ANOTAÇÕES DE: O QUE NOS FAZ HUMANOS – genes, natureza e experiência

 

AUTOR: MATT RIDLEY

TÍTULO DO ORIGINAL: NATURE VIA NURTURE

EDITORA: RECORD – 2004

 

 

Xenotransplante: transplante de órgãos animais para pessoas.

 

God : Genome Organising Device (Dispositivo de Organização de Genoma)

 

Pangenes: genes usados na fabricação de mais de uma proteína

 

 

Todos, com algum bom senso, sabem que os seres humanos são produto de uma permuta entre natureza e criação.

 

[Mas] isso não significa que eu esteja falando de um meio-termo, de um “meio da estrada”. Como disse certa vez Jim Hightower, um político texano: “Não há nada no meio da estrada, exceto uma linha amarela e um tatu morto.”

 

Na verdade, a natureza humana é uma combinação dos universais de Darwin, da hereditariedade dos Galton, dos instintos de James, dos genes de De Vries, dos reflexos de Pavlov, das associações de Watson, da história de Kraepelin, da experiência formativa de Freud, da cultura de Boas, da divisão de trabalho de Durkheim, do desenvolvimento de Piaget e do imprinting de Lorenz. Você pode encontrar todas essas coisas na mente humana. Nenhum relato da natureza humana seria completo sem todas elas.

 

CAPÍTULO UM – O MODELO DOS ANIMAIS

 

Duas coisas são similares graças a sua diferença de outra; ou diferentes em virtude d similaridade de uma delas com uma terceira.

 

Genealogicamente, todos descendemos de um ancestral comum muito recente que viveu apenas há 150.000 anos, enquanto último ancestral comum com um chimpanzé viveu há pelo menos 5 milhões de anos.

 

Santo Agostinho disse que éramos as únicas criaturas a fazer sexo por prazer em vez da procriação. (...) Os [macacos] bonobos fazem sexo para celebrar uma boa refeição, para terminar uma discussão ou para solidificar uma amizade. Uma vez que grande parte deste sexo é homossexual ou com os muito jovens, a procriação não pode sequer ser um efeito colateral acidental.

 

Em seguida nos dissemos que apenas nós tínhamos cultura: a capacidade de transmitir, por imitação, hábitos adquiridos de uma geração à seguinte. Mas o que somos nós se os chimpanzés da floresta de Tai, na África Ocidental, por muitas gerações têm ensinado os mais novos a quebrar nozes usando martelos de madeira em uma bigorna de pedra? Ou as baleias assassinas, que têm tradições de caça inteiramente diferentes, respeitando padrões e sistemas sociais de acordo com a população a que pertencem?

 

A conclusão de Darwin: Mentalmente, a diferença entre o homem e outros animais, embora seja grande, é certamente de grau e não de tipo. Temos visto que as sensações e as intuições, as várias emoções e faculdades, como o amor, a memória, a atenção, curiosidade, imitação, raciocínio etc., dos quais o homem se jacta, podem ser encontrados em uma condição incipiente, ou mesmo ocasionalmente bem desenvolvida, nos animais inferiores.

 

O infanticídio é comum entre os gorilas, bem como em muitos primatas. Um macho solteiro se infiltra no harém, agarra um bebê e o mata. Isto tem dois efeitos sobre a mãe do bebê (além de lhe causar um grande sofrimento, embora passageiro): primeiro, ao suspender a lactação, leva-a de volta ao estro; segundo, convence-a de que precisa de um novo senhor de harém que seja mais eficiente na proteção de seus bebês. E que escolha seria melhor que o atacante? Então ela deixa seu macho e se casa com o assassino de seu filho. O infanticídio traz recompensas genéticas para os machos, que portanto tornam-se ancestrais mais fecundos que os machos que não matam bebês; daí a maioria dos gorilas modernos descenderem de assassinos. O infanticídio é um instinto natural nos gorilas machos.

 

Evidências sugestivas do uso controlado do fogo remontam agora a 1,6 milhão de anos atrás.

 

Pode parecer inacreditável, mas os chimpanzés são mais relacionados com os seres humanos do que com os gorilas.

 

Um gene é a receita de uma proteína.

 

Os biólogos já descobriram que o plano básico do corpo de todos os animais tenha sido definido no genoma de um ancestral extinto há muito tempo,m que viveu há mais de 600 milhões de anos e foi preservado desde então em seus descendentes (e isso inclui você).

 

Um chimpanzé tem uma cabeça diferente da cabeça de um ser humana não porque tem um programa diferente para a cabeça, mas porque ele desenvolve as mandíbulas por mais tempo e o crânio por menos tempo que o ser humano. A diferença está toda no timming.

 

O que parece acontecer (...) é que animais jovens não mostram medo nem agressividade, e isso se desenvolve mais tarde durante o crescimento avançado do sistema límbico, na base do cérebro.

 

 

CAPÍTULO DOIS – UMA ABUNDÂNCIA DE INSTINTOS

 

 

Sem ocitocina, os camundongos não formam lembranças sociais, então talvez eles simplesmente continuem esquecendo como se parece sua esposa.

 

Um instinto é projetado para ser estimulado por um objeto ou evento externo. A natureza somada à criação.

 

Uma vespa nunca conhece seus pais. Um cuco migra para a África e volta, canta sua canção e acasala com um pássaro de sua própria espécie sem que jamais tenha sequer visto seus pais ou um parente quando filhote.

A idéia de que o comportamento animal está nos genes já perturbou tanto os biólogos quanto agora perturba os cientistas sociais.

 

Como colocou Ginsburg, a estrada do “genótipo codificado”, herdado pelo camundongo, para o “genótipo efetivo”, que ele expressa, passa pelo processo de desenvolvimento social.

 

Definir “instinto” tem frustrado tantos cientistas que alguns se recusam a usar a palavra. Ele não precisa estar presente desde o nascimento: alguns instintos só se desenvolvem em animais adultos (como o dente siso). Ele não precisa ser inflexível: Schrödinger vespas alterarão seu comportamento de acordo com o número de lagartas que encontram na toca que abasteceram. Ele não precisa ser automático: a menos que encontre um peixe de barriga vermelha, o esgana-gata macho não lutará. E as fronteiras entre o comportamento instintivo e aprendido são turvas.

 

O fato de que as pessoas sorriem, franzem as sobrncelhas, fazem caretas e riem da mesma forma em todo o mundo chocou Darwin e mais tarde os etólogos Irenaeus Eibl-Eibesfeldt e Paul Ekman.

 

A similaridade é a sombra da diferença.

 

Entre 37 culturas diferentes em seis continentes (...) Em todas as culturas, sem exceção, as mulheres valorizavam as perspectivas financeiras mais que os homens.

 

A cultura com freqüência refletirá a natureza humana, em vez de afetá-la.

 

Um recente estudo de pessoas nascidas com genitália ambígua revelou que aqueles que escaparam do bisturi do cirurgião tinham menos problemas psicológicos que os que foram operados na infância. A grande maioria daqueles meninos que tiveram seu sexo trocado para viverem como meninas, reverteu a cirurgia, por sua própria conta, para viverem como homens.

 

Há muitas espécies que permitem que o ambiente determine o gênero. Nos crocodilianos e tartarugas, por exemplo, o sexo do animal é estabelecido pela temperatura em que o ovo é incubado. Mas há genes envolvidos também neste processo. A temperatura estimula a expressão de genes que determinam o sexo. A principal causa pode ser ambiental, mas o mecanismo é genético. Os genes podem ser tanto conseqüência como causa.

 

Meninos não nascem com todas as preferências de meninos plenamente formadas, mas nascem com alguma preferência inefável a se identificarem com coisas de meninos. Isso é o que a psicóloga infantil Sandra Scarr chamou de “escolha de nicho”: a tendência de escolher a criação que é adequada a sua natureza.

 

As pessoas tanto gostam de fazer aquilo em que elas acham que são boas como são boas no que gostam de fazer.

 

Steven Pinker dissecou o “instinto de linguagem” humano, mostrando que ele tinha todos os sinais de um canivete suíço – a estrutura projetada para a função – e acrescentou a concepção de que a mente está equipada não com informação inata, mas com formas inatas de processar a informação.

 

A única lição a ser extraída do sonho utópico é que todas as utopias são infernos.

 

Até a meritocracia é uma sociedade imperfeita. Se todas as pessoas recebessem a mesma educação, as diferenças em suas capacidades seriam inatas. Uma sociedade verdadeiramente de oportunidades iguais apenas recompensa o talentoso com os melhores cargos e relega os demais ao trabalho sujo.

 

 

CAPÍTULO TRÊS – UMA ALITERAÇÃO CONVENIENTE

 

“Os professores tendem a atribuir a inteligência de seus filhos à natureza e a inteligência de seus alunos à criação.” Roger Masters

 

O desacordo prospera na incerteza.

 

(...) muitos aspectos de nosso comportamento começam em nós de alguma forma, que não somos massa de modelar nas mãos da sociedade ou vítimas de nosso ambiente.

 

Entre os seres humanos brancos, cerca de 1 parto em 125 consiste em dois gêmeos não idênticos, fraternos ou “dizigóticos” – derivados de dois zigotos ou óvulos fertilizados. Esta taxa é mais alta entre os africanos e mais baixa entre asiáticos. Mas 1 nascimento em cada 250 consiste em gêmeos idênticos (ou monozigóticos), derivados de um único óvulo fertilizado.

 

A genética do comportamento é uma simples questão de medir o grau de similaridade entre gêmeos idênticos, o quanto diferem dos fraternos, e como ficam gêmeos idênticos e fraternos quando são adotados separadamente por diferentes famílias.  O resultado é uma estimativa da “herdabilidade” de qualquer característica. (...) Quando se diz que a herdabilidade de altura é de 90%, não se está querendo dizer, e isto nem é possível, que 90% de minha altura vêm de meus genes e 10% de minha alimentação. Quer-se dizer que 90% da variação de altura em uma amostra específica podem ser atribuídos aos genes e 10% ao ambiente. Não há variabilidade em altura para o indivíduo e, portanto, não há herdabilidade.

 

A herdabilidade pode medir apenas a variação , e não números absolutos. A maioria das pessoas nasce com dez dedos. Aqueles com menos dedos geralmente perderam algum por acidente – por efeito do ambiente. A herdabilidade para o numero de dedos está portanto perto de zero. Todavia, seria absurdo afirmar que o ambiente é a causa de termos dez dedos. Desenvolvemos dez dedos porque somos geneticamente programados para ter dez dedos. É a variação no numero de dedos que é ambientalmente determinada; o fato de que temos dez dedos é genético. Paradoxalmente, portanto, as características menos herdáveis da natureza humana podem ser as mais geneticamente determinadas.

 

Em uma verdadeira meritocracia, onde todos têm iguais oportunidades e o mesmo treinamento, os melhores atletas serão os que têm os melhores genes. A herdabilidade da capacidade atlética se aproximará de 100$. No tipo oposto de sociedade, onde somente os poucos privilegiados têm alimento suficiente e oportunidades de educação, a formação e a oportunidade determinarão quem vencerá a corrida. A herdabilidade será zero. Paradoxalmente, portanto, quanto mais igualitária é uma sociedade, mais alta será a herdabilidade, e mais os genes terão importância.

 

Ocorreu a Bouchard que talvez os gêmeos criados separados viessem a ser não apenas similares, mas talvez mais similares que gêmeos criados juntos. Na mesma família, as diferenças podem se tornar exageradas: um gêmeo começaria a falar um pouco mais e outro menos, ou coisa parecida. Agora sabe-se que isso é verdade. Gêmeos que foram separados cedo, têm mais similaridades que gêmeos separados em uma época posterior na vida.

 

(...) um repórter descreveu sua conclusão com a manchete de sempre, “comportamento fanfarrão pode ser genético?” A declaração mais verdadeira seria “variações no comportamento fanfarrão podem ser genéticas em sociedades ocidentais típicas”, mas poucos repórteres podem esperar que os editores de notícias utilizem advertências como esta.

 

Longe de ser capaz de dividir o mundo em causas genéticas e ambientais, como queria Galton, os estudos de gêmeos têm descoberto que quase tudo é fortemente herdável. (...) Por quase todas as medidas de personalidade, a herdabilidade é alta na sociedade ocidental: gêmeos idênticos criados separadamente são muito mais similares que gêmeos fraternos criados separados. A diferença entre um indivíduo e outro deve-se mais às diferenças em seus genes do que a fatores em seu ambiente familiar.

 

(...) pouco mais de 40% da variação na personalidade se deve a fatores genéticos diretos, menos de 10% a influencias ambientais compartilhadas (isto é, principalmente a família), e cerca de 25% se devem a influencias ambientais únicas vividas pelo indivíduo (de doenças e acidentes à escola que foi freqüentada). Os 25% restantes são simplesmente erro de medição.

 

Quando diz que alguém tem uma certa personalidade, você está tentando se referir a alguma parte intrínseca que está além da influência de outras pessoas – a essência de seu caráter, para usar uma expressão famosa.

 

Quanto da similaridade se deve ao fato de que se mora junto e se come a mesma comida, e quanto ao fato de se compartilhar os mesmos genes? Bem, gêmeos idênticos criados na mesma família têm uma correlação de 80%, enquanto gêmeos fraternos criados juntos têm somente 43% de similaridade, o que sugere que os genes importam bem mais que os hábitos alimentares comuns. E quanto aos adotivos?A correlação entre adotivos e seus pais é de somente 4% e entre irmãos não relacionados na mesma família é de apenas 1%. Já os gêmeos idênticos criados separadamente em famílias diferentes ainda têm 72% de similaridade no peso.

 

Mas com todos tendo o mesmo acesso à comida, aquele que engorda mais rápido será o que porta certos genes. Então a variação de peso corporal pode ser herdada, muito embora as mudanças na média possam ser ambientais.

 

A surpresa dos estudos de gêmeos separados é que eles parecem mostrar que, mesmo quando os ambientes variam de algum modo, as diferenças na personalidade ainda são principalmente inatas. Mesmo quando o ambiente familiar varia, ele não deixa marcas na personalidade. Esta conclusão é mais patente a partir do estudo dos gêmeos, mas é plenamente apoiada por outros estudos de adoção e das relações entre gêmeos e filhos adotivos.

 

Para muitas características psicológicas, o efeito de ser criado no mesmo lar é desprezível.

OU

O ambiente compartilhado tem apenas um papel pequeno e insignificante na criação das diferenças de personalidade nos adultos.

 

Desde que se tenha uma família onde crescer, não terá tanta importância se a família é grande ou pequena, rica ou pobre, gregária ou solitária, jovem ou velha. Uma família é como um pouco de vitamina C: você precisa dela para não adoecer, mas, uma vez que a tenha, o consumo de doses extras não o deixará mais saudável.

 

Uma infância em desvantagem não condena uma pessoa a uma certa personalidade. [mas torna muito mais provável que se desenvolvam certos aspectos em detrimento de outros]

 

A criminalidade, por exemplo, é altamente herdável: os filhos adotivos terminam com uma história criminal muito mais parecida com a de seus pais biológicos do que a de seus pais adotivos. Por quê? Não porque existam genes específicos da criminalidade, mas porque há personalidades especificas que têm problemas com a lei, e estas personalidades são herdáveis. [Acho extremamente discutível esta questão, pois o ambiente vivido condiciona a um determinado caminho de comportamento, vide a marginalidade nas populações pobres dos grandes centros.]

 

O senso de humos exibe uma baixa herdabilidade: irmãos adotivos parecem ter um senso de humos similar, enquanto gêmeos separados têm senso de humor diferente. As preferências das pessoas com relação à comida parecem ser muito pouco herdáveis, adquirimos nossas preferências com nossas experiências e não graças aos genes. As atitudes sociais e políticas mostram uma forte influência do ambiente compartilhado – pais liberais ou conservadores parecem ser capazes de transmitir suas preferências a seus filhos [porque isto se inclui no rol das coisas que denominamos de “valores familiares”, “valores culturais” etc.]

 

Fator “g” – inteligência geral de fator comum (Charles Spearman)

 

A única característica física que realmente prevê a inteligência é o tamanho do cérebro. A correlação entre o volume cerebral e o QI é de cerca de 40%, um numero que deixa uma ampla probabilidade de existir um gênio de cérebro pequeno e um burro de cérebro grande, mas ainda assim é uma forte correlação.

 

Estudos revelaram uma enorme correlação no volume de massa cinzenta de gêmeos idênticos: 95%. Gêmeos fraternos têm somente 50% de correlação. Com isto, o volume de massa cinzenta tem de se “dever completamente a fatores genéticos e não a fatores ambientais” (...)

 

O QI é aproximadamente 50% aditivamente genético, 25% influenciado pelo ambiente compartilhado e 25% influenciado por fatores ambientais exclusivos do indivíduo. Portanto, a inteligência difere da personalidade por ser muito mais suscetível à influência da família. Viver em um lar intelectual aumenta a probabilidade de você se tornar um intelectual. (...) viver com alguns milhares de dólares por ano pode prejudicar severamente sua inteligência. Mas pouca diferença faz viver com 40.000 ou 400.000 dólares por ano.

 

Seus pais podem não ter conseguido alterar sua personalidade adulta com seu excesso de rigor. Mas você pode ter certeza de que eles teriam conseguido se o tivessem trancado em seu quarto dez horas por dia, por semanas a fio.

 

(...) em um lugar onde a pobreza extrema é freqüente e a fome acompanha qualquer pessoa, todos são famintos e as pessoas gordas provavelmente são as ricas. Aqui, a variação no peso é causada pelo ambiente, e não pelos genes. No jargão dos cientistas, o efeito do ambiente é não-linear: nos extremos, ele tem efeitos drásticos. Mas, no meio moderado, uma pequena mudança no ambiente tem um efeito desprezível.

 

A segunda surpresa oculta nas médias é que, com a idade, a influências dos genes aumenta e a influência do ambiente compartilhado gradualmente desaparece. Quanto mais velho você fica, menos sua formação familiar prevê seu QI e melhor é a previsão de seus genes.

 

A contribuição dos genes para explicar a variação do I aumenta de 20% nos bebês para 40% na infância e 60% nos adultos, e talvez chegue a 80% nos que passaram da meia-idade. Em outras palavras, ser criado no ambiente de outra pessoa tem influência enquanto você ainda está no ambiente, mas não dura além do período de criação compartilhada. [PENSO QUE É MUITO MAIS QUE ISSO: VOCÊ É TANTO MAIS SEUS GENES QUANTO MAIS INDEPENDENTE DO MEIO VOCÊ É. OU, INVERSAMENTE, VOCÊ É TANTO MAIS CONFORME SEU AMBIENTE QUANTO MAIS VOCÊ DEPENDE DELE.]

 

O que isso parece refletir é que a experiência intelectual de uma criança é gerada por terceiros. Um adulto, ao contrário, gera seus próprios desafios intelectuais. (...) Os genes são agentes da criação.

 

Como você gosta de ler, passa mais tempo nesta atividade e fica mais inteligente. A natureza só pode agir por meio da criação. Ela só pode agir incitando as pessoas a buscar as influências ambientais que satisfarão seus apetites.

 

A genética do comportamento não descobre o que determina o comportamento; ela descobre o que varia.

 

Dois gêmeos idênticos são parecidos em sua capacidade para o basquete porque começaram com uma aptidão similar, o que lhes deu o mesmo apetite para o jogo, que lhes trouxe a mesma oportunidade para a prática. Trata-se de aptidão e apetite e não de um ou outro. Um gêmeo idêntico, tendo os mesmos genes de seu irmão, passa a se envolver na mesma experiência.

 

APTIDÃO, APETITE E OPORTUNIDADE!

 

 

CAPÍTULO QUATRO – A LOUCURA DAS CAUSAS

 

A esquizofrenia possui muitas formas e vários graus de gravidade (...) Os esquizofrênicos imaginam que os outros podem ler sua mente e, por serem capazes de personalizar qualquer acontecimento, pensam que o locutor do telejornal está lhes mandando mensagens secretas.

 

Seria um milagre se a maioria dos pais heteros não tivesse um “relacionamento negativo” com seus filhos gays. (...) Mães de crianças autistas, como pais de garotos homossexuais, retraem-se frustradas com o comportamento do filho.

 

Se existe uma “mãe esquizofrênica”, ela só pode atingir aqueles de sua descendência que têm suscetibilidade genética.

 

Talvez tudo isso que herdamos seja suscetibilidade, assim como algumas pessoas herdam uma suscetibilidade à febre do feno – mas a causa da febre do feno é certamente o pólem.

 

Os genes são os meios pelos quais a criação se expressa, assim como sem dúvida são os meios pelos quais a natureza se expressa.

 

A esquizofrenia é praticamente comum em todo o mundo e em todos os grupos étnicos, ocorrendo à taxa de cerca de um caso por cem pessoas. Manifesta-se da mesma forma em aborígines australianos e esquimós. (...) Uma vez que ser esquizofrênico em um mundo da Idade da Pedra dificilmente leva à sobrevivência e muito menos a ter descendentes, esta universalidade é desconcertante: por que as mutações genéticas não desapareceram?

Muitas pessoas perceberam que os esquizofrênicos parecem surgir em famílias bem-sucedidas e inteligentes. (Este argumento levou Henry Maudsley, contemporâneo britânico de Kraepelin, a rejeitar a eugenia, porque percebeu que esterilizar aqueles que traziam sinais de doença mental eliminaria também os gênios.) As pessoas com uma versão branda do distúrbio – às vezes chamadas “esquizotípicas” – são com freqüência incomumente brilhantes, seguras de si e focalizadas.

 

Talvez a esquizofrenia seja o resultado de uma coisa boa em demasia: fatores genéticos e ambientais demais, que em geral são bons para a função cerebral, aparecendo juntos em um mesmo indivíduo. Isso explicaria por que os genes que predispõem as pessoas à esquizofrenia não desaparecem; desde que eles não se combinem, cada um deles beneficia a sobrevivência de seu portador.

 

 

CAPÍTULO CINCO

 

OS GENES NA QUARTA DIMENSÃO

 

Cada criança atravessa uma série de estágios de desenvolvimento, sempre na mesma ordem, embora nem sempre na mesma velocidade. Primeiro vem o estágio sensoriomotor, quando o bebê é pouco mais que um monte de reflexos e reações; ele ainda não pode conceber que os objetos continuam existindo mesmo quando escondidos. Em seguida vem o estágio pré-operacional, uma época de curiosidade egocêntrica. Depois, o estágio de operações concretas. E por fim, perto da adolescência, a autora do pensamento abstrato e do raciocínio dedutivo.

 

Ele conclui que a N-caderina é necessária para um axônio reconhecer seu alvo no cérebro.

 

Um gene é um filamento de letras de DNA que codificam a receita de uma proteína. Em muitos casos, contudo, o gene é composto de vários trechos pequenos de “sentido”, interrompidos por longos trechos sem nenhum sentido. Os pedaços com sentido são chamados exons, e os sem sentido, introns. Depois que o gene é transcrito em uma cópia funcional feita de RNA, e antes que seja traduzido em uma proteína, os introns são removidos m um processo chamado splicing (montagem).

 

Há amplas e crescentes evidências de que, além do determinismo na formação inicial da rede de neurônios no cérebro, a experiência é essencial para refinar esta equipagem.

 

Na década de 1950, Harry Harlow descobriu acidentalmente que uma macaca, criada em uma caverna vazia com apenas um modelo de arame como mãe e companhia, sem colegas para brincar,m será uma mãe negligente quando crescer. Ela ameaça seus bebês como se fossem grandes moscas. Ela foi marcada de algum modo pela experiência empobrecida de sua infância e a passou adiante.

 

É um belo exemplo de como o GOD inclui a seguinte advertência na descrição da tarefa de alguns genes: durante o desenvolvimento você deve estar sempre pronto para absorver informação do ambiente exterior a seu organismo e ajustar sua atividade de acordo com isso.

 

CAPÍTULO SEIS

 

OS ANOS DE FORMAÇÃO

 

Um cientista médico de nome David Barker analisou o destino de mais de 5.600 homens nascidos entre 1911 e 1930 em seis distritos de Hertfordshire, no sul da Inglaterra. Aqueles que tinham o menor peso ao nascimento até a idade de um ano viriam a ter as mais altas taxas de mortalidade por doença cardíaca isquêmica. O risco era quase 3 vezes maior nos bebês leves do que nos pesados.

Aqui estava a prova de que a doença cardíaca não é tão influenciada pela quantidade de gordura que você come quando adulto, mas por sua magreza na idade de um ano.

 

A homossexualidade é uma preferência inicial, provavelmente [!!!] ré-natal e irreversível. A adolescência simplesmente joga combustível no fogo.

 

Macacos criados na escuridão pelos primeiros 6 meses de sua vida levam meses para aprender a distinguir círculos de quadrados, algo que os macacos podem aprender em dias. Sem a experiência visual nos primeiros meses de vida, o cérebro não pode interpretar o que os olhos vêem. Um período crítico se passou.

 

O cérebro é receptivo à calibragem pela experiência nas primeiras semanas de vida, e depois deste período ele se estabelece.

 

Em 1967, um psicólogo de Harvard, Eric Lenneberg, publicou um livro em que afirmou que a capacidade de aprender a linguagem está sujeita a um período crítico que termina abruptamente na puberdade.

 

(...) estudos sugerem que a linguagem não se desenvolve apenas de acordo com um programa genético. Nem é somente absorvida do mundo exterior. Em vez disso, ela sofre imprinting. É uma capacidade inata temporária de aprender pela experiência no ambiente. Um instinto natureza para a aquisição de criação.

 

 

Edward Westmarck previu que as pessoas que compartilharam a infância são instintivamente avessas a fazer sexo quando adultas.

 

Lorenz, em seu livro Os 8 pecados capitais do homem civilizado, combinava as preocupações mais antigas do autor com a degeneração humana causada pelo relaxamento da seleção natural com preocupações mais recentes e mais na moda sobre o estado do ambiente. Alem da degeneração genética, os 8 pecados capitais eram:

  1. superpopulação
  2. destruição do ambiente
  3. excesso de competição
  4. a busca por recompensas imediatas
  5. a doutrinação por técnicas behavioristas
  6. o abismo entre as gerações
  7. e a aniquilação nuclear

 

O genocídio não estava na lista de Lorenz.

 

 

CAPÍTULO SETE

 

APRENDENDO LIÇOES

 

Alguns seguidores de Pavlov foram longe demais. Começaram a afirmar que o cérebro nada mais era que um dispositivo de aprendizagem através do condicionamento. Esta tradição floresceu nos Estados Unidos como behaviorismo. Seu defensor foi John Broadus Watson

 

Os teóricos modernos da aprendizagem modificaram a idéia de Pavlov de uma forma crucial. Eles afirmam que o aprendizado ativo ocorre não quando o estímulo e a recompensa continuam a aparecer juntos, mas quando há alguma discrepância entre uma coincidência esperada e o que realmente acontece. Se a mente comete um “erro de previsão” – esperando uma recompensa depois de um estímulo sem a conseguir, e vice-versa – então a mente deve mudar sua expectativa: ela deve aprender.

 

Foi provado na década de 1970, para surpresa de todos, que moscas podem aprender a se lembrar de associações entre odores e choques.

 

A aquisição de uma lembrança é diferente de sua recuperação; diferentes genes são necessários em diferentes partes do cérebro. O produto do corpo de cogumelo é necessário para a recuperação, mas não para a aquisição da lembrança, e a ativação de um gene é necessária para este produto. Pavlov pode ter sonhado que um dia alguém compreenderia a formação de rede neural do cérebro que explicasse o aprendizado associativo, mas ele certamente não teria imaginado que alguém iria ainda mais profundamente e descreveria as próprias moléculas envolvidas, e muito menos que descobriria que a chave para o processo, a cada minuto, está nas pequenas partículas da hereditariedade de Mendel.

 

Com Stalin, a eugenia soviética entrou em colapso, quando os lideres comunistas perceberam que isso não só levaria muitas gerações, como também preservar a intelligentsia por cruzamento seletivo contradizia muito a tendência cada vez mais obvia do secretário-geral de perseguir intelectuais.

 

Foram os skinnerianos que descobriram que um programa imprevisível de recompensas aleatórias é excepcionalmente eficaz para manter o pombo bicando o símbolo ou o pescador arremessando o anzol na correnteza.

 

[Por vários experimentos] chegou-se sempre à mesma conclusão: os macacos aprendem com muita facilidade a ter medo de cobras; eles não aprendem facilmente a temer a maioria dos outros objetos. Isto mostra que há um grau de instinto no aprendizado, assim como o imprinting mostra que há um grau de aprendizado no instinto.

 

O livro Walden Two, trata de uma comuna que é um clichê sufocante de fascismo. Homens e mulheres jovens perambulam pelos corredores e jardins da comuna sorrindo e ajudando-se como em um filme de propaganda nazista ou soviética; a coerção à conformidade está em toda parte. Nenhuma nuvem distópica pode desfigurar o céu, e o herói, Frazier, é o mais horripilante de todos, porque seu criador o admira integralmente.

 

“Nossos membros praticamente estão fazendo sempre o que querem fazer – o que “escolhem” fazer - , mas nós cuidamos para que eles queiram fazer exatamente o que é melhor para eles e para a comunidade. Seu comportamento é determinado, mas eles são livres.” In Walden Two, B. F., Skinner

 

 

 

CAPITULO OITO

 

ENIGMAS DA CULTURA

 

Há uma profunda convergência entre sentar-se em black-tie assistindo a La Traviata é apenas uma versão ocidental de dançar em torno da fogueira com um osso atravessado em seu nariz.

 

Boas queria estabelecer que a “mente do homem primitivo” (o título de seu livro mais influente) era igual em tudo à mente do homem civilizado, ao mesmo tempo que as culturas de outros povos eram profundamente diferentes entre si e da cultura civilizada. A origem das diferenças étnicas portanto está na história, na experiência e nas circunstâncias,m e não na psicologia e na fisiologia.

 

O comportamento humano deve muito a sua natureza mas também deve muito aos rituais e hábitos de seus companheiros. Ele parece absorver algo da tribo.

 

O progresso para Joseph Conrad, discípulo de Boas, era uma ilusão. A natureza humana nunca progredia, era condenada a repetir os mesmos atavismos a cada geração. Há uma natureza humana universal, repisando os triunfos e desastres de seus ancestrais. A tecnologia e a tradição apenas refratam esta natureza na cultura local: gravatas-borboleta e violinos em um lugar, ornamentos nasais e dança tribal em outro. Mas as gravatas-borboletas e as danças não modelam a mente – elas a expressam.

Quando assisto a uma peça de Shakespeare, com freqüência me surpreendo com a sofisticação de sua compreensão da personalidade. Não há nada ingênuo ou primitivo na forma como seus personagens planejam ou tentam conseguir as coisas; eles são cansados do mundo, esgotados, pós-modernistas ou conscientes de si. Pense no cinismo de Beatriz, Iago, Edmundo ou Jaques. Não consigo conceber, por um segundo sequer, que seja acidental. As armas com que lutam são primitivas, seus métodos de viagem incômodos, seu encanamento antediluviano. Mas eles nos falam de amor e desespero, de raiva e traição em vozes que têm uma complexidade e uma sutileza modernas. Como é possível? Seu autor tinha desvantagens culturais. Ele não leu Jane Austen ou Dostoievski; nem assistiu a Woody Allen; nem viu Picasso; nem ouviu Mozart; nem soube da relatividade; nem voou em um avião; nem navegou na internet.

 

Margaret Mead buscou algo “primitivo” na natureza humana nos mares do Sul. Mas não há natureza humana primitiva. Seu fracasso ao tentar descobrir o determinismo cultural da natureza humana equivale ao cão que não conseguiu latir.

 

Observe, primeiro, que a geração de cultura é uma atividade social. Uma mente humana solitária não pode produzir cultura.

 

Acredito que a capacidade humana para a cultura não vem de alguns genes que co-evoluíram com a cultura humana, mas de um conjunto fortuito de pré-adaptações que subitamente dotaram a mente humana de uma capacidade quase ilimitada de acumular e transmitir idéias. Essas pré-adaptações são sustentadas por genes.

 

O momento em que a cultura animal foi descoberta pela primeira vez foi em setembro de 1953, na pequena ilha de Kohima, na costa do Japão. Por 5 anos, uma jovem chamada Satsue Mito alimentou os macacos da ilha com trigo e batata-doce, para habituá-los a observadores humanos. Naquele mês ela viu pela primeira vez um jovem macaco chamado Imo lavar a areia de uma batata-doce. Em 3 meses dois dos companheiros de Imo e sua mãe tinham adotado a prática, e em 5 anos a maioria dos macacos mais novos do bando a adotara. Somente os machos mais velhos não conseguiram adquirir o costume. Imo depois aprendeu a separar o trigo da areia colocando-o na água e deixando a areia afundar.

 

Como os seres humanos fazem progresso cultural?(...) Michael Tomasello fez uma longa serie de experimentos com chimpanzés adultos e jovens seres humanos, dos quais conclui que “somente o ser humano compreende (outros seres humanos) como agentes intencionais como o self, e assim só o ser humano pode se envolver em aprendizado cultural”. Esta diferença surge aos 9 meses de idade – o que Tomasello chama de revolução do nono mês.

 

Há sem duvida algo unicamente humano em nossa capacidade de empatizar e imitar, assim como há algo unicamente humano em nossa capacidade de comunicar simbolicamente – mas é uma diferença de grau e não de tipo.

 

A imitação assim se torna a primeira candidata do que Robin Fox e Lionel Tiger chamaram de dispositivo de aquisição de cultura. Há duas outras candidatas promissoras: a linguagem e a destreza manual. E, estranhamente, as 3 parecem surgir juntas em uma parte do cérebro.

 

Uma curiosidade da imitação humana é que, se uma pessoa é solicitada a imitar uma ação da mão direita, ela com freqüência imitará com a mão esquerda, e vice-versa.

 

O que foi que mudou nos 200.000-300.000 anos atrás para permitir que o ser humano realizasse o enorme salto cultural desta maneira?

 

Se a natureza humana não se altera quando a cultura muda – o principal insight de Boas, provado pela arqueologia, - então o contrário também é verdadeiro: a mudança cultural não altera a natureza humana (pelo menos não muito).

 

Aparentemente é impossível condicionar o ser humano a gostar do amor livre e abolir seu desejo de ser ao mesmo tempo seletivo e possessivo em relação a seus parceiros.

 

 

CAPITULO novembro

 

OS STE SIGNIFICADOS DE “GENE”

 

A taxa média de morte violenta entre homens era mais alta em sociedades caçadoras-coletoras do que na Alemanha arrasada pela guerra no século XX.

 

Darwin considerava a reprodução do mais apto tão importante quanto a seleção natural, talvez mais ainda no caso dos seres humanos, mas a seleção sexual passou a maior parte do século XX no exílio cientifico. A teoria da seleção sexual sugere que o ato de assumir riscos de muitos machos animais é uma manobra inconsciente dos genes das fêmeas para expor os genes dos machos a prova de fogo, de forma que ela possa se assegurar de selecionar os melhores genes para sua descendência. (Em algumas espécies acontece o contrário.) (...) Na espécie humana, comparada a outros antropomorfos, há claramente algum grau de seleção masculina por exibir juventude, saúde, beleza e fidelidade entre as fêmeas, enquanto há alguma seleção feminina por exibir dominância, saúde, força e fidelidade entre os machos.

 

(...) os seres humanos não gostam de se ver retirados do centro do universo.

 

Durkheim notoriamente declarou: “cada vez que um fenômeno social é diretamente explicado por um fenômeno psicológico, podemos ter certeza de que a explicação é falsa (...) A causa determinante de um fato social deve ser procurada entre os fatores sociais que o precedem e não entre os estados de consciência individual.

 

Os genes são deterministazinhos implacáveis, agitando mensagens completamente previsíveis. Mas por causa da forma como seus promotores ativam e desativam em resposta a instruções externas, os genes estão muito longe de terem ações fixas. Em vez disso, eles são dispositivos para obter informação do ambiente.

 

 

CAPÍTULO DEZ

 

MUITAS MORAIS PARADOXAIS

 

Prefira fazer aquilo em que você é bom; não prefira aquilo em que você é ruim.  (...) Ter certos genes dá a você certos apetites; descobrir que é melhor em alguma coisa do que seus colegas aumenta seu apetite para aquela coisa; a prática aperfeiçoa e logo você cavou um nicho na tribo como especialista. A criação reforça a natureza.

 

Assim, a capacidade musical ou para os esportes existe graças à natureza ou à criação? As duas coisas, é claro. São as horas intermináveis de pratica que levam a jogar tênis ou tocar violino bem, mas aqueles que têm um apetite por horas intermináveis de pratica são os que têm uma ligeira aptidão e um apetite para a pratica. Recentemente tive uma conversa com os pais de um prodígio do tênis. Ela sempre foi boa no tênis? Não especialmente, mas ela sempre estava disposta a jogar, determinada a se juntar a seus irmãos mais velhos e aborrecia seus pais para lhe darem aulas de tênis.

 

Toda entrevista de emprego gira em torno da discriminação genética.

 

Na Idade da Pedra uma informação essencial em relação a um estranho era, “de que lado ele está?”. A sociedade humana, como a sociedade dos macacos antropomorfos, é crivada de facções – de tribos e bandos a coalizões temporárias de amigos. Talvez a raça seja apenas um substituto para pertencer a uma aliança. (...) as pessoas prestam muita atenção na raça porque elas instintivamente identificam as pessoas de outras raças como membros de outras tribos ou alianças.

 

Moffitt assinala que reduzir os maus-tratos infantis é uma meta válida, quer isto afete a personalidade adulta ou não (...) Deixa claro que um genótipo “ruim” não é uma sentença; também é necessário um ambiente ruim. Da mesma forma, um ambiente “ruim” não é uma sentença; é necessário um genótipo “ruim”.

 

A política social deve adaptar-se a um mundo em que todos são diferentes.

 

Hume disse que ou nossas ações são determinadas, e neste caso não há nada que possamos fazer a respeito disso; ou nossas ações são aleatórias, e neste caso não há nada que possamos fazer a respeito. Ficou claro?

 

Não há um “eu” dentro do meu cérebro; há somente um conjunto de estados cerebrais em eterna transformação, uma destilação de história, emoção, instinto, experiência e a influencia de outras pessoas – para não falar no acaso.

 

O livre-arbítrio é inteiramente compatível com um cérebro primorosamente pré-especificado pelos genes e regido por eles.

 

 

 

EPÍLOGO

 

HOMO STRAMINEUS – O HOMEM INSIGNIFICANTE.

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