ANOTAÇÕES DE

A EMOÇÃO E A REGRA

Os Grupos Criativos na Europa de 1850 a 1950

 

Autor: Domenico De Masi

Editora: José Olympio – 1989

 

Entre colchetes [] observações minhas (leitor).

 

INTRODUÇÃO

De Domenico De Masi

 

Que peso exercem sobre a capacidade criativa de um grupo a motivação, o profissionalismo e as neuroses de seus membros individuais? Quais são as fontes de poder e os estilos de liderança que melhor se adaptam a quem dirige um grupo criativo? Como se desenvolvem os processos informativos e decisórios no seu interior? Como se desenvolvem os processos informativos e decisórios no seu interior? Quais são as causas e as possíveis soluções dos conflitos que nele surgem? Como se pode avaliar, de dentro e de fora, o grau de criatividade de um grupo? Como se formam e como se dissolvem os grupos criativos? Quem influência exerce sobre eles o contexto no qual operam?

 

(...) a máquina libera o homem do trabalho bruto (...) requer trabalho humano quantitativamente inferior, mas qualitativamente mais refinado.

 

Quanto aos fatores indivíduos, destaca-se a forte motivação dos artistas e dos cientistas para com a atividade idealizadora e realizadora, freqüentemente espaçada ou definitivamente interrompida por fases de abulia, desinteresse ostensivo, repulsas improvisadas.

 

As habilidades intelectuais e a preparação rigorosa dos indivíduos são exaltadas por um forte envolvimento emotivo e quase sempre, por uma admirável correção profissional, além de um forte senso de união por pertencer ao mesmo grupo.  Espirito de iniciativa, confiança reciproca, vontade firme, dedicação total, flexibilidade, precedência ligada à expressividade do trabalho mais do que à instrumentalidade, orientação para o trabalho criativo, de preferência à vida extralaboral, mas também multiplicidade de interesses, competitividade nos confrontos com grupos concorrentes e solidariedade para com os colegas do mesmo grupo, segurança das próprias idéias e capacidade organizativa às vezes acompanhada de ingenuidade exagerada e de ousada disponibilidade para com o risco, culto pela estética, pelos valores, pela dignidade e pela supremacia da arte e da ciência acima de qualquer outra expressão da atividade humana.

 

Quanto às características dos grupos criativos, destaca-se a freqüente convivência pacifica, na mesma equipe, de personalidades maniaco-depressivas com personalidades dotadas de grande equilíbrio; a procura obstinada de um ambiente físico acolhedor, bonito dignos, funcional; a flexibilidade dos horários, mas também a capacidade de sincronismo e de pontualidade; a interdisciplinaridade e a forte complementaridade e afinidade cultural de todos os membros; a capacidade de captar tempestivamente as ocasiões, de calibrar a dimensão do grupo em relação à tarefa, de encontrar os recursos, de contemporizar a natureza afetiva com o profissionalismo de modo a facilitar o intercâmbio entre desempenhos e funções.

 

Mas o que se destaca acima de qualquer outro aspecto é a proeminência do lider-fundador, capaz de uma dedicação quase heróica para com o objetivo, excepcionalmente eficaz na criação de um set psicossocial, um clima, um fervor fora do comum; fortemente orientado, com tensões equivalentes, seja para com a tarefam, seja para com o grupo, seja para consigo próprio; carismático e competente acima de qualquer expectativa; inconscientemente inclinado a comportar-se quase como se desejasse que a organização por ele criada morresse com ele; atento em alimentar a memória e a historia do grupo com notas biográficas, cartas, fotografias, documentação meticulosa; capaz de transformar os conflitos em estímulos para a idealização e a solidariedade.