EXTRATO DE: SAPIENS

UMA BREVE HISTÓRIA DA HUMANIDADE

Autor: Yuval Noah Harari

Ed. L&PM 2015

 

Os biólogos classificam os organismos em espécies. Consideram que os animais pertencem a uma mesma espécie se eles tendem a acasalar uns com os outros, gerando descendentes férteis. (...) Já um buldogue e um spaniel podem ser muito diferentes em aparência, mas são membros da mesma espécie, partilhando a mesma informação de DNA. Acasalam entre si alegremente, e seus filhotes, ao crescer, cruzam com outros cachorros e geram mais filhotes.

 

Todos os gatos, por exemplo, dos menores gatos domésticos ao leão mais feroz, têm em comum um ancestral felídeo que viveu há cerca de 25 milhões de anos.

 

Há apenas 6 milhões de anos, uma mesma fêmea primata teve duas filhas. Uma delas se tornou a ancestral de todos os chimpanzés; a outra é nossa avó.

 

Os humanos surgiram na África Oriental há cerca de 2,5 milhões de anos, a partir de um gênero anterior de primatas chamado australopithecus, que significa "macaco do sul".

 

É questionável se o Homo sapiens ainda existirá daqui a mil anos, de modo que 2 milhões de anos certamente está fora do nosso alcance.

 

NO Homo sapiens, o cérebro equivale a 2 ou 3% do peso corporal, mas consome 25% da energia do corpo quando este está em repouso.

 

Os humanos saem do útero como vidro derretido saindo de uma fornalha. Podem ser retorcidos, esticados e moldados com surpreendente liberdade. É por isso que hoje podemos educar nossos filhos para serem cristãos ou budistas, capitalistas ou socialistas, belicosos ou pacifistas. [Modus in rebus]

 

Tendo sido até tão pouco tempo atrás um dos oprimidos das savanas, somos tomados por medos e ansiedades quanto à nossa posição, o que nos torna duplamente cruéis e perigosos. Muitas calamidades históricas, de guerras mortais a catástrofes ecológicas, resultaram desse salto apressado.

 

Alguns estudiosos acreditam que existe uma relação direta entre o advento do hábito de cozinhar, o encurtamento do trato intestinal e o crescimento do cérebro humano.

 

Os cientistas também concordam que há cerca de 70 mil anos, sapiens da África Oriental se espalharam na península Arábica e de lá rapidamente tomaram o território da eurásia.

 

Geneticistas conseguiram coletar DNA intacto de fosseis de neandertais em quantidade suficiente para fazer uma comparação detalhada com o DNA de humanos contemporâneos. Os resultados desconcertaram a comunidade cientifica.

Revelou-se que de 1% a 4% do DNA das populações modernas no Oriente Médio e na Europa são DNA de neandertal.

 

Outra possibilidade é que a competição por recursos tenha irrompido em violência e genocídio. A tolerância não é uma marca registrada dos sapiens. Os tempos modernos, uma pequena diferença em cor de pele, dialeto ou religião tem sido suficiente para levar um grupo de sapiens a tentar exterminar outro grupo.

 

Talvez tenha sido exatamente por isso que nossos ancestrais eliminaram os neandertais. Eles eram similares demais para se ignorar, mas diferentes demais para se tolerar.

 

Os primeiros objetos que podem ser chamados de arte e joalheria datam dessa era [de 70 mil a 30 mil anos atrás], assim como os primeiros indícios incontestáveis de religião, comércio e estratificação social.

 

Uma segunda teoria concorda que nossa linguagem singular evoluiu como um meio de partilhar informações sobre o mundo. Mas as informações mais importantes que precisavam ser comunicadas eram sobre humanos, e não sobre leões e bisões. (...) É muito mais importante para eles saber quem em seu bando odeia quem, quem está dormindo com quem, quem é honesto e quem é trapaceiro.

 

Graças a informações precisas sobre quem era digno de confiança, pequenos grupos puderam se expandir para bandos maiores, e os sapiens puderam desenvolver tipos de cooperação mais sólidos e mais sofisticados.

 

Os que fomentam os rumores são o quarto poder original, jornalistas que informam a sociedade sobre trapaceiros e aproveitadores e, desse modo, a protegem.

 

Em condições normais, um típico bando de chimpanzés consiste de 20 a 50 indivíduos. À medida que o numero em um bando de chimpanzés aumenta, a ordem social se desestabiliza, levando enfim à ruptura e à formação de um novo bando por alguns dos animais.

 

Quando o grupo ficava grande demais, sua ordem social se desestabilizava, e o bando se dividia. Mesmo se um vale particularmente fértil pudesse alimentar 500 sapiens arcaicos, não havia jeito de tantos estranhos conseguirem viver juntos. Como poderiam concordar sobre quem deveria ser o líder, quem deveria caçar onde, ou quem deveria acasalar com quem?

 

Um grande número de estranhos pode cooperar de maneira eficaz se acreditar nos mesmos mitos.

 

Dois católicos que nunca se conheceram podem, no entanto, lutar juntos em uma cruzada ou levantar fundos para construir um hospital porque ambos acreditam que Deus encarnou em um corpo humano e foi crucificado para redimir nossos pecados.

 

Não há deuses no universo, nem nações, nem dinheiro, nem direitos humanos, nem leis, nem justiça fora da imaginação coletiva dos seres humanos.

 

A Peugeot [ou qualquer marca, empresa, de qualquer coisa] é um produto de nossa imaginação coletiva. Os advogados chamam isso de "ficção jurídica". Não pode ser sinalizada; não é um objeto físico.

 

Ninguém estava mentindo quando, em 2011, a ONU exigiu que o governo líbio respeitasse os direitos humanos de seus cidadãos, embora a ONU, a líbia e os direitos humanos sejam todos produtos de nossa fértil imaginação.

 

Os chimpanzés machos não podem se reunir em uma assembléia constituinte para abolir o cargo do macho alfa e declarar que de agora em diante todos os chimpanzés devem ser tratados como iguais. Tais mudanças drásticas de comportamento só ocorreriam se algo mudasse no DNA dos chimpanzés.

 

Enquanto o Homo erectus não passou por novas alterações genéticas, suas ferramentas de pedra continuaram mais ou menos as mesmas - por quase dois milhões de anos!

 

Enquanto os padrões de comportamento dos humanos arcaicos permaneceram inalterados por dezenas de milhares de anos, os sapiens conseguem transformar suas estruturas sociais, a natureza de suas relações interpessoais, suas atividades econômicas e uma série de outros comportamentos no intervalo de uma ou duas décadas.

 

Há uma série de culturas humanas nos dias de hoje em que se pratica a paternidade coletiva, como, por exemplo, entre os índios bares. De acordo com as crenças de tais sociedades, uma criança não nasce do esperma de um único homem, mas da acumulação de esperma no útero de uma mulher.

 

12 mil anos atrás, começo da Revolução Agrícola.

 

Desde a revolução cognitiva, não existe um único estilo de vida natural para os sapiens. Há apenas escolhas culturais, dentro de um conjunto assombroso de possibilidades.

 

A economia dos caçadores-coletores proporcionava à maioria dos indivíduos vidas mais interessantes do que a agricultura ou a indústria. Atualmente, um operário chinês sai de casa por volta das sete da manhã e atravessa ruas poluídas rumo a uma fabrica com condições precárias de trabalho, onde opera a mesma máquina da mesma maneira, dia após dia, durante dez longas horas, voltando para casa por volta das sete da noite para lavar a louça e a roupa.

 

Quando uma mulher Aché idosa se tornava um fardo para o resto do bando, um dos homens mais jovens se esgueirava atrás dela e a matava com um golpe de machado na cabeça. Um homem Aché contou aos antropólogos histórias sobre seus primeiros anos na selva. “Eu  costumava matar mulheres idosas. Matei minhas tias (...) As mulheres tinham medo de mim (...) Agora, aqui com os brancos, eu me tornei fraco.” Bebes nascidos sem cabelo, considerados subdesenvolvidos, eram mortos imediatamente. Uma mulher lembrou que sua primeira bebê foi morta porque os homens não queriam mais uma menina no bando. Em certa ocasião, um homem matou um garotinho porque ele estava “de mau humor e a criança estava chorando”. Outra criança foi enterrada viva porque “tinha uma aparência engraçada e as outras crianças riam dela”.

 

O animismo (de “anima”, alma ou espírito em latin) é a crença de que praticamente todo lugar, todo animal, toda planta e todo fenômeno natural tem consciência e sentimentos, e que pode se comunicar diretamente com os humanos.

 

O animismo não é uma religião especifica. É um nome genérico para milhares de religiões, cultos e crenças muito diferentes. O que torna todos “animistas” é sua maneira de encara o mundo e o lugar que atribuem ao homem nesse mundo.

 

As teorias dos acadêmicos que afirmam saber o que os caçadores-coletores sentiam dizem muito mais sobre os preconceitos de seus autores do que sobre as religiões da Idade da Pedra.

 

Se a extinção australiana fosse um acontecimento isolado, poderíamos conceder aos humanos o beneficio da dúvida. Mas o registro histórico faz o Homo sapiens parecer um assassino em série da ecologia.

 

O povoamento da América não ocorreu sem derramamento de sangue. Deixou para trás um longo rastro de vitimas. A fauna americana há 14 mil anos era muito mais rica do que hoje. Quando os primeiros americanos marcharam rumo ao  sul, do Alasca para as planícies do Canadá e o oeste dos Estados Unidos, encontraram mamutes e mastodontes, roedores do tamanho de ursos, rebanhos de cavalos e de camelos, leões gigantes e dezenas de espécies grandes que são completamente desconhecidas em nossos dias, entre as quais os temíveis tigres-dentes-de-sabre e as preguiças-gigantes, que chegavam a pesar 8 toneladas e podiam ter até 6 metros de altura.

 

Não acredite em abraçadores de árvores que afirmam que nossos ancestrais viveram em harmonia com a natureza. Muito antes da revolução industrial, o homo sapiens já era o recordista, entre todos os organismos, em levar as espécies de plantas e animais mais importantes à extinção. Temos a honra duvidosa de ser a espécie mais mortífera nos anais da biologia.

 

A transição para a agricultura começou por volta de 9500-8500 a.C. no interior montanhoso do sudeste da Turquia no oeste do Irã e no Levante. Começou devagar em uma área geográfica restrita. Trigo e bodes foram domesticados por volta de 9000 a.C.

 

Não há indicio de que as pessoas tenham se tornado mais inteligentes com o tempo. Os caçadores-coletores conheciam os segredos da natureza muito antes da revolução agrícola, já que sua sobrevivência dependia de um conhecimento intimo dos animais que eles caçavam e das plantas que coletavam. Em vez de prenunciar uma n ova era de vida tranqüila, a revolução agrícola proporcionou aos agricultores uma vida em geral mais difícil e menos gratificante que a dos caçadores-coletores. Estes passavam o tempo em atividades mais variadas e estimulantes e estavam menos expostos à ameaça de fome e doença. (...) A revolução agrícola foi a maior fraude da história.

 

Na Nova Guiné de hoje, a violência responde por 30% das mortes masculinas em uma sociedade tribal agrícola, os danis, e 35% em outra, os engas. No equador, possivelmente 50% dos waoranis adultos encontram uma morte violenta nas mãos de outro  humano!

 

O cultivo de tribo proporcionou muito mais alimento por unidade de território e, com isso, permitiu que o homo sapiens se multiplicasse exponencialmente.

 

Essa é a essência da revolução agrícola: a capacidade de manter mais pessoas vivas em condições piores.

 

Fazia sentido. Se trabalhassem mais, teriam uma vida melhor. Esse era o plano.

 

Quando chegam aos 35, os jovens têm grandes hipotecas para quitar, filhos para educar, casas em zonas residenciais que necessitam pelo menos de dois carros por família e uma sensação de que a vida não vale a pena sem um bom vinho e férias caras no exterior. O que se espera que façam, voltem a arrancar raízes? Não, eles redobram seus esforços e continuam se escravizando.

 

A história da armadilha do luxo traz uma lição importante. A busca da humanidade por uma vida mais fácil desencadeou forças imensas de mudança que transformaram o  mundo de uma maneira que ninguém havia imaginado ou desejado. Ninguém planejou a revolução agrícola ou quis que os humanos dependessem do cultivo de cereais. Uma série de decisões triviais que quase sempre tinha por objetivo alimentar algumas bocas e obter um pouco de segurança teve o efeito cumulativo de forçar os antigos caçadores-coletores a passarem seus dias carregando baldes de água sob um sol abrasador.

 

Hoje o mundo tem cerca de um bilhão de ovelhas, um bilhão de porcos, mais de um bilhão de cabeças de gado e mais de 25 bilhões de galinhas.

 

A história é o que algumas poucas pessoas fizeram enquanto todas as outras estavam arando campos e carregando baldes de água.

 

Os mitos, como se veio a saber, são mais influentes do que qualquer um poderia ter imaginado.

 

“Cooperação” soa muito altruísta, mas nem sempre é voluntária e raramente é igualitária.

 

De uma perspectiva biológica, não faz sentido dizer que os humanos em sociedades democráticas são livres, ao passo que os humanos em sociedades ditatoriais não o são. E quanto à “felicidade”? Até o momento as pesquisas biológicas foram incapazes de propor uma definição clara de felicidade ou uma maneira de medi-la objetivamente.

 

Voltaire afirmou, a respeito de deus: “Deus não existe, mas não conte isso ao meu servo, para que ele não me mate durante a noite”.

 

Quando em 1860, uma maioria de cidadãos norte-americanos concluiu que os escravos africanos são seres humanos e devem, portanto, gozar do direito de liberdade, foi necessária uma guerra civil sanguinária para que os estados do sul concordassem.

 

(...) uma ordem imaginada só pode ser mantida se grandes segmentos da população – e, em particular, grandes segmentos da elite e das forças de segurança – realmente acreditarem nela.

 

Três fatores impedem as pessoas de perceberem que a ordem que organiza nossa vida só existe em nossa imaginação:

 

a. A ordem imaginada está incrustada no mundo material.

Os homens nobres na Europa medieval não acreditavam no individualismo. O valor de uma pessoa era determinado por seu lugar na hierarquia social e por aquilo que outras pessoas diziam a seu respeito. Ser alvo de zombaria era uma indignidade terrível.

 

b. A ordem imaginada define nossos desejos

A maioria das pessoas não quer aceitar que a ordem que governa sua vida é imaginaria, mas na verdade cada pessoa nasce uma ordem imaginada preexistente, e seus desejos são moldados desde o nascimento pelos mitos dominantes. Nossos desejos pessoais, portanto, se tornam as defesas mais importantes da ordem imaginada.

 

c. A ordem imaginada é intersubjetiva.

Mesmo que, por um esforço sobre-humano, eu consiga livrar meus desejos pessoais das garras da ordem imaginada, sou só uma pessoa. Para mudar a ordem imaginada, preciso convencer milhões de estranhos a cooperarem comigo, pois a imaginação – é, antes, uma ordem intersubjetiva, que existe na imaginação partilhada de milhares e milhões de pessoas.

 

Intersubjetivo é algo que existe na rede de comunicação  ligando a consciência subjetiva de muitos indivíduos. Se um único indivíduo mudar suas crenças, ou mesmo morrer, será de pouca importância.

 

(...) para mudar uma ordem imaginada existente precisamos primeiro acreditar em uma ordem imaginada alternativa.

 

O código de Hamurabi estabelecia uma ordem hierárquica formada por homens superiores, homens comuns e escravos. Os superiores ficavam com todas as coisas boas da vida. Os homens comuns ficavam com o que sobrava. Os escravos ficavam com uma surra, se reclamassem.

 

As hierarquias têm uma função importante. Elas permitem que estranhos saibam como tratar uns aos outros sem desperdiçar o tempo e a energia necessários para se tornarem pessoalmente familiarizados.

 

Uma florista não pode fazer uma indagação detalhada dos gostos e bolsos de cada indivíduo. Em vez disso, usa algumas pistas – o modo como a pessoa está vestida, sua idade, e, se não for politicamente correta, a cor da pele. É assim que ela imediatamente faz a distinção entre o sócio da firma de contabilidade que tem grande probabilidade de comprar um buquê de rosas caro e o mensageiro que só tem um dólar para gastar num punhado de margaridas.

 

Todas as sociedades são baseadas em hierarquias imaginadas, mas não necessariamente nas mesmas hierarquias. O que explica essas diferenças? Por que as pessoas são classificadas na sociedade indiana tradicional de acordo com castas, na sociedade  otomana de acordo com a religião e na sociedade norte-americana de acordo com a raça? Na maioria dos casos, a hierarquia surgiu em conseqüência de um conjunto de circunstâncias históricas acidentais e foi, então, perpetuada e refinada durante muitas gerações, à medida que diferentes grupos passaram a ter interesses pessoais em tal hierarquia.

 

No decorrer da história, e em praticamente todas as sociedades, conceitos de contaminação e pureza tiveram um papel fundamental na imposição de divisões políticas e sociais e foram explorados por muitas classes dominantes a fim de estas manterem seus privilégios. [o medo de contaminação] tem suas origens em mecanismo de sobrevivência que fazem os humanos sentirem uma repulsa instintiva por portadores de doenças em potencial, como pessoas enfermas e cadáveres.

 

Os que foram vitimas da história uma vez tendem a ser vitimados novamente. E aqueles que a história privilegiou tendem a ser privilegiados novamente [tanto sociologicamente quanto biologicamente].

 

Na China comunista da política do “filho único”, muitas famílias chinesas continuavam considerando o nascimento de uma menina uma desgraça. Os pais muitas vezes abandonavam ou matavam meninas recém-nascidas para ater mais uma chance de ter um menino.

 

[Para os antigos hebreus] Estuprar uma mulher que não pertencia a nenhum homem não era considerado crime algum, assim como pegar uma moeda perdida em uma rua movimentada não é considerado roubo. E a idéia de que um marido pudesse estuprar a esposa era um oximoro [paroxismo, uma coisa óbvia].

 

Em 2006, ainda havia 53 países em que um marido não poderia ser processado por estuprar a esposa. Até mesmo na Alemanha, as leis de estupro foram modificadas apenas em 1997, criando-se uma categoria jurídica para o estupro conjugal.

 

Para tornar as coisas menos confusas, os estudiosos costumam distinguir entre “sexo”, que é uma categoria biológica, e “gênero”, uma categoria cultural.

 

Cultura: rede de instintos artificiais.

 

Diferentemente das leis da física, que estão livres de inconsistências, toda ordem criada pelo homem é cheia de contradições internas.

 

Os valores de igualdade e liberdade são contraditórios. A igualdade só pode ser assegurada se forem diminuídas as liberdades daqueles que estão em melhores condições. Garantir que cada indivíduo seja livre para fazer o que desejar inevitavelmente compromete a igualdade.

 

O mundo moderno não consegue conciliar liberdade e igualdade. (...) a consistência é o parque de diversões das mentes entorpecidas.

 

Se as pessoas não fossem capazes de ter crenças e valores contraditórios, provavelmente seria impossível construir e manter qualquer cultura humana.

Se um cristão, digamos, realmente quiser entender os muçulmanos que freqüentam aquela mesquita perto da sua casa, ele não deveria procurar por um conjunto imaculado de valores que todos os muçulmanos prezam. Em vez disso, deveria investigar os impasses da cultura muçulmana, aqueles lugares em que as regras estão sendo combatidas e os padrões estão em disputa. É exatamente no ponto em que os muçulmanos oscilam entre dois fundamentos que é possível entendê-los melhor.

O Homo sapiens evoluiu para achar que as pessoas se dividiam entre “nós” e “eles”. “Nós” era o grupo imediatamente à sua volta, independentemente de quem você fosse, e “eles” eram todos os outros. Na verdade, nenhum animal social jamais é guiado pelos interesses de toda a espécie à qual pertence. Nenhum chimpanzé se importa com os interesses da espécie chimpanzé, nenhuma lesma levantará um tentáculo em nome da comunidade global das lesmas, nenhum leão macho alfa tem intenção de se tornar o rei de todos os leões, e ninguém encontrará na entrada de uma colméia o slogan “Abelhas-operárias do mundo, uni-vos!”.

 

Algumas sociedades tentaram resolver o problema [resultante da economia de troca] estabelecendo um sistema central de escambo que coletava produtos de cultivadores e manufaturadores especializados e os distribuía àqueles que precisavam. O maior e mais famoso desses experimentos foi conduzido na União Soviética, e foi um fracasso absoluto. “Todo mundo trabalharia conforme suas necessidades” se transformou, na prática, em “todo mundo trabalharia o mínimo possível e receberia o máximo que conseguisse”.

 

O sapateiro sempre aceitará seu dinheiro de bom grado, porque o que quer que ele deseje realmente poderá obter em troca de dinheiro.

 

O dinheiro é o único sistema de crenças criado pelos humanos que pode transpor praticamente qualquer abismo cultural e que não discrimina com base em religião, gênero, raça, idade ou orientação sexual. Graças ao dinheiro, até mesmo pessoas que não se conhecem e não confiam umas nas outras são capazes de cooperar de maneira efetiva.

 

O dinheiro é baseado em dois princípios universais: convertibilidade e confiança.

 

Construir e manter um império normalmente exigia o massacre cruel de grandes populações e a opressão brutal de todos os que sobravam. O kit padrão de ferramentas imperiais incluía guerras, escravidão, deportação e genocídio. [adaptar para a tomada de poder em nome de outras utopias]

 

“Estamos conquistando vocês pelo seu próprio bem”, diziam os persas. Ciro queria que os povos conquistados o amassem e se considerassem afortunados por serem vassalos da Pérsia.

 

A maior parte dos impérios gerou civilizações hibridas que absorveram muito dos povos dominados. A cultura imperial de Roma era grega quase tanto quanto Romana. A cultura imperial abássica era parte persa, parte grega e parte árabe. A cultura imperial mongol era uma imitação da chinesa.

 

As ideologias [de dominação] são na melhor das hipóteses, ingênuas; na pior, servem como uma camuflagem hipócrita para o nacionalismo bruto e para a intolerância.

 

Quantos indianos, hoje em dia, gostariam que houvesse uma votação para destituí-los da democracia, da língua inglesa, da rede de ferrovias, do sis jurídico, do críquete e do chá, utilizando o argumento de serem legados imperiais?

 

Em pleno 2015, o mundo ainda é politicamente fragmentado, mas os Estados estão perdendo sua independência rapidamente. Nenhum deles é realmente capaz de executar políticas econômicas independentes, declarar e travar guerras quando quiser, ou mesmo conduzir as próprias questões internas como julgar conveniente (...) O Estados são obrigados a se adequar aos padrões globais de comportamento financeiro, política ambiental e justiça. Correntes imensamente poderosas de capital, trabalho e informação giram e moldam o mundo, com uma crescente desconsideração pelas fronteiras e opiniões dos Estados.

 

Hoje a religião é, muitas vezes, considerada uma fonte de discriminação, desavença e desunião. Mas, na verdade, a religião foi o terceiro maior unificador da humanidade, junto com o dinheiro e os impérios.

 

A religião pode ser definida, portanto, como um sistema de normas e valores humanos que se baseia na crença em uma ordem sobre-humana.

 

A fim de unir sob sua égide uma grande extensão de território habitado por grupos diferentes de seres humanos, uma religião precisa ter outras duas qualidades. Em primeiro lugar, precisa sustentar uma ordem sobre-humana abrangente que seja verdadeira sempre e em toda parte. Em segundo lugar, precisa insistir em difundir essa crença para todos. Dito de outro modo, precisa ser universal e missionária.

 

A ideia do politeísmo leva a uma tolerância religiosa muito maior. Como os politeístas creditam, por um lado, em um poder supremo e completamente desinteressado e, por outro lado, em muitos poderes parciais e tendenciosos, não  há dificuldade para os devotos de um deux aceitarem a existência e a eficácia de outros deuses. O politeísmo é inerentemente tolerante e raramente persegue "hereges" e "infiéis".

 

Os administradores e governantes locais também incitaram certa violência contra os cristãos. Ainda azssim, se considerarmos todas as vítimas de todas essas perseguições, veremos que, nesses três séculos, os romanos politeístas mataram não mais que alguns milhares de cistaos. Os cristãos, por sua vez, ao longo dos '15 séculos seguintes, assassinaram cristãos aos milhões por defenderem interpretações ligeiramente diferentes da religião do amor e da compaixão.

 

A primeira religião monoteísta de que temos notícia apaareceu no egito por volta de 1350 a.C., quando o farao Aquenáton declarou que uma das deidades menores do panteão egípcio, o Deus Aton, era, na verdade, o poder supremo governando o univeso.

 

Nos últimos dois milênios, os monoteístas tentaram, repetidas vezes, se fortalecer exterminando de maneira violenta toda concorrência.

 

As religiões monoteístas expulsaram os deuses pela porta da frente com muito barulho, para em seguida aceitá-los de volta pela janela lateral. O cristianismo, por exemplo, desenvolveu seu próprio panteão de santos, cukos cultos pouco diferiam dos cultos aos deuses politeístas.

 

O politeísmo deu origem não só a religios monoteístas como também a religiões dualistas (...) O dualismo explica que todo o universo é um campo de batalha entre essas duas forças e que tudo que acontece no mjndo é parte dessa batalha.

 

Ou você acredita em um único Deus onipotente ou você acredita em duas froças opostas, nenhuma das quais é onipotente. Porém, os humanos têm uma capacidade encrivel de acreditar em contradições.

 

A crença no Céu (o reino do Deus bom) e no Inferno (o reino do Deus mau) também tem origem dualista. Não há nenhum vestígio dessa crença no Velho Testamento, que tampouco afirma que a alma das pessoas continua a viver após a morte do corpo.

 

O cristão típico acredita no Deus monoteísta, mas também no Diabo dualista, em santos politeístas e em fantasmas animistas. (...) O sincretismo talvez seja, de fato, a única grande religião mundial.

 

Na verdade, o sofrimento é causado pelos padrões de comportamemnto da nossa própria mente.

 

Grandes deuses podem nos enviar chuva, instituições sociais podem proporcionar justiça e um bom serviço de saúde, e coincidências afortunadas podem nos transformar em milionários, mas nada disso pode mudar nossos padrões mentais elementares.

 

Buda passou o resto da vida explicando suas descobertas para outros, para que todos pudessem se livrar do sofrimento. Ele condensou seus ensinamentos em uma única lei: o sofrimento surge do desejo; a única forma de se livrar totalmente do sofrimento é se livrar totalmente do desejo; e a única forma de se livrar do desejo é ensinar a mente a experimentar a realidade tal como é.

 

Se a mente de uma pessoa for livre de todo desejo, nenhium Deus poderá torna-la miserável. Por outro lado, quando o desejo surge na mente de uma pessoa, nem todos os deuses do universo reunidos são capazes de salvá-la do sofrimento.

 

A era moderna testemunhou a ascensão de uma série de religiões baseadas em leis naturais, como o liberalismo, o comunismo, o capitalismo, o nacionalismo e o nazismo. Esses credos não gostam de ser chamados de religiões e se referem a si mesmos como ideologias. Mas esse é apenas um exercício semântico. Se uma religião é um sistema de normas e valores humanos que se baseia na crença de uma ordem sobre-humana, então o comunismo soviético é uma religião tanto quanto o islamismo.

 

As religiões teistas focam o culto aos deuses. As religiões humanistas cultuam a humanidade ou, mais corretamente, o Homo sapiens. O humanismo é a crença de que o Homo sapiens tem uma natureza única e sagrada, que ´efundamentalmente diferente da natureza de todos os outros animais e todos os outros fenômenos.

 

Para restaurar a ordem, os europeus de hoje não torturam e executam criminosos. Em vez disso, punem um assssino da forma que consideram a mais "humana" possível, de modo a proteger e até mesmo reconstruir sua santidade humana. Ao honrar a natureza humana do assassino, todos são lembrados da santidade da humanidade, e a ordem é restabelecida. Ao defender o assassino, corrigimos o que o assassino estragou.

 

Os socialistas acreditam que a "humanidade" é coletiva, e não individualista. Eles consideram sagrada ano a voz interna de cada indivíduo, mas da espécie Homo sapiens como um todo. Enquanto os humanistas liberais buscam tanta liberdade quanto possível para os indivíduos humanos, o humanismo socialista busca a igualdade entre todos os humanos.

 

Ninguém mais fala de exterminar raças ou pessoas inferiores, mas muitos cogitam usar nosso conhecimento cada vez maior da biologia humana para criar super-humanos.

 

Os cientistas que estudam o funcionamento interno do organismo humano não encontrara ali nehuma alma. Eles argumentam cada vez mais que o comportamento humano é determinado por hormônios, genes e sinapses, e não pelo livre-arbitrio - as mesmas forças que determinam o comportamento de chimpanzés, lobos e formigas. Nossos sistemas jurídicos e políticos tentam varrer tais descobertas inconvenientes para debaixo do tapete.

 

Cada ponto da história é um cruzamento. Uma única estrada percorrida leva do passado ao presente, mas uma série de caminhos se bifurcam em direção ao futuro. Alguns desses caminhos são mais largos, mais planos e mais bem sinalizados, e, por isso há uma chance maior de que sejam seguidos. Mas às vezes a história - ou as pessoas que fazem a história - dão voltas inespefadas.

 

Os historiadores podem especular, mas não podem fornecer uma resposta definitiva. Podem descrever comoo o cristianismo tomou conta do Império Romano, mas não podem explicar por que essa possibilidade em particular se concretizou.

 

É uma regra implacável da história que o que parece inevitável em retrpspectiva está longe de ter sido obvio na época. Hoje não é diferente. Saímos da crise econômica global ou o pior ainda está por vir? A china continuará crescendo até se tornar a principal superpotência? Os Estados Unidos perderão sua hegemonia? O aumento do fundamentalismo monoteísta é a onda do futuro ou um redemoinho local de pouca importância no longo prazo? Estamos caminhado para um desastre cologico ou para um paraíso tecnológico?

 

Quando Constantino assumiu o trono, em 306, o cristianismo não passava de uma seita oriental esotérica. Se alguém sugerisse que ele viria a ser a religião oficial de Romaq, seria expulso da sala às gargalhadas, da mesma forma que aconteceria hoje com alguém que sugerisse que, por volta de 2050, Hare Krishna será a religião oficial dos Estados Unidos.

 

Reconhecer que a história não é determinista é reconhecer que não passa de uma coincidência o fato de que a maioria das pessoas, hoje em dia, acredita em nacionalismo, capitalismo e direitos humanos.

 

A história não pode ser explicada de forma determinista e não pode ser prevista porque é caótica. Tantas forças estão em ação, e suas interações são tão complexas, que variações extremamente pequenas na intensidade dessas forças e na maneira com que interagem produzem diferenças gigantescas no resultado. (...) Os sistemas caóticos podem ter duas formas. O caos nível 1 é o caos que não reage a previsões a seu respeito. O clima, por exemplo, é um sistema caótico de nível 1. embora seja influenciado por uma série de fatores, é possível criar modelos computadorizados que levem em consideração um número cada vez maiôs desses fatores e produzam previsões do tempo cada vez melhores.

O caos nível 2 é o caos que reage a previsões a seu respeito e, por isso, nunca pode ser previsto com precisão. Os mercados, por exemplo, são um sistema caótico nível 2. o que vai acontecer se desenvolvermos um programa de computador que preveja com 100% de exatidão o preço do petróleo amanhã? O preço do petróleo vai reagir imediatamente à previsão que, consequentemente, não vai se concretizar.

 

Revoluções são, por definição, imprevisíveis. Uma revolução previsível nunca irrompe.

 

Diferente da física ou economia, a his não é um meio de fazer previses exatas. Estudamos história não para conhecer o futuro, e sim, para amliar nossos horizontes, entender que nossa situação presednte não é natural nem inevitável e que, consequentemente, existem mais possibilidades diante de nós do que imaginamos. Por exemplo, estudar como os europeus dominaram a África nos permite entender que não existe nada de natural ou inevitável na hierarquia racial e que o mundo poderia muito bem ser organizado de outra forma.

 

Os vitoriosos, ´´e claro, sempre acreditam que sua definição está correta. Mas por que devemos acreditar nos vitoriosos? Os cristão acreditam que a vitória do cristianismo sobre o maniqueísmo foi benéfica para a humanidade, mas, se não aceitamos a visão de mundo cristã, não temos motivo alguma para concordar com eles.

 

Quando o Paquistão compra aviões modernos, a índia responde na mesma moeda. Quando a índia desenvolve bombas nucleares, o Paquistão faz o mesmo. Quando o Paquistão aumenta sua marinha, a índia reage. No fim do processo, o equilíbrio de poder permanece praticamente igual ao que era, mas, enquanto isso, bilhões de dólares que poderiam ter sido investidos em educação ou saúde são gastos em armas.

 

Como a evolução, a história não considera a felicidade de organismos individuais. E os indivíduos humanos, por sua vez, costumam ser ignorantes e fracos demais para indluenciar o curso da história em beneficio próprio.

 

Estima-se que o valor total dos bens e serviços produzidos pela humanidade no ano 1500 era 250 bilhões de dólares. Hoje, o valor de um ano de produção humana é aproximadamente 60 trilhoes de dólares. Em 1500, a humanidade consumia por volta de 13 trilhoes de calorias de energia por dia. Hoje, consumimos 1,5 quatrilhao de calorias por dia. (Preste atenção nesses números: a população humana aumentou 14 vezes; a dproducao, 240 vezes; e o consumo de energia 115 vezes.

 

Em outros casos ainda, teorias especificas estão corroboradas de maneira tão consistente pelas evidencias disponíveis que todas as alternativas foram há muito abandonadas. Tais teorias são aceitas como vedrdades - mas todos consordam que, se surgissem novas evidencias contradizendo tais teorias, estas teriam de ser revisadas ou descartadas. Bons exemplos de teorias desse tipo são a teoria das placas tecgtonicas e a teoria da evolução.

 

Um desses avanços foi a Lei dos Grandes Números, de Jacob Bernoulli. Bernoulli havia codificado o principio de que, embora fosse difícil prever com certeza um acontecimento especifico, como a morte de uma pessoa em particular, era possível prever com grande precisão o resultado médio de muitos acontecimentos similares. (...) era possível dizer, com dados suficientes, quanto pastores presbiterianos na escócia quase certamente morreriam no ano seguinte.

 

Confúcio, buda, Jesus e maomé teriam ficado perplexos se lhes contássemos que, para entender a mente humana e a cura de suas doenças, primeiro é preciso estudar estatistica.

 

À medida que a ciência começou a resolver um problema insolúvel atrás de outro, muitos se convenceram de que a humanidade poderia superar todo e cada um dos problemas que a aflige adquirindo e aplicando novos conhecimentos. A pobreza, a doença, as guerras, a fome, a velhice e a própria morte não eram o destino inveitavel da humanidade. Eram simplemente fruto da nossa ignorância.

 

Na verdade, em muitas sociedades há mais pessoas correndo o risco de morrer de obesidade do que de fome.

 

Os discípulos do progresso não partilham dessa atitude derrotista. Para os  homens da ciência, a morte não é um destino inevitável, mas meramente um problema técnico. (...) Nossas mentes mais brilhantes não estão despercicando tgempo tentando dar significado à morte. Em vez disso, estão ocupadas investigando os sistemas fisiológico, hormonal e genético responsáveis pelas doenças e pela velhice.

 

N Inglaterra do século XVII, 150 de cada mil recém-nascidos morriam no primeiro ano de vida, e um terço de todas as crianças morriam antes de completar 15 anos. Hoje, apenas cinco de cada mil bebes ingleses morrem no primeiro ano de vida, e apaneas sete de cada mil morrem antes de completar 15 anos.

 

Alguns pesquisadores sérios sugerem que, por volta de 2050, alguns humanos terão se tornados amortais (não imortais, porque ainda poderiam morrer em decorrência de algum acidente, mas amortais, o que significaria que, na ausência de um trauma fatal, suas vidas poderiam ser indefinidamente extendidas.

 

A única ideologia moderna que ainda reserva um papel central à morte é o nacionalismo. Em seus momentos mais poéticos e desesperados, o nacionalismo promete que os que morrerem pela nação viverão para sempre na memória coletiva. Mas essa promessa é tão difusa que nem mesmo os mais nacionalistas sabem o que pensar dela.

 

A maioria dos estudos científicos são financiados porque alguém acredoita que eles podem ajudar a alcançar algum objetivo político, econômico ou religioso.

 

Um dos campos que se beneficiaram da expedição de Cook foi a medicina. Na época, os navios que partiam para terras distantes sabiam que mais da metade dos membros de sua tripulação morreria durante a viagem. (...) Estima-se que, entre os séculos XVI e XVIII, o escorbuto tenha cobrado a vida de 2 milhões de marinheiros. [Era falta de vitamina C]

 

No século que se seguiiu à expedição de Cook, as terras mais férteis da austrália e da Nova zelândia foram tomadas de seus antigos habitantes pelos colonizadores europeus. A população nativa foi reduzida em 90%, e os sobreviventes foram submetidos a um regime cruel de opressão racial.

 

Um destino ainda pior acometeu os nativos da tasmânia. Tendo sobrevivido por 10 mil anos em total isolamento, eles foram completamente exterminados, até o ultimo homem, mulher e criança, um século após a chegada de Cook.

 

Em 1775, a Ásia era responsável por 80% da economia mundial. A economia combinada da Índia e da China representava dois terços da produção global. Em comparação a Europa era um anão econômico.

 

Durante 300 anos os europeus desfrutaram de supremacia indisputada na América e na Oceania, no atlântico e no pacífico. As únicas batalhas significativas nessas regiões/ oram entre potencias européias. A riqueza e os recursos acumulados pelos europeus /nessas áreas acabaram por lhes permitir invaidr também a Ásia, derrotar os impérios asiáticos e devidi-la entre si. Quando otomanos, persas, indianos e chineses despertaram e começaram a prestar atenção, era tarde demais.

 

Os falantes da língua persa mais antiga se autodenominavam Airiia. Por isso, os estudiosos europeus concluíram que as pessoas que falaram a língua primordial que deu origem ao sânscrito e ao persa (e também ao grego, ao latim, ao gótico e ao celta) provavelmente se autodenominaram arianas. Poderia ser uma coincidência que aqueles que fundaram as magníficas civilizações indiana, persa, grega e romana fossem todos arianos?

 

Tais teorias racistas, proeminentes e respeitáveis por muitas décadas, se tornaram um anátema tanto entre cientistas quanto entre políticos. As pessoas continuam a conduzir uma luta heróica contra o racismo sem perceber que a frente de batalha mudou, e que o lugar do racismo na ideologia imperialista foi substituído pelo "culturismo". A palavra "culturismo" não existe, mas já está em tempo de a inventarmos. Entre as elites de hoje, as afirmações sobre méritos contrastantes de diversos grpos humanos quase sempre são expressadeas em termos de diferenças históricas entre culturas, e não de diferenças biológicas entre raças. Já não dizemos "está no sangue"; dizemos "está na cultura".

 

Há pouquíssimas disciplinas cientificas que não começaram a vida como servas do crescimento imperial e que não devem grande parte de suas descobertas, coleções, edificações e bolsas de estudos à ajuda generosa de oficiais do exercito, capitães da marinha e governantes imperiais.

 

Se não fosse pelos homens de negócios procurando ganhar dinheiro, Colombo não teria chegado à América, James Cook não teria chegado à Austrália e Neil Armstrong jamais teria dado aquele pequeno passo na superfície da Lua.

 

A economia é um assunto notoriamente complicado. Para facilitar as coisas, imaginemos um exemplo simples.

Samuel Ganância, um financista perspicaz, funda um banco em São Paulo.

A. A. Arguto, um empreiteiro em ascensão em São Paulo, termina sua primeira obra, recebendo pagamento em dinheiro na casa de 1 milhão de dólares. Ele deposita essa soma no banco do sr. Ganância. O banco agora tem 1 milhão de dólares em capital.

Enquanto isso, Dulce Massa, uma chef experiente, mas sem recursos, acredita ter encontrado uma oportunidade de negócio: não há nenhuma padaria realmente boa em seu bairro. Mas ela  não tem dinheiro suficiente para comprar toda a infraestrutura necessária, com fornos industriais, pias, facas e utensílios. Ela vão ao banco, apresenta seu plano de negócio a Ganância e o convence de que é um investimento vantajoso. Ele lhe concede um empréstimo de 1 milhão de dólares, creditando essa soma na conta dele no banco.

Dulce Massa agora contrata Arguto, o empreiteiro, para construir e equipar a padaria. O preço dele é 1 mihao de dólares.

Quando ela o paga, com um cheque de sua conta, Arguto o deposita na conta dele no banco de Ganância.

Então, quanto dinheiro Arguto tem em sua conta bancária? Exato, 2 milhões de dólares.

Quanto dinheiro, em especice, há de fato no cofre do banco? Você acertou: 1 milhão de dólares.

Não termina aqui. Como empreiteiros costumam fazer, dois meses depois de iniciada a obra, Arguto informa a Dulce Massa que, devido a problemas e despesas imprevistoas, o cuto= para construir a padaria na verdade será 2 milhões de dólares. A sra. Dulce não fica satisfeita, mas não pode parar a obra na metade. Entoa, ela faz putra visita ao banco, convence o sr. Ganância a lhe dar um empréstimo adicional, e ele depoosita mais 1 milhão de dólares na conta dela. Ela transfere o dinheiro para a conta do empreiteiro. Quanto diheiro Arguto tem em sua conta agora? Ele tem 3 milhões de dólares.

Mas quanto dinheiro existe de verdade no banco? Continua havendo apenas 1 milhão de dólares.

 

A legislação atual que regulamenta os bancos nos Estados Unidos permite que o banco repita esse exercício sete vezes mais [ou seja, por 10 vezes]. (...) o que significa que 90% de todo o dinheiro em nossas contas bancárias não é coberto por moedas e notas reais.

 

O que permite que os bancos - e toda a economia - sobrevivam e floresçam é nossa confiança no futuro.

 

A humanidade esteve presa nessa encruzilhada por milhares de anos. Em conseqüência, as economias permaneceram congeladas. A maneira de sair da armadilha só foi descoberta na era moderna, com o surgimento de um novo sistema baseado na confiança no futuro. Nele, as pessoas concordaram em representar bens imaginários - bens que não existem no presente - com um tipo especial de dinheiro chamado "crédito".

 

[antes do crédito] os negócios pareciam um jogo de soma zero. É claro, os lucros de uma padaria em particular podiam aumentar, mas só à custa da padaria em frente. Veneza podia florescer, mas só empobrecendo genova. O rei da Inglaterra podia enriquecer, mas só roubando o rei da França. O bolo podia ser repartido de muitas formas diferentes, mas nunca ficava maior.

 

Então vieram a revolução cientifica e a ideia de progresso. A ideia de progresso se baseia na noção de que, se admitirmos nossa ignorância e investirmos recursos em pesquisa, as coisas podem melhorar.

 

A crença capitalista no crescimento econômico perpetuo desafia quase tudo que conhecemos sobre o universos. Uma sociedade de lobos seria extremamente tola em acreditar que a oferta de ovelhas continuaria crescendo por tempo indefinido.

 

Nos últimos anos, bancos e governos imprimiram dinheiro freteicamente. Todos estão morrendo de medo de que a atual crise econômica possa cessar o crescimento econômico. Então estão criando trilhões de dólares, euros e iendes do nada, injetando crédito barato no sistema, e esperando que os cientistas, técnicos e engenheiros consigam pensar em algo realmente grandioso, antes que a bolha exploda.

 

O capital foge de Estados ditatoriais que não conseguem defender os indivíduos e sua propriedade. Em vez disso, aflui em paises que defendem o Estado de direito e a propriedade privada.7

 

No fim do século XIX, cerca de 40 milhões de chineses, um décimo da população do país, eram viciados em ópio.

 

A ingestão anual de açúcar de um inglês cresceu de quase zero no início do século XVII para aproximadamente oito quilos, em média, no início do século XIX.

 

Essa é a pedra no sapato do capitalismo de licre mercado. Não há como garantir que os lucros sejam ganhos de forma justa, ou distribuídos de maneira justa. Ao contrário, a ânsia por aumentar os lucros e a produção cegaq as pessoas para qualquer coisa que possa estar no caminho. Quando o crescimento se trona um bem supremo, irrestrito por qualquer outra consideração ética, pode facilmente levar à catástrofe.

 

Hoje, nos Estados Unidos, apenas 2% da população vive da agricultura, mas esses 2% produzem o suficiente não só para alimentar toda a população do país como também para exportar excedentes para o resto do mundo. Sem a industrialikzacao da agricultura, a revolução industrial urgana jamais poderia ter acontecido - não teria haviao mãos e ceregros suficiente para trabalhar em faábricas e escritórios.

 

Na Europa medieval, os aristocratas gastavam o dinheiro despreocupadamente em lucos extravagantes, ao passo que os camponeses levavam uma vida frugal, cuidando de cada centavo. Hoje, a situação se inverteu. Os ricos gerenciam seus ativos e investimentos com muito cuidado, enquanto os menos abastados se endividam comprando carros e televisores de que na verdade não necessitam.

 

A história da ética é um conto triste dce ideiais maravilhosos que ninguém consegue colocar em prática. A maioria dos cristãos não imitou cristo, a maioria dos budistas não conseguiu seguir os passos de budda, e a maioria dos confucianos teria causado um ataque de nervos a confúcio.

 

Em 1700, o mundo abrigava cerca de 700 milhões de humanos. Em 1800, éramos 950 milhões. Em 1900, havíamos quase dobrado para 1,6 bilhao. E, em 2000, esse número quadruplicou para 6 bilhões. Hoje [2015], falata pouco para chegarmos aos 7 bilhões.

 

Em 1847, as companhias ferroviárias britânicas se reuniram e concordaram que, dali em diante, todas as grades horárias de trens seriam ajustadas com o horário do boservatorio de greenwich, e não com o  horário local de liverpool, manchester ou glasgow. Cada vez mais instituições seguiram os passos das companhaias ferroviárias. Finalmente, em 1880, o governo britânico deu o passo sem precedentes de legislar que todas as grades horárias na grã-bretanha deveriam seguir greenwich.

 

O Estado e o mercado abordaram as pessoas com uma oferta que não podia ser recusada. "Tornem-se indivíduos", eles disseram. "Casem-se com quem quiserem, sem pedir permissão aos seus pais. Aceitem o emprego que quiserem, mesmo que os mais velhos da comunidade não aprovem. Vivam como desejarem, mesmo que não possam chegar a tempo para o jantar com a famimlia toda semana. Vocês já não dependem da família ou da comunidade. Nós, o Esstado e o mercado, tomaremos conta de vocês. Nós lhe daremos alimento, abrigo, educação, saúde, bem-estar e emprego. Nós lhes daremos pensões, seguros e proteção."

 

Milhões de anos de evolução nos projetaram para viver e pensar como membros de uma comunidade; em apenas dois séculos, nos tornamos indivíduos alienados. Nada atesta melhor o poder incrível da cultura.

 

O comunismo e o nacionalismo fazem um esforço extra para nos levar a imaginar que milhões de estranhos pertencem à mesmam comunidade que nós, que todos temos um passado em comum, interessem em comum e um futuro em comum.

 

A maioria das nações existentes só surgiu após a revolução industrial.

 

O oriente Médio fornecde muitos exemplos, as nações síria, libanesa, jordaniana e iraquiana são produto de fronteiras aleatórias desenhadas na areia por diplomatas franceses e britânicos que ignoraram a his, a geografia e a economia da região. Esses diplomatas determinaram, em 1918, que as pessoas do curdistao, de bagdá e de Basra seriam, dali em diante, "iraquianas".

 

Nem mesmo o mais conservador dos partidos políticos promete meramente manter as coisas como estão. Todos prometem reforma social, reforma educacional, reforma econômica - e muitas vezes cumprem tais promessas.

 

No ano 2000, guerras causaram a morte de 310 mil indivíduos, e crimes violentos mataram outros 520 mil. Cada uma das vitimas é um mundo destruído, uma família arruinada, amigos e parentes com cicatrizes para a vida toda. Mas, de uma perspectiva macro, essas 830 mil vítimas representam apenas 1,5% dos 56 milhões de pessoas que morreram em 2000. naquele ano, 1,26 milhão de pessoas morreram em acidentes de carro (2,25% do total de mortes) e 815 mil pessoas cometeram suicídio (1,45%).

 

A maioria dos paises já não se envolve em guerras de grande escala pela simples razão de que já não são independentes.

 

Se o crescimento econômico e a autossuficiencia não tornam as pessoas mais felizes, qual o beneficio do capitalismo? E se for revelado que os súditos de grandes impérios são, em geral, mais felizes que os cidadãos de Estados independentes e que, por exemplo, os ganenses eram amsi felizes sob o domínio do colonizador britânico do que sob seus próprios ditadores? O que isso diria sobre o processo de descolonização e sobre o valor da soberania nacional?

 

Podemos viajar para mil lugares incríveis. Mas, para onde quer que formos, provavelmente estaremos brincando com nosso smartphone em vez de realmente ver o lugar. Temos mais opções do que nunca, mas quano boas são essas opções, se perdemos a capacidade de prestar atenção realmente?

 

Família e comunidade parecem ter mais impacto na nossa felicidasde do que dinheiro e saúde. 

 

Mas a descoberta mais importante de todas é que a felicidade não depende de condições objetivas de riqueza, saúde ou mesmo comunidade. Em vez disso, depende da correlação entre condições objetivas e expectativas subjetivas.

 

Profetas, poetas e filósofos perceberam, há milhares de anos, que estar satisfeito com o que você já tem é muito mais importante do que obter mais daquilo que deseja.

 

Nas sociedades afluentes modernas, é costume tomar um banho e trocar de roupa todos os dias. Os camponeses medievais ficavam sem se lavar por meses a fio e quase nunca trocavam de roupa.

 

Que assustador pensar que eu e meus entes queridos podemos viver para sempre, mas só se não formos atingidos por um caminhão ou explodidos em pedacinhos por um terrorista! É provável que as pessoas potenciaolmente amortais sejam avessas a correr oe menores riscos, e a agonoa de perder um esposo, filho ou amiggo próximo será insuportável.

 

Os biólogos sustentam que nosso mundo mental e emocional é governado por mecanismos bgioquimicos definidos por milhões de anos de evolução. Como todos os outros estados mentais, nosso bgem-estar subjetivo não é determinado por parâmetros externos como salário, relações sociais ou direitos políticos, em vez disso, é determinado por um complexo sistema de nervos, neurônios, sinapses e varias substâncias bioquímicas como serotonina, dopamina e xitocina.

 

[Em algumas pessoas] seus cérebros simplesmente não são projetados para a euforia, aconteça o que acontecer. [E o inverso é também é verdadeiro.]

 

Pense por um instante em sua família e seus amigos. Você conhece algumas pessoas que estão sempre relativamente alegresw, não importa o que aconteça com elas. E há aquelas que estão sempre insatisfeitas, não importa que deadivas o mumndo deite a seus pés.

 

Pode ser que a serotonona, a dopamina e a oxitocina viabilizem e mantenham um casaento. As pessoas que nasceram com uma bioquimmica alegre geralmente são felizes e contentes.

 

Se aceitarmos a abordagem biológica da felicidade, a história se revela de menor importância, já que a maioria dos acontecimentos históricos não tem im,pacto algim sobre nossa bioquímica. A história oide nydar os estímulos externos que causam a liberação de serotonina, mas não muda os níveis de serotononia resultantes e, portanto, não pode tornar as pessoas mais felizes.

 

Aqueles que ganharam uma bioquímica alegre na loteria genética foram tão felizes antes da revolução [franccesa] quanto depois. Aqueles que com uma bioquímica melancólica reclamaram de Robespierre e de Napoleão com a mesma amargura com que haviam reclamando de Luis XVI e Maria Antonieta.

 

Se é assim, quão benéfica foi a revolução francesa? Se as pessoas não se tornaram mais felizes, qual o sentido de todo aquele caos, medo, sangue e guerra? (...) As pessoas pensam que essa Revolução política ou aquela reforma social as tornarão mais felizes, mas sua bioquímica as trapaceia repetidas vezes.

 

Hoej, quando enfim percebemos que a chave para a felicidade está nas mãos do nosso sistema bio'quimico, podemos parar de desperdiçar o tempo com reformas políticas e sociaism golpes e ideologias e focar, em vez dissom ba única coisa que nos torna realmente felizes: manipular nossa bioquímica.

 

Dinjeiro, status social, cirurgia plástica, casas bonitaqs, posições de poder - nada disso lhe trará felicidade. A felicidade durdoura só vem da seroton9ina, da dopamina e da oxitocina.

 

[...] descobertas demonstram que a felicidade não é o saldo positivo entre momentos agradáveis e momentos desagradáveis; antes, consiste em exergar a própria vida em sua totalidade como algo significativo e valioso. (...) Como colocou Nietzsche, se você tem um motivo para viver, é capaz de tolerar praticamente qualquer coisa. (...) uma vida sem sentido é um suplicio terrível independentemente de ser repleta de conforto.

 

Os humanos são o resultado de processos evolutivos cegos que atuam sem propósito ou objetivo.

 

Jean-Jacques Rousseau afirmou sua visão de maneira mais clássica: "Tudo o que sinto ser bom, é bom; tudo o que sinto ser mau, é mau.

 

O budismo concebe a felicidade da mesma forma que a biologia, isto é, entende que a felicidade resulta de processos que ocorrem em nosso corpo, e não de acontecimentos no mundo externo.

 

De acordo com o budismo, a raiz do sofrimento não é a sensação de dor nem de tristeza e nem mesmo de falta de sentido. Em vez disso, a raiz do sofrimento é essa incessante e inútil busca de sensações efêmeras, que nos leva a estar em um constan te estado de tensão, inquietude e insatisfação.

 

Para muitas filosofias e religiões tradicionais, como o budismo, o segredo da felicidade é conhecer a verdade sobre você mesmo - entender quem, ou o que, você é realmente.

No início do século XXI o Homo sapiens está começando a violar as leis da seleção natural, substituindo-as pelas leis do design inteligente.

 

Eduardo Kac, um bioartista brasileiro, decidiu, em 2000, criar uma nova obra de arte: uma coelha verde fluorescente.

 

Não importa o quão convincdentes possam ser os argumentos éticos, é difícil compreender de que modo conseguirão deter o próximo passo por muito mais tempo, sobretudo se o que está em jogo é a possibilidade de prolongar a via humana indefinidamente, dominar doenças incuravais e aprimorar nossas capacidades cognitivas.

 

De todos os projetos sendo desenvolvidos atualmente, o mais revolucionário é a tentativa de conceber uma interface direta e de mão dupla entre o cérebro humano e o computador.

 

O projeto Cérebro Humano, fundado em 2005, espera recriar um cérebro humano completo dentro de  um computador, com circuitos eletrônicos no computador emulando redes naurais no cedrebro. O diretor do projeto afirmou que, com o financiamento adequado, em uma ou duas décadas podemos ter um cérebro humano artificial dentro de um compputador capaz de falar e se comportar de maneira muito similar a um humano. (...) Em 2013, o projeto recebeu uma concessão de 1 bilhao de euros da União Européia.

 

O que pode acontecer quando a medicina passar a se preocupar em melhorar as habilidades humanas? Todos os humanos teriam direito a tais habilidades melhoradas ou haveria uma nova elite super-humana?

 

O que é uma espaçonave se comparada com um cyborg eternamente jovem que não procria e não tem sexuallidade, que pode partilhar pensamentos diretamente com outros seres, cuja capacidade de memória e concentração é mil vezes maior que a nossa, e que nunca fica triste nem cfom raiva, mas tem emoções e desejos que neem sequem podemos imaginar?

 

Não gostamos de considerar a possibilidade de que, no futuro, seres com emoções e identidades como as nossas já não existem e que nosso lugar seja tomado por formas de vida estranhas cfujas capacidades ofruscam as nossas.

 

O que devemos levar a sério é a ideia de que a próxima etapa da história incluirá não só transformações tecnológicas e organizacionais como também transformacfoes sociais na consciência e na identidade humana. E essas podem ser transformações tão fundamentais que colocarão em duvida o próprio termo "humano".

 

É ingênuo imaginar que podemos simplesmente frear os projetos científicos que estão transformando o Homo sapiens em um tipo diferente de ser, pois esses projetos estão inextricavelmente unidos à busca pela imortalidade - o Projeto  Gilgamesh.

 

Considerando que possivelmente logo seremos capazes de manipular inclusive nossos desejos, a verdadeira pergunta a ser enfrentada não é "O que queremos nos tornar?", e sim "O que queremos querer?". Aqueles que não se sentem assombrados por essa pergunta provavelmente não refletiram o suficiente a respeito.

 

Estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação.

Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?