NÃO LEVE A VIDA TÃO A
SÉRIO
Autor: Hugh Prather
Ed. Sextante – 2003
Você pode pensar o que quiser sobre as pessoas, mas saiba que isso não
vai transformá-las.
Faça com que seu estado mental seja mais importante do que o que você
estiver fazendo.
Sempre que desejamos que as pessoas mudem ou que as circunstâncias nos
sejam favoráveis, estamos, de alguma forma, nos
eximindo da responsabilidade por nosso estado mental.
Ninguém em tempo algum se tornou mais sensível ou mais ponderado por ser
julgado, maltratado ou atemorizado.
Quando se está numa batalha inútil, o melhor a fazer é abandonar o campo
de batalha.
[isso contraria o princípio de que você deve insistir até conseguir]
Nos últimos vinte e cinco anos de experiência com terapia de família, Gayle e eu não cansamos de nos surpreender com a aparente
felicidade de muitas crianças pequenas que vivem em lares violentos. Em geral,
são necessários muitos anos de trauma físico ou emocional para que este
sentimento seja realmente destruído.
Pesquisas mostram que, mesmo em zonas de guerra, campos de refugiados ou
áreas de fome, grande parte das crianças mantém sua capacidade de brincar e ser
feliz em meio a circunstâncias de horror impensável.
Existem três coisas que você precisa abrir mão: julgar, controlar e ser
o dono da verdade. Livre-se das três, e você terá a mente íntegra e vibrante de
uma criança.
Mencione a busca do prazer e da tranqüilidade interior – e a maioria das
pessoas dirá que são luxos e que não têm tempo para sair atrás “dessas coisas”.
Para elas, basta torcer para que algum dia vida pareça bem-sucedida.
...saiba que, em média, uma criança ri mais de 350 vezes por dia, contra
10 vezes por dia para um adulto.
Para progredir espiritualmente, temos de admitir que cometemos
erros, às vezes erros graves, e que possuímos algumas tendências que são
perigosas e irracionais.
Aprendi a interromper essas preocupações ajustando o foco em cada
aspecto da viagem . Faço um check
list de perguntas: Como quero me preparar para a
viagem? Em paz. Como quero me despedir da minha família? Amorosamente. Como
quero esperar no aeroporto? Relaxadamente e com prazer. Como quero tratar as
pessoas que encontrar? Generosamente. Que espécie de workshop desejo dar? O
mais útil que puder... e assim por diante. Ao ajustar
o foco nas coisas que posso controlar, consigo unificar a mente e dissipar o
receio, porque a mente fragmentada produz o medo e outras emoções desintegradoras.
Se você teve oportunidade de conversar com alguém à beira da morte, é
provável que tenha ficado impressionado com a quantidade de mágoas que uma
pessoa cumula ao longo da vida. As maiores queixas estão relacionadas à maneira
como magoamos certas pessoas, raramente se referem a objetivos não alcançados,
experiências ou viagens não realizadas. É comum passar a vida carregando um
caminhão de mágoas e, mesmo no final, achar que é tarde demais para curar e ser
curado.
Deixar de prejudicar alguém é sempre um ótimo primeiro passo.
Talvez em nenhum outro setor da vida a convicção de que pensamentos perturbadores
são nocivos fique mais evidente do que ns relações amorosas. O tempo e a
energia que despendemos tentando convencer nossos parceiros de que estamos
certos é impressionante. Poucas pessoas
fazem algum tipo de esforço para superar um problema no relacionamento – a
maioria absoluta prefere defender seu ponto de vista.
Não perca seu tempo julgando seus pais. Eles também tiveram pai...
Quando aceitarei a responsabilidade pelo ego que tenho?
Jamais devemos duvidar do poder que a nossa mente tem de sentir o que
não está acontecendo.
A honestidade que vale a pena cultivar diz respeito ao que dizemos, não ao que comunicamos – e, como tal, é mais uma
versão da idéia de que a aparência é tudo o que importa. É melhor sermos
verdadeiros em relação ao nosso coração do que honestos em relação à nossa
disposição. Não passa pela cabeça dos pais serem “honestos” quando o filhinho
de três anos traz uma folha de papel e diz:
- Olha o que eu desenhei!!!
Eles consultam seu coração, seus sentimentos mais profundos, e dizem:
- Ah! Que lindo! Que desenho maravilhoso! Vamos pendurar na parede!
Esta é a verdade.
Você pode tentar a vida inteira melhorar uma mente fraca, hiperativa e conflituoso. Mas até perceber que sua
verdadeira mente é a única de que você precisa será difícil atingir uma
sensação permanente de paz, relaxamente e integridade.
Do ponto de vista das crianças, a menos que tenha ocorrido algum trauma
incomum durante a gestação ou o parto, elas chegam ao mundo
zeradas no que se refere a expectativas e ansiedades. Suas mentes são
simples, unificadas e sintonizadas. Elas se sentem ligadas aos pais e querem
pouco mais do que estar perto deles e se divertir com eles. O difícil é permanecerem imunes à maneira fragmentada como os pais as
vêem.
Nosso ego também se defende. Ele cria uma série de “resistências” a
qualquer experiência de unidade, amor ou comunhão (a essência de nosso “ser”
real, ou segunda mente). Cada vez que conhecemos a plenitude, a primeira mente,
ou ego, perde a força. Mas como foi programado para defender o seu senso de
realidade, o ego sempre contra-ataca.
Observe que sempre que você e seu parceiro têm um dia de união e paz, o
dia seguinte é desastroso. São os egos tentando retomar o terreno que perderam.
Se você e seu parceiro perceberem a tentativa, ficarão imunes. Afinal, o ego
não é uma força exterior. Você o cria e o mantém. Se não quiser, não precisa te-lo.
A certeza de que existe algo – uma força, um poder, uma realidade, uma
inteligência, uma presença – que entende as nossas questões, o nosso turbilhão
interior, e sabe como nos conduzir para fora dele, faz com que o ato de relaxar
e esvaziar a preocupação de nossas mentes seja bem mais simples do que
enfrentar todo o problema sozinhos. Não e uma questão
de fé, e sim uma realidade.
Nossa tendência é pensar que o cerne de um problema é uma situação
específica ou nossa relação com uma pessoa, mas a verdadeira dificuldade são as nossas convicções. Não importa a forma
que venha a assumir, esta certeza bloqueia a nossa liberdade.
Não há nada de errado em usarmos a palavra ego ou expressões como
impulsos, sóbrios, fantasmas interiores. O risco é jogar a culpa nos outros
pelo que sentimos, ou atribuir nossos sentimentos ao ego ou ao demônio.
Se conseguíssemos perceber que todos nós cometemos praticamente os
mesmos erros, talvez ajudássemos uns aos outros. Mas duvido...
Mas lá no fundo as pessoas gostam de deixar as outras pessoas com
sentimento de culpa e, para isso, reviram a mente à procura do pensamento
mágico que fará com que esse impulso se torne inconsciente.
A única regra da vida mais ou menos estabelecida é que, estando
relaxados e flexíveis, somos felizes – sendo rígidos e controladores, somos
infelizes. Portanto, é importante nos desapegarmos de nosso anseio em fazer as
pessoas se comportarem à nossa imagem e semelhança.
... aguardar em paz e observar com interesse o
que virá a seguir é a decisão mais sábia.
Tentamos enfeitar a realidade dizendo que a diversidade é o tempero da
vida, mas a verdade é que a solidão continua sendo a emoção que domina o mundo.
Chegamos a este mundo sozinhos, deixaremos o mundo
sozinhos e, enquanto estamos pro aqui, é por nossa conta e risco.