EXTRATO DE: O QUE HÁ DE ERRADO COM O MUNDO

Autor: G. K. Chesterton

Ed. Ecclesiae – cerca de 1900/2013/2024

Chesterton escreveu. Eu não creio nesse progresso perpétuo que acarreta apenas um caos perpétuo, creio na evolução orgânica, ordenada e de acordo com o projeto e a natureza de cada coisa. Penso, por conseguinte, que não pode evoluir a civilização que não esteja razoavelmente completa, e a nossa estamos científica, avançada e progressista, está irracionalmente incompleta.

Em tudo o que é digno de ter mesmo nos prazeres todos, há uma porção de dor ou tédio que deve ser preservada a fim de que o prazer possa Renascer e perdurar. Em tudo o que vale a pena fazer? Há um estágio em que ninguém o faria, exceto por necessidade ou por honra.

Ninguém diz, estou cansado dessa dor de cabeça, quero uma dor de dentes. Ou a única solução para esta gripe russa é um pouco de sarampo alemão ou através dessa sombrinha provocação de catarro, vislumbro um. Um resplendente Paraíso de reumatismo. A dificuldade em nossos problemas públicos está toda ela, em que alguns homens mas sem o por curas que outros considerariam as piores doenças. Oferecem, como estados de saúde, circunstâncias que outros não hesitariam em chamar de estados de doença.

Todos temos consciência da loucura nacional, mas o que é a sanidade nacional?

Não há como lutar do lado vencedor, pois se luta exatamente para descobrir qual é o lado vencedor.

Para a mente humana há somente 2 coisas, dogma e preconceito.

Se você empreender hoje uma discussão com o jornal moderno, cuja posição política oposta à sua, descobrirá que não se admite meio termo entre a violência e a fuga, você receberá ou insultos, ou silêncio. (...) O objetivo dos combatentes dos partidos modernos é dar seus disparos fora do alcance do ouvido.

É o homem que é a medida, diz Aristóteles.

Os homens não tem por que se preocupar em alterar as condições. As condições logo se encarregarão de alterá-los. A cabeça pode ser copiada até caber no chapéu.

O culto do futuro não é apenas uma fraqueza, se não uma covardia da época.

Como disse a lei? É agradável fugir para a rua do adeus, onde se encontra a hospedaria do nunca. (...) Os homens inventam novos ideais porque não se atrevem a buscar os antigos.

Nós não só deixamos de fazer as coisas que deveríamos ter feito, mas também deixámos por fazer as coisas que queríamos fazer.

O único livre pensador autêntico é aquele cujo intelecto está tão livre do futuro quanto do passado. Reivindicou o direito de propor como solução: o velho sistema patriarcal de um clã das terras altas escocesas. Se com isso, parece-me poder eliminar o maior número de males.

As causas perdidas são exatamente aquelas que poderiam ter salvado o mundo.

Os mosteiros não foram impugnados pela castidade dos monges, se não pela falta dela. A cristandade não deve sua impopularidade à humildade, se não à arrogância dos cristãos.

O estatista inglês é subornado para não ser subornado. Ele nasce com uma colher de prata na boca, a fim de, mais tarde, não aparecer com uma no bolso.

Mesmo onde a imprensa é livre para criticar, ela só se presta a adulação. A tirania do século 18 permitia que se dissesse que “o rei de Brentford é um libertino”, ao passo que a Liberdade do século 20 permite que se diga que “o rei de Brentford é um pai de família exemplar”.

Este mundo está mais para subúrbio inacabado que para cemitério abandonado. Os homens nunca se fartaram de justiça política; fartaram-se de esperar Por Ela.

A propriedade é tão somente a arte da democracia. Significa que todo homem deveria ter algo para moldar à sua própria imagem, assim como ele foi moldado à imagem do céu. Contudo, como ele não é Deus, mas apenas uma imagem esculpida Dele, sua expressão pessoal deve dar-se dentro de certos limites. A rigor, dentro de limites severos e até mesmo estreitos.

O duque de Sutherland. Possuir todas as chácaras numa única propriedade rural é a negação da propriedade, assim como seria a negação do casamento se ele tivesse todas as nossas esposas em um único harém.

A instituição, chamada de lar privado, é uma necessidade da humanidade. É um alçapão do qual a humanidade não tem como escapar. Só a ignorância hipócrita de um fato notório poderia levar alguém a pensar em falar de “amor livre”, como se o amor fosse tão episódico quanto acender um cigarro, ou assobiar uma melodia.

Ricos e civiliza sono discordam sobre as ocasiões em que podemos afrouxar o laço, mas todas elas concordam que há um laço afrouxar, não um mero afastamento universal.

A coerção é uma espécie de encorajamento, ao passo que a anarquia (ou isso que alguns chamam de Liberdade) é essencialmente sufocante porque essencialmente desencorajadora.

Conheci muitos casamentos felizes, mas nunca um compatível. O objetivo do casamento é lutar e sobreviver a um instante em que a incompatibilidade mostra-se incontestável, pois, um homem e uma mulher, como tais, são incompatíveis.

A verdade é que, para os moderadamente pobres, a casa é o único lugar para a Liberdade; Mais ainda, o único lugar para anarquia.

Para o homem comum e trabalhador, o lar não é um lugar tranquilo em um mundo de aventura, mas um lugar selvagem num mundo de regras e tarefas estabelecidas. O lar é o único lugar onde ele pode cobrir o telhado com um tapete e o chão com telhas, se assim o desejar.

Dar a quase toda a gente casas comuns agradaria a quase toda a gente; eu o afirmo sem precisar de maiores explicações.

Uma vez que a casa própria é o ideal óbvio de todos os homens, podemos nos perguntar, tomando tal necessidade como modelo para todas as outras, por que ele não a conseguiu? E se isso se deu num certo sentido filosófico por culpa dele. Ora, penso que num certo sentido filosófico isso se deu por culpa dele e num sentido ainda mais filosófico, penso que isso se deu por conta de sua filosofia.

A simples intenção de ter uma casa própria foi ridicularizada e taxada de burguesa, sentimental ou abjetamente cristã. Sob diversas formas verbais, recomendaram-lhe continuar nas ruas, o que se chama individualismo ou ir para as casas de trabalho, o que se chama coletivismo.

Para mim, basta saber que se o homem tivesse dormido há uns 30 anos sobre o jornal do dia e acordado na semana passada sobre o jornal do dia, ele julgaria estar lendo exatamente sobre as mesmas pessoas.

O Deus dos aristocratas não é a tradição, mas a moda, que é o extremo oposto da tradição.

Mas seja o que for, que os grandes senhores tenham esquecido, eles jamais esqueceram que sua ocupação é apoiar as coisas novas, as mais faladas entre os dignitários das universidades ou entre os atarantados financeiros. Assim estiveram do lado da reforma e contra a igreja, do lado dos Whigs e contra os Stuarts, do lado da ciência de bacon e contra a velha filosofia, do lado do sistema industrial e contra os artesãos, e hoje estão do lado do crescente poder do Estado e contra os ultrapassados individualistas. Em suma, os ricos são sempre modernos: esse é o seu negócio.

Uma aristocracia é sempre progressista, é uma forma de estar sempre atualizada. Suas festas terminam cada vez mais tarde, pois estão tentando viver o amanhã.

Sir William Harcourt, típico aristocrata, formulou de maneira bastante sensata que: “Todos nós [isto é a aristocracia] somos hoje socialistas”.

As idéias de uma propriedade privada universal, mas ainda assim privada, de famílias livres, mas ainda assim famílias, de uma domesticidade democrática, mas ainda assim doméstica, e a ideia de uma casa para cada homem continuam a ser a visão real e o imã da humanidade. Pode ser que o mundo aceite algo mais oficial e geral e menos humano e íntimo; mas o mundo será então como uma mulher de coração partido que entra num enfadonho casamento de conveniência por medo de não conseguir um casamento feliz. Pode ser que o socialismo represente a libertação do mundo, mas ele não é o que o mundo deseja.

todos os homens são teóricos. Falem sobre Deus ou sobre golfe. Todos os homens são impessoais, ou seja, republicanos. Depois de uma conversa realmente boa, nenhum deles se lembra quem disse as coisas boas? Todo homem fala a uma multidão imaginária, há uma nuvem Mística, a que chamamos clube.

A democracia em seu sentido humano, não é o arbítrio da maioria. Não é sequer o arbítrio de todos. Pode ser definida com mais correção como o árbitro de qualquer um. Quero dizer que ela está amparada naquele hábito de clube de aceitar que um completo desconhecido pode inevitavelmente ter algumas coisas em comum conosco.

Quando felizes, todos os homens são democratas.

Basta o especialista aparecer para a democracia ser, de uma só vez, semidestruída.

Ainda que o exército fosse constituído somente por Aníbals e Napoleões, não seria bom que, quando surpreendidos, saíssem todos a dar ordens ao mesmo tempo. Não, seria melhor que alguém desse sozinho as ordens, mesmo que fosse o mais estúpido deles. Assim, vemos que a simples subordinação militar, longe de apoiar-se na desigualdade dos homens, apoia-se na Bom.igualdade dos homens. A disciplina não implica a noção de carlyliana de que quando todos estão errados, há sempre alguém com a razão, e esse alguém tem de ser descoberto e coroado.

A submissão ao homem fraco é disciplina. A submissão a um homem forte é apenas servilismo.

Ninguém diz de um regimento algo como “seu major é engraçado e enérgico, logo é evidente que seu coronel deve ser ainda mais engraçado e enérgico”. Não há quem diga ao reportar uma conversa de refeitório: “O tenente Jones era muito engenhoso, mas era naturalmente inferior ao Capitão Smith”. A essência de um exército é a ideia da desigualdade oficial, fundada na igualdade não oficial. Não se obedece ao coronel porque seja o melhor, mas porque ele é o coronel.

Só há 2 tipos de estrutura social concebíveis, governo, pessoal e governo e impessoal. Se meus amigos anarquistas não querem ter regras, ao menos terão regente. A preferência pelo governo pessoal, com seu tato e flexibilidade, chama-se monarquismo. A preferência pelo governo e impessoal, com seus dogmas e definições chama-se republicanismo. A objeção tacanha tanto a reis quanto a credos, chama-se tolice. Podemos nos guiar pela astúcia ou presença de espírito de um regente, ou pela igualdade e apurada justiça de uma regra. Mas é preciso ter um ou outro, caso contrário, não seremos uma nação, mas uma só barafunda.

Os homens acham que regras, mesmo quando irracionais, são universais. Acham que a lei é igual mesmo quando não é equitativa. Há uma beleza selvagem nisso, como há também no jogo de cara ou coroa. Se a civilização realmente não consegue prosseguir com a democracia, a desvantagem é toda da civilização, não da democracia.

Certamente seria muito melhor voltar às comunas rurais, se é que de fato eram comunas. Certamente seria melhor viver sem sabão duques em sociedade. Certamente sacrificaremos todos os nossos Arame, NS, rodas, sistemas, especialidades, ciência, física e finanças frenéticas para ganhar meia hora de uma Felicidade como aqui com tanta frequência temos com nossos camaradas numa simples taberna. Não digo que o sacrifício será necessário. Digo que será fácil.

A destruição é finita, ao passo que a obstrução é infinita. Faca destina-se a cortar madeira, a cortar queijo, apontar lápis, a cortar gargantas atender a uma miríade de generosos ou inocentes desígnios humanos. O bastão destina-se em parte a sustentar um homem, em parte a derrubar um homem, em parte apontar uma direção como uma placa em parte a dali equilíbrio como uma Vara de contrapeso, em parte a entreter como um cigarro, em parte a matar como a clava de um gigante. É uma muleta e um porrete, um dedo comprido e uma perna extra.

Agora, a grande marca de nossa modernidade é a insistência em propor substitutos para essas coisas antigas. E esses substitutos sempre respondem a um único propósito, quando a coisa antiga respondia a 10.

Logo ouviremos contar de especialistas separando letra e melodia numa canção, sob o pretexto de que uma atrapalha a outra.

Essa força exercida sobre um homem, para que este desenvolva uma só feição, não tem nada que ver com o que se costuma chamar de nosso sistema competitivo. Ela existiria igualmente em qualquer outro tipo de coletivismo concebido racionalmente, os socialistas, a menos que estejam sinceramente dispostos a enfrentar uma queda no padrão de seus violinos, telescópio e lâmpadas elétricas, precisam de algum modo, criar uma demanda moral nos indivíduos. E os induza a manter sua total concentração nessas atividades. Os telescópios só existem porque alguns homens se fizeram em algum grau especialistas. E é preciso que sejam especialistas em algum grau para que para garantirem sua manutenção. Não é fazendo de um homem, um funcionário público assalariado, que se consegue evitar que ele pense especialmente em Poá. É ganhar seu salário.

A mente que segue por caminhos selvagens é a do poeta, mas a mente que jamais encontra o caminho de volta é a do lunático. Ora, em toda a máquina deve haver uma parte movente e uma parte imóvel, e em tudo quanto muda deve haver uma parte imutável.

O escravo bajula, o moralista integral censura.

[Na defesa de seu sustento, as pessoas, por “lealdade”, simplesmente adotam as “verdades” de seus empregadores.]

Dissemos que Lorde hugins ou o senhor bugins eram absolutamente necessários ao país. Sabíamos perfeitamente que nada é necessário ao país se não que os homens sejam homens e as mulheres, mulheres. Nós não sabíamos e pensávamos que as mulheres sabiam ainda melhor do que nós e julgávamos que elas o afirmariam, mas, súbita e inadvertidamente as mulheres começaram a afirmar toda sorte de bobagem que nós mesmos dificilmente acreditávamos quando as proclamávamos. A necessidade do voto, a necessidade de huggins, a necessidade de bugins, tudo isso fluiu numa diáfana torrente dos lábios de todas as oradoras sufragistas.

A rendição da mulher Moderna pegou nos tão de surpresa que agora vem bem a calhar uma breve pausa para recobrarmos o juízo e então podermos refletir sobre o que ela nos está de fato dizendo. Como já comentei, há uma resposta muito simples para tudo isso. Essas não são as mulheres modernas, mas apenas uma a cada 2000 mulheres modernas. Esse fato é importante para um democrata, mas tem uma importância mínima para a típica mentalidade Moderna. Ambos os partidos modernos característicos crêem em um governo de poucos. A única diferença entre eles está em que uns crêem que esses poucos devem ser conservadores e outros que devem ser progressistas. Poder se IA dizer, talvez de maneira um tanto grosseira, que uns crêem em qualquer minoria, contanto que seja rica, e os outros em qualquer minoria. Contanto que seja louca. Neste estado de coisas, o argumento democrático é obviamente descartado por tempo indeterminado. E nos vemos obrigados a aceitar a minoria proeminente tão somente por ser proeminente. Eliminemos de nossas mentes os milhares de mulheres que detestam essa causa e os milhões de mulheres que de ficção e os milhões de mulheres que dificilmente ouviram falar dela.

Ao que parece, desde a Aurora da humanidade, todas as nações tiveram governos e todas elas se envergonharam deles.

A doutrina do direito Divino não foi obra do idealismo, mas do realismo, uma maneira prática de governar em meio a ruína da humanidade, uma obra de fé deveras pragmática. Nunca se falou de tortura e escravidão como coisas boas, mas sempre como males necessários.

O escolástico medieval considerava a possibilidade de um homem morrer queimado, assim como um moderno homem de negócios considera a possibilidade de um homem morrer de fome.

O mais moderno dos países, os Estados Unidos da América, introduziu como um vago sabor de ciência um método que chama “o terceiro grau”. Trata-se simplesmente da extorsão de segredos. Por meio de fadiga nervosa, o que não dista muito da extorsão por meio de combinação de dor física. E esta é a América legal e científica.

Enquanto 19 homens reivindicarem o direito de, por qualquer razão ou de qualquer forma, capturarem, um 20º homem, infligirem lhe um incômodo, por mais leve que seja. O ato será humilhante para todos os envolvidos.

Ao mais descarado duelista praticamente permitiam brandir sua arma, ao passo que o executor tinha sempre de agir mascarado. É, portanto, o primeiro elemento essencial de um governo, a coerção, elemento necessário, embora nada tenha de nobre. O governo não se baseia na força, ele é a força.

Se um homem é açoitado, todos nós o açoitamos. Se um homem é enforcado, todos nós o enforcamento. Numa República, toda a punição é tão sagrada e solene quanto um linchamento.

Naquele desastroso dia em que execuções públicas foram abolidas, as execuções privadas foram renovadas e ratificadas, talvez para sempre aquilo que era tremendamente inadequado ao sentimento moral de uma sociedade. Já não pode ser feito com segurança à luz do dia, mas não vejo razão para deixarmos de queimar hereges vivos, contanto que o façamos num cômodo privado.

Nos tempos modernos, o funcionário público perdeu toda a distinção social e a dignidade que outrora teve o carrasco. Ele é só o portador da corda de estrangulamento.

Todos os pensadores modernos são reacionários, pois seus pensamentos são sempre uma reação, aquilo que se passou anteriormente.

Um exame mais livre e complacente da humanidade bastará para convencermos de que a Cruz é ainda mais antiga que o cadafalso, de que o sofrimento voluntário antecedeu e independe do compulsório, em suma, de que nas questões mais importantes ao homem sempre foi concedida Liberdade para arruinar se. Para si mesmo, se assim o escolhesse.

Se se pode silenciar um homem, não há razão para estrangulá-lo.

Só há 2 formas de governar: com regras e com regentes.

Eu daria às mulheres não mais direitos, mas mais privilégios. Ao invés de mandá-las buscar a Liberdade notória dos bancos e fábricas, eu lhes projetaria especialmente uma casa em que pudessem ser livres.

O feminista ou a feminista? É, a meu ver, alguém que tem a versão as principais características femininas.

Penso que a visão de que, já que nos metemos nesta trapalhada, agora só nos resta atrapalharmo-nos mais e mais ou não nos adaptaremos ao contexto. De que, já que tomamos o rumo errado há algum tempo atrás, devemos prosseguir, jamais retroceder; de que, já que nos perdemos, devemos perder também o mapa. E de que, já que não logramos realizar nosso ideal, devemos esquecê lo.

Jamais houve quem tivesse a capacidade de oferecer uma só teoria de hereditariedade moral que se justificasse cientificamente, ou seja, que pudesse ser calculada antecipadamente.

Não há um caso sequer de alguém que tenha apostado 1/8 de pounds em que o avô teria um neto com seu tique facial ou vício. Em suma, lidamos com a hereditariedade como lidamos com os augúrios, as afinidades e a concretização de sonhos. Essas coisas simplesmente acontecem. E quando acontecem, tomamos nota. Mas nem um lunático, tentaria, calculá-las. Com efeito, a hereditariedade, como os sonhos e augúrios, é uma noção bárbara, ou seja, não é necessariamente uma noção falsa, mas obtusa, tateante e não sistematizada. (...) Nascer entre Pinheiros pode significar amar Pinheiros, ms também pode significar odiá-los ou nunca ter visto um Pinheiro. Ou pode ainda ser o produto de uma mistura de tudo isso ou de quaisquer graus de quaisquer dessas opções. (...) O meio pode influenciar tanto negativamente quanto positivamente. É possível que os suíços sejam sensatos, não apesar de seu horizonte alcantilado, mas exatamente por causa do horizonte alcantilado. É possível que os flamengos sejam artistas fantásticos, não apesar do seu enfadonho horizonte, mas por causa dele.

Educar é dar algo, talvez veneno. Educação é tradição, e tradição pode ser traição. Essa primeira verdade é francamente banal, mas é tão frequentemente ignorada em nossas conversas sobre política que se faz necessário esclarecê-la um garotinho numa casinha. Filho de um comerciante, Zinho é ensinado a tomar seu café da manhã. A tomar seu remédio, amar seu país, a fazer suas orações e a vestir suas roupas de domingo. Cifa game encontrasse um garoto desses, de ele obviamente o ensinaria a tomar gin, a mentir, a trair seu país. A blasfemar IA usar costeletas postiças. Mas do mesmo modo, também o senhor Salt, o vegetariano, suprimiria o café da manhã do garoto a senhora e de jogaria seu remédio fora. O Conde Tolstói censurá-lo IA por amar seus pais, o senhor blatchford mandá-lo IA parar de rezar. E o senhor Edward Carpenter. Condenaria as roupas de domingo e quiçá, toda a roupa. A verdade é que não há absolutamente nada em comum nesses professores, exceto o fato de que todos eles ensinam. Em suma, a única coisa que compartilham é aquela que eles declaram detestar a ideia geral de autoridade. É estranho que as pessoas fazem em separar o dogma da educação. O dogma é, na verdade, a única coisa que não pode ser separada da educação. Ele é educação. Um professor não dogmático é simplesmente um professor que não ensina.

Não somos capazes de criar nada de bom. A menos que o tenhamos imaginado.

Esse brado de salvem as crianças têm em si a odiosa implicação de que é impossível salvar os pais. Em outras palavras, de que muitos milhões de europeus adultos são responsáveis e auto suficientes devem ser tratados como lixo ou como restos e varridos da discussão, chamados de diploma dipsomania porque bebem em pubs e não em suas casas. Chamados de inaptos para o trabalho porque ninguém sabe como arranjar desemprego, chamados de estúpidos se ainda apoiam convenções e chamados de vadios, se ainda amam a Liberdade.

Não podemos ensinar cidadania se não somos cidadãos. E como poderíamos simplesmente ensinar a outros um ideal de humanidade se é tão vão e desesperado tentarmos encontrar um para nós próprios? A diferença entre educador e instrutor é que o instrutor empurra para onde quiser e o educador puxa de onde quiser.

Toda ação humana é uma interferência na vida e no crescimento.

Eis a educação perpétua. Ter suficiente certeza de que algo é verdadeiro a ponto de chegar a ousadia de contá lo a uma criança.

Na Inglaterra, na prática, somente os homens ricos decretam os castigos e somente os homens pobres os recebem. Na Rússia, o açoite é muitas vezes infligido a um camponês por outros camponeses. Na Inglaterra Moderna, o às 8 só pode, na prática, ser infligido a um homem muito pobre e por um Cavalheiro. Muitos garotos prefeririam ser açoita 12 e açoita 12 em justamente aqueles tirassem as histórias de aventura.

Todos os educadores são terminantemente dogmático e autoritários, não há como ter a educação livre, pois se se deixa uma criança livre. Não é possível educá-la.

A educação Moderna significa impor os costumes da minoria e desarraigar os costumes da maioria. Em vez da Caridade cristã, do riso shakesperiano e da América reverência. Pelos mortos aos pobres, e puseram lhes cópias pedantes dos preconceitos dos distantes ricos.

Os pobres devem abandonar seus preconceitos contra serem alimentados pela paróquia, porque os aristocratas não têm vergonha de serem alimentados pela nação.

Até um selvagem seria capaz de ver que pelo menos as coisas corpóreas que são boas para um homem são muito provavelmente, mas para uma mulher? A pergunta que todos nós gostaríamos que ambos respondessem é a do ideal original? Aspas, vocês querem manter a família ou não? Fecha aspas, se rude. O socialista quiser mesmo. A família terá de preparar-se para os impedimentos. Para os impedimentos, distinções e divisões naturais de trabalho na família, terá de acostumar-se com a ideia de que a mulher prefere a casa privada e o homem prefere a casa pública, o pub e o parlamento. Terá de suportar de alguma maneira a ideia de uma mulher feminil, o que não implica ser fraca e submissa. Mas, antes hábil, parcimoniosa um tanto firme e muito caprichosa. Terá de enfrentar, sem tremer, a ideia de uma criança infantil, ou seja, cheia de energia, mas sem a ideia de Independência e, fundamentalmente, tão ávida de autoridade quanto de informação e caramelos. Se homens e mulheres e crianças seguirem orando juntos em lares livres e soberanos, aquelas antigas relações tornarão a aparecer. Erro de terá de toneladas, só poderá evitá-lo destruindo a família, transformando os 2 sexos em colmeias e hordas assexuadas e convertendo todos os filhos em filhos do estado, como Oliver twist.

Em que a criança é forçada pelas leis, a julgar que as exigências de seu professor da escola são mais importantes que a de sua mãe.

Só poderemos evitar o socialismo com uma transformação tão vasta quanto o socialismo. Se quisermos salvar a propriedade, teremos de distribuí-la quase tão severa e radicalmente, como fizeram a revolução francesa. Se quisermos preservar a família, teremos de revolucionar a nação.

Suspeita horrível, que às vezes me vêm assombrar, a suspeita de que rude e good tenha uma sociedade secreta, de que a briga que mantém publicamente não passa de um esquema Combinado e de que a forma como eles perpetuamente fazem o jogo um do outro não é mera coincidência. Good. Do plutocrata quer 11 cristianismo, anárquico, rude, o idealista fornece lhe líricos louvores à anarquia. Good quer mulheres operárias, pois elas lhe custam menos. Rude apelido o trabalho da mulher de Liberdade para viver a própria vida. Good quer trabalhadores sóbrios e obedientes. Rude prega abstinência alcoólica para os trabalhadores, não para good. Good, que era uma população tímida, retomada, que jamais pegará em armas contra a tirania. Rude cita Tolstói para provar que ninguém deve pegar em armas contra nada. Good é, naturalmente, um gentleman saudável e limpo. Rude prega a Sério a perfeição da limpeza de gude a pessoas que não a podem pôr em prática. Acima de tudo, good governa por um grosseiro e cruel sistema de pilhagem e exploração do trabalho de ambos os sexos, o qual é completamente inconsistente com a família livre está fadado a destruí-la, então, abrindo os braços para o universo com um serviço protético Rouge, conta-nos que a família é algo que logo haveremos de suplantar. Não faço ideia se a parceria de rude e good é consciente ou inconsciente. Só sei que entre eles continuam a deixar desabrigado homem comum. Só sei que ainda encontro Jones andando pelas ruas. Sobre o cinzento, crepúsculo, contemplando triste os postes, as grades e as lanternas vermelhas que ainda aguardam a casa que não é menos sua somente porque ele nunca esteve nela.

[Ninguém parece ter tido a ideia de abolir os piolhos em vez de raspar as cabeças.]