EXTRATO DE:
A PAISAGEM MORAL
Como a ciência pode determinar os valores humanos
Título do original: The Moral Landscape: How Science Can Determine Human Values
Autor: Sam Harris
Ed. Companhia das Letras – 2010/2013/2024
Existe na Albânia uma venerável tradição de vendetta chamada canum: Se o homem comete assassinato, a família de sua vítima pode retribuir matando qualquer um de seus parentes do sexo masculino. Se um rapaz dá o azar de ser filho ou irmão de um assassino, ele precisa passar a vida inteira se escondendo, abdicando assim de uma boa educação, de serviços de saúde adequados e dos prazeres de uma vida normal.
O propósito deste livro é iniciar uma conversa sobre como as verdades Morais podem ser entendidas no contexto da ciência.
Minha premissa se baseia. Numa premissa muito simples: o bem-estar humano depende por completo de eventos externos e de estados do cérebro, logo, deve necessariamente haver fatos científicos a descobrir sobre ele.
Ainda existem 21 estados americanos que permitem castigos físicos nas escolas. São lugares onde o professor pode, sob o amparo da lei, bater numa criança com uma palmatória forte o suficiente para causar hematomas e até mesmo tirar sangue.
Assim como não existe física cristã ou álgebra bolso Mana, veremos que tampouco existe nada parecido com uma moralidade cristã ou muçulmana. Com efeito, argumentarei que a moralidade deveria ser considerada um ramo ainda não desenvolvido da ciência.
Cada vez mais as democracias seculares ficam prostradas diante das velhas religiões.
Propósito, valores, moralidade e a boa vida são coisas obrigatoriamente relacionadas a eventos externos e a estados do cérebro humano. A investigação racional, aberta e honesta sempre foi a verdadeira forma de iluminar estes processos. Só por acidente a fé pode calhar de estar certa sobre alguma coisa.
Somente uma compreensão racional do bem-estar humano permitirá que bilhões de nós coisas estamos pacificamente convergindo em torno dos mesmos objetivos sociais, políticos, econômicos e ambientais.
[Harris acredita que] a verdade, isso objetivas sobre o bem-estar humano. Se a gentileza, por exemplo, geralmente conduz mais a Felicidade do que a crueldade, então a ciência deveria um dia ser capaz de fazer constatações. Precisas sobre quais dos nossos comportamentos e costumes são moralmente bons, quais são neutros e quais deveríamos abandonar. [Isto jamais pode ser definido, pois o que é bom para uns, não é para outros. E estranho que ele não aceite isso!!]
David Hume, filósofo escocês do século 18, é autor do célebre argumento segundo o qual nenhuma descrição da maneira como o mundo é (fatos) jamais poderia nos dizer como o mundo deveria ser (valores). Na mesma linha de Hume, o filósofo G. E. Moore declarou que qualquer tentativa de encontrar verdades Morais no mundo natural seria uma “falácia naturalista”.
O filósofo e psicólogo Jerry Fodor cristaliza essa essa visão: “a ciência diz respeito a fatos, não a normas. Ela pode nos dizer como estamos, mas não o que há de errado com isso. Não pode haver uma ciência da condição humana”. Embora seja raramente expressa de forma tão explícita, essa fé nos limites intrínsecos da razão é hoje um dogma nos círculos acadêmicos.
Bom, a moralidade é o conjunto de atitudes, escolhas e comportamentos que potencialmente afetam a Felicidade e o sofrimento de outras mentes conscientes.
Devemos esperar que esse espaço de possibilidades - a paisagem moral - venha a ser cada vez mais iluminado pela ciência.
Bom, o cérebro humano é uma máquina de acreditar.
A crença também faz a ponte entre fatos e valores. Nós formamos crenças sobre fatos e, nesse sentido, a crença perfaz a maior parte daquilo que sabemos sobre o mundo por meio da história, da ciência, do jornalismo, etc. Mas também formamos crenças sobre valores: juízos sobre moral, objetivos pessoais e o propósito maior da vida.
Todas as sociedades que já existiram tiveram de canalizar e subjugar certos aspectos da natureza humana - inveja, violência territorial, avareza, mentira, preguiça, trapaça, etc. - por meio de mecanismos e instituições sociais.
A preocupação com o bem-estar é a única base inteligível para a moralidade e os valores.
Bom, em princípio, nada nos impede de falar em verdade moral.
A bíblia Hebraica deixa claríssimo que os judeus devem seguir a lei de javé por preocupação com as consequências negativas de não segui-la. Quem não acredita em Deus ou numa vida após a morte e ainda assim acha importante filiar-se a uma tradição religiosa, só faz isso por acreditar que viver dessa forma parece contribuir com seu bem-estar e com o dos outros. [Isto corrobora minha percepção de que a grande maioria das pessoas não crê, apenas assume crer para ficar numa zona de conforto moral e psíquico.]
O conceito de “bem-estar”, assim como de “saúde”, é verdadeiramente aberto à revisão e a novas descobertas. Quão realizados nós podemos ser pessoal e coletivamente? Quais são as condições - desde mudanças no genoma até mudanças nos sistemas econômicos - que produzirão tal Felicidade? Simplesmente não sabemos.
É válido lembrar que há “cientistas” de formação que são criacionistas bíblicos e que seu pensamento “científico” se dedica a interpretar os dados da ciência para encaixá-los no livro do Gênesis.
Quais evidências poderiam comprovar que é preciso valorizar as evidências? Qual lógica poderia demonstrar a importância da lógica?
O Deus Abraão nos disse para matar crianças insolentes. Êxodo 21,15. Levítico 20,9. Deuteronômio 21,18. Marcos 7,9. E Mateus 15,4.
Mesmo assim, todo mundo acha esse imperativo moral uma sandice, o que significa que ninguém pode estar tão amarrado à lei de Deus a ponto de ignorar tão completamente o elo entre moralidade e bem-estar humano.
Quanto eu deveria estar disposto a sacrificar ou exigir que meus filhos sacrifiquem para ajudar outras pessoas necessitadas?
Será que a humanidade sofreria menos ou mais na média, se os Estados Unidos Unidos unilateralmente desistissem de todas as suas armas atômicas? Perguntas como essas são muito difíceis de responder, mas isso não significa que não tenham resposta.
O fato que de que o fato de que pode ser difícil ou impossível saber exatamente como maximizar o bem-estar humano não implica que não haja formas certas e erradas de fazê-lo, nem que não podemos excluir de cara determinadas maneiras obviamente ruins. Porém, a autonomia traz benefícios óbvios às pessoas e, portanto, é um componente importante do bem comum.
[Aqui um bom exemplo da forçação de barra de Harris]
A partir do momento em que admitimos saber cientificamente alguma coisa sobre o bem-estar humano, devemos admitir que certos indivíduos ou certas culturas podem estar absolutamente errados sobre ele. [O que seria óbvio admitindo “saber cientificamente alguma coisa sobre o bem-estar”!!!]
Bom, o relativismo moral, porém, tende a contradizer a si mesmo. Os relativistas podem dizer que verdades Morais existem apenas em relação a culturas específicas, mas essa própria afirmação sobre o status das verdades Morais se pretende verdadeira para todas as culturas possíveis. Na prática, o relativismo quase sempre equivale a alegação. De que precisamos ser tolerantes em relação às diferenças Morais, por que nenhuma verdade moral pode superar outra? Só que esse próprio compromisso com a tolerância não é nunca colocado como apenas uma preferência relativa entre várias consideradas igualmente válida. A tolerância é considerada a única posição possível porque está mais alinhada do que a intolerância com a verdade universal em relação à moral.
O relativismo moral é claramente uma tentativa de reparação intelectual. Pelos crimes do colonialismo europeu, do outro, no sentido etnocentrismo, e do racismo. O que quero argumentar é que os fatos mais básicos sobre a Felicidade humana, como quase qualquer fato, precisam transcender a cultura.
Steven Pinker: Se uma única pessoa no mundo segurasse uma menina aterrorizada. Esperneando e gritando, cortasse ele os genitais com uma lâmina septica e costura sem o corte, deixando apenas um minúsculo orifício para a passagem da urina e fluxo menstrual. A única questão seria com que severidade essa pessoa teria de ser punida? E se a pena de morte? Seria uma sanção suficientemente severa, mas quando milhões de pessoas fazem isso, em vez de de atrocidade ser ampliada, milhões de vezes eram, subitamente se torna “cultura” e assim, por mágica, torna-se menos horrível ao invés de mais e chega até mesmo a ser defendida por alguns “pensadores morais” ocidentais, incluindo feministas.
Será que existe mesmo uma epistemologia feminista ou multicultural? Seguindo essa lógica, por que a noção de “física judaica” de Hitler não seria apenas um emocionante vislumbre da riqueza da epistemologia? Será que agora deveríamos considerar não apenas a possibilidade de uma física judaica, mas de uma física judaica feminina? Como tal balcanização da ciência poderia ser um passo na direção de uma objetividade forte?
Entomólogo E. O. Wilson: a moralidade, ou mais estritamente nossa crença na moralidade, é apenas uma adaptação no sentido de satisfazer nossos objetivos reprodutivos. [Eu diria que é para satisfazer nosso objetivo de sobrevivência.]
[Para Sam Harris, há, pelo menos, 3 projetos que não podemos confundir:]
1. Podemos explicar por que as pessoas tendem a seguir determinados padrões de pensamento e comportamento (muitos deles comprovadamente tolos e nocivos) em nome da “moralidade”;
2. podemos pensar mais claramente sobre a natureza da verdade moral e determinar quais padrões de pensamento e comportamento deveríamos seguir em nome da “moralidade”;
3. Podemos convencer as pessoas que estão comprometidas com padrões tolos e nocivos de pensamento. E comportamento em nome da “moralidade”, a romper com esse compromisso e viver uma vida melhor. (...) Creio que este é a tarefa mais importante da humanidade no século 21. Quase todos os objetivos importantes, desde lutar contra a mudança climática até combater o terrorismo, curar o câncer e salvar as baleias, entram no escopo desse projeto. É evidente que a persuasão moral é um negócio difícil. Mas ela se torna especialmente difícil se não tivermos definido em que sentido as verdades Morais existem. Portanto, meu foco principal é o projeto número 2.
Para Sam Harris, o conceito de verdade moral é literalmente ininteligível.
O fato de milhões de pessoas usarem o termo “moral” para designar dogmatismo religioso, racismo, machismo ou outras deficiências de intelecto ou compaixão, não deve nos obrigar a apenas aceitar tal terminologia até o fim dos tempos.
O BEM E O MAL
à medida que entendermos melhor o cérebro, compreenderemos cada vez mais todas as forças que permitem que amigos estranhos colaborem com sucesso nos projetos comuns da civilização.
O trabalho do biólogo evolutivo Robert Trivers sobre o altruísmo recíproco deu um grande passo na explicação da cooperação entre amigos sem parentesco e estranhos.
[autointeresse]
Certas características biológicas parecem ter sido moldadas pela capacidade humana para a cooperação. E, por sua vez, parecem tê-la ampliado ainda mais.
Apesar de poucos pensadores terem dado muita atenção ao papel, que interesses egoístas, concorrentes desempenho na sociedade. Adam Smith reconheceu que cada um de nós se importa profundamente com a Felicidade dos outros. Ele também reconheceu, porém, que nossa capacidade de nos importar com os outros tem limites e que tais limites são eles mesmos, objeto de preocupação individual e coletiva. (...) A verdade é evidente: A maioria de nós é absorvida de maneira poderosa por instinto, sem egoístas, em quase todos os momentos da vida; Nossa atenção às nossas próprias dores e aos nossos próprios prazeres não poderia ser mais aguda; Somente os gritos mais desesperados de sofrimento anônimo. Capturam o nosso interesse e ainda assim, momentaneamente.
A moralidade em termos de preceitos conscientes, contratos sociais, noções de justiça, etc. É uma invenção relativamente recente.
O interesse primário de todo o dobo ano era lançar feitiços sobre outros membros da tribo, num esforço para do EC Los e mata-los e na Esperança de se apropriar magicamente de suas colheitas. (...) Se um homem contrair uma doença grave ou morria, a culpa pelo infortúnio era jogada de imediato sobre sua mulher e vice-versa. É o retrato de uma sociedade completamente imersa em delírios antissociais.
Considere o que pensa um homem-bomba que decide obliterar a si mesmo justamente com uma multidão de infiéis: a primeira vista, isso parece uma rejeição total da atitude consequencialista. Porém, quando examinamos a razão da busca do martírio no islã, vemos que as consequências de tais ações, tanto reais quanto imaginárias, são o que realmente importa, aspirantes a Marte esperam agradar a Deus e viver felizes pela eternidade após a morte. Se uma pessoa aceita internamente os pressupostos, um. Os pressupostos metafísicos do islamismo tradicional. O martírio passa a ser visto como uma promoção na carreira. O Marty também é o maior dos altruístas: afinal, ele não apenas garante uma vaga para si mesmo no Paraíso, como também assegurar admissão para 70 parentes mais próximos.
Para Joshua Green, a questão não: “como você pode ter certeza de que suas peças crenças morais são verdadeiros?” e sim, “como é possível que as crenças morais de qualquer pessoa sejam verdadeiras?” Em outras palavras, o que no mundo poderia tornar uma afirmação de cunho moral verdadeira ou falsa? Aparentemente, Green acredita que a resposta a essa pergunta seja “nada”.
Green: os juízos Morais são em sua maioria guiados não pelo raciocínio moral, e sim por uma intuição moral de natureza emocional. Nossa capacidade de fazer juízos Morais é uma adaptação evolutiva complexa a uma vida social intensa. Na verdade, somos tão bons em juízos morais que, do nosso ponto de vistas, eles são bastante fáceis de fazer e formam parte do senso comum.
O eunucos que cuidavam da família real na Cidade Proibida da China. Dinastia após dinastia parecem ter se sentido em geral bastante recompensados em sua vida de desenvolvimento, abreviado isolamento pelo poder de que gozavam na corte e também por saberem que suas genitálias guardadas em vasos o tempo todo seriam enterradas com eles. Após sua morte, garantindo o seu renascimento como seres humanos completos. (...) Sun Yaoting, o último eunuco do imperador, morto em 1996, aos 94 anos, não estava errado em ter como sua maior mágoa a queda do sistema imperial ao qual ele respirava servir. Porra.
Um dos problemas com o consequencialismo, na prática, é que nem sempre podemos determinar se os efeitos de uma ação serão bons ou maus. (...) Se não somos capazes de determinar nem mesmo o resultado de um evento tão bem analisado, como podemos julgar as prováveis consequências das inúmeras decisões? Devemos tomar ao longo da vida. (...) As pessoas têm interesses conflitantes, noções incompatíveis de Felicidade e existem diversos paradoxos conhecidos que saltam em nosso caminho assim que começamos a pensar sobre o bem-estar. De populações inteiras. A ética populacional é uma máquina de produzir paradoxos e até onde sei até agora, ninguém inventou uma maneira de avaliar o bem-estar coletivo que preserve todas as nossas intuições.
Como observa Slovic, quando a vida humana está sob ameaça, parece racional e moralmente lógico que nossa preocupação aumente conforme aumenta o número de vidas em jogo. E se pensarmos que perder muitas vidas pode ter consequências negativas adicionais, como o colapso da civilização, a curva de nossa preocupação deveria crescer em ritmo exponencial. Mas não é assim que tipicamente respondemos ao sofrimento de outros seres humanos.
O trabalho experimental de Slovic sugere que nos preocupamos de forma intuitiva mais com uma vida humana única, identificável menos com 2, e ficamos cada vez menos sensíveis à medida que a contagem de corpos aumenta. Ele acredita que esse “torpor psíquico” explica o fato lamentável de que geralmente ficamos mais estressados com o sofrimento de uma única criança ou animal do que com o genocídio. Aquilo que o Slovic chamou de “negligência do genocídio” representa uma das falhas mais notáveis de nossa intuição moral e uma das que acarreta as piores consequências. (...) Isto é conhecido como o “efeito da vítima identificável”.
Uma das maiores tarefas da civilização é criar mecanismos
culturais que nos protejam das falhas corriqueiras das nossas intuições éticas.
[!!!!???? O grifo e a perplexidade são meus.]
[ História da menina comendo nacos de um cordeiro
assado.] “É tão triste comer cordeirinhos. (...) Não está certo. Mas eu não
posso deixar de come -los se eles não deixam de matá-los.”
Quando Pensamos em maximizar o bem-estar de uma população, estamos pensando no bem-estar total ou no médio? O filósofo Derek parfit mostrou que as 2 bases de cálculo levam a paradoxos perturbadores, se nos preocupamos apenas com o bem-estar total, deveríamos preferir um mundo com centenas de bilhões de pessoas cuja cujas vidas mal valem a pena? Há um mundo no qual 7000000 de nós vivemos em pleno êxtase. Se por um lado nos preocupamos com o bem-estar médio de uma população, deveríamos preferir um mundo com um único habitante feliz ao mundo, com bilhões de pessoas que são só um pouco menos felizes. Talvez até pudéssemos matar a forma. Matar de forma indolor várias das pessoas menos infelizes. Menos felizes, de forma a aumentar a média do bem-estar humano. Privilegiar o bem-estar médio também nos levaria a preferir um mundo no qual milhões vivem a miséria da tortura constante a um mundo no qual uma única pessoa seja torturada só um pouquinho mais. [No fundo] É melhor todos nós estarmos plenamente realizados do que vivermos, todos na mais absoluta agonia.
Como uma negação do meu alto interesse poderia servir ao meu alto interesse. Sinto-me melhor sendo uma pessoa que valoriza a equidade e quero que minha filha se torne alguém que partilha esse valor. E como eu me sentiria se o médico que atendesse minha filha tivesse o mesmo viés em favor dela e achasse que ela é muito mais importante do que os outros pacientes sob seus cuidados?
Nas palavras do psicólogo Daniel Kahneman. Um bem vale mais quando é visto como algo que pode ser perdido do que quando avaliado como um ganho em potencial. Essa versão, a perda geralmente faz com que os humanos cometam erros na tentativa de manter o status quo. Também é um impeditivo importante na resolução de conflitos por negociação. Afinal, se cada parte enxerga as concessões de seu oponente como ganhos e as suas próprias como perdas, cada um tende a achar que está se sacrificando mais do que a outra.
As razões para crer que qualquer uma das religiões do mundo foi “revela” aos nossos ancestrais são ou risíveis ou inexistentes – e a ideia de que cada uma dessas doutrinas mutuamente incompatíveis é à prova de erro permanece uma impossibilidade lógica.
(...) as sociedades não sofrem; quem sofre são as pessoas. A única coisa errada com a injustiça é que ela sempre é, em algum nível, real ou potencialmente ruim para as pessoas.
Raws: aquilo que é certo não pode depender de alguém ser ou não membro de determinada tribo – no mínimo, porque as pessoas ´pode, estar erradas sobre a própria identidade. (...) Uma pessoa não pode afirmar que está ”certe” sobre nada – seja uma questão de razão, seja de e de ética – a menos que suas visões possam ser generalizadas para os outros.
[O imperativo categórico é o respeito a uma máxima imediata. Dessa forma, quando o ser age autonomamente, por ser o seu dever agir assim – e nada mais -, segue o imperativo categórico. Independe de como os outros irão agir com você ou como você gostaria de agissem com você. É a razão mais pura em função da moralidade. https://www.jusbrasil.com.br/artigos/emmanuel-kant-o-imperativo-categorico-da-moral-e-o-imperativo-hipotetico-do-direito/171331635#:~:text=O%20imperativo%20categ%C3%B3rico%20%C3%A9%20o,pura%20em%20fun%C3%A7%C3%A3o%20da%20moralidade.]
Não vivo de uma forma que de fato maximiza o bem-estar dos outros. Porém, tenho quase certeza de que tampouco vivo de uma forma que maximiza meu próprio bem-estar.
Se você for como a maioria das pessoas, descobrirá o quão extraordinariamente difícil é operar as mudanças simples de comportamento necessárias para obter o que você deseja. (...) acredito piamente que eu seria mais feliz se quisesse ajudar mais os famintos – e não tenho dúvida de que eles também seriam mais felizes se eu gastasse mais tempo e dinheiro ajudando-os -, mas essas crenças não são suficientes para mudar nada em mim. Sei que seria mais feliz e que o mundo seria um lugar (marginalmente) melhor se eu fosse diferente nesses aspectos. Portanto, tenho certeza de que não sou nem tão ético nem tão feliz quanto poderia. (...) Isso significa que eu seria mais eficientemente egoísta se fosse menos egoísta. O que não é um paradoxo.
E se pudéssemos programar toda a nossa espécie para odiar a justiça, admirar a trapaça, amar a crueldade, desprezar a compaixão etc.?
Poderíamos amar nossos filhos e ao mesmo tempo ser totalmente indiferentes à morte deles?
Jonathan Haidt, psicólogo: numa discussão moral, esperamos que a refutação bem-sucedida dos argumentos de nosso oponente mude a mente dele. Tal crença é análoga a acreditar que, ao abanarmos o rabo de um cachorro com a mão, estamos tornando o cachorro feliz. (...) Ele observou que os seres humanos tendem a tomar decisões com base em emoções, justificar tais decisões com raciocínios post hoc [por causa disso, eventos supostamente interligados por causa e efeito] e aferrar-se a elas mesmo quando os raciocínios fracassam. Ele observa que, quando instadas a justificar suas respostas a dilemas morais (e pseudomorais) específicos, as pessoas muitas vezes ficam “moralmente embasbacadas”. Ele tende a acreditar que a mera existência de controvérsias morais anula a possibilidade de uma verdade moral.
Milhões de americanos acreditam que uma das principais causas do câncer é a “raiva reprimida”.
Assim como as pessoas não costumam ser inteiramente racionais quando dizem que são, elas podem não ser inteiramente morais quando dizem que são.
Neurocientistas brasileiros (Jorge Moll, Ricardo de Oliveira-Souza e outros) dividem as ações humanas em 4 categorias:
1. As que servem ao indivíduo e não afetam os outros;
2. As que servem ao indivíduo e afetam os outros negativamente;
3. As ações benéficas aos outros, com uma alta probabilidade de reciprocidade (altruísmo recíproco);
4. E ações benéficas aos outros, sem benefícios pessoais diretos (ganhos materiais ou de reputação).
(...) sabemos com base em estudos de neuroimagem, que a
cooperação está associada a uma elevada atividade nas áreas de recompensa do
cérebro.
Uma ciência da moralidade demandaria necessariamente uma
compreensão mais profunda das motivações humanas.
[Testes de detecção de psicopatia] estimam que (...) há cerca de 3 milhões de psicopatas no país (cerca de 1% da população).
(...) a porcentagem real da população que morria de forma violenta era maior nas sociedades pré-estatais do que foi até mesmo na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial ou no Camboja sob o governo de Político Pot.
Temos consciência de uma fração muito pequena da
informação que nossos cérebros processam a cada momento.
A verdade parece inescapável: eu, como sujeito de minha experiência, não consigo saber o que vou pensar ou fazer até que um pensamento ou intenção apareça; e pensamentos e intenções são causados por eventos físicos e agitações mentais doas quais não tenho consciência.
Nossa crença no livre-arbítrio surge a partir de nossa ignorância contínua de causas prévias específicas. (...) pensamentos simplesmente surgem (...). (...) Não sabemos o que teremos intenção de fazer até que a própria intenção apareça. (...) Você não é autor de seus pensamentos e ações. (...) Juízos de responsabilidade, portanto, dependem da constituição da mente das pessoas, não da metafisica de causa e efeito mental.
(...) um homem de 25 anos, que fora criado por pais maravilhosos e nunca sofrera abuso, matou a tiros uma jovem que ele não conhecia, “só por diversão”. Uma ressonância magnética mostrou que ele tinha um tumor do tamanho de uma gola de golfe no córtex pré-frontal medial (região responsável pelo controle das emoções e dos impulsos). (...) isso parece isentar o assassino de responsabilidade. [!!!]
Os homens e mulheres que estão no corredor da morte têm alguma combinação de genes maus, má-criação, más ideias e má sorte – qual é a parcela que lhes cabe de responsabilidade exatamente? Nenhum ser humano pode ser culpado por seus genes ou por sua criação, e no entanto temos motivos mais que suficiente para acreditar que esses fatores determinem a personalidade durante toda a vida. Nosso sistema judiciário deveria refletir nossa compreensão de que cada um de nós poderia ter dado muito azar na vid. De fato, parece imoral não reconhecer o quanto existe de sorte própria moralidade.
Nao é que o livre-arbítrio seja
simplesmente uma ilusão; nossa experiência não nos entrega uma mera visão
distorcida da realidade; o que acontece é que estamos enganados sobre a
natureza de nossa experiência. (...) Nosso senso de liberdade deriva do fato de
que não prestamos atenção ao que realmente somos. (...) A verdade sobre nós
é mais estranha do que muita gente imagina: a ilusão do livre-arbítrio é, ela
própria, uma ilusão.
1. CRENÇA
[O caso do candidato a presidente dos Estados Unidos que pensou ser um pote de frutos secos, mas era um pote de mistura decorativa.]
[Não acredito nesta “descoberta científica”:] (...) todos os seres humanos vivos hoje aparentemente descendem de uma única população de caçadores-coletores que viveu na África há cerca de 50 mil anos.
As evidências genéticas indicam que um bando de cerca de 150 pessoas dessa população deixou a África e foi gradualmente povoando as outras partes do mundo.
O QUE É CRENÇA?
Saber que George Washington foi o primeiro presidente dos Estados Unidos é o mesmo que acreditar na frase “George Washington foi o primeiro presidente dos Estados Unidos”.
(...) “eu sei” quando estou certo de que uma de minhas crenças sobre o mundo é verdadeira; quando não tenho tanta certeza, posso dizer algo como “acredito que provavelmente seja verdade”.
A mera compreensão de uma proposição simples requer a ativação inconsciente de uma quantidade considerável de conhecimentos prévios e um processo ativo de testes de hipóteses.
Imagine ouvir as seguintes asserções de um amigo:
1. O CDC, centro de prevenção e controle de doenças dos Estados Unidos, acaba de anunciar que telefones celulares causam mesmo câncer no cérebro;
2. Meu irmão ganhou 100000 USD em Las Vegas no fim de semana;
3. Seu carro está sendo guinchado.
[O caso Starbucks:] O Starbucks não vende plutônio. A crença neste caso, É a disposição a aceitar uma proposição como verdadeira (ou provavelmente verdadeira).
A maioria das nossas crenças chegou até nós exatamente dessa forma: como afirmações que aceitamos assumindo que a fonte delas seja confiável ou porque o número de fontes é tão grande que elimina qualquer chance significativa de erro.
Quando acreditamos que uma proposição é verdadeira, é como se tomássemos como parte de nosso “eu expandido: na verdade estamos dizendo:” isto é meu, eu posso usar isto. Isto se encaixa na minha visão de mundo”.
AS MARÉS DO VIÉS
As pessoas costumam adquirir suas crenças sobre o mundo por razões que são mais emocionais e sociais do que estritamente cognitivas. Ilusões, auto favorecimento, fidelidade ao grupo E auto engano deliberado pode levar a desvios monstruosos das normas da racionalidade.
Os conservadores demonstraram ter menos viés racial. Do que os progressistas e, portanto, eram mais imparciais. Os progressistas, por outro lado, eram muito propensos a sacrificarão uma pessoa branca para salvar 100 não brancos, mas não oposto, sempre declarando, porém, que considerações raciais não contavam para a sua decisão. [Hipocrisia]
O neurologista Robert Burton. Conclui que é irracional esperar muito da racionalidade humana. Para ele, a racionalidade é mais uma aspiração do que uma realidade, muitas vezes mera fachada para o sentimento puro.
Chris Fritz, outro pioneiro da neurociência escreveu recentemente: “Onde entra o raciocínio consciente? Ele é uma tentativa de justificar a escolha depois que ela já foi feita. E é, no fim das contas, a única maneira que temos de tentar explicar a outras pessoas por que tomamos determinada decisão. Mas, dada a nossa falta de acesso aos processos cerebrais envolvidos, nossa justificação é sempre espúria: uma racionalização post hoc ou mesmo uma confabulação - uma história nascida da confusão entre imaginação e memória.”
Burton conclui que nunca seremos capazes de raciocinar
sobre essas questões éticas. “Razão” será apenas um nome que daremos aos nossos
vieses inconscientes (e geneticamente determinados).
Bom, genes, temperamentos e experiências diferentes conduzem a visões de mundo contrastantes. A razão não vai fechar esse abismo entre os crentes e os não crentes.
Na Angola, no Congo e na Nigéria, a histeria tem como alvo crianças, na maioria das vezes: milhares de meninos e meninas sem sorte são cegados, recebem injeções de ácido de bateria e sofrem outras torturas, num esforço para livrá-los de demônios; outros são simplesmente mortos; e muitos mais são rejeitados pelas famílias e vivem nas ruas.
À medida que a ciência avança. Já entendemos cada vez mais os limites do nosso entendimento.
Muitas de nossas crenças são produtos de inferências feitas a partir de exemplos particulares (indução) ou de princípios específicos (dedução), ou de ambos.
(...) Um viés não é meramente uma fonte de erro; é um padrão consistente de erro.
Muitas pesquisas sobre raciocínio dedutivo sugerem que as pessoas têm um viés para conclusões consistentes e julgarão que um argumento válido é inválido se sua conclusão não tiver credibilidade. Não está claro se esse viés de crença deveria ser considerado um sintoma de irracionalidade inata. Ele parece mais um exemplo no qual as normas da lógica abstrata e da razão prática podem simplesmente estar em conflito.
UM MUNDO SEM MENTIRAS
A enganação se apresenta talvez mais ainda que a violência,
como principal inimigo da cooperação humana. Imagine como o nosso mundo mudaria
se fosse impossível mentir nas ocasiões em que a verdade realmente importa.
Como seriam as relações internacionais se um alarme disparasse toda vez que uma
pessoa encobrisse Está bom? Se você. Se você rir. a
verdade na mesa das Nações Unidas.
O desenvolvimento de técnicas de leitura da mente está apenas começando mas a detecção confiável de mentiras será muito mais fácil de alcançar do que uma leitura acurada de mente. Quer quebremos o código neural, quer não - o que nos permitiria baixar os pensamentos privados, as memórias e as percepções de uma pessoa sem distorção -, é bem possível que sejamos capazes de terminar com certeza moral se uma pessoa está representando de forma honesta, numa conversa, seus pensamentos, suas memórias e percepções. O desenvolvimento de um detector de mentiras confiável demandaria apenas um Modesto avanço em relação ao que já se pode fazer hoje com neuroimagem.
Assim como esperamos que certos espaços públicos sejam livres de nudez, sexo, palavrões e cigarros, (...) Poderemos vir a esperar que certos lugares e certas ocasiões exigiram sinceridade escrupulosa. (...) Quer a tecnologia funcione tão bem quanto esperamos, quer não, a crença em que ela, em geral, funcionará mudaria profundamente nossa cultura.
É claro, nenhuma tecnologia é perfeita. Uma vez que tenhamos um detector de mentiras adequado em mãos, pessoas bem intencionadas começarão a sofrer sua propensão a resultados falsos positivos e falsos negativos. Isso despertará preocupações éticas e legais.
Uma crença para ser de fato crível implica que aceitamos justamente porque ela parece ser verdade. Para acreditar em uma proposição qualquer, seja ela sobre fatos, seja sobre valores, também precisamos acreditar que estamos em contato com a realidade de tal maneira que, se ela não fosse verdade, ninguém acreditaria.
[Há pessoas que deliberadamente acreditam] em uma proposição só porque querem que ela seja verdade.
O que realmente acredito é que minha filha é a menina
mais adorável do mundo para mim.
A maioria das pessoas tendem a ser avessas ao risco quando consideram ganhos potenciais e adeptas do risco quando consideram perdas potenciais. Então, descrever o mesmo evento em termos de ganhos e perdas, evoca respostas diferentes. Ou, dito de outra maneira, as pessoas tendem a sobrevalorizar a certeza: elas acham a certeza de salvar vidas incrivelmente atraente e a certeza de perder vidas incrivelmente dolorosa.
A
expectativa, se não é tudo, é quase tudo.
No que diz respeito à nossa compreensão do mundo, não
existem fatos sem valores.
4. RELIGIÃO
Quando eu escolher, né? Quando eu descobri lá, descobri um pouco mais verde. Amadureceu. Então tá comendo isso, não vai perder.
O pesquisador Gregory Paul indica que, ao contrário das opiniões de muitos antropólogos e psicólogos, o engajamento religioso “é superficial o bastante, a ponto de ser rapidamente abandonado quando as condições melhoram o suficiente”.
Vírus sinais de práticas de sepultamento datam de 95000 anos atrás e muitos consideram que sejam evidências da emergência da crença religiosa.
Quaisquer que sejam os alicerces evolutivos da religião, parecem incrivelmente improvável que os franceses, os suecos e os japoneses tendam anão acreditar em Deus, enquanto Os Americanos, sauditas e somalis acreditam. A religião é claramente uma questão daquilo que as pessoas ensinam a seus filhos sobre a natureza da realidade.
O antropólogo Scott Atran afirma [erroneamente] que a melhor forma de adivinhar quando um muçulmano deixará de simplesmente apoiar a jihad para se tornar um homem-bomba “não tem nada a ver com religião, tem a ver com você pertencer ou não a um time de futebol”.
A Fronteira entre a doença mental e a respeitável crença religiosa é difícil de diferenciar.
A primeira vista, é
impossível imaginar que a maneira como experimentamos o mundo à nossa volta e
percebemos, para nós mesmos, dependa de mudanças de voltagem e interações
químicas que acontecem dentro das nossas cabeças e, no entanto, após um século
e meio, as ciências do cérebro declaram que este é precisamente o caso. Qual
será o significado de nós finalmente entendermos as características mais
desejadas, lamentadas e íntimas da nossa subjetividade em termos de circuitos
neurais e processamento de informação?
A ideia de que possa haver uma alma imortal capaz de raciocinar, amar e lembrar-se de eventos passados, etc. Sendo ao mesmo tempo independente do cérebro, parece insustentável, uma vez que danos aos circuitos neurais relevantes [Alzheimer, demência, esquizofrenia etc.] suprimem tais capacidades numa pessoa viva.
Se os acertos. Se os ancestrais comuns de chimpanzés e seres humanos não tinham alma, quando foi que adquirimos a nossa?
O fato de alguns cientistas não verem nenhum problema com a fé religiosa apenas prova que uma justaposição entre ideias boas ideias ruins é possível. Existe um conflito entre casamento e infidelidade? Os 2 geralmente coincidem.
Conforme geralmente acontece com a apologia religiosa, é
um jogo de Cara ou coroa: cara a fé vence; Coroa a razão perde.
Uma criança pode nascer com seu irmão gêmeo atrofiado, porém ainda vivo alojado dentro dela um defeito conhecido como fetus in fetu. Às vezes, o problema só é descoberto anos depois do nascimento, quando a primeira criança começa a se queixar de algo se mexendo dentro do seu corpo. A segunda criança, então, é extraída como se fosse um tumor e destruída.
Por fim, chegamos ao cerne da confusão que foi objeto desta sessão, a alegação irrelevante de que diversos cientistas acreditam em Deus e não veem nisso nenhuma contradição. O fato de as pessoas poderem raciocinar mal com a consciência limpa, ou poderem fazê-lo dizendo ter a consciência limpa, não prova absolutamente nada sobre a compatibilidade entre as Ideias, os objetivos ou os modos de pensar científico e religioso. É possível estar errado sem saber (chamamos isso de ignorância). É possível estar errado e saber disso, mas relutar em pagar o preço social de admitir o publicamente (chama-se isso de hipocrisia). E também pode ser possível estar errado, vislumbrar esse fato e permitir que o medo de estar errado aumente ainda mais o comprometimento com o erro (chamamos isso de auto engano). Parece evidente que esses estados mentais prestam grandes serviços à religião [e às ideologias].
5. O FUTURO DA FELICIDADE
de empatia está claramente crescendo. Hoje, sem dúvida, temos mais chances de agir em benefício de toda a humanidade do que em qualquer momento do passado.[Não acredito nisso, é apenas uma inflexão do ciclo.]
Cisão
entre fatos e valores, o mesmo que entre ciência e moral.
A satisfação de uma pessoa com sua posição atual na vida tem muito a ver com onde ela já esteve.
A comunicação sobre qualquer assunto pode ser enganosa, é claro, porque em geral, as pessoas usam as mesmas palavras de maneiras bastante distintas.
Podemos querer dizer várias coisas quando usamos palavras como Felicidade e bem-estar. Isso dificulta estudar cientificamente os aspectos mais positivos da experiência humana. Na verdade, torna difícil para muitos de nós até mesmo saber por quais objetivos na vida vale a pena lutar. Quão felizes e realizados em nossas carreiras, em nossos relacionamentos íntimos, deveríamos esperar ser?
Uma parte daquilo que os psicólogos aprenderam sobre o
bem-estar humano confirmam que todo mundo já sabe: As pessoas tendem a ser mais
felizes se tem bons amigos, um controle básico de sua vida e dinheiro
suficiente para satisfazer suas necessidades. Solidão, desamparo e pobreza não
são recomendados. Não precisamos que a ciência nos diga isso.
Não podemos escolher entre experiências; precisamos
escolher entre experiências lembradas (ou imaginadas).
Será que eu deveria poder firmar meu vizinho através da janela e jogar o vídeo no YouTube como um trabalho “jornalístico”? Será que eu deveria ter a Liberdade de publicar uma receita detalhada para a síntese do vírus da varíola? Certamente existem limites à Liberdade de expressão. Do mesmo modo, o respeito excessivo à privacidade tornaria impossível obter notícias ou indiciar criminosos e terroristas. E o zelo excessivo na proteção de pessoas inocentes pode levar à violações intoleráveis tanto da privacidade quanto da Liberdade de expressão.
[Os valores morais são dependentes do espaço e do tempo] (...) porque não existe nenhuma justificativa intelectual para falar sobre certe e errado entre culturas diferentes.
Religiões: máquinas de intolerância e fanatismo.
(...) Devemos formar nossas crenças sobre a realidade com base naquilo que achamos que é a verdade, mas poucas pessoas parecem reconhecer os perigos de se achar que não existem respostas verdadeiras a questões de cunho moral.
Se nosso bem-estar depende da interação entre eventos em nosso cérebro e eventos no mundo exterior, e se há maneiras melhores e piores de garantir esse bem-estar, então algumas culturas tenderam a produzir vidas melhores de viver do que outras; Algumas convicções políticas serão mais esclarecidos do que outros; e algumas visões de mundo estarão erradas de modo a causar sofrimento humano desnecessário. Quer chegamos ou não a entender, na prática, o sentido da vida, a moral e os valores, tentei demonstrar que deve haver algo a descobrir sobre essas questões, em princípio. E estou convencido de que a simples admissão disso já será capaz de transformar a maneira como enxergamos a Felicidade e o bem comum.
POSFÁCIO
Do filósofo Thomas Nagel: “O que torna verdadeiro que “2 + 2 = 4”? O que torna a verdade que galinhas botam ovos? Algumas coisas simplesmente são verdade, nada mais as torna verdadeiras. O ceticismo moral é causado pela suposição hoje na moda, mas sem embasamento de que apenas algumas coisas, como fatos físicos, podem ser simplesmente verdade, e que juízos de valor, como “a felicidade é melhor que a infelicidade”, não estão entre elas.”
A moralidade precisa ser vista no contexto do nosso entendimento crescente da mente humana. Se houver verdades a serem descobertas sobre a mente, então haverá verdades a serem descobertas sobre como ela prospera. Por consequência, haverá verdades a serem descobertas sobre o bem e o mal.
Somos egoístas, em maior ou menor grau; não temos informações completas sobre as consequências de nossos atos; e mesmo quando temos nossos interesses e nossas preferências frequentemente nos levam a ignorá-las.
Como poderíamos distribuir a Riqueza no mundo em desenvolvimento sem criá-la em primeiro lugar?
Russel Blackford, filósofo: “em particular, temos a Liberdade de condenar sistemas Morais tradicionais por serem rígidos ou cruéis, em vez de impor moço, o que a maioria de nós racionalmente quer de uma tradição moral: que ela alivia o sofrimento, regule conflitos. Que forneça segurança pessoal e cooperação social, ao mesmo tempo permitindo aos indivíduos 1° substancial de discricionariedade para viverem suas vidas como bem entenderem”.
NOTAS
Dennet: “Se “deveria ser” não pode ser derivado de “é”, de onde poderia ser derivado? (...) a ética, de alguma forma, deve ser baseada numa apreciação natureza humana – ou num senso do que um ser humano é ou poderia ser, e naquilo que um ser humano poderia querer ser ou ter. Se isso é naturalismo, então o naturalismo não é falácia.”
Einstein: “Embora a religião possa ser o que determina o
objetivo, mesmo assim ela aprendeu com a ciência, no sentido mais amplo, que
meios contribuíram para o objetivo que ela determinou. Mas a ciência só pode
ser criada por aqueles completamente imbuídos da aspiração de buscar a verdade
e a compreensão. Essa fonte de sentimentos, porém, emana da esfera da religião
a ela também pertence à fé, na possibilidade de que as regras válidas para o
mundo da existência sejam racionais, ou seja, passíveis de entendimento por
meio da razão. Não consigo conceber um verdadeiro cientista que não tenha essa fé
profunda. Essa situação pode ser expressa numa imagem: a ciência sem a
religião é manca, a religião sem a ciência é cega.
(...) O custo de manter crenças irracionais e sectárias
numa escala global é extraordinariamente alto.
[Por que devemos nos importar com o que quer que seja que outras pessoas pensam!?]
A
neuroética inclui nossos esforços para entender a
própria ética como um fenômeno biológico.
[O
caminho para a cooperação humana universal só é possível ser pensado a partir
do interesse autocentrado.]
[O custo da segurança no mundo contemporâneo.]
[Alguma coisa é vista errada a partir da experiência de quem observa.]
É errado entregar a rainha em uma partida de xadrez? Não, mas em geral é uma péssima ideia.
Se no presente momento estou de inclinado a fazer algum trabalho necessário e lucrativo, a fazer visitas regulares ao médico e ao dentista, a evitar esportes perigosos, a usar cinto de segurança, a poupar dinheiro, etc. Será que cometi uma série de crimes contra meu eu futuro que sofrerá as consequências da minha negligência? Por que não? E se eu viver com temperança, apesar da dor? Isso me causa só pelo interesse do meu futuro eu, será que posso considerar que estou sendo usado como um meio para os fins de outra pessoa? Será que sou simplesmente um recurso para a pessoa que serei no futuro?
Patrícia Churchland: As emoções sociais são uma forma de nos forçar a fazer o que deveríamos socialmente, e o sistema de recompensa é uma maneira de aprender a usar experiências passadas para aprimorar nosso desempenho.
[O
filósofo Robert Nozick, acha que os humanos são
monstros por se alimentarem de outros animais. Acho isso uma idiotice criada
pelo desenvolvimento cognitivo dos humanos. Basta pensar que todos os demais
integrantes da fauna fazem exatamente isso para sobreviverem. Ele ainda faz a
seguinte pergunta: “Seria ético que nossa espécie fosse sacrificada para a
felicidade inimaginável de supercriaturas?”]
[E Sam Harris responde:] A resposta claramente é “sim”. Não parece haver razão alguma para supor que devamos ocupar opinião pico mais alto na paisagem moral. (...) Deveria ser fácil imaginar que os interesses delas devem se sobrepor aos nossos e em 1°, que somos incapazes de conceber. Não acho que a existência de tal hierarquia moral representa nenhum problema para a nossa ética.
Livro: Breadkdown of Will, Colapso da vontade, de George Ainslie
Uma pesquisa constatou que 16% dos americanos também
acreditam que é muito provável que o governo dos Estados Unidos esteja
escondendo provas da existência de vida inteligente em outros planetas.
Os Estados Unidos. 20% dos detentos, homens e mulheres, são psicopatas e eles são responsáveis por mais de 50% dos crimes hediondos. A taxa de reincidência dos psicopatas é 3 vezes mais alta do que a de outros criminosos, e a reincidência violenta é de 3 a 5 vezes maior.
O verdadeiro mistério do livre-arbítrio: se nossa
experiência compatível com sua total ausência, como podemos dizer que temos
evidências de que ele existe?
Gazzaniga: bom, em
termos científicos, ninguém é mais ou menos responsável por uma ação do que
qualquer outra pessoa.
[A questão do livre-arbítrio não pode ser resolvida na mente, psicologicamente falando. No ser humano, o livre-arbítrio é exercido a partir de sua própria constituição biológica e de suas experiências vividas. Ele diz respeito à liberdade de ser e fazer livre de interesses e imposições externas.]
Klayman: [viés de verdade] as pessoas tendem a buscar evidências que confirmem hipóteses, em vez de evidências que possam negá-las.
Embora o nojo seja classificado regularmente como uma emoção humana primária bps crianças pequenas não parecem incentivo.
A incerteza é o estado mental no qual o valor de verdade de uma proposição não pode ser julgado.
Existem, porém, diferentes tipos de incerteza. Por exemplo, há uma diferença entre incerteza esperada, quando uma pessoa sabe que suas observações não são confiáveis, e incerteza inesperada, quando alguma coisa no ambiente indica que as coisas não são o que parecem.
Décadas de pesquisa com várias culturas sobre o bem-estar subjetivo, feita pelo instituto World values Survey, indicam que a religião pode dar uma contribuição importante à Felicidade e a satisfação na vida quando se tem níveis baixos de desenvolvimento social. Segurança e Liberdade. As sociedades mais felizes e seguras tendem a ser seculares.
Bom, a ciência sem a religião é manca, a religião sem a
ciência é cega. Essa situação revela que Einstein não endossava nem um pouco o
teísmo e que seu uso da palavra Deus era uma forma poética de se referir às
leis da natureza. Has tem teve uma oportunidade de
reclamar de tais Distorções deliberadas de seu trabalho: “É claro que é uma
mentira o que você lê sobre as minhas convicções religiosas, uma mentira que
vem sendo repetida sistematicamente. Não acredito num Deus pessoal e nunca
ninguém isso; Ao contrário. Expressei de maneira Clara, se existe algo em mim
que possa ser chamado de religioso. É minha admiração ilimitada pela estrutura
do mundo. Até onde ela pode ser revelada por nossa ciência”.
Estudiosos da bíblia concordam que os evangelhos foram escritos décadas depois da morte de Jesus. Não temos os textos originais de nenhum dos evangélicos. O que temos são cópias de cópias de cópias de antigos manuscritos gregos. Que diferem uma das outras em literalmente milhares de trechos. As pessoas acrescentaram passagens a esses textos ao longo dos séculos e essas passagens acabaram incorporadas ao cânone. (...) Desnecessário dizer tal processo aleatório e demasiado humano de costurar a venerada palavra do criador do universo. Parece uma base bem ruim para acreditar que o os Milagres de Jesus realmente ocorreram.
O que é mais provável: que Maria, mãe de Jesus, tenha feito sexo fora do casamento e precisava mentir a respeito ou que ela teria concebido uma criança por meio de partenogênese, como fazem pulgoso e dragões de komodo? De um lado, temos o fenômeno de mentir sobre o adultério - num contexto no qual a pena para o adultério era a morte - e de outro, uma mulher, mimetizando espontaneamente a biologia de certos insetos e répteis.