro sujeito, em 1990, acreditou que Ronal Reagen seria o novo Anticristo!
Em Seul, em 1992, Lee Jang Rim, chefe de uma das duzentas e tantas igrejas protestantes naquele país, criou uma histeria nacional ao anunciar que o fim do mundo ocorreria no dia 28 de outubro de 1992. (...) Em dezembro de 1992, portanto depois da profecia não ter se cumprido, Rim foi preso e sentenciado a dois anos de prisão por haver arrancado 4,4 milhões de dólares de seu rebanho. Ele havia investido o dinheiro em ações que só seriam liberadas no anos seguinte!!!
Encontrar o 666 nos nomes de pessoas famosas é um passatempo com os números que obceca os numerologistas desde que o Livro da Revelação foi escrito. Com paciência e alguma engenhosidade não é difícil extrair o 666 do nome de praticamente qualquer pessoa. Por exemplo, usando o código bíblico de Blevin, descobri que Hal Linday B dá 666...
Com um pouco mais de esforço, descobri a maneira de aplicar o 666 a Jerry Falwell. Numere o alfabeto de trás para diante, começando com Z=0, Y=1 e assim por diante. Chamo a este de Código do Demônio. Tome os valores das letras em Falwell, multiplique cada um por 6, some, e obtenha 666.
345-A CIENCIA E O INCOGNOSCIVEL
“Não sei de nenhum grande pensador de qualquer terra ou qualquer era que não considere a existência o mistério de todos os mistérios.” John Archibald Wheeler.
Nos anos recentes os cosmologistas anuviaram a distinção entre o universo que conhecemos e as regiões transcendentais, postulando um “multiverso” em que uma infinidade de universos está continuamente explodindo para a existência, cada um com um conjunto único de leis e constantes. Esta é uma das maneiras de defender o princípio antrópico contra o argumento de que a sintonia perfeita do universo é a prova de um Criador. Sabe-se que se qualquer uma das dezenas de constantes for alterada por uma fração minúscula, não seria possível a formação de sóis, planetas, muito menos a evolução da vida. Contra-argumento: se há uma infinidade de universos, cada um com um conjunto de constantes ao acaso e não-planejadas, é evidente que devemos existir apenas em um universo dotado de constantes que permitem a evolução da vida.
Conforme a ciência aumenta firmemente seu conhecimento da natureza, jamais chegando a uma certeza absoluta, mas sempre se aproximando cada vez mais da compreensão da natureza, será que ela algum dia descobrirá tudo?
Temos de ser cuidadosos para definir o que significa “tudo”. (...) Jamais conheceremos todas as possíveis melodias, poemas, romances, pinturas, piadas, truques de mágica, porque as possíveis combinações são ilimitadas. Além do mais, como nos ensinou Kurt Gödel, cada sistema matemático complexo o bastante para abranger a aritmética conte’m teoremas que não podem ser provados falso ou verdadeiros no sistema.
Quando os físicos falam sobre as teorias de tudo (TDT), estão falando de algo menos comum. Eles querem dizer que todas as leis fundamentais da física serão conhecidas algum dia e, talvez, unificadas por uma única equação uma um pequeno conjunto de equações.
A evolução é um fato, mas há mistérios profundos sobre a maneira como ela funciona. Ninguém tem a menor idéia de como moléculas orgânicas complexas são capazes de se dobrar tão rapidamente em formas que lhes permitem realizar suas funções em organismos vivos. Ninguém sabe como a consciência emerge da complicada estrutura do cérebro. Nem ao menos sabemos como o cérebro se lembra. Esta lista de não-saberes poderia encher um livro, mas todos têm potencial de serem conhecidos, se a humanidade sobreviver pelo tempo suficiente.
Muitos cientistas famosos, acreditavam que o universo tenha níveis sem fundo. Assim que um nível é atingido, abre-se mais uma porta que dá para um suporão até ali insuspeitado. Esses subporões são infinitos.
O nosso universo pode ser parte de um multiverso, por sua vez parte de um multimultiverso e assim por diante sem fim.
Por que existem as leis de gravidade? Porque, revelou Einstein, as grandes massas distorcem o espaço-tempo, fazendo os objetos se movimentarem em trajetórias geodésicas. Por que os objetos tomam trajetórias geodésicas? Porque são as menores trajetórias através do espaço-tempo.
Stephen Hawking perguntou uma vez: “Por que o universo se deu a todo o trabalho de existir?”
Pense no curtíssimo tempo em que a humanidade tem evoluído nesse nosso planetinha. Parece impossível que a evolução tenha parado conosco. SErá que alguém poderia acreditar que daqui a um milhão de anos, se a humanidade durar até lá, nossos cérebros não terão evoluído bem além das nossas capacidades presentes? (...) Presumir que os nossos cérebros, a esta altura de um infinito processo evolucionário, sejam capazes de conhecer tudo o que pode ser conhecimento a meu ver é o supra-sumo da arrogância.
“Nossa ciência é uma gota, nossa ignorância um mar. “William James.
Que nada deveria existir é bem mais simples do que a realidade de um universo em que, como diz Derek Parfit, filosofo britânico, até mesmo o cérebro de uma minhoca é mais complicado do que uma galáxia sem vida.
Depois de alguns minutos de árdua meditação sobre a Possibilidade do Nada, o fato de que nada existe, escreve Parfit sem muita clareza, “tira o fôlego da pessoa”.
Sir John Maddox, concorda com os que acreditam que a ciência é uma busca sem fim, que toda pergunta respondida levanta outra – num processo sem fim.
No final de 100 milhões de anos, pergunta Gernsback, se a raça humana sobrevier todo esse tempo, o conhecimento final será alcançado? Ele acha que não. “A raça humana estará tão longe do fim do conhecimento quanto estamos nos hoje.”