Autor: Richard Dawkins
Vol. 7 da coleção O Homem e a Ciência
Editora: Itatiaia Limitada
[“Meu ego é seu melhor aliado.” Em um filme, é o que o advogado diz à sua cliente.]
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Somos máquinas de sobrevivência – veículos robô programados cegamente para preservar as moléculas egoístas.
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[até aqui fez-se] a suposição errônea de que o importante na evolução é o bem da espécie (ou grupo) e não o bem do individuo (ou gene).
(...) nossos genes sobreviveram, em alguns casos por milhões de anos, em um mundo altamente competitivo. Isto nos permite esperar certas qualidades em nossos genes. Sustentarei que uma qualidade predominante a ser esperada em um gene bem sucedido é o egoísmo implacável. (...) Por mais que desejemos acreditar diferentemente, o amor e o bem-estar universais da espécie como um todo são conceitos que simplesmente não têm sentido na evolução.
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Não estou defendendo uma moralidade baseada na evolução. Estou dizendo como as coisas evoluíram. Não estou dizendo como nós, humanos, moralmente temos que nos comportar. (...) Mas, infelizmente, não importa o quanto deploremos algo, este algo não deixa de ser verdadeiro. (...) Tentemos ensinar generosidade e altruísmo, porque nascemos egoístas. Compreendamos o que nossos próprios genes egoístas tramam, porque assim, pelo menos, poderemos ter a chance de frustrar seus intentos, uma coisa que nenhuma outra espécie jamais aspirou fazer.
Nossos genes poderão nos instruir a ser egoístas, mas não estamos necessariamente compelidos a obedece-los por toda nossa vida. [na minha opinião estamos sim]
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A lógica do meu argumento do “gangster” de Chicago é a seguinte: seres humanos e babuínos evoluíram por seleção natural. Se você examinar a maneira como a seleção natural funciona, parece resultar que qualquer coisa que tenha evoluído por seleção natural deva ser egoísta. Portanto, devemos esperar que quando de fato examinamos o comportamento de babuínos, seres humanos e todas as outras criaturas vivas, verificaremos que é egoísta.
Uma entidade, tal como um babuíno, é dita altruísta se ela se comporta de maneira a aumentar o bem-estar de outra entidade, semelhante, às suas próprias custas. O comportamento egoísta tem exatamente o efeito contrario. “Bem-estar” é definido como “possibilidades de sobrevivência”, mesmo se o efeito sobre a expectativa real de vida e de morte for tão pequeno que pareça desprezível.
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É bastante comum uma gaivota esperar que um vizinho vire as costas, talvez enquanto ele está fora pescando, e então lançar-se sobre um de seus filhotes e engoli-lo inteiro. Ela, desta forma, obtém uma boa refeição nutritiva sem ter que se dar ao trabalho de capturar um peixe e sem ter que deixar seu próprio ninho desprotegido.
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“Perpetuação da espécie” é um eufemismo comum para reprodução e é, inegavelmente, uma conseqüência da reprodução. É necessário apenas uma ligeira deturpação da lógica para deduzir que a “função” da reprodução é “de” perpetuar a espécie. Daí basta um pequeno passo falso para concluir que os animais em geral se comportarão de forma a favorecer a perpetuação da espécie.
A evolução trabalha através da seleção natural e esta significa a sobrevivência discriminada do mais “apto”. Mas, estamos falando sobre os indivíduos mais aptos, as raças mais aptas, as espécies mais aptas, ou sobre o que?
Mesmo no grupo dos altruístas quase com certeza haverá uma minoria dissidente a qual se recusa a fazer qualquer sacrifício. Se houver apenas um rebelde egoísta, pronto a explorar o altruísmo dos demais, então ele, por definição, tem maior probabilidade do que os últimos de sobrevier e ter filhos. [Mas a questão principal é que sempre surgirá o egoísmo quando houver escassez do objeto alvo de interesse.]
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O adepto da seleção individual admitiria que grupos realmente desaparecem e que o fato de um grupo extinguir-se ou não pode ser influenciado pelo comportamento dos indivíduos naquele grupo. Ele talvez até admita que se ao menos os indivíduos em um grupo tivessem o dom da previsão poderiam perceber que a longo prazo é de seu interesse refrear sua ganância egoísta para impedir a destruição do grupo todo. [Se nem os homens são capazes de tal altruísmo, como esperar das demais espécies?]
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Freqüentemente altruísmo dentro de um grupo condiz com egoísmo entre grupos. Esta é uma base do sindicalismo. Em outro nível a nação é uma beneficiada importante de nosso auto-sacrificio altruísta e espera-se que os rapazes morram, como indivíduos, para maior gloria de seu país como um todo. Curiosamente, apelos em tempo de paz aos indivíduos para que façam algum sacrifício pequeno na taxa para[ela qual aumentam seu padrão de vida parecem ser menos eficazes do que apelos em tempo de guerra aos indivíduos para que sacrifiquem suas vidas.
A sensação de que membros da própria espécie merecem consideração moral especial, em comparação com membros de outras espécies, é antiga e profunda. Matar sem se estar em guerra é considerado o crime mais sério normalmente cometido. (...) Um feto humano, não possuindo mais sentimento humano do que uma ameba, goza de respeito e proteção legal muito maiores do que aqueles dispensados a um chimpanzé adulto. No entanto, o chimpanzé sente, pensa e – segundo evidencia experimental recente – talvez seja capaz até de aprender uma forma de linguagem humana. [Mas] O feto pertence a nossa própria espécie e por causa disto imediatamente lhe são conferidos privilégios e direitos especiais.
As espécies estão reunidas em gêneros, os gêneros em ordens e as ordens em classes. Os leões e os antílopes são ambos membros da classe Mammalia, assim como nós. Não deveríamos então esperar que leões se abstivessem de matar antílopes, “para o bem dos mamíferos”?
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O universo está povoado por coisas estáveis. Uma coisa estável é uma coleção de átomos a qual é permanente ou suficientemente comum para merecer um nome. (...) Em uma espaçonave, a água também é estável em glóbulos esféricos, mas na Terra, onde há gravidade, a superfície estável da água em repouso é plana e horizontal. `
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Não há necessidade de pensar em plano, propósito ou direção. Se um grupo de átomos, na presença de energia, se ordena em um padrão estável, este grupo de átomos tenderá a permanecer desta maneira. A primeira forma de seleção natural foi simplesmente uma seleção de formas estáveis e uma rejeição daquelas instáveis. Não há mistérios a respeito disto.
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Simulações em laboratório das condições químicas existentes na Terra antes do surgimento da vida têm produzido substâncias orgânicas chamadas purinas e pirimidinas. Estas substâncias são blocos de construção da molécula genética, o próprio DNA.
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Num dado momento, uma molécula particularmente notável foi formada acidentalmente. Nós a chamaremos a Replicadora. Ela não precisa necessariamente ter sido a molécula maior ou a mais complexa existente, mas possui a propriedade extraordinária de ser capaz de criar cópias de se si mesma. (...) Em nossas estimativas humanas do que é provável e do que não é, não estamos acostumados a lidar com centenas de milhões de anos. Se você preenchesse cartelas de apostas toda semana durante cem milhões de anos, provavelmente ganharia boladas.
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O replicador, então, agiria como um modelo não para uma cópia idêntica, mas para um tipo de “negativo”, o qual, por sua vez refaria uma cópia exata do positivo original. (...) valha à pena notar que os equivalente modernos do primeiro replicador, as moléculas de DNA, usam a replicação positivo-negativo. O que importa é que repentinamente um novo tipo de “estabilidade” apareceu no mundo.
Mas, devemos agora mencionar uma propriedade importante de qualquer processo de cópia: ele não é perfeito. Erros ocorrerão. (...) Se todos copiassem de um único original, o sentido não seria grandemente deturpado. Mas, assim que cópias são feitas de outras cópias, as quais, por sua vez, foram feitas de outras cópias, os erros começarão a se tornar cumulativos e sérios. Temos a tendência a considerar a cópia irregular como uma coisa ruim e, no caso de documentos humanos, é difícil imaginar exemplos onde erros possam ser descritos como melhorias. Imagino que se poderia, pelo menos, dizer que os eruditos dos Septuaginta deram início a alguma coisa importante, quando traduziram erroneamente a palavra hebraica que significa “mulher jovem” pela palavra grega que significa “virgem”, originando a profecia: “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho...”.
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(...) as moléculas de DNA, são assombrosamente fiéis comparadas aos processos humanos de cópia mais precisos, mas mesmo elas ocasionalmente cometem erros e, em última análise, são esses erros que tornam a evolução possível.
Algumas moléculas, uma vez formadas, teriam menos probabilidade de se quebrar que outras. Esses tipos se tornariam relativamente numerosos no caldo, não apenas como uma conseqüência lógica direta de sua “longevidade”, mas também porque eles teriam maior tempo disponível para produzir cópias de si mesmos. Os replicadores de alta longevidade, portanto, tenderiam a se tornar mais numerosos e, outros fatores permanecendo iguais, teria havido uma “tendência evolutiva” em direção a uma maior longevidade na população de moléculas.
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(...) nada na verdade “quer” evoluir. A evolução é alguma coisa que acontece, queira-se ou não, apesar de todos os esforços dos replicadores (e, hoje em dia, dos genes) em impedi-la de acontecer.
Quer chamemos os primeiros replicadores de vivos ou não, eles foram os ancestrais da vida, nossos antepassados.
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Uma molécula de DNA é uma longa cadeia de blocos de construção, moléculas pequenas chamadas nucleotídeos. Da mesma maneira como as moléculas de proteína são cadeias de aminoácidos, também as moléculas de DNA são cadeias de nucleotídeos. A molécula de DNA é pequena demais para ser vista, mas sua forma exata foi engenhosamente decifrada por meios indiretos. Ela consiste em um par de cadeias de nucleotídeos torcidas juntas, formando uma espiral elegante, a “dupla hélice”, a “espiral imortal”. Os nucleotídeos constituintes existem em apenas quatro tipos diferentes, cujos nomes podem ser abreviados para A, T, C e G. Eles são os mesmos em todos os animais e plantas. O que difere é a ordem na qual estão enfileirados. Um constituinte G de um homem é, em todos os detalhes, idêntico a um constituinte G de um caramujo. Mas, a seqüência dos constituintes em um homem não é apenas diferente daquela em um caramujo. É também diferente – embora em menor grau – da seqüência em todos os outros homens (excetuando-se o caso especial de gêmeos idênticos).
Nosso DNA mora dentro de nossos corpos. Ele não se concentra em uma parte especifica do corpo, mas é distribuído entre as células, cada uma contendo uma cópia completa do DNA daquele corpo. Este DNA pode ser considerado como um conjunto de instruções sobre como construir um corpo, escrito no alfabeto A, T, C e G dos nucleotídeos. É como se em cada quarto de um imenso prédio existisse uma estante contendo os planos do arquiteto para todo o prédio. A “estante” em uma célula é chamada de núcleo. No homem, os planos do arquiteto montam 46 volumes – em outras espécies o numero é diferente. Os volumes são chamados de cromossomos. São visíveis sob o microscópio como longos fios e os genes estão enfileirados em ordem ao longo deles. Não é fácil e, de fato, talvez nem seja significativo, decidir onde um gene termina e o seguinte começa.
[Uma célula contém 46 cromossomos (divididos em 23 pares, chamados alelos, um da mãe e o outro do pai) , cada um sendo um fio onde se enfileiram os genes. ]
A segunda coisa importante que o DNA faz é supervisionar indiretamente a manufatura de um tipo diferente de molécula – a proteína. (...) A mensagem codificada do DNA, escrita no alfabeto de nucleotídeos de quatro letras, é traduzida para um outro alfabeto de uma maneira mecânica simples. Este é o alfabeto dos aminoácidos, o qual define as moléculas de proteína.
As proteínas não apenas constituem grande parte da estrutura do corpo, mas também exercem um controle sensível sobre todos os processos químicos dentro da célula, ligando-os e desligando-os seletivamente em momentos e lugares precisos. (...) Não importa quanto conhecimento e sabedoria você adquira durante sua vida, absolutamente nada será transmitido para seus filhos por meios genéticos.
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Nos últimos seiscentos milhões ou perto disso, os replicadores conseguiram triunfos notáveis na tecnologia das maquinas de sobrevivência, tais como o músculo, o coração e o olhos.
A fabricação de um corpo é um empreendimento conjunto de tal complexidade que é quase impossível desemaranhar a contribuição de um gene daquela de outro. Um determinado gene terá muitos efeitos diferentes sobre partes bastante distintas do corpo.
A combinação de genes que constitui um individuo qualquer poderá ser efêmera, mas os genes em si são, potencialmente, muito duradouros. Seus destinos constantemente se cruzam e recruzam ao longo das gerações.
Algumas vezes os dois alelos são idênticos, mas, em outros casos, como na cor dos olhos, eles podem diferir. Se fazem “recomendações” contraditórias, algumas vezes uma interpretação prevalece sobre a outra, resultando em um gene recessivo (o que foi ignorado) e em um gene dominante (o que prevaleceu). (...) [Mas] quando dois genes alternativos não são idênticos, mais comumente o resultado é algum tipo de compromisso – o corpo é construído segundo um esquema intermediário ou alguma coisa completamente diferente.
A mecânica real desta mistura (a meiose) é razoavelmente bem compreendida Durante a produção de um espermatozóide (ou óvulo) pedaços de cada cromossomo paterno destacam-se fisicamente e trocam de lugar com pedaços exatamente correspondentes do cromossomo materno. (Lembre-se que estamos falando de cromossomos que vieram originalmente dos pais do indivíduo que está produzindo o espermatozóide, i. e., dos avos paternos da criança que eventualmente será concebida do espermatozóide). (...) portanto qualquer cromossomo em um espermatozóide é uma colcha de retalhos, um mosaico de genes maternos e paternos.
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Existem realmente símbolos especiais significando fim da mensagem de cadeia protéica e começo da mensagem de cadeia protéica, escrito no mesmo alfabeto de quatro letras das próprias mensagens de proteína. Entre esses dois sinais de pontuação estão as instruções codificadas para fazer uma proteína. Se quisermos poderemos definir um gene individual como a seqüência de letras de nucleotídeos localizada entre um símbolo para começo o outro para fim e codificando uma cadeia proteica. Mas a recombinação não respeita os limites entre os cistrons. Rupturas podem ocorrer dentro de cistrons como entre eles. É como se os planos do arquiteto estivessem escritos em 46 rolos de fita de telegrafo impressor. Os cistrons não têm comprimento fixo.
Segundo qualquer definição, o gene deve ser uma porção de um cromossomo. A pergunta é, uma porção de que tamanho – quanto da fita do telegrafo? Imagine uma seqüência qualquer de letras do código sobre a fita. Chame a seqüência de unidade genética. Poderá ser uma seqüência de apenas dez letras dentro de um cistron, ou uma seqüência de oito cistrons. Talvez comece e termine no meio de um cistron e se sobreporá a outras unidades genéticas. Incluirá unidades menores e fará parte de unidades maiores.
Quanto mais curta for uma unidade genética, mais tempo – em gerações – ela provavelmente viverá.
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(...) se considerarmos uma unidade genética muito pequena, ela poderá ter sido formada pela primeira vez em um antepassado muito mais distante, talvez um ancestral pré-humano semelhante a um macaco. Além disto, uma pequena unidade genética dentro de você poderá igualmente continuar no futuro, passando intacta pela longa linha de seus descendentes.
Além disto, a mesma pequena unidade poderá ser formada várias vezes independentemente por acaso.
Outro tipo raro de erro ou mutação que tem conseqüências importantes à longo prazo é chamado inversão. Um pedaço de cromossomo destaca-se em ambas as extremidades, vira ao contrário e liga-se novamente na posição invertida. (...) A importância deste tipo de erro é que embora em geral seja desastroso, pode, ocasionalmente, levar à ligação firme de pedaços de material genético que calham funcionar bem em conjunto.
[Mimetismo nas borboletas que têm gosto desagradável.]
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Um gene não é indivisível, mas é raramente dividido. Ou ele está definitivamente presente ou definitivamente ausente no corpo de um indivíduo qualquer. O gene viaja intacto de avô para neto, passando diretamente pela geração intermediária sem se fundir a outros genes.
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Outro aspecto do caráter de partícula do gene é que ele não fica senil. Ele não tem maior probabilidade de morrer quanto tem um milhão de anos de idade do que quando tem apenas cem. (...) Os genes são habitantes do tempo geológico: são para sempre.
Queremos encontrar a unidade prática da seleção natural. Para faze-lo começamos identificando as propriedades que uma unidade de seleção natural bem sucedida deve ter: longevidade, fecundidade e fidelidade de cópia.
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A maior unidade prática de seleção natural – o gene – estará em algum lugar da escala entre o cistron e o cromossomo.
Pernas longas nem sempre são vantajosas. Para uma toupeira seriam um empecilho.
[Pernas longas precisam estar em companhia de outras características para serem uma vantagem.]
Qualquer gene que se comporte de modo a aumentar sua própria probabilidade de sobrevivência no “fundo” de genes às custas de seus alelos tenderá, por definição e tautologicamente, a sobreviver. O gene é a unidade básica do egoísmo.
Não há nenhum gene, que, por si só, construa uma perna, longa ou curta.
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Por que nós e a maioria das outras máquinas de sobrevivência praticamos a reprodução sexual? Por que nossos cromossomos se recombinam? E por que não vivemos para sempre?
[A reprodução sexual é a forma de gerar a diversidade. Mas e o olmo? E o pulgão?]
(...) o sexo parece paradoxal porque é uma maneira “ineficiente” de um indivíduo propagar seus genes: cada filho tem apenas 50 por cento dos genes do indivíduo, os outros 50 por cento sendo fornecidos pelo parceiro sexual. (...) [mas] o sexo “facilita o acúmulo em um único indivíduo de mutações vantajosas que originaram-se separadamente em diferentes indivíduos.
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As máquinas de sobrevivência começaram como receptáculos passivos para os genes, fornecendo pouco mais do que paredes para protege-los da guerra química de seus rivais e da destruição pelo bombardeio molecular acidental.
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Os neurônios são, basicamente, apenas células, com um núcleo e cromossomos como as demais. Suas paredes celulares, no entanto, são prolongadas em projeções finas e longas, semelhantes a fios. O neurônio possui, freqüentemente um “fio” particularmente longo chamado axônio. Embora a espessura do axônio seja microscópica, seu comprimento poderá ser de bem mais de um metro: existem axônios individuais que percorrem toda a extensão do pescoço da girafa.
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O “objetivo” de uma máquina é definido simplesmente como aquele estado ao qual ela tende a voltar.
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As ondas de rádio viajam à velocidade da luz.
A velocidade do som na água é tal que levaria quase duas horas para o canto da baleia viajar através do Oceano Atlântico e a resposta voltar. Sugiro isto como explicação para o fato de que as baleias emitem um solilóquio continuo, sem se repetirem, durante oit minutos. Voltam, então, para o começo do canto e repetem-no inteiramente, assim muitas vezes, cada ciclo completo durante aproximadamente oito minutos.
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[Elaborar a associação entre a seleção natural e complexidade de um programa de computador.]
Os genes de ursos polares podem prever com segurança que o futuro de sua máquina de sobrevivência ainda não nascida será frio. Eles não imaginam isto como uma profecia, não imaginam nada: simplesmente fazem uma cobertura espessa de pelos, pois é isto que sempre fizeram antes em corpos anteriores e é por isso que ainda existem no “pool” de genes.
Se você vai à cacimba beber água, aumenta seu risco de ser comido por predadores que vivem de emboscar presas em cacimbas. Se você não vai à cacimba eventualmente morrerá de sede. Há riscos para qualquer lado que você se vire e é preciso tomar a decisão que maximize as chances de sobrevivência a longo prazo de seus genes. (...) Qual é a melhor estratégia depende de muitas coisas complexas, sendo importante entre elas o hábito de caça dos predadores, o qual, por sua vez, foi desenvolvido para ter eficiência máxima do ponto de vista destes últimos.
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Talvez a consciência se origine quando a simulação que o cérebro faz do mundo se torna tão completa que precisa incluir um modelo de si mesma.
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(...) todas as interações animais envolvem pelo menos um certo conflito de interesses.
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Para uma máquina de sobrevivência outra máquina de sobrevivência (que não seja sua própria prole ou parente próximo) é parte de seu ambiente, como uma rocha, um rio ou uma porção de alimento. É alguma coisa que a atrapalha ou que pode ser explorada. (...) A seleção natural favorece os genes que controlam suas máquinas de sobrevivência de tal forma que estas façam o melhor uso de seu ambiente. Insto inclui fazer o melhor uso de outras máquinas de sobrevivência, tanto da mesma espécie como de espécies diferentes.
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As máquinas de sobrevivência de espécies diferentes influenciam-se mutuamente de várias maneiras. Elas poderão ser predadores ou presas, parasitas ou hospedeiros, ou competir por algum recurso raro.
A política lógica de uma máquina de sobrevivência, portanto, talvez pareça ser assassinar suas rivais e em seguida, de preferência, comê-los. Mas isto não é tão comum.
Por que é que os animais não saem todos a matar membros rivais de sua espécie em todas as oportunidades possíveis?
[Procurar livro “A agressão, de Konrad Lorenz, Livraria Martins fontes Editora.]
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Uma estratégia evolutivamente estável ou EEE é definida como uma estratégia que se adotada pela maioria dos membros de uma população, não poderá ser sobrepujada por uma estratégia alternativa. (...) Após uma mudança ambiental grande poderá haver um período curto de instabilidade evolutiva, talvez até mesmo uma oscilação na população. Mas uma vez que a EEE é alcançada ela se manterá: a seleção punirá os desvios.
[Em resumo: uma população possui um equilíbrio estável ao qual tende a retornar quando perturbada.]
[Carência e Abundancia. Falta e Excesso.]
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A conspiração está fadada a ser destruída de dentro por traição. Uma EEE não é estável porque é particularmente boa para os indivíduos que nela participam, mas simplesmente porque é imune à traição interna.
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Não é preciso pensar em termos de um polimorfismo no qual cada indivíduo sempre desempenha uma mistura complexa entre retaliador, retaliador-testador e pombo.
O passarinho Parus major, quando está alimentando seus filhotes, precisa capturar em media uma presa a cada trinta segundos.
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Suponha, por exemplo, que o recurso realmente valha cinco minutos de exibição. Na EEE um indivíduo qualquer poderá continuar por mais de 5 minutos, por menos, ou mesmo por exatamente 5 minutos. O importante é que seu oponente não tem como saber quanto tempo ele está disposto a persistir nesta ocasião específica.
Agora, porem, os mentirosos talvez comecem a evoluir. Indivíduos que realmente não tinham nenhuma intenção de continuar por muito tempo eriçariam suas penas em todas as ocasiões e colheriam os frutos de uma vitória fácil e rápida. Desta maneira, os genes para a mentira se espalhariam. Quando os mentirosos se tornassem a maioria, a seleção então favoreceria os indivíduos que cumprissem a palavra. Os mentirosos, portanto, diminuiriam novamente de numero. Na guerra do desgaste mentir não é evolutivamente mais estável do que dizer a verdade.
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Numa população mantendo-se no estado estável, “residente vence, intruso retira-se”, a seleção natural favoreceria os indivíduos que se esforçassem por ser residentes. Para cada indivíduo isto significaria agarrar-se a uma determinada porção do terreno, abandonando-a o menos possível e dando a impressão de “defende-la”. Tal comportamento é observado comumente na natureza e recebe o nome de “defesa de território”.
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A melhor estratégia para um indivíduo é ter comportamento semelhante ao de pombo em relação a um indivíduo que tenha lhe batido anteriormente. Se galinhas que nunca haviam se encontrado antes forem colocadas juntas, geralmente ocorrem muitas lutas. Após algum tempo as lutas diminuem, porem não pelo mesmo motivo que nos grilos. No caso das galinhas a diminuição deve-se ao fato de cada indivíduo “aprender qual o seu lugar” em relação a cada um dos outros indivíduos.
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Ainda estamos tão acostumados a pensar em termos da idéia de evolução segundo o “bem da espécie” que freqüentemente esquecemos de fazer perguntas perfeitamente razoáveis como: “por que os leões não caçam outros leões? “ Ou “por que os antílopes fogem dos leões em vez de contra-atacar?”
Os leões e os antílopes atingiram um tipo de estabilidade por divergência evolutiva, a qual acentuou a assimetria original da disputa de maneira sempre crescente. Eles tornaram-se altamente proficientes nas artes, respectivamente, de perseguir e de fugir. Um antílope mutante que adotasse uma estratégia de “fique parado e lute” contra os leões seria menos bem sucedido do que antílopes rivais desaparecendo no horizonte.
O conceito de EEE de Maynard Smith nos possibilitará, pela primeira vez, ver claramente como um conjunto de entidades egoístas independentes pode vir a assemelhar-se a um todo organizado único.(...) A longo prazo prevejo que o conceito de EEE revolucionará a ciência da Ecologia.
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O parentesco entre dois irmãos é ½, pois metade dos genes apresentados por um irmão serão encontrados no outro. Este é um numero médio; pelo acaso da seleção meiótica é possível a pares específicos de irmãos compartilhar mais ou menos genes. O parentesco entre pai e filho é sempre exatamente ½.
[Determinação do parentesco entre dois indivíduos quaisquer.]
Calcular a distancia de geração. Para isto é preciso descobrir, primeiro, o primeiro antepassado em comum. Entre dois primos, este antepassado será um casal de avós. Então, suba e desça nesta árvore contando os degraus. Entre primos de primeiro grau, esta distância será de 2 + 2 = 4 (2 degraus de um primo até os avós e dois degraus dos avós até o seu primo). Entre você e seu bisavô a distância 3.
Determinado “g” (distância de geração), calcule (1/2)G e multiplique pelo número de ramos (entre primos, 2, e entre um indivíduo e seu bisavô, 1).
A fórmula portanto é r x (1/2)G.
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(...) o cuidado fraterno não é, de forma alguma, tão comum na natureza quanto o cuidado com a prole. Mas o que quero mostrar aqui é que não há nada especial, do ponto de vista genético, a respeito do relacionamento pais/filhos, em comparação ao relacionamento irmão/irmã.
Do ponto de vista genético, o cuidado com a prole e o altruísmo fraterno evoluem devido exatamente ao mesmo motivo: em ambos os casos há uma boa chance do gene altruísta estar presente no corpo do beneficiado.
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A rigor deveríamos falar em “expectativa de reprodução” e não em “expectativa de vida”, ou , para sermos ainda mais preciso, “expectativa de capacidade geral de beneficiar os próprios genes no futuro”.
Para cada um dos padrões alternativos de comportamento, programamos um calculo de soma ponderada. Todos os vários benefícios terão um sinal positivo; todos os riscos terão um sinal negativo; tanto os benefícios como os riscos serão ponderados através de sua multiplicação pelo índice de parentesco apropriado, antes de se efetuar a soma.
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As baleias e os golfinhos afogam-se se não respirarem ar. Tem-se observado baleias jovens e indivíduos feridos que não podem nadar para a superfície serem socorridos e sustentados pelos companheiros do cardume.
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Todos os exemplos de proteção dos filhos e cuidado com a prole, e todos os órgãos do corpo associados, glândulas de secreção de leite, o marsúpio nos cangurus e assim por diante, são exemplos do funcionamento na natureza do principio da seleção de parentesco.
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O cuidado com a prole parece ser uma parte integrante da reprodução, enquanto que o altruísmo por um sobrinho, por exemplo, não é.
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O que algumas vezes não é percebido nem mesmo pelas pessoas que se preocupam com problemas populacionais, ‘e que o crescimento da população depende de quando as pessoas têm filhos, assim como de quantos elas têm. Como as população tendem a aumentar segundo uma certa proporção por geração, segue-se que se as gerações forem mais espaçadas a população crescerá a uma taxa menor por ano. Os cartazes nos onde se lê “Pare com dois” poderiam igualmente ser mudados para “Comece com Trinta”! [E é isto que está acontecendo com a geração atual, não porque o governo pede, mas porque o “sistema econômico pede”.]
O aumento na produção de alimento pode temporariamente mitigar o problema [da superpopulação], mas é matematicamente certo que não pode constituir uma solução a longo prazo. De fato, exatamente como os avanços na Medicina que precipitaram a crise, esse aumento poderá piorar o problema, acelerando a taxa de expansão populacional. Constitui uma verdade lógica simples que, a não ser através de emigração em massa para o espaço, taxas de natalidade não controladas certamente conduzirão a taxas de mortalidade horrivelmente aumentadas. É difícil acreditar que esta verdade simples não seja entendida por aqueles lideres que proíbem seus seguidores de utilizar métodos anticonceptivos eficiente. Eles expressam preferência por métodos “naturais” de limitação da população; e é um método natural que obterão: chama-se fome.
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É um fato óbvio que as populações de animais selvagens não crescem nas taxas astronômicas de que são teoricamente capazes. Algumas vezes essas populações permanecem bastante estáveis, com as taxas de natalidade e de mortalidade mantendo-se aproximadamente iguais. Em muitos casos, os lemingues constituindo um exemplo famoso, a população flutua amplamente, com explosões violentas alternando-se com quedas e quase extinção. Ocasionalmente o resultado é a extinção completa, pelo menos da população de uma área localizada. (...) A única coisa que as populações animais não fazem é aumentar indefinidamente.
Os animais selvagens quase nunca morrem de velhice: a fome, as doenças ou os predadores alcançam-nos muito antes de tornarem-se realmente senis. A maioria dos animais morrem durante a infância, muitos nunca passam da fase de ovo. A fome e outras causas de morte são os motivos fundamentais que impedem o aumento indefinido das populações. (...) A discórdia não provém do fato das taxas de natalidade serem ou não reguladas. Provém do porquê elas são reguladas: por qual processo de seleção natural o planejamento familiar evoluiu? Em poucas palavras, a discórdia versa sobre se o controle da natalidade dos animais é altruístico, praticado para o bem do grupo como um todo, ou egoísta, praticado para o bem do indivíduo que se reproduz.
Como há um numero finito de territórios disponíveis, é como se um numero finito de licenças para se reproduzir fosse emitido. Os indivíduos poderão brigar pelas licenças, mas o numero total de filhotes que a população como um todo pode ter está limitado pelo numero de territórios disponíveis.
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[Tensão dos opostos.]
O principal arquiteto da teoria do gene egoísta do planejamento familiar foi o grande ecólogo David Lack.
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Lack diria que cada indivíduo egoísta escolhe o tamanho da ninhada que maximiza o numero de filhotes que ele cria. Se 3 for o tamanho ótimo de ninhada para andorinhas, o que isto significa, para Lack, é que qualquer indivíduo que tente criar quatro provavelmente terminará com menos filhotes do que os rivais, mais cauteloso, que tentam apenas criar três. [Ou seja, o número de filhos está diretamente ligado ao potencial de sustenta-los no inicio da vida. É de se esperar que uma ninhada acima da média acabe por deixar um menor numero de herdeiros do que os demais pois se todos são sub-alimentados todos tenderão a morrer.]
Os indivíduos que têm filhotes demais são punidos, não porque toda a população se extingue, mas simplesmente porque um numero menor de seus filhotes sobrevive.
A contracepção às vezes é atacada por ser “antinatural”. De fato ela o é, muito antinatural. Acontece que a previdência social também o é. Acredito que a maioria de nós acha a previdência social altamente desejável. Mas não se pode ter previdência social antinatural a menos que se tenha também controle de natalidade antinatural, caso contrário o resultado será uma miséria ainda maior do que aquela existente na natureza. A previdência social é, talvez, o maior sistema altruístico que o reino animal jamais conheceu. Mas todo sistema altruístico é instável por natureza, pois está à mercê do abuso de indivíduos egoístas, prontos a explora-lo.
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As porcas realmente algumas vezes devoram seus filhotes (...)
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É vantajoso para os pais saber quando um filhote está feliz, e é bom para um filhote ser capaz de dize-lo aos pais. Sinais, tais como ronronar e sorrir, poderão ter sido selecionados porque permitem aos pais saber quais de suas ações são mais benéficas a seus filhotes.
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Se há uma moral humana a ser estabelecida, será de que devemos ensinar altruísmo a nossos filhos, pois não podemos esperar que ele seja parte de sua natureza biológica.
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Há uma característica fundamental dos sexos que pode ser utilizada para rotular os machos de machos e as fêmeas de fêmeas em todos os animais e plantas. Esta característica é que as células sexuais ou “gametas” dos machos são muito menores e mais numerosos do que os gametas das fêmeas. (...) Um grupo de indivíduos possui células sexuais grandes; é conveniente usar a palavra fêmea para eles. O outro grupo, que é conveniente chamar de macho, possui células sexuais pequenas. ]
Em certos organismos primitivos, por exemplo em certos fungos, não há sexo masculino e sexo feminino, embora reprodução sexual de certo tipo ocorra. No sistema conhecido como isogamia, os indivíduos não são distinguíveis em dois sexos. Qualquer um pode se acasalar com qualquer outro. Não há dois tipos diferentes de gametas – espermatozóides e óvulos – mas todas as células sexuais são iguais, chamadas isogametas.
(...) os espermatozóides, na realidade não contribuem com nada; estão simplesmente relacionados ao transporte de seus genes até um óvulo o mais rapidamente possível.
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Para mencionar um exemplo extremo, em um estudo de leões marinhos, 4 por cento dos machos foram responsáveis por 88 por cento de todas as copulas observadas. Neste caso e em muitos outros, há grande excesso de machos solteiros que provavelmente nunca terão chance de copular em toda sua vida. Mas fora isto, esses machos em excesso levam vidas normais e comem os recursos alimentares da população com a mesma fome dos outros adultos. Do ponto de vista do “bem da espécie” isto é horrivelmente esbanjador; os machos em excesso podem ser considerados parasitas sociais. Este é apenas um exemplo das dificuldades com as quais a teoria da seleção de grupo se depara.
Nos mamíferos, o sexo é determinado geneticamente da seguinte maneira. Todos os óvulos são capazes de se desenvolverem quer num macho, quer numa fêmea. É o espermatozóide que carrega os organismos que determinam os cromossomos. Metade dos espermatozóides produzidos por um homem são produtores de mulheres, ou espermatozóides X, e metade são produtores de homens, ou espermatozóides Y. Os dois tipos de espermatozóides são semelhantes. Diferem apenas com relação a um cromossomo. Um gene para fazer com que um pai tenha apenas filhas poderia tingir seu objetivo fazendo-o produzir apenas espermatozóides X.
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Alguns efeitos dos genes só se mostram nos corpos de um dos sexos. Esses são chamados de efeitos gênicos ligados ao sexo.
Um corpo é, na realidade, uma máquina programada cegamente por seus genes egoístas.
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(...) os camundongos machos secretam uma substância química a qual, quando cheirada por um fêmea grávida, pode faze-la abortar. Ela só abortará se o cheiro for diferente daquele de seu parceiro anterior. Desta maneira um camundongo macho destrói seus filhos adotivos em potencial e torna sua nova fêmea receptiva a seus próprios avanços sexuais.
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Os leões marinhos obtêm e mantêm seus haréns não por serem esteticamente atraentes às fêmeas, mas pelo simples recurso de espancarem qualquer macho que tente estabelecer-se no harém.
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(...) os genes para cores monótonas poderão ter menos probabilidade do que os genes para cores brilhantes de se encontrarem na geração seguinte, pois indivíduos pouco vistosos têm dificuldade em atrair um parceiro sexual. Há, portanto, duas pressões de seleção conflitantes: os predadores tendendo a remover os genes para cores brilhantes do “fundo” e os parceiros sexuais tendendo a remover os genes para cores monótonas.
Outra diferença sexual comum é que as fêmeas são mais exigentes do que os machos a respeito do parceiro sexual. Um dos motivos para meticulosidade por parte de um indivíduo de qualquer um dos sexos é a necessidade de evitar acasalamento com um membro de outra espécie.
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(...) tendência que tantos animais têm a viver em grupos. (...) geralmente consistem de membros de uma única espécie apenas, mas há exceções. As zebras freqüentemente forma bandos com os gnus e bandos mistos de aves são algumas vezes vistos.
Os pingüins imperiais conservam o calor aconhegando-se. Cada um lucra apresentando aos elementos uma área menor do que apresentaria se estivesse sozinho. Um peixe que nada obliquamente atrás de outro poderá ganhar uma vantagem hidrodinamica a partir da turbulência causada pelo peixe da frente.
O modelo da manada egoísta em si não comporta interações de cooperação. Não há, aqui, altruísmo, apenas a exploração egoísta por parte de cada indivíduo, de todos os outros indivíduos.
Em certas formigas há uma casta de operarias com abdomens grotescamente inchados, cheios de alimento, cuja única função na vida é dependurarem-se do teto como lâmpadas inchadas, sendo usadas como reservas de alimento pelas outras operarias. Do ponto de vista humano elas absolutamente não vivem como indivíduos; sua individualidade é subjugada aparentemente para o bem-estar da comunidade.
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Em geral, as associações de benefício mútuo evoluirão se cada elemento puder obter mais do que ele introduz.
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[Pais e filhos separados logo após o nascimento se reconhecem no futuro?]
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Há alguma coisa que deva sempre caracterizar a vida, onde quer que Lea se encontre e qualquer que seja a base de sua química? [Dawkins responde:] toda a vida evolui pela sobrevivência diferencial de entidades replicadoras. O gene, a molécula de DNA, por acaso é a entidade replicadora mais comum em nosso planeta. Poderá haver outras.
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Os genes egoístas não têm capacidade de previsão. Eles são replicadores inconscientes e cegos.
Podemos até discutir maneiras de cultivar e estimular o altruísmo puro e desinteressado – o que não ocorre na natureza e que nunca existiu antes em toda historia do mundo. Somos construídos como máquinas gênicas e cultivados como máquinas mêmicas, mas temos o poder de nos revoltarmos contra nossos criadores. Somente nós, na Terra, podemos nos rebelar contra a tirania dos replicadores egoístas.