EXTRATO DE: O TAO DA
FÍSICA
Autor:
Fritjof Capra
Ed.
Cultrix – 1975/1985
Heráclito ensinava que todas
as transformações no mundo derivam da interação dinâmica e cíclica dos opostos,
vendo qualquer par de opostos como uma unidade. A essa unidade, que contem e
transcende toas as forças opostas, denominava Logos.
No
século V a.C., os filósofos gregos tentaram superar o agudo contraste entre as
visões de Parmênides e Heráclito. Com a finalidade reconciliar a ideia de um
Ser imutável (de Parmênides) com a de um eterno “vir a ser” (de Heráclito),
partiram do pressuposto de que o Ser acha-se manifesto em determinadas
substancias invariáveis, cuja mistura e separação dá origem às mudanças do
mundo.
A imagem oriental do Divino
não é a imagem de um governante que, das alturas, dirige o mundo, mas a de um
princípio que tudo controla a partir de dentro.
Werner
Heisenberg: “cada palavra ou conceito, por mais nítidos que pareçam, só possuem
uma faixa limitada de aplicabilidade”.
O
fato de que a humanidade não se tornou muito mais sabia ao longo dos últimos
dois mil anos, não obstante o crescimento prodigioso do conhecimento racional,
constitui ampla evidência da impossibilidade de comunicação do conhecimento
absoluto através de palavras.
Pitágoras:
“0Todas as coisas são números”.
Quididade:
essência.
O
deus que dança [Shiva] e a teoria física são criações da mente, modelos que
buscam descrever a intuição que seus autores possuem acerca da realidade.
Dois
Mukoan:
“Qual
era o seu rosto original – aquele que você possuía antes de nascer?”
“Você
pode produzir o som de duas mãos batendo uma na outra. Mas qual é o som de uma
das mãos?”
Laplace
demonstrou que as leis newtonianas do movimento asseguravam a estabilidade do
sistema solar e tratavam o universo como uma máquina perfeitamente
autorreguladora.
Quando
Faraday produziu uma corrente elétrica numa bobina de cobre ao movimentar um
magneto perto dela – e, dessa forma, convertendo em energia elétrica o trabalho
mecânico de movimentar o magneto -, ele levou a ciência e a tecnologia a um
ponto crítico.
De
acordo com a teoria da relatividade, o espaço não é tridimensional e o tempo
não constitui uma entidade isolada. Ambos acham-se intimamente vinculados,
formando um continuum quadridimensional, o “espaço-tempo”.
Embora
a teoria especial tenha sido confirmada por inúmeros experimentos, a teoria
geral ainda não foi confirmada de forma conclusiva.
O
diâmetro de um átomo mede aproximadamente um centésimo milionésimo de
centímetro. Para que possamos visualizar esta dimensão ínfima, imaginemos uma
laranja cujas dimensões atingissem as dimensões de nosso planeta. Os átomos da
laranja possuirão então, o tamanho de cerejas. Um número inconcebível de
cerejas, comprimidas num globo do tamanho da Terra: eis uma imagem ampliada doa
átomos numa laranja.
Na
imagem de átomos com o tamanho de cerejas, o núcleo de um deles seria tão
pequeno que não poderíamos vê-lo. Se ampliássemos o tamanho do átomo até as dimensões de uma bola de futebol – ou
mesmo até as dimensões de um quarto -, o núcleo seria ainda tão pequeno que
continuaria invisível a olho nu. Para que pudéssemos ver o núcleo, teríamos de
ampliar o átomo até que atingisse as dimensões da maior abóbada do mundo, a da
Catedral de São Pedro, em Roma. Num átomo de tal envergadura, o núcleo teria o
tamanho de um grão de sal! Um grão de sal no centro da abóbada da Catedral de
São Pedro e poeira girando em torno dele: eis uma imagem do núcleo e dos
elétrons de um átomo.
O
átomo de hidrogênio consiste apenas de um próton e um elétron.
Einstein
foi suficientemente corajoso para postular que a luz e todas as demais formas
de radiação eletromagnética podem aparecer não apenas como ondas
eletromagnéticas mas, igualmente, sob a forma de quanta. Os quanta de luz, que
deram à teoria quântica o seu nome, têm sido aceitos, desde então, como
partículas genuínas, que sal atualmente chamadas de fótons.
Jamais
podemos prever um fato atômico com certeza; podemos unicamente supor quão
provável é a sua ocorrência.
Mas
se todos os objetos que nos cercam, e n os mesmos, consistem, em sua maior
parte, em espaço vazio, o que nos impede de caminharmos através de portas
fechadas? Em outras palavras: o que confere à matéria seu aspecto sólido?
Um
núcleo atômico é aproximadamente cem mil vezes menor do que o átomo todo.
Prótons
e nêutrons são frequentemente denominados “núcleons”.
Pode-se
dizer que um grão de sal consiste em moléculas de sal; estas, de dois tipos de
átomos; estes, de núcleos e elétrons, e os núcleons, de prótons e nêutrons. No
nível da partícula, contudo, não se pode mais visualizar os fatos dessa forma.
O
Hinduismo não pode ser considerado uma filosofia, nem mesmo uma religião bem
definida. Em vez disso, trata-se de um amplo e complexo organismo
sociorreliogioso,composto de um grande numero de seitas, cultos e sistemas
filosóficos envolvendo inúmeros rituais, cerimônias e disciplinas espirituais,
bem como a adoração de incontáveis deuses e deusas.
A
fonte espiritual do Hinduísmo encontra-se nos Vedas, uma coleção de antigos
textos escritos por sábios anônimos, os chamados “videntes” védicos. Cada um
desses Vedas consiste em varias partes, compostas em diversas épocas,
provavelmente entre 1500 e
As
massas do povo indiano, contudo, têm recebido os ensinamentos do Hinduísmo não
através dos Upanishads mas, sim, por intermédio de um grande numero de contos
populares, reunidos em épicos de vastas dimensões, que constituem a base da
ampla e colorida mitologia da Índia.
Brahman,
a realidade última, é entendida como sendo a “alma” ou essência interna de
todas as coisas.
A
manifestação de Brahman na alma humana é chamada Atman, e a ideia de que Atman
e Brahman, a realidade individual e a realidade última, são Um constitui a
essência dos Upanishads. Karma significa “ação”. É o princípio ativo da peça, a
totalidade do universo em ação, onde tudo se acha dinamicamente vinculado a
tudo o mais nas palavras de Gitã, “Karma é a força da criação, de onde provem a
vida de todas as coisas.
Para
entender como os hindus conseguem lidar com essa multidão de divindades devemos
ter em conta a atitude básica do Hinduísmo, segundo a qual todas essas
divindades são, em substancia, idênticas. São todas manifestações da mesma
realidade divina, refletindo aspectos diferentes do infinito, onipresente e incompreensível
Brahman.
Sidarta
Gautama, o Buda “histórico”, viveu na Índia, na metade só século VI a.C.
Buda
não estava interessado em satisfazer a curiosidade humana acerca da origem do
mundo, da natureza, do Divino ou questões desse gênero. Ele estava preocupado exclusivamente com a situação humana, com o
sofrimento e as frustrações dos seres humanos. Sua doutrina, portanto, não era
a metafísica; era uma psicoterapia. Buda indicava a origem das frustrações humanas,
e a forma de superá-las.
Buda
expressou as 4 verdades nobres:
A primeira Verdade Nobre afirma a característica mais saliente da situação
humana, duhkha, que é o sofrimento ou
a frustração. A frustração deriva de nossa dificuldade em enfrentar o fato
básico da vida, isto é, que tudo aquilo que nos cerca é impermanente e
transitório. “Todas as coisas surgem e vão embora”. (...) Essa doutrina da
impermanência inclui, igualmente, a noção de que não existe o ego, o Si-mesmo,
que é o sujeito persistente de nossas experiências. O Budismo sustenta que a
ideia de um eu individual isolado é uma ilusão (...) um conceito intelectual
desprovido de realidade.
A
segunda Verdade Nobre refere-se à causa de todo sofrimento, trishna, que é o apego, ou a avidez.
A
Terceira Verdade Nobre afirma que o sofrimento e a frustração podem chegar a um
fim. É possível alcançar o nirvana.
A Quarta Verdade Nobre é a prescrição de Buda
para extinguir todo sofrimento, o Caminho Óctuplo do autodesenvolvimento que
nos leva ao Estado de Buda.
Buda
insistia na necessidade de nos libertarmos de toda autoridade espiritual,
inclusive de sua própria (...).
O
tema central do Avatamsaka é a
unidade e inter-relação de todas as coisas e eventos; uma concepção que não
apenas é a própria essência da visão oriental do mundo, mas que é também um dos
elementos básicos da visão de mundo que surge à tona com a Física moderna.
Ver-se-á então que o Avatamsaka sutra,
esse antigo texto religioso, oferece os mais impressionantes paralelos com os
modelos e teorias da Física moderna.
Durante
o século VI a.C., o Confucionismo era a filosofia da organização social, do
senso comum e do conhecimento pratico, que fornecia à sociedade chinesa um
sistema de educação e as convenções estritas do comportamento social. (...) O
Taoismo por outro lado, voltava-se primariamente para a observação da natureza
e a descoberta do Caminho, ou Tao. A felicidade humana, segundo os taoistas, é
alcançada quando os homens seguem a ordem natural, agindo espontaneamente e
confiando em seu próprio conhecimento intuitivo.
O
Tao é o processo cósmico no qual se acham envolvidas todas as coisas; o mundo é
visto como um fluxo contínuo, uma mudança contínua.
Os chineses crêem que sempre
que uma situação se desenvolva até atingir seu ponto extremo, é compelida a
voltar e a se tornar o seu oposto.
Na
concepção chinesa, é melhor possuir muito pouco do que demasiado, e é melhor
deixar coisas por fazer do que faze-las em exagero,
porque, embora não se possa ir muito longe procedendo assim, certamente se
caminhará na direção correta.
A
transformação incessante detodas as coisas e
situações é a mensagem essencial de O Livro das Mutações:
“O
Livro das Mutações é uma obra
Da
qual o homem não deve se manter distante.
Su Tao está em perpetua mutação –
Modificação,
movimento sem descanso
Fluindo
através de seis posições vazias;
Subindo
e descendo sem cessar.
O
firme e o maleável mudam.
Não
se pode conte-los numa regra;
Aqui
só a mudança atua.”
Do
livro de Chuang Tsé: “A controvérsia é uma prova de que não se vê com clareza.”
Para
o Taoismo, sempre que desejarmos alcançar alguma coisa, devemos começar com seu
oposto.
Para
Heráclito de Éfeso, “tudo flui”. [E] “as coisas frias se aquecem, o quente
esfria, o úmido seca, o seco se torna úmido.”
Agir
em harmonia com a natureza equivale, para os taoistas a agir espontaneamente e
em consonancia com a verdadeira natureza de cdada indivíduo. Significa confiar na inteligencdia
intuitiva do indivíduo, inata na mente humana da mesma forma que as leis da mudancca são inatas a toda as coisas que nos cercam.
Na
vida cotidiana, não nos apercebemos da unidade de todas as coisas; em vez
disso, dividimos o mundo em objetos e eventos isolados.
A
maior parte das partículas subatômicas atualmente cfonhjecidas
são instáveis, isto é, desintegram-se – ou “decaem” – em outras partículas
depois de um certo tempo.
A
teoria quântica mostra que não podemos decompor o mundo em suas menores
unidades capazes de existir independentemente.
A
teoria quântica força-nos a encarar o universo sob a forma de uma complexa teia
de relações entre as diferentes partes de um todo unificado.
O
mundo afigura-se como um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes tipos se alternam ou se
sobrepõem, ou se combinam, determinando, assim, a textura do todo.
Todas
as coisas e eventos interagem de forma infinitamente complexa.
No
misticismo oriental, esse estado de entrelaçamento universal sempre inclui o
observador humano e sua consciência.
Os
opostos são conceitos abstratos que pertencem ao reino do pensamento; como tal,
são relativos.
O
vencer e o perder, o bem e o mal não passam de aspectos diferentes do mesmo
fenômeno.
As
partículas do ar numa onda sonora simplesmente oscilam para a frente e para
trás mas não se propagam com a onda.
A
posição de um objeto no espaço só pode ser definida em relação a algum outro
objeto, o que geralmente é efetuado com a ajuda de três coordenadas; e o ponto
a partir do qual as coordenadas são medidas pode ser denominado localização do
“observador”.
A
luz gasta 8 minutos para viajar do Sol aa Terra; por
essa razão, quando vemos o Sol em qualquer momento, estamos vendo como ele era
oito minjutos antes. De idêntica forma, vemos a
estrela mais próxima como ela existia há quatro anos, e com nossos potentes
telescópios podemos ver galáxias como elas existiram há milhões de anos.
Uma
barra apresenta seu comprimento maximo num
referencial onde se encontra em repouso, tornando-se cada vez manor à medida que aumenta a velocidade relativa ao
observador. [Tenho minhas dúvidas: se tenho uma câmera fotográfica com um
obturador que se abra à velocidade da luz, que tamanho a barra terá na foto?]
Buda
ensinou que “todas as coisas compostas são impermanentes”
e que todo osofrimento presente no mundo deriva de
nossa tentativa de apego a formas fixaas – objetos,
pessoas ou idéias -, em lugar de aceitarmos o mundo à medida que este se move e
se transforma.
As
propriedades das partículas subatômicas só podem ser compreendidas num contexto
dinâmico, ou seja, em termos de movimento, interação e transformação.
Partindo-se
do pressuposto de que não tenha ocorrido alteração na taxa de expansão do
universo (o que de forma alguma é seguro), chega-se a uma idade da ordem de 10
bilhões de anos.
Dizemos
que um corpo possui energia quando este apresenta a capacidade de realizar
trabalho: pode ser energia de movimento, de calor, energia gravitacional,
energia elétrica, química, etc. (...) A
energia total envolvida num processo é sempre conservada. Ela pode transformar
sua forma da maneira mais complexa, mas dela nada se perfe.
A
massa mede a inércia de um objeto, isto é, sua resistência à aceleração.
A
descoberta de que a massa é apenas uma modalidade de energia levou-nos a
modificar de modo essencial nosso conceito de partícula.
Os
pacotes de energia formam as estruturas nucleares, atômicas e moleculares
estáveis que constituem a matéria e lhe conferem seu aspecto macroscópico
sólido, levando-nos a acreditar que ela é feita de alguma substancia material.
(...) Os átomos consistem em partículas e estas não são feitas de qualquer
substancia.
Campos
magnéticos são produzidos por cargas em movimento, isto é, por correntes
elétricas, e as forças magnéticas daí resultantes podem ser sentidas por outras
cargas em movimento.
Matéria
e espaço vazio – o cheio e o vazio – dois conceitos que não podem mais ser
separados. Sempre que exista um corpo sólido, existirá igualmente um campo
gravitacional, e este se manifestará como a curvatura do espaço circunvizinho
àquele corpo.
A
relação entre as partículas virtuais e o vácuo é uma relação essecialmente dinâmica: na verdade, o vácuo é um “Vácuo
vivo” e que pulsa num ritmo sem fim de criazao e
destruição. A descoberta da qualidade dinâmica do vácuo é vista por muitos
físicos como uma das descobertas mais importantes da Física moderna.
Todos
os átomos são compostos de apenas três partículas maciças: o próton, o nêutron
e o elétron. Uma quarta partícula, o fóton, não possui massa e representa a
unidade de radiação eletromagnética. (...) O nêutron pode desintegrar-se
espontaneamente. Essa desintegração e denominada “decaimento beta” e é o
processo básico de um certo tipo de radioatividade.
A
descoberta de padrões simétricos no mundo das partículas fez com que mjuitos físicos acreditassem que tais padrões refletissem
as leis fundamentais da natureza. (...) a simetria juntamente com a geometria,
desempenhou um relevante papel na ciência, na filosofia e na arte gregas, onde
era identificada com a beleza, a harmonia e a perfeição.
As
tradições místicas do extremo oriente frequentemente utilizam padrões
simétricos como símbolos ou diagramas para meditação; entretanto, o conceito de
simetria não parece desempenhar qualquer papel mais destacado em sua filosofia.
Assim como a geometria, acredita-se que seja uma construção da mente, e não uma
propriedade da natureza.
D. T. Suzuki: “os budistas concebiam um objeto
comoo um evento e não como uma coisa ou uma
substância”.
Geoffrey
Chew: “uma partícula verdadeiramente elementar – completamente desprovida de
estrutura interna – não poderia estar sugeita a
quaisquer forças que nos permitissem detectar sua existência. O simples
conhecimento da existência de uma partícula implica o fato de que essa
partícula possua estrura interna!”
Na
física moderna, somos levados a ver as “coisas” do mundo subatômico enfatizando o movimento, a mudança e a
transformação, e considerando as partículas como etapas transitórias num
contínuo processo cósmico.
Na
visão oriental, como na visão da Física moderna, tudo no universo está
conectado a tudo o mais e nanhuma parte dele é fundamental.
Libertar
a mente humana das palavras e das explicações é um dos principais objetivos do
misticismo oriental.
Quando
um monge indagou de Tozan, que pesava um pouco de linho: “O que é Buda” recebeu
dele a seguinte resposta: “Este linho pesa tres
libras”.
Num
universo que é um todo inseparável e onde todas as formas são fluidas e estão
em permanente mudança, não há lugar para qualquer entidade fundamental fixa.
Onde,
então, nos levará a ideia do bootstrap?
Caminhar-se-á
para alem da ciência. Em vez de uma teoria bootstrap da natureza, chegar-se-á a
uma visão bootstrap da natureza, transcendendo os reinos do pensamento e da
linguagem, levando-nos para fora da ciência e para dentro do mundo de acintya,
o impensável. O conhecimento contido nessa viisao
será completo mas não poderá ser comunicado em palavras. Será o conhecimento
que LÇao Tse tinha em mente, há mais de dois mil
anos, ao dizer que
“Aquele
que sabe, não fala,
Aquele
que fala, não sabe.”
À medida que nos aproximamos de dimensões menoress, a influencia das conexões não locais torna-se
mais intensa, as certezas vão cedendo lugar às probabilidades e torna-se cada
vez mais difícil separar do todo qualquer parte do universo.
Epistemologia:
o entendimento do processo de conhecimento.
A
ideia de que o processo de conhecimento é parte integrante da compreensão da
realidade é bem conhecida de qualquer estudioso do misticismo. O conhecimento
místico nunca pode ser obtido pela
observação desprendida e objetiva; ee sempre envolve
a participação pela de todo o ser do indivíduo.
A
atual mudança de paradigma na ciência evoca a sensação de que os alicerces do
conhecimento estavam se movimentando, ou mesmo desmoronando, mas agora pode ser
a ultima vez; não porque não haverá mais progresso ou mudanças, mas pelo fato
de que não haverá mais quaisquer alicerces no futuro. Talvez não consideremos
necessário, njuma ciência futura, construir o nosso
conhecimento sobre bases sólidas, e talvez possamos ssubstituir
a metáfora da construção pela metáfora da rede. Assim como vemos a realidade
ao nosso redor como uma rede de
relações, também nossas descrições – conceitos, modelos e teorias – formarão
uma rede interconexa, representando os fenômenos observados. Nessa rede, não gavrá nada primário ou secundário, nem quaisquer alicerces.
Nenhuma
das propriedades de qualquer parte da teia é fundamental; todas resultam das
propriedades das outras partes, e a consistência global de duas inter-relacoes determina a estrutura de toda a teia.
Se tudo está conectado com tudo, como podemos esperar entender
qualquer coisa?
Se nos satisfazemos com um entendimento aproximado da natureza, podemos
descrever dessa maneira grupos selecionados de fenômenos, desprezando outros
menos relevantes. Assim, é possível explicar mjuitos
fenômenos em termos de alguns poucos, e consequentemente entender diferentes aspecdtos da natureza de um modo aproximado, sem ter de
compreender tudo de uma só vez.
[Então,
estamos diante do] deslocamenteo da verdade para
descrições aproximadas.
Explicar
algo significa, em ultima instancia, mostrar como ele está conectado com todas
as outras coisas. Como isto é impossível, os místicos frequentemete
insistem em que nunhum fenômeno isolado pode ser
plenamente explicado. Geralmente, não se interessam em explicar as coisas, mas,
sim, na experiência direta, não intelectual da unidade de todas as coisas.
Hoje
estamos incluídos nas múltiplas redes alternativas daquilo que eu chamei de
“cultura nascente” – um grande numnero de movimentos
representando diferentes facetas da mesma nova visão da realidade, que aos
poucos vai se aglutinando para formar uma poderosa força de transformação
social.