Os Grupos Criativos na Europa de
Autor: Domenico De
Masi
Editora: José Olympio – 1989
INTRODUÇÃO
De Domenico De Masi
Que peso exercem sobre a capacidade
criativa de um grupo a motivação, o profissionalismo e as neuroses de seus
membros individuais? Quais são as fontes de poder e os estilos de liderança que
melhor se adaptam a quem dirige um grupo criativo? Como se desenvolvem os
processos informativos e decisórios no seu interior? Como se desenvolvem os
processos informativos e decisórios no seu interior? Quais são as causas e as
possíveis soluções dos conflitos que nele surgem? Como se pode avaliar, de
dentro e de fora, o grau de criatividade de um grupo? Como se formam e como se
dissolvem os grupos criativos? Quem influência exerce sobre eles o contexto no
qual operam?
(...) a máquina libera o homem do trabalho
bruto (...) requer trabalho humano quantitativamente inferior, mas
qualitativamente mais refinado.
Quanto aos fatores indivíduos, destaca-se a
forte motivação dos artistas e dos cientistas para com a atividade idealizadora
e realizadora, freqüentemente espaçada ou definitivamente interrompida por
fases de abulia, desinteresse ostensivo, repulsas improvisadas.
As habilidades intelectuais e a preparação
rigorosa dos indivíduos são exaltadas por um forte envolvimento emotivo e quase
sempre, por uma admirável correção profissional, além de um forte senso de
união por pertencer ao mesmo grupo. Espirito de iniciativa, confiança reciproca,
vontade firme, dedicação total, flexibilidade, precedência ligada à
expressividade do trabalho mais do que à instrumentalidade, orientação para o
trabalho criativo, de preferência à vida extralaboral,
mas também multiplicidade de interesses, competitividade nos confrontos com
grupos concorrentes e solidariedade para com os colegas do mesmo grupo,
segurança das próprias idéias e capacidade organizativa às vezes acompanhada de
ingenuidade exagerada e de ousada disponibilidade para com o risco, culto pela
estética, pelos valores, pela dignidade e pela supremacia da arte e da ciência
acima de qualquer outra expressão da atividade humana.
Quanto às características dos grupos
criativos, destaca-se a freqüente convivência pacifica, na mesma equipe, de
personalidades maniaco-depressivas com personalidades
dotadas de grande equilíbrio; a procura obstinada de um ambiente físico
acolhedor, bonito dignos, funcional; a flexibilidade dos horários, mas também a
capacidade de sincronismo e de pontualidade; a interdisciplinaridade e a forte
complementaridade e afinidade cultural de todos os membros; a capacidade de
captar tempestivamente as ocasiões, de calibrar a dimensão do grupo em relação
à tarefa, de encontrar os recursos, de contemporizar a natureza afetiva com o
profissionalismo de modo a facilitar o intercâmbio entre desempenhos e funções.
Mas
o que se destaca acima de qualquer outro aspecto é a proeminência do lider-fundador, capaz de uma
dedicação quase heróica para com o objetivo, excepcionalmente eficaz na criação
de um set psicossocial, um clima, um fervor fora do
comum; fortemente orientado, com tensões equivalentes, seja para com a tarefam, seja para com o grupo, seja para consigo próprio;
carismático e competente acima de qualquer expectativa; inconscientemente
inclinado a comportar-se quase como se desejasse que a organização por ele
criada morresse com ele; atento em alimentar a memória e a historia do grupo
com notas biográficas, cartas, fotografias, documentação meticulosa; capaz de
transformar os conflitos em estímulos para a idealização e a solidariedade.