EXTRATO DE: TOTEM E TABU
Autor: Sigmund
Freud
Ed. L&PM - (1921/2009/2020)
O HORROR AO INCESTO
(...) os costumes
dos australianos admitem condições sociais e ocaisoes festivas em que se viola
o direito matrimonial exclusivo de um homem sobre uma mulher.
O TABU E A
AMBIVALÊNCIA DOS SENTIMENTOS
Wundt (1906)
designa o tabu como o mais antigo código não escrito da humanidade. É de
aceitação geral que o tabu é mais antigo qa os seuses e remonta a épocas que
antecedem qualquer religião.
Os tabus de
terceiro tipo (...) parecem apenas obedecer à regra de que é submetido ao tabu
aquilo que por alguma razão desperta horror ou é sinistro.
As verdadeiras
fontes do tabu (...) têm sua origem, no medo do efeito das forças demoníacas
(Wundt).
Nem o medo nem os
demônios podem ser considerados na psicologia como coisas últimas que resistem
a qualquer explicação adicional. Seria diferente se os demônios realmente
existissem; mas sabemos que, assim como os deuses, eles são criações das forças
psíquicas do homem; ele foram criados por algo e de algo.
O medo ainda não se
separou nas duas formas que assume num estágio desenvolvido: a veneração e a
repulsa.
O fundamento do
tabu é um ato proibido para o qual existe uma forte inclinação no inconsciente.
O ato de expiar a
violação do tabu por meio de nosso lado, talvez as nossas cabeças estivessem
agora penduradas na tua aldeia."
É preciso se
proteger deles (os soberanos) e é preciso protegê0los.
A necessidade de
proteger o rei de todos os perigos imagináveis resulta de sua imensa
importância para o destino de seus súditos.uma renúncia demonstra que há uma
renúncia na base da obediência ao tabu.
[O Tabu] entrou a
serviço de tendências sociais que certamente são mais recentes do que o próprio
tabu, como, por exemplo, os tabus que são impostos por chefes e sacerdotes a
fim de garantir posses e privilégios para si.
(Na ilha Timor) por
ocasião do retorno solene dos vitoriosos se oferecem sacrifícios para apaziguar
a alma dos inimigos. (...) "Não fiques furioso conosco porque temos a tua
cabeça aqui; se a sorte não tivesse estado do
Parece uma contradição evidente que pessoas
dotadas de semelhante plenitude de poderes necfessitem elas próprias ser
protegidas com o maior cuidado dos perigos que as ameaçam (...). Esses povos
(...) de modo algum estão seguos de suas boas intenções ou de sua retidão. Um
quê de desconfiança se mescla na motivação das prescrições do tabu destinadas
ao rei.
Se seu rei é seu
Deus, pensa o povo, então ele também deve provar que é seu protetor.
Em Shark Point, na
Baixa Guiné, "vive um rei-sacerdote, Kukulu, sozinho num bosque. Ele não
pode tocar muljeres, não pode deixar sua casa e nem seqquer se levantar de sua
cadeira, na qual tem de dormir sentado. Caso se deitasse, o vento cessaria e a
navegação seria prejudicada.
Em Niue, ou Ilha
Selvagem, uma ilha de coral no oceano Pacífico, a monarquia realmente acabou
porque não se encontrou mais ninguém que estivesse disposto a assumir a
responsável e perigosa tarefa. (...)
Entre os negros de Serra Leoa, a resistência à aceitação da dignidade real era
tão grande que a maioria das tribos era forçada a transformar estrangeiros em
reis.
A etiqueta do tabu,
à qual a vida do rei se encontra submetida, serve simultaneamente aos
propósitos de tutelar o rei, protegê-lo de perigos e proteger os súditos do
perigo que ele lhes oferece.
Os selvagens
atribuem a seus reis o poder sobre a chuva e o sol, o vento e o clima, e então
os depõem ou matam porque a natureza frustrou suas expectativas de uma boa
caçada ou uma colheita abundantes..
(...) o impulso
reprimido e aquele que o reprime se encontram para receber uma satisfacao
simultanea e comum.
Wundt: a essência do tabu é o medo dos
demônios.
Freud: aprenmdemos
a compreenderf certa parte das proibivcoes do tabu como medo de tentações.
[Portanto] a
proibição do tabu deve ser compreendida como resultado de uma ambivalência de
sentimentos.
[E] a consciência
moral é a percepção interior do repúdio a determinadas moções de desejo
existentes em nós.
[Pois] o que
ninguém deseja fazer não se precisa proibir (...)
A imagia imitativa,
segundo Frazer, pode ser praticada de maneira independente,m enquanto a magia
contagiosa geralmente pressupõe a imitativa. É fácil reconhecer os motivos que
impelem à prática da magia: são desejos humanos. Agtora apenas precisamos supor
que o homem primitivo tem uma enorme confiança no poder dos seus desejos.
(...) a formação
das ideias de alma e da crença nos demônios, que caracterizam o animismo, é
explicada pela impressão que a morte causa nos seres humanos.
A
"superstição", tal como a "angústia", o "sonho" e
o "demônio", é uma das propriedades psicológicas que se dissolveram
diante da investigação psicanalítica.
Um totem, diz
Fraser, "é um objeto material ao qual o selvagem presta um respeito
supersticioso, pois acredita que entre sua própria pessoa e cada ogjeto dessa
catetoria exista uma relação bem especial (...)".
O totem é sempre
uma categoria, geralmente uma espécie animal ou vegetal, mais raramente uma
classe de coisas inanimadas e mais raramente ainda de objetos produzidos
artificialmente (...).
Três espécies de
totem:
1 - O totem da
tribo...
2 - O totem do
sexo...
3 - O totem
individual, próprio de uma só pessoa e que não é transmitido à sua
descendência.
O totemismo é tanto
um sistema religioso quanto social.
J. G. Frazer, em
Totemismo e exogamia (1910): "Mudei
minhas opiniões repetidamente, e estou disposto a mudá-las outra vez com cada
mudança das evidências, pois, tal como o camaleão, o pesquisador[eu
adiciono 'todo cidadão'] honesto deve
mudar de cor conforme muda a cor do solo que pisa."
A lei não precisa
proibir e punir o que a própria natureza proíbe e pune. Por isso também podemos
supor tranquilamente que os crimes que são proibidos por uma lei são crimes que
muitos seres humanos gostariam de cometer devido a inclinações naturais. Se não
existisse tal inclinação, tais crimes não ocorreriam, e se tais crimes não
fossem cometidos, para que ae precisaria proibi-los?
(...) veneração de
divindades antropomórficas (...)
(...) o excesso se
encontra na essência da festa; a disposição festiva é gerada pela liberação do
que normalmente é proibido.
A necessidade
sexual não une os homens, e sim os divide. Por mais que os irmãos tivessem se
aliado para sugjutar o pai, cada um era rival do outro quanto às mulheres.
[isto pode servir
para explicar o comportamento da turba ensandecida] (...) a consciência de
culpa apenas pode ser atenuada pela solidariedade de todos os partivipantes.
Compreendemos as
primeiras prescrições e restrições morais da sociedade primitiva como reação a
um ato que deu a seus autores o conceito de crime.