EXTRATO DE: OS UNGIDOS

A FANTASIA DAS POLÍTICAS SOCIAIS PROGRESSISTAS

Autor: Thomas Sowell

Ed. LVM – 1995/2022/2023

 

“Nos parques em chamas, nas tavernas, nas academias silenciadas, seu murmúrio aclamará a sabedoria de mil impostores. Pois é deles o reino.” Kenneth Fearing (1902-1961), poeta.

 

UNÇÃO LISONJEIRA

 

Qual o porquê da necessidade de acreditar em uma visão particular cujas evidências contrárias são ignoradas, suprimidas ou desacreditadas? Por que alguém busca não pela realidade, mas por uma visão? O que essa visão oferece que a realidade não oferece?

 

[A resposta é que] ela é um estado especial de graça para aqueles que acreditam nela.

 

Os insipientes devem ser “informados”, ter suas “consciências elevadas” e há uma ardente esperança de que eles irão “amadurecer”.

 

A visão dos ungidos não é uma visão sobre a tragédia da condição humana: problemas existem porque outros não são tão saios ou virtuoso quanto os ungidos.

 

O PADRÃO

 

O padrão dos ungidos tem 4 estágios:

 

Estágio 1 – A “CRISE”: há uma situação cujos aspectos negativos os ungidos propõem  eliminar.

 

Estágio 2 – A “SOLUÇÃO”: políticas para acabar com a “crise” são defendidas com a alegação de que elas levarão a resultados benéficos.

 

Estágio 3 – OS RESULTADOS: as políticas instituídas levam a resultados desastrosos.

 

Estágio 4 – A RESPOSTA: os críticos são dispensados como simplistas e frequentemente é declarado que as coisas estariam ainda piores, se não fossem os maravilhosos programas que atenuaram os inevitáveis danos de outros fatores.

 

Não importa o que aconteça, a visão dos ungidos sempre sai vitoriosa. [E] a relação entre teoria e evidência é simplesmente ignorada.

 

Enquanto os programas de educação sexual se espalhavam por todo o sistema educacional norte-americano durante os anos 1970, a taxa de gravidez entre garotas de 15 a 19 anos aumentou em, aproximadamente, sessenta e oito a cada mil, em 1970, para aproximadamente noventa e seis em cada mil, em 1980. (...) A taxa de gonorréia em adolescentes triplicou entre 1956 e 1975.

 

O ponto chave sobre a cruzada da educação sexual, para se compreender a visão dos ungidos, é que a evidência provou ser tão irrelevante aqui quanto em outras questões.

 

[Para os ungidos, as coisas estariam melhores] se as convicções de muitos fossem substituídas pelo novo e especial discernimento de poucos.

 

[Nas estatísticas comparativas do tipo antes-e-depois] o período de “antes” escolhido pode mudar as conclusões completamente.

 

SEGUINDO OS NÚMEROS

 

Qualquer pessoa que examinar dados estatísticos o suficiente em algum momento, vai encontrar números que parecem confirmar uma dada visão, com frequência, o mesmo conjunto de dados contém outros números que parecem confirmar conclusões diametralmente opostas.

 

Um estudo (...) mostrou que (1) mulheres negras grávidas receberam cuidados pré-natais com menor frequência do que mulheres brancas grávidas e que (2) a mortalidade infantil entre os negros era muito maior do que entre os brancos. [Reação típica: Aha!!!]  (...) Na mesma página do relatório, as estatísticas mostraram que (1) mexicanos-americanos receberam ainda menos cuidado pré-natal do que os negros e que (2) a taxa de mortalidade entre mexicanos-americanos não era maior do que entre os brancos [!!!! Reação típica: silêncio.].

 

[E mais adiante ele acrescenta:] O fato de que não há correlação entre a falta de cuidados pré-natais e altas taxas de mortalidade infantil em grupos que tradicionalmente cuidam mais de seus filhos é simplesmente ignorado.

 

Estatísticas invalidas servem para angariar verbas e ao propósito de permitir aos ungidos garantir a decisão dizendo ao público apenas o que ganhará apoio político.

 

Ninguém repara nas enormes disparidades entre jogadores profissionais de basquete brancos e negros (...).

 

[Estatísticas seletivas do tipo Aha!]: No estado de São Paulo, mais de 2/3 das batatas e mais de 90% dos tomates foram cultivados por pessoas de ascendência japonesa.

 

Um ativista produziu documentos mostrando os cento e cinquenta condados que “mais passam fome” nos Estados Unidos. Destes, o mais “faminto” de todos era uma comunidade ranchos e fazendas, onde a maior parte dos fazendeiros e rancheiros plantavam sua própria comida, onde trabalhadores de fazendas ranchos recebiam moradia por seus empregadores e onde apenas duas pessoas no condado inteiro participavam do programa de food stamps.

 

Correlação não é causalidade.

A visão dos ungidos sobreviveu mesmo depois que massivos programas de habitação oferecidos pelo governo fizeram com que conjuntos habitacionais novinhos rapidamente se corrompessem e virassem novas favelas e centros de crime crescente.

 

Quando uma correlação vai diretamente contra a visão dos ungidos, ela é simplesmente ignorada por aqueles que buscam a estatística “Aha!”.

 

A preservação da família como uma unidade autônoma de tomada de decisão é incompatível com ceder as suas decisões a terceiros, [desejo] que está no coração da visão dos ungidos.

 

(...) tipos diferentes de pessoas têm valores e comportamentos diferentes – e que estes valores e comportamentos têm enorme impacto nos resultados. Contudo, dizer isso seria entrar no reino proibido da responsabilidade pessoal e distanciar-se da visão de uma “sociedade” ignorante que precisa ser reformada pelos ungidos (...).

 

 

A IRRELEVÂNCIA DAS EVIDÊNCIAS

 

“Fatos são coisas teimosas; e quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações ou os ditames de nossas paixões, eles não podem alterar o estado dos fatos e das evidências.” John Adams (1735-1826), um dos “pais fundadores”.

 

Quase metade das firmas na Fortune 500, em 1980, dez anos depois não estavam mais lá.

 

[As previsões sobre reservas de minerais são sistematicamente desbancadas pelo simples fato de que] a oferta e a procura são baseadas em reservas conhecidas e estas podem aumentar ou diminuir. (...) Já que o processo de descobrimento é dispendioso, nunca valerá a pena pagar para descobrir a quantidade total [realmente existente].

 

Para Ralph Nader “o consumidor deve ser protegido o tempo inteiro de sua própria indiscrição e vaidade”.

 

Um dos problemas enfrentados pelos “defensores do consumidor”, no geral, é como fazer sumir as próprias preferências dos consumidores ao argumentar, já que a soberania do consumidor entra em conflito com a barriga de aluguel moral dos ungidos.

 

Deslocar a responsabilidade do consumidor para o fabricante tem sido uma parte crucial na defesa do consumidor.

 

A confiança dos ungidos em sua própria “razão” articulada tem como contraponto a sua total falta de confiança nos processos sociais sistêmicos, operando sem sua orientação e intervenção. Dessarte, a operação de um livre mercado é suspeita aos seus olhos, não importa o quanto funcione, e o controle do governo sobre atividades econômicas parece ser racional, não importa o quanto fracasse.

Como a maioria das profecias de desastre, o relação da Clube de Roma tinha um objetivo e uma visão – a visão de uma elite ungida, requisitada com urgência para controlar os, de outra forma, fatais defeitos dos seres humanos inferiores.

 

Se um programa “X” estava gastando 100 milhões uma não antes e se estavam buscando expandir para 150 milhões, uma expansão para 135 milhões será chamada de “corte” de 15 milhões. [!!! Pura novilíngua.]

 

Táticas de debatem que substituem argumentação:

  1. dicotomia do “complexo” e do “simplista”;
  2. retórica do tudo-ou-nada;
  3. enterrar os detalhes específicos em generalizações inócuas;
  4. alterar para o ponto de vista presumido de outra pessoa, em vez de fundamentar suas próprias afirmações com evidência ou lógica;
  5. declarar “direitos”;
  6. e realizar afirmações vagas com um ar de certeza e sofisticação.

 

Todas as coisas são diferentes, fora suas similaridades, e são iguais com exceção das diferenças.

 

No final, nada é exato, nem mesmo as medidas físicas, pois os instrumentos não podem ser considerados 100% precisos. [O que fazemos é estabelecer limites de tolerância.]

 

Os ungidos são livres do feedback de uma realidade que não coopera.

 

Apoiadores da diversidade no sentido de raça ou gênero são frequentemente hostis à diversidade ideológica quando ela inclui valores e ideias tradicionais ou “conservadoras”.

 

Falácia da composição, pressupor que aquilo que se aplica a uma parte também se aplica ao todo. Por exemplo, é verdade que uma pessoa no público de um estádio pode ver melhor o jogo se levantar-se, mas não será verdade que todos verão melhor se todos se levantarem.

 

A verdade não pode se tornar propriedade privada sem perder todo o seu significado.

 

Uma das maneiras de aparentar estar argumentando sem realmente produzir qualquer argumento é a de dizer que algum grupo ou indivíduo tem o “direito” a alguma coisa que você quer que eles tenham.

 

O direito a alguma coisa significa que outra pessoa será obrigada a prestar serviço de forma involuntária (...).

 

A linguagem de direitos iguais é recrutada para serviços de defesa de privilégios que nos dividem.

 

Para uma sociedade como um todo, nada é um direito, nem mesmo a pura subsistência, que deve ser produzida por esforços humanos.

 

Quando os ungidos anunciam direitos para um segmento em particular da população, eles estão escolhendo outros para serem suas mascotes – e estão também buscando o poder do estado para ratificar e reforçar essas escolhas arbitrárias, tudo sem a necessidade de argumentar. (...) Um exemplo é dizer que algo é “inevitável”.

 

Princípios gerais de senso comum:

 

  1. Toda política é um sucesso se medida através de critérios baixos o suficiente e um fracasso através de critérios altos o suficiente;
  2. Todas as afirmações são verdadeiras, se você é livre para redefinir os significados de seus termos;
  3. A lei dos rendimentos decrescentes significa que mesmo o mais benéfico dos princípios se tornará prejudicial se levado longe o suficiente.
  4. O mesmo conjunto de estatísticas pode produzir conclusões opostas em níveis diferentes de agregação.
  5. Muitos dos “abusos” de hoje eram “reformas” de ontem.

 

OS UNGIDOS VERSUS OS IGNORANTES

 

“Todo homem, onde quer que vá, é rodeado por uma nuvem de convicções  confortáveis, que se movem com ele como moscas em um dia de verão.”

Bertrand Russel (1872-1970)

 

Que tipo de mundo os ungidos acreditam já existir?

 

[Não se pode morder mais do que nos permite nossa capacidade de mastigar. (inspirado em frase de Sowell)]

 

Adam Smith: A piedade aos culpados é crueldade para os inocentes. [Eu acrescentaria que crueldade ainda maior é para com as vítimas.]

 

John Jay (um dos pais fundadores): Nações, no geral, guerrearão sempre que tiverem a possibilidade de ganhar alguma coisa.

 

O refrão dos ungidos é “nós já sabemos as respostas, não há necessidade para mais estudos.

 

Os problemas existem apenas porque as outras pessoas não são tão inteligentes ou não se importam tanto, ou não têm tanta imaginação ou coragem, quanto os ungidos.

 

As limitações inerentes às circunstâncias e às pessoas são deixadas de lado, assim como abordagens políticas alternativas, que não oferecem nenhum papel para os ungidos.

 

A ideia de criar o tipo de pessoa necessária para uma nova sociedade existe desde 1793.

 

Will Durant (1885-1981) e Ariel Durant (1898-1981): A cada cem novas ideias, noventa e nove ou mais, provavelmente, serão inferiores às respostas tradicionais que elas propõem substituir. Nenhum homem, não importa o quão brilhante ou bem informado, pode ter total e completa compreensão de forma a julgar com segurança os costumes ou instituições de sua sociedade, pois essa é a sabedoria de gerações após séculos de experimentos no laboratório da história.

 

Oliver Wendell Holmes (1841-1935) juiz da Suprema Corte: melhorar as condições de vida e a raça é o principal, mas como diabos eu posso saber se não estou piorando mais em outro lugar? (...) Ele ainda falou com desdém da vã tentativa de amar seu vizinho como a si mesmo, da nossa legislação criada para ajudar outras pessoas e das tentativas de impor leis à felicidade.

 

Na visão trágica, sofrimentos individuais e males sociais são inerentes nas deficiências naturais de todos os seres humanos, sejam essas deficiências de conhecimento, sabedoria, moralidade ou coragem.

 

Revel: em uma sociedade livre não há uma única causa, apenas métodos justos.

 

Para os ungidos, as tradições são vistas como relíquias opressoras do pretérito, pertencentes a uma era menos iluminada e não como a experiência purificada de milhões que enfrentaram vicissitudes humanas parecidas no passado.

 

Para aqueles com a visão trágica, a barbárie não é um estágio distante da evolução, mas uma ameaça sempre presente quando as instituições civilizadas são enfraquecidas ou debilitadas.

 

Will e Ariel: A civilização não é herdada; ela precisa ser aprendida e merecida por cada nova geração; se a transmissão for interrompida por um século, a civilização morreria e nos tornaríamos selvagens novamente.

 

O propósito de uma instituição paga com dinheiro público é o de expressar ideologias daqueles que a comandam e de realizar uma lavagem cerebral nos visitantes com a visão dos ungidos.

 

O socialista fabiano George Bernard Shaw (1856-1950) considerou a classe trabalhadora como pessoas “detestáveis” que “não têm o direito de viver”.

 

A suposta irracionalidade do público é um padrão nas grandes cruzadas dos ungidos no século XXI. (...) Eles, não por acaso, têm desprezo pelo público.

 

Na visão trágica onde o conhecimento humano e o poder de previsão são muito limitados para todos, a causalidade opera mais frequentemente de maneira sistemática, com inúmeras interações produzindo resultados livres do controle de qualquer indivíduo ou grupo, (...).

 

[O ibovespa] está em 107 mil pontos não porque alguém planejou se assim, mas porque esse foi o resultado líquido de inúmeras transações realizadas por inúmeras pessoas buscando apenas seu próprio ganho individual naquelas ações especificas que estavam negociando.

 

Nenhum indivíduo sábio criou ou conselho sentou-se e criou a linguagem. (...) A riqueza, complexidade e sutilezas das línguas surgiram de forma sistemática, das experiências e interações de milhões de seres humanos normais, e não de um “plano” verticalizado e formulado por alguma elite.

 

[Toda solução para uns inevitavelmente cria um problema para outrem.]

 

Hayek: Comparada com a totalidade do conhecimento, que é continuamente utilizada na evolução de uma civilização dinâmica, a diferente entre o conhecimento do mais sábio e aquilo que o indivíduo mais ignorante pode apresentar de forma deliberada é comparativamente, insignificante.

 

[O que os ungidos propõe] é a terceirização da tomada de decisão para pessoas que não carregam nenhum ônus por errar. [Mais adiante] é tão fácil errar e persistir no erro quando os custos do erro são pagos por outros.

 

“Casos difíceis criam leis ruins” é outra forma na qual a visão trágica é expressa. Para ajudar algum grupo ou indivíduo em situação difícil na frente deles, os juizes podem distorcer a lei para chegar em um veredito mais benigno naquele caso especifico, porém ao custo de prejudicar toda a consistência e previsibilidade da lei, da qual milhões de outras pessoas dependem e da qual dependem a liberdade e a segurança de toda uma sociedade.

 

As leis que protegem órfãos de serem adotados em lares impróprios condenam mais o s órfãos aos cuidados de instituições ou a turbulentas mudanças em suas vidas, ao passar por vários lares adotivos, amos os casos podendo causar danos duradouros.

 

CRUZADA DOS UNGIDOS

197

 

“Cuidado com as pessoas que moralizam assuntos importantes, moralizar é mais fácil  do que encarar fatos difíceis.” John Corry

 

215

No se deve supor que a direção da causalidade seja da pobreza ao crime, especialmente depois de décadas de programas governamentais que aliviam a pobreza e ainda não conseguiram evitar o aumento das taxas de criminalidade a novos recordes.

 

O destino de terceiros inocentes, como as crianças da escola, tem pouco peso quando se toma o lado dos mascotes.

 

[Em relação à AIDS, tal como na COVID] O problema não era simplesmente o que as autoridades médicas não sabiam na época, mas o que elas achavam saber e afirmar para os ignorantes.

 

[Nos Estados Unidos]: Algo entre dois milhões e três milhões de acusações de abuso infantil e negligencia chegam aos disque-denúncia todos os anos. Desse número, 60% são consideradas falsas e abandonadas. Dos 40% restantes que chegam a ser investigadas, por volta da metade (o que envolve quase setecentas mil famílias) acabam sendo dispensadas, mas não antes das crianças terem sido revistadas nuas, interrogadas por filas de assistentes sociais, policiais e advogados, passando por testes psicológicos e, às vezes, também sendo colocadas em casas de adoção. Essas ações acontecem sem um mandado, permissão dos pais, julgamentos ou acusações oficiais – muitas vezes baseadas apenas em uma ligação anônima.

 

O VOCABULÁRIO DOS UNGIDOS

245

 

Quando as pessoas escolhem suas ocupações de acordo com o que o público quer e está disposto a pagar, isso é “ganância”, porém, quando o público é forçado a pagar pelo que os ungidos querem estão, é considerado “serviço público”.

 

Uma preocupação importante dos ungidos é chamada de “uma questão de princípio”, enquanto uma preocupação importante para os ignorantes é chamada de “uma questão emocional”.

 

Taxas de sobrevivência diferenciais são fundamentais na competição sistêmica, seja entre árvores em uma montanha, animais evoluindo na natureza ou negócios em um mercado competitivo.

 

A visão dos ungidos tende a enxergar as coisas em termos do que deve ser feito para endireitar as coisas no esquema cósmico.

 

O vocabulário dos ungidos é repleto de termos como “sensibilizar”, “esclarecer” e “reeducar” outras pessoas.

 

Atiramos em cachorros enlouquecidos não apenas porque são perigosos, mas também porque não sabemos como capturá-los de maneira segura e fazer com que sejam inofensivos novamente. Certamente, não seria correto atirar neles se soubéssemos. Contudo, nós atiramos porque temos ciência de nossas limitações, tanto quanto por causa do perigo que acarretam.

 

O ponto de vista cósmico toma muitas formas, seja na lei ou em outras áreas. Uma delas  está no desejo de igualar “as oportunidades da vida” entre indivíduos nascidos em diferentes classes, raças, sexos e outros.

 

Sociedade muitas vezes significa algum grupo designado de tomadores de decisão de elite, armados com poder governamental.

 

Capitalismo não é uma filosofia. Ela é nada mais nada menos que uma economia que não é dirigida por autoridades políticas.

 

DESASTRE NOS TRIBUNAIS

 

“A lei perdeu sua alma e se tornou selva.” Bernard de \Jouvenel (1903-1987)

286

Séculos de luta, sacrifício e derramamento de sangue foram necessários para criar o ideal de um governo de leis acima de qualquer governante ou órgão político.

 

Quando Jouvenel disse que a lei havia perdido sua alma, ele quis dizer que o grande conceito da lei estava sendo corroído, ou prostituído, até que irou nada mais do que um conjunto de regras e decisões, que podem ser mudadas sem aviso e que refletiam nada mais que um exercício arbitrário de poder, ou seja, a própria antítese da lei.

 

O Estado de Direito e a visão dos ungidos são inerentemente contrários.

 

[O imbecil esquerdopata do] Noam Chomsky afirmou: “liberdade é uma ilusão e escárnio quando as condições para exercermos a liberdade de escolha não existem” – e essas condições não existem para “a pessoa obrigada a vender sua força de trabalho para sobreviver”, ou seja, para qualquer um que trabalhe para sobreviver. [!!! Ele nem se deu conta de que ele escreve livros, dá palestras, exatamente vendendo seu trabalho para sobreviver!!!] Qualquer limitação circunstancial ou consequência em potencial, que dependam das decisões das pessoas, fazem com que suas escolha não sejam livres “de verdade”. [Um indivíduo primitivo, da Era das cavernas, no conceito de Chomsky, não tinha liberdade apesar de não “trabalhar” para sobreviver. Ele tinha que tomar decisões sob o peso de tudo que lhe ameaçava a vida: animais predadores, falta de alimento, falta de agasalho, falta de abrigo, intempéries, frio, calor, mulher, filhos, ameaças de outros grupos nômades, etc.] Esse conceito de Chomsky de liberdade de escolha exige um universo sem limites. Apenas deus poderia ter liberdade de escolha e apenas no primeiro dia da criação, já que Ele seria confortado no segundo dia com o que havia feito no primeiro. [Como se vê, Chomsky não passa de um imbecil psicopata.]

 

Salvar um réu inocente por décadas vale o sacrifício de dez vítimas inocentes de  homicídio? Quando reconheceremos que não há soluções, apenas trocas, não podemos mais buscar a justiça cósmica, mas sim fazer nossas escolhas entre alternativas verdadeiramente disponíveis (...).

Nada caracteriza mais a busca por justiça cósmica quanto as tentativas de compensar os erros históricos, não apenas para indivíduos específicos que foram condenados injustamente ou vitimados de outra maneira, mas para categoria inteiras de pessoas cujos infortúnios de seus antepassados deve ser compensados na geração atual.

 

Como seria a Espanha sem a invasão dos mouros. Como seriam os egípcios de o Nilo não existisse.

 

A substituição de significados  históricos por “significados contemporâneos” é uma grande transferência de poder para os juizes, não só de outras ramificações do governo, mas do povo também.

 

Ativistas jurídicos querem libertar as decisões dos juizes das limitações da Constituição conforme escrita e as limitações da legislação aprovada.

 

A questão não é se deve ou não haver mudança, a questão é quem vai dirigir a mudança e com a autorização de quem? [E ainda têm a cara de pau de chamar de inconstitucionais decisões com as quais não concordam.]

 

[Tudo se resume à busca pela “justiça cósmica”.]

              O efeito do ativismo jurídico é que ele permite que a visão dos ungidos vete as decisões legalmente impostas pela comunidade, mesmo quando estas não estão em conflito com a Constituição escrita. Além disso, esse veto é exercido em nome da Constituição e até em nome da comunidade [o povo quer, o povo deseja, o povo precisa...], pelo menos daqueles que se consideram parte da comunidade “com consciência”.

 

REALIDADE OPCIONAL

“(...) ideologia (...) é um instrumento de poder; um mecanismo de defesa contra a informação; um pretexto para restrições morais astutas ao fazer ou aprovar o mal com uma consciência limpa; e finalmente, uma maneira de banir o critério da experiência, ou seja, de eliminar completamente ou adiar indefinidamente os critérios pragmáticos do sucesso e fracasso.” Jean-François Revel (1924-2006)

 

(...) a elaboração de políticas públicas deve ser vista como gratificação ao ego ao impor a sua visão aos outros através do poder do governo.

 

Os princípios centrais da visão predominante entre os ungidos podem ser resumidos em cinco proposições:

  1. Situações sociais dolorosas (problemas) existem porque outras pessoas não detêm a sabedoria ou a virtude dos ungidos.
  2. Tradições evoluídas e processos sistêmicos são ignorados e substituídos  pela maneira racional e articulada dos ungidos.
  3. Deve-se condenar características da experiência humana que são infelizes, ou parecem ser anômalas para os ungidos.
  4. Grandes perigos sociais ou biológicos podem ser evitados apenas pelo governo por meio da imposição da visão dos ungidos às pessoas menos esclarecidas.
  5. A oposição à visão dos ungidos existe apenas porque falta intelecto ou moral em seus oponentes, às vezes ambas as coisas.

 

Como apontou Hannah Arendt (1906-1975): transformar questões de fato em questões de intenção foi uma das maiores conquistas dos regimes totalitários do século XXI.

 

Para os ungidos, sua visão e realidade são a mesma coisa.

 

Se um assassino não teve uma infância tão feliz quanto imagina-se que todos os outros tiveram, isso se torna uma razão para reduzir sua sentença.

 

Ao tratar a realidade como algo maleável e experiências desagradáveis como facilmente evitáveis, essa abordagem ignora as poderosas forças por trás da realidade, incluindo os perigosos, porém naturais, impulsos dos seres humanos.

 

No mundo dos ungidos a natureza humana pode ser modificada a qualquer momento. (...) “Conscientizar” outras pessoas ou ajudá-las a “crescer” são ideias muito atraentes àqueles com a visão dos ungidos.

 

[Ungidos ignoram feedbacks da realidade.]

 

 

[Quando os ungidos se vêm sem argumentos, apelam para o extermínio moral do oponente.]

Para os ungidos, é desesperadamente importante ganhar (...) porque toda a sua ideia de si mesmos está em risco.

 

A história é a memória de uma nação (...) e ela está sendo apagada por historiadores encantados com a visão dos ungidos. (...) Essas rejeições radicais do passa mais do que uma moda passageira ou vaidade pessoal se trata da perigosa destruição da experiência conquistada por milhões de seres humanos, vivendo por séculos de luta com a tragédia da condição humana e a substituição desse rico legado por teorias infundadas e fantasias narcisistas.

 

Permitir que os ungidos tenham prioridade às decisões de milhões de outras pessoas é confinar o conhecimento adquirido às decisões que existem dentro dos círculos dos ungidos, dessa forma, diminuindo o conhecimento que pode ser usado a uma fração do que está disponível.

 

É realmente impressionante esperar que intelectuais construam políticas sociais comparáveis àquelas que surgem da interação sistemática de milhões de outros seres humanos, continuamente se ajustando às consequências que refletem as preferências reveladas dos outros e as mudanças nas oportunidades e nas limitações da tecnologia.

 

(...) não é surpresa que tomar decisões através dos processos políticos muitas vezes acaba em fracasso.

 

Independente do viés ideológico das pessoas na mídia, não tem como a câmera mostrar todos os negócios que existiriam na ausência das regulamentações do governo e custos obrigatórios.

 

A mídia não consegue mostrar a felicidade sádica quando o estuprador estuprava uma menina que chorava pela sua vida.

 

Paul Weaver: A mídia é menos uma janela para a realidade e mais um palco onde autoridades e jornalistas atuam em ficções escritas por eles e serventes a eles.

 

Nos ungidos encontramos toda uma classes de, supostamente, “pés pensantes” que incrivelmente pensam muito pouco sobre substancia muito sobre expressões verbais. Para que esse relativamente pequeno grupo de pessoas possa acreditar que são mais sábios e nobres que o rebanho comum, adotamos políticas públicas que impõem custos altos a milhões de outros seres humanos, não apenas com impostos, mas em empregos perdidos, desintegração social e a perda da segurança pessoal. Raramente um grupo tão pequeno custou tanto a tantas pessoas.