EXTRATO DE: PSICOPATAS DO COTIDIANO
Como reconhecer,
como conviver, como se proteger
AUTORA: Kátia
Mecler
Ed.: Casa da
Palavra - Julho/2015
Contra-capa:
"De perto,
ninguém é normal. Pare um segundo para observar as pessoas com as quais convive
no seu dia a dia e você com certeza vai identificar o chefe obsessivo, a
namorada sempre desconfiada, o amigo que sabe falar apenas de si mesmo. Eles
estão à sua volta, e não percebem o sofrimento que causam a si próprios e a
quem tem que lidar com eles - são os psicopatas do cotidiano."
[A autora separa os
transtornos de personalidade em 3 grupos:]
GRUPO A:
Dos que podem
manifestar surtos psicóticos e são tratados com antipsicóticos.
GRUPO B:
Dos que tendem a
ter quadros de ansiedade e depressão e são tratados com anticonvulsivos
e estabilizadores;
GRUPO C:
também tendem a ter
quadros de ansiedade e depressão mas apresentam melhores resultados com
antidepressivos e remédios para diminuir a ansiedade.
1.
Transtorno
de personalidade dependente - Simbiose.
2.
Transtorno
de personalidade evitativo - Esquivo.
3.
Transtorno
de personalidade obsessivo-compulsivo - Perfeccionismo.
PREFÁCIO
Patogenia -
mecanismo pelo qual a causa produz a
doença
Psicopatias -
transtornos de personalidade.
São transtornos
porque assim o exigem a história das mentalidades, a sociedade, a cultura, os
valores vigentes e - por que não? - os que detêm o poder.
Neste livro, psicopatia
se refere à atual classificação médico-psiquiátrica denominada
"transtornos específicos da personalidade". Pessoas com esses
transtornos, com freqüência e sem perceber, causam intenso sofrimento a quem
convive com elas.
Eles não entendem o
problema e se recusam a tratá-lo. No Maximo, após um longo processo de
autoconhecimento, conseguem entender o mecanismo de repetição de suas atitudes
e minimizar seus efeitos.
JEITO DE SER
(...) saber que a
nossa forma de sentir, pensar nos comportar, o nosso jeito de ser, aquilo que
nos diferencia uns dos outros, é o eu denominados de personalidade.
(...) hoje, uma
teoria amplamente aceita indica que [personalidade] se trata do resultado da
combinação e da interação entre dois componentes: o temperamento e o caráter. O
temperamento é herdado geneticamente e regulado biologicamente. Já o caráter
está ligado à relação do temperamento com tudo o que vivenciamos e aprendemos
na relação com o mundo exterior.
Nascemos com as
sementes do bem e do mal, mas como elas vão germinar, crescer e dar frutos
depende de uma série de fatores que irrigarão a nossa existência.
A ciência já
comprovou que nossa herança genética (...) também influencia nossas tendências
e respostas comportamentais.
Desce os primeiros
anos de vida, podemos observar o "gênio" de uma criança, isto é, a
maneira peculiar como ela percebe, sente e reage às experiências.
O caráter seria a
porção aprendida, influenciada pelo temperamento e, ao mesmo tempo, capaz de influenciá-lo.
[!!!]
A personalidade
resulta da combinação de fatores biológicos e ambientais, mas a ciência ainda
não consegue precisar qual o peso de cada um desses elementos em sua formação.
(...) é evidente
que viver num ambiente positivo, com afeto, condições sociais adequadas e noção
de valores como compaixão e empatia pode aumentar a chance de uma pessoa não
desenvolver um traço patológico de personalidade.
Todas as pessoas
podem se localizar no ESPECTRO DE TRAÇOS DE PERSONALIDADE. [Continuum da Matriz
de Conduta]
Quando um traço de
personalidade é muito inflexível (...) causando sofrimento (...) aos que lhe
estão próximos, podemos chamá-lo de traço patológico de personalidade.
PERTURBADOS E
PERTURBADORES
O canadense Robert Hare, criou a escala PCL-R, que usa o conceito de
psicopatia para classificar as pessoas com características de um estilo
antissocial grave, marcado por uma pontuação alta em traços ligados a mentira,
manipulação, estilo de vida parasítico ausência de remorso e culpa, falta de
empatia, frieza insensibilidade, prazer em transgredir e histórico de problemas
com a lei.
Podemos sentir,
pensar e nos comportar de formas muito variadas e singulares, alternando o
nosso melhor e o nosso pior. É um jogo de luz e sombra, em que, às vezes,
estamos solares e, em outras, parecemos obscuros. E isso n em de longe é
patologia: trata-se apenas do nosso jeito
de ser.
O desafio ético é
imenso no que concerne à diferenciação entre uma característica de personalidade
normal e uma característica patológica.
PERTUBADOS E
PERTURBADORES: ISSO É LOUCURA?
Na definição da
OMS, transtorno mental seria "a existência de um conjunto de sintomas
clinicamente identificáveis ou comportamento associado na maioria dos casos a
sofrimento e a interferência nas funções pessoais".
A esquizofrenia é
um transtorno psicótico e se evidencia no afastamento da realidade, podendo se
manifestar na forma de delírios e alucinações.
É preciso reforçar
que fazer o diagnóstico de um transtorno de personalidade é tarefa muito
complexa. Três fatores devem ser levados em consideração:
GRUPO A
ESQUIZOIDE:
"NÃO LEVARIA NINGUÉM PARA UMA ILHA DESERTA."
Por serem bastante
observadores, eles acabariam encontrando de forma mais ágil soluções
diferentes, o que os tornaria mais criativos.
Conviver com uma
pessoa com estilo esquizóide significa suportar o distanciamento e a frieza
emocional. Ela não percebe o problema, portanto, despreza a idéia de procurar tratamento.
ESQUIZOTÍPICO:
"NO LIMITE."
Alguns estudos fazem
uma associação entre criatividade e esquizotipia - do mesmo modo que relacionam
o transtorno de personalidade esquizóide à imaginação fértil.
Tolerância. Eis a palavra-chave
para lidar com um esquizotípico. Se você convive com um, deve respeitar seu jeito diferente e
excêntrico de ser evitando ridicularizá-lo. Não perca tempo tentando modificá-lo:
ele não compreende seu problema e não percebe o possível mal-estar que causa ao
outro.
PARANOIDE: "DE
OLHOS BEM ABERTOS"
As pessoas com esse
traço afastam de si toda a "maldade" e projetam sua raiva e
hostilidade em figuras externas, o que pode levá-los ao fanatismo.
Na ficção ou na
vida real, o paranóide vive em estado de observação, vigilância e controle.
Se você não está
com o paranóide, está contra ele.
Tem um
comportamento hostil e, como acredita estar sendo perseguido, facilmente revida
assumindo o papel de perseguidor.
Seja polido e
formal. Evite se expor ou fazê-lo se expor. E uma dica que vale para todos os
transtornos: não tente modificá-lo.
GRUPO B
ANTISSOCIAL:
"OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS"
Parasitas predadores.
Eles gostam de levar vantagem em tudo: como não têm sentimento de culpa,
seduzem, mentem, abusam, manipulam, agridem e transgridem. (...) Incapazes de
se colocar no lugar do outro, não se importam com os sentimentos, os direitos e
o sofrimento alheio.
(...) são movidos
pela busca desenfreada por prazer. Para satisfazer suas necessidades, não hesitam em burlar regras ou ignorar suas obrigações
financeiras, seus compromissos e suas promessas. [Lula, Dilma, José Dirceu ET
caterva)
Com a maior tranquilidade,
um indivíduo com traços antissociais pode culpar as vítimas por serem tolas,
desamparadas ou merecedoras de seus destinos.
O antissocial
percebe o sofrimento alheio, mas, como bom parasita predador, extrai tudo o que
quer de sua vitima, antes de descartá-la de vez. Dali parte para a próxima
aventura, sem a menor culpa ou remorso quanto aos efeitos negativos e
prejudiciais causados.
Pela facilidade que
tem para perceber a fragilidade do outro, o antissocial encarna à perfeição o
papel de salvador, protetor e benfeitor - daquela pessoa especial que resolve
todos os problemas ou que proporciona momentos de alegria e prazer.
Dificilmente o
indivíduo com traços antissociais cumpre as regras do jogo. Ele engana, faz
falcatruas e manipula quem quer que atravesse seu caminho.
Violar regras não
causa arrependimento, e ele não pretende justificar seus atos.
Evite confrontar
uma pessoa com esse traço. Quando contrariada, ela pode reagir muito mal,
inclusive de forma violenta e vingativa. Vai ser perda de tempo tentar
repreende-la: como ela não sente empatia ou culpa, o efeito será nulo.
BORDER LINE:
"POR UM FIO"
Impulsivos e
instáveis. O borderline parece viver numa montanha-russa de sentimentos. A bem
da verdade, a palavra "equilíbrio" não existe no vocabulário de quem
tem esse transtorno de personalidade.
A autossabotagem
(...) e uma arma usada toda vez que ele está perto de realizar algo.
Não aceite o papel
de vítima nem de algoz.
HISTRIÔNICO:
"MINHA VIDA DARIA UMA NOVELA."
Histriônico: Pessoa
muito expressiva, expansiva, de gestos largos e falante!
Caçadores de
atenção.
A exibição é a
regra; não importa o que está sendo exposto.
Se você contar um
problema para alguém com esses traços, provavelmente ele vai relatar um
episodio ainda mais dramático.
São comuns ameaças
ou tentativas de suicídio, episódios de chantagem emocional e crises explosivas
de ciúmes.
Mesmo quando
conseguem o que querem, não estão dispostos a retribuir com a gratidão ou
atenção correspondentes.
(...) abstraia e deixe
o sujeito pensar que tem mais platéia do que na realidade. Não adianta perder
tempo batendo de frente.
(...) tenha em
mente que você não é uma vitima desse comportamento.
NARCISISTA: SABE
COM QUEM ESTÁ FALANDO?"
Caçadores de
admiração.
Exigem muito, retribuem
pouco ou nada e não têm o menor escrúpulo de fazê-lo trabalhar ou dedicar-se
inteiramente às suas necessidades, sem dar importância ao impacto que isso pode
ter na vida do outro.
Pessoas com traços
de personalidade narcisista não conseguem enxergar virtudes para alem do
próprio nariz. (...) Para se sentir no topo, precisam desqualificar,
permanentemente, quem as rodeia.
Ele não reconhece
suas dificuldades, por isso fica indignado quando alguém sugere qualquer
tratamento.
Se for necessário fazer
criticas, seja preciso e "pegue leve". Partir para o confronto não
leva a nada.
GRUPO C
DEPENDENTE:
"POR VOCÊ EU LARGO TUDO."
Simbiose.
O dependente evita
funções de responsabilidade e não disfarça a ansiedade quando precisa tomar
decisões.
Para o narcisista,
conviver com alguém de estilo dependente é a glória.
Por insegurança, os
dependentes esperam que o outro adivinhe essa necessidade de reconhecimento e
de se sentir querido.
EVITATIVO: "NA
MOITA."
Esquivo.
A vergonha pode ter
um efeito paralisante na vida das pessoas com esse traço, pois eles são
exageradamente preocupados com críticas ou com a possibilidade de serem
rejeitados.
Cabe lembrar que,
durante muitos séculos, a timidez foi considerada uma qualidade. Em tempos de repressão, de
regras rígidas e de recato, não se expor era a norma.
O medo do ridículo,
da rejeição e da avaliação alheia marcam a vida dos indivíduos desse tipo,
principalmente na área profissional.
Enfrentar o
universo das relações amorosas é, em geral, um grande desafio para os
indivíduos com esse traço.
Quando se sente
protegido o sujeito desse tipo consegue deixar fluir sua criatividade.
ajudá-las a ganhar
mais confiança e a superar o temor da rejeição é importante, mas não espere que
mudem de personalidade, porque isso dificilmente acontecerá.
Um dos objetivos do
tratamento é dar ferramentas ao paciente para lidar melhor com as situações que
lhe causam ansiedade.
OBSESSIVO-COMPULSIVO:
"LINHA DURA."
TOC - Transtorno
obsessivo-compulsivo.
Muitos se tornam
colecionadores compulsivos e reúnem moedas, selos, chaveiros e toda sorte de
quinquilharias. (...) Quando esse traço é exagerado, talvez o indivíduo também
tenha um transtorno de acumulação. Por vezes, os dois diagnósticos são
simultâneos.
Apesar da dedicação
extrema aos deveres, o obsessivo-compulsivo consegue manter relações amorosas
de longo prazo.
Nas questões que
costumam causar muito mal-estar - como o rígido padrão moral e a mesquinharia
-, melhor compreender que são traços de comportamento, e nada pessoal. (...) se
ela é workaholic perderá seu tempo se ficar cobrando atenção.
SALVANDO A PRÓPRIA
PELE
O que é
personalidade normal? Uma vez que a personalidade é uma estrutura dinâmica, a
normalidade torna-se intrínseca à capacidade de flexibilidade e adaptação aos
diversos estímulos do cotidiano.
Observar o
temperamento desde a infância, estimulando as manifestações construtivas e
minimizando as destrutivas, mostra-se uma das mais importantes profilaxias para
a formação de personalidades saudáveis.
Pessoas com
transtornos de personalidade seguem o mesmo padrão de comportamento. [!!! E
quem não segue?]
O INFERNO SÃO OS
OUTROS
Saiba também que
enfrentar ou confrontar um indivíduo com transtorno de personalidade terá
efeito nulo.
Comorbidade patogênica ocorre quando duas ou
mais doenças estão etiologicamente relacionadas;
Comorbidade
diagnóstica ocorre
quando as manifestações da doença associada forem similares às da doença
primária;
Comorbidade
prognóstica ocorre
quando houver doenças que predispõem o paciente a desenvolver outras doenças.