EXTRATO DE: OS Estados Unidos E SUA NOVA ORDEM
MUNDIAL
UM DEBATE ENTRE ALEXANDRE DUGIN E OLAVO DE CARVALHO
Ed. VIDE EDITORIAL: (2011/2020/2023)
Da apresentação de Dugin feita pelo
editor/organizador do debate Giuliano Moraes.
Alexandre Dugin, russo, filho de oficial da KGB, se
diz dissidente do regime comunista, líder do Movimento Eurasiano Internacional,
militante da “super-ideologia” do nacional-bolchevismo [caracterizado pelo
objetivismo, negação do indivíduo e afirmação da Ideia impessoal suprema], hoje
é visto como um dos principais “mentores” de Putin.
Sociedade aberta: aquela que representa o triunfo do
individualismo e do subjetivismo.
A via da mão esquerda é simultaneamente a via do
revolucionário e a vida do sofrimento, e também é,
segundo Dugin, a verdadeira via da gnose [conhecimento]. (...) Para aquele que
segue essa via, toda a realidade é percebida como um inferno, como um exilio
ontológico, “uma tortura...”, ao passo que na via oposta, ou seja, a via da mão
direita, a realidade parece ser “boa” e “adequada”.
[Para Dugin] o mundo moderno não passa da produção
da degeneração causada pelo abandono das tradições espirituais.
Civilização telurocrática: civilização alicerçada no
domínio terrestre.
Civilização talassocrática: civilização alicerçada
no domínio dos mares.
O eurasianismo é uma visão do mundo, um projeto
geopolítico (...) mas [também] consiste em um projeto
de defesa dos interesses russo, visando a “salvação” da Rússia (...).
Dugin acredita que num passado remoto houve uma
civilização gloriosa que vivia no extremo norte do planeta (...) os
hiperborianos (...) que teriam uma estreita relação com os russos,
particularmente com os eslavos, os quais descenderiam de forma mais ou menos
direta daqueles povos, guardando com eles uma afinidade espiritual e étnica. [É
impressionante a cara de pau dos Demônios...]
[Para Dugin, na interpretação do editor] a Nova
Ordem Mundial [NOM] é um projeto messiânico e escatológico [relacionado com a
doutrina das coisas que podem acontecer no final dos tempos; apocalíptico]
Para Limonov [*], [Dugin]
“é um homem paradoxal que pode sustentar dez pontos de vista ou mais ao mesmo
tempo”. Ai contrário do que pareceria à primeira vista, trata-se de um elogio
de LImonov à habilidade de Dugin ao conciliar, de
maneira aparentemente impossível, tendencias das mais diversas origens num
sistema origina, incompreensível a quem se limite aos aspectos mais externos de
sua obra.
[*] foi um importante escritor, poeta, jornalista,
político russo e ex-presidente do Partido Bolchevique Nacional, atualmente banido
na Rússia,
Da apresentação de Olavo feita pelo outro
editor/organizador do debate Ricardo Almeida.
Olavo de Carvalho nasceu em 1947, foi filósofo,
escritor e professor, tendo publicado mais de 20 livros. Um dos maiores
pensadores brasileiros, defensor da interioridade humana contra a tirania da
autoridade coletiva.
Olavo de Carvalho caracteriza-se por desenvolver uma
filosofia da consciência, a qual reforça o primado da consciência individual
contra doutrinas que tencionam suprimi-la.
Nenhuma filosofia jamais pode alcançar a
expressão exata da verdade.
Para Olavo, a intuição é o modo de
conhecimento da realidade.
Os 4 patamares da inquirição filosófica: certo,
provável, verossímil e possível.
Com a mobilidade socioeconômica da qual se desfruta
no novo sistema [capitalismo], faz-se possível amealhar grandes fortunas
privadas por força da atividade econômica capitalista. Entretanto, as
flutuações do mercado sujeitam as grandes fortunas aos caprichos da mão
invisível de Adam Smith. A mão invisível, portanto, precisa ser devidamente
amarrada. O metacapitalismo surge quando as condições históricas possibilitam
exercer uma ação sobre o curso do mundo capaz de conter as flutuações do
mercado, de modo duradouro.
Estados são máquinas administrativas ocupadas, provisoriamente,
por certos grupos de burocratas e políticos de carreira que compõem os
governos.
A TRANSIÇÃO GLOBAL E SEUS INIMIGOS – ALEXANDRE DUGIN
No fim da Guerra Fria a cooperação global entre os
Estados Unidos e a União Soviética foi considerada próxima e muito provável.
Somente o fato da transição em direção a um novo
paradigma é certo; o paradigma em si mesmo é deveras incerto.
Ainda mais obscura, é a versão extrema dos
promotores da globalização acelerada. Essa versão poderia efetivamente demolir os
estados nacionais vigentes, mas, em alguns casos, o que ocorrerá? Será somente
a abertura do caminho para forças muito mais arcaicas, locais, religiosas ou
étnicas. Portanto, uma sociedade aberta em escala global é uma perspectiva tão
fantástica que é muito mais fácil imaginar o caos completo e a guerra
generalizada de todos contra todos.
[Em uma Ordem Mundial, existirão países, Estados,
povos, culturas que perderiam tudo e não ganhariam nada com a irrealização da
estratégia. Norte-americano. Esses atores são múltiplos e heterogêneos e
poderíamos agrupar Los em diferentes categorias. A primeira categoria é
composta por estados nacionais, mais ou menos bem sucedidos e que não se
contentam em delegar sua Independência a uma autoridade supranacional,
exterior, nem na forma de uma hegemonia norte-americana aberta, nem na forma de
um governo mundial centralizado no ocidente, nem na dissolução caótica. (...) Entre os membros desse grupo de estados
nacionais, há 4 tipos de atores:
1. Aqueles que tentam adaptar suas sociedades aos
padrões ocidentais e manter relações amigáveis com o ocidente e com os Estados
Unidos, mas no sentido de evitar a perda direta de soberania: Índia, Turquia, Brasil
e, até certo ponto, a Rússia e o Cazaquistão;
2. Aqueles que estão dispostos a cooperar com os
Estados Unidos sob a condição de não interferência em seus assuntos internos:
Arábia Saudita, Paquistão. Etc.
3. Aqueles que, ainda que cooperando com os Estados
Unidos, observam estritamente as particularidades de suas sociedades realizando
um filtro permanente do que é e do que não é compatível na cultura ocidental
com a sua própria cultura, ao mesmo tempo em que em que tentam usar os
dividendos recebidos nessa cooperação para fortalecer a Independência nacional:
Como a China.
4. E a aqueles que tentam oferecer oposição direta
aos Estados Unidos, rejeitando valores ocidentais, a unipolaridade e a
hegemonia Americana: irã., Venezuela, e Coreia do Norte.
Todos agem por si mesmos e em seus próprios
interesses, de forma que a diferença consiste somente no nível de radicalismo,
na rejeição da americanização. (...) A nova ordem mundial, no fim das contas,
não fornece nenhum tipo de visão de futuro.
Os Estados Nacionais carecem de visão e os
movimentos carecem de infraestrutura suficiente para colocar suas ideias em
prática.
TRÊS PROJETOS DE PODER GOLOBAL EM DISPUTA – OLAVO DE
CARVALHO
[Ideólogos são sempre servos do Príncipe. Inspirado
em Olavo.]
Nenhum partido político, movimento de massas,
instituição governamental, igreja ou seita religiosa, me tem na conta de seu
mentor, de modo que posso opinar à vontade e mudar de opinião quantas vezes bem
me pareça sem que isto tenha consequências práticas devastadoras para além da
minha modesta esfera de existência pessoal.
As forças históricas que hoje disputam o poder no
mundo articulam-se em 3 projetos de dominação global que vou denominar
provisoriamente “russo-chinês” (privilegia o ponto de vista
geopolítico e militar), ocidental (ponto de vista econômico) e Islâmico (a
disputa de religiões).
Não é exagero dizer. Que o mundo de hoje é o objeto
de uma disputa entre militares. Banqueiros e pregadores.
A elite globalista da Rússia e da China são os
governos desses 2 países. Já a elite globalista do ocidente, não representa
nenhum interesse nacional e não se identifica com nenhum estado ou governo em
particular, embora domine muitos deles.
A heterogeneidade e assimetria dos 3 blocos
reflete-se na imagem que fazem uns dos outros, tal como transparece nos seus discursos
de propaganda - um sistema de erros, do qual se depreende a forte sugestão de
que os destinos do mundo estão nas mãos de loucos delirantes.
Desde a década de 30, o governo Stalin desencadeou
uma gigantesca operação destinada, nas palavras do seu executor principal, Willi
Müzenberg, a “corromper o ocidente de tal modo que
ele vai acabar fedendo”.
O globalismo só é “liberal” no sentido local que o
termo tem nos Estados Unidos como sinônimo de esquerdista. O projeto globalista
é herdeiro direto e continuador do socialismo Fabiano, tradicional aliado dos
comunistas.
A Rússia não é de maneira alguma a “fortaleza da
espiritualidade e da tradição” incumbida por mandato celeste de castigar os
pecados do ocidente materialista e imoral.
Seria ótimo se cada país aprendesse a curar seus
próprios males antes de se fazer de salvador da humanidade. A Rússia, de
Alexandre Dugin, parece ter tirado de seus crimes e fracassos a lição oposta.
O OCIDENTE CONTRA O RESTO – ALEXANDRE DUGIN
A base metafísica do ocidente é o individualismo.
O individualismo ocidental confronta o holismo russo
(eurasiano).
Mais do que isso? Eu sugeriria a aliança entre o “militarismo
russo-chinês” e a “Irmandade Muçulmana” na luta comum para derrocada da Ordem Mundial
Americana e para encerrar a globalização e o “modo de vida americano”. [Eles
ignoram, porque não têm explicação, o fato extraordinariamente evidente de que
cidadãos do mundo inteiro desejam e tentam migrar para os Estados Unidos e o
inverso raramente ocorre.] (...) Portanto, a luta [desses dois]
contra o Ocidente, os Estados Unidos e a globalização é
um caso justo e bom, que deveria ser apoiado por todos os cidadãos do mundo.
A NATUREZA DESTE DEBATE E MINHA POSIÇÃO PESSOAL –
OLAVO DE CARVALHO
O discurso do agente político visa a produzir certas
ações que favoreçam a sua vitória, o do observador científico, a obter uma
visão clara do que está em jogo.
Matando em poucas décadas um total aproximado de 140
milhões de pessoas, mais do que todas as guerras, epidemias e catástrofes
naturais de toda ordem haviam matado pelo menos desde o inicio
da Era Cristã, russos e chineses já provaram ter um grau de truculência, de
maldade, de desrespeito pela vida humana, que transcende as possibilidades do
mais odiento homem-bomba islâmico ou do mais frio e maquiavélico banqueiro
ocidental.
Dugin emprega todos os instrumentos usuais da
propaganda política: a simplificação maniqueísta, a rotulação infamante, as
insinuações pérfidas, a indignação fingida do culpado que se faz de santo e, last not least,
a construção do grande mito soreliano – ou profecia
autorrealizável -, que, simulando descrever a realidade, ergue no ar um símbolo
aglutinador na esperança de que, pela ad3esao da plateia em massa, o falso
venha a se tornar verdadeiro. [simplificação maniqueísta]
Nem preciso mencionar a alegria obscena com que o
governo Lula cedeu até mesmo pares do território brasileiro à administração
internacional, conta a vontade expressa da população local.
O consorcio atua por meio de uma multiplicidade de
organizações subsidiarias espalhadas pelo mundo todo, como, por exemplo, o CFR
(...) permitindo-lhe comandar inumeráveis processos políticos, econômicos,
culturais e militares sem poder jamais ser responsabilizado diretamente pelos
resultados (...).
O consorcio é uma entidade caracteristicamente
supranacional, formada de famílias de nacionalidades diversas, independente e
soberana em face de qualquer interesse nacional possível e imaginável.
Toda a biografia existente sobre o Consórcio atesta
que o objetivo dele é a instauração de uma ditadura socialista mundial. Pessoas
que desconhecem essa bibliografia (...) encontram uma dificuldade.
O burguês não detém o controle dos meios de produção
por ter “direito legal” a eles, mas por ter a seu serviço todo um aparato de
repressão, intimidação, marginalização e até liquidação física de quem ponha a
sua propriedade em risco, real ou hipoteticamente.
(...) a revolução socialista não pode destruir
somente a propriedade privada: tem de negar e destruir a ordem legal inteira.
(...) Tem de admitir ostensivamente que (...) se trata do poder nu e cru da
força revolucionária. No socialismo, não há ordem legal acima do poder do
partido.
(...) a sociedade Fabiana, a encarnação máxima da
“via pacífica para o socialismo” no Ocidente, recebia instruções diretamente do
governo soviético, (...)
[Hoje não da mais para tomar o poder apenas por via
insurrecional, agora há que fazer] revoluções dirigidas pelo próprio Estado,
por via administrativa, legal, fiscal e policial.
Em 1922, Mises explicou que, eliminado o livre
mercado, todos os preços teriam de ser determinados pelo Estado. Mas, de um
lado, o número de produtos em circulação a qualquer momento era grande demais
para que um órgão estatal pudesses calcular seus preços antecipadamente. De
outro lado, para controlar os preços o go precisaria também ter o conhecimento
antecipado de todos os recursos financeiros à disposição do público em cada
momento. (...) Até o fim, todas as economias comunistas do mundo tiveram de
suportar um capitalismo clandestino que acabou por se revelar uma condição sine qua non da
sobrevivência do regime.
O socialismo tornou-se a mera aliança entre o
governo e o grande capital, num processo de centralização do poder econômico
que favorece a ambos os sócios e não arrisca jamais desembocar na completa
estatização dos meios de produção.
Os metacapitalistas (...) já não podem continuar se
submetendo às flutuações do mercado.
Nesse novo mundo [dos neo-aristocrátas,
o socialismo dos grão-senhores e dos engenheiros sociais a seu serviço], a
liberdade econômica indispensável ao funcionamento do sistema é preservada na
estrita medida necessária para que ele possa subsidiar a extinção da liberdade
nos domínios politico,
social, moral, educacional, cultural e religioso.
[Os aliados dos neo-aristocratas] é a tecnologia,
que, de um lado, aprimora os instrumentos de controle social a ponto de poder
determinar até a conduta privada dos cidadãos sem que estes possam nem mesmo
perceber que são manipulados e, de outro, insufla criatividade no livre mercado
de modo que este possa continuar crescendo mesmo sob o controle estatal mais
opressivo.
(...) a grande mídia e os organismos internacionais
– dois braços do Consórcio – opuseram tanta resistência à investigação judicial
dos delitos soviéticos, que, de todos os países egressos do comunismo, só um, o
Camboja, conseguiu instalar um tribunal para o julgamento dos crimes do regime
comunista e mesmo assim o fez com atraso formidável, graças ao boicote
promovido pela ONU contra o empreendimento.
[As 3 principais forças de resistência à Nova Ordem
Mundial:] as comunidades cristãs, a nação judaica, e o nacionalismo conservador
americano. (...) A luta delas não é pelo poder mundial: é pela sobrevivência
pura e simples. (...) as 3 estão marcadas para morrer [eu diria, aniquilada].
O movimento eurasista é genuíno, mas nasce daquela
neurose típica do pobre orgulhoso, que ante a ajuda recebida, sente antes
inveja e rancor do que gratidão e, em vez de retribuir generosidade com
amizade, só pensa em destruir o benfeitor, tomar o seu lugar e depois contar a
história às avessas, fazendo-se de vítima em vez de beneficiário.
Non sequitur: assertiva
sem nenhuma referência lógica ao que foi dito anteriormente.
O “individualismo” sugere, de um lado, o egoísmo, a
indiferença ao próximo, a concentração de cada um na busca de seus interesses
exclusivos; de lado, sugere o dever de respeitar a integridade e a liberdade de cada
indivíduo, o que automaticamente proíbe que o usemos como mero instrumento e
coloca portanto limites à consecução de nossos propósitos.
O coletivismo, como política da solidariedade geral,
só se realiza mediante a dissolução das vontades individuais nua hierarquia de
comando que culmina na pessoa do guia iluminado, do líder, do imperador, do
Führer, do pai dos povos.
(...) Stalin deleitando-se de prazer sádico em
condenar à morte seus amigos mais íntimos sob a alegação de crimes que não
haviam cometido, Mao Tsé-Tung abusando sexualmente de centenas de meninas
camponesas que prometera defender contra a lubricidade dos proprietários de
terras, mostram que o poder político acumulado nas mãos de indivíduos não
aumentou de um só miligrama o seu poder de controle sobre si mesmos, apenas
colocou à sua disposição meios de impor seus caprichos individuais à massa de
súditos desindividualizados. A solidariedade
coletiva culmina no império do “Indivíduo Absoluto”.
O absoluto coletivismo é o triunfo do egoísmo
absoluto.
Os americanos são o povo que mais contribui para
obras de caridade no mundo.
Os Estados Unidos são o único país do mundo onde as
contribuições populares para obras de caridade superam o total da ajuda
governamental.
Entre os 12 povos que mais doam em contribuições
voluntárias (...) as solidaríssimas Rússia e China nem entram na lista dos
contribuintes.
A defesa de Dugin do “holismo” contra o
“individualismo” culmina na apologia aberta e França do regime ditatorial como
modelo para o mundo inteiro.
(...) o número de vítimas somadas de todas as ações
violentas em que o governo americano esteve envolvido de 1900 a 1987 é de 1,6
milhão de pessoas (isso inclui duas guerras mundiais, com Hiroshima e Nagasaki
de quebra, mais a guerra do Vietnã e todas as intervenções militares no
exterior). A URSS, num período menos de 1917 a 1987, matou 61 milhões de
pessoas, e a China, de 1949 a 1987 apenas, matou 76 milhões.
[Os Demônios, os verdadeiros inimigos da
espécie humana.]
A história compõe-se de dois tipos de processos:
controlados e não-controlados. Só os primeiros são ações históricas e têm um
agente determinado. Os segundos têm sujeitos múltiplos, não seguem um rumo
predeterminado e ninguém pode alegar ser o autor dos resultados que produzem.
Todas as transformações no cenário histórico
resultam de ações humanas, mas essas ações se mesclam, se obstaculizam, se
neutralizam e se modificam mutuamente, de modo que ninguém controla o processo.
A durabilidade no tempo é a marca da ação histórica.
Uma expressão como “história do Brasil” ou “história
da Rússia” é apenas uma metonímia, que denomina como sujeito da ação a mera
área geográfica onde a ação se desenrolou (...) [E tal ação] é o simples
resultado impremeditado de milhares de ações e reações heterogêneas e
inconexas.
[Um exemplo de ação inconexa foi o 7/set/23, uma
ação histórica que, para ser compreendida,] é preciso reconstituir as várias
ações inconexas e averiguar como vieram a produzir um resultado que ninguém
podia controlar [nem mesmo esperar, neste exemplo].
Os processos incontrolados também resultam, ao menos
em parte, de ações deliberadas, porém parciais, que se mesclam e se modificam
umas às outras sem um controle geral.
As unidades geopolíticas nascem da iniciativa dos
agentes históricos e só parecem agir por si próprias porque os agentes
genuínos, além de discretos por natureza, atuam num ritmo de fundo, mais lento
do que a própria formação e dissolução das unidades geopolíticas.
O OCIDENTE E SEU DUPLO – ALEXANDRE DUGIN
A vontade de poder permeia a natureza humana até suas
profundezas. [Em termos. Como sentimento necessário para a
sobrevivência, sim, mas como instrumento para opressão de semelhantes, está
presente em uma parcela mínima dos seres humanos.]
Você é livre para escolher, mas não é livre para não
escolher. [!!!! Rídicula a afirmação de Dugin, pois
não escolher é obviamente uma escolha. Não fazer/escolher/optar/..., o que quer
que seja, é uma das alternativas que se nos apresenta sempre. Dugin usa tal
oposição como argumento político, não de natureza humana.]
[Dugin não esconde seu desejo opressor:] É verdade
que “recrutar solados para a luta contra o Ocidente e a instauração
do Império Eurasiano Universal” é minha meta.
[O desejo egoísta:] Nós dois [se referindo a Olavo]
queremos fazer nosso mundo melhor e não pior. [Há controvérsias.]
Pragma:
ação, energia
On:
ser
Diferentes culturas não sabem o que a “realidade”
significa. (...) Antes de falar em “realidade” precisamos estudar
cuidadosamente uma determinada cultura, civilização, ethnos
e linguagem. (...) [devemos ser] muito cuidadosos com palavras que têm um
significado completo e evidente somente num contexto concreto.
[O viés impositivo de Dugin atinge o ridículo quando
ele diz:] É óbvio que as sociedades orientais modernas têm muitos aspectos
negativos. Mas eles são em sua maioria resultados da modernização,
ocidentalização e perversão das tradições ancestrais. (...) Para retornar à
tradição, precisamos levar a cabo a revolta contra o mundo moderno e contra o
Ocidente moderno, uma revolta que seja absoluta – espiritual (tradicionalista)
e social (socialista).
Eu não tento agradar ou convencer alguém. Eu estou
interessado somente na verdade.[!!!!!]
Os melhores representantes do Ocidente, do Ocidente
profundo e nobre deveriam ficar com o resto (ou seja, conosco, eurasianos) e
não contra o resto.
CONTRA O BOLCHEVISMO DE DIREITA (OU O
TRADICIONALISMO DE ESQUERDA) – OLAVO DE CARVAHO
Uma única palavra falsa requer muitas para ser
desmentida.
Delírio de interpretação: um
remanejamento mórbido dos dados da situação.
Ou todos somos indivíduos livres e responsáveis, e
neste caso as culpas têm de ser avaliadas indivíduo a indivíduo, ou então, a
coletividade cuja alma se projeta e se condensa num Stalin ou no tzar é culpada
dos atos de Stalin e do tzar.
O professor Dugin prega abertamente a destruição do
catolicismo pela força por meios militares e policiais (...).
Para Dugin “todo pensamento humano é motivado e
orientado politicamente”, [o que é] uma afirmação baseada na mera confusão
entre conceito e figura de linguagem. Todos os atos humanos “podem”, em tese e
idealmente ter alguma relação milhões próxima ou mais remota com a política,
mas nem todos podem ser “politicamente orientados e motivados” no mesmo grau e
no mesmo sentido. (...) Portanto, tal afirmação não é um conceito. É uma figura
de linguagem, uma hipérbole. [Discordo dos dois. A motivação política não
existe no homem primitivo, ela só irá ser exigida a posteriori, quando a
política for o leme da civilização.]
Para Olavo, afirmações do tipo “tudo é física”,
“tudo são átomos” [tudo é percepção!]
(...) e “todo pensamento humano é motivado e orientado politicamente”
são ao mesmo tempo irrefutáveis e vazias. Não podem ser contestadas porque não
diem nada.
Por que deveria a escolha fundamental ser de ordem
geopolítica e não, por exemplo, moral ou religiosa? Por que deveriam os bons e
os maus estar distribuídos em fronteiras geográficas separadas, em vez de
espalhar-se um pouco por toda parte, sem qualquer uniformidade nacional ou
racial?
(...) o que está em jogo hoje é a luta mortal entre
o globalismo inteiro (...) e valores espirituais e civilizacionais milenares
que serão necessariamente destruídos no curso da luta pela dominação global, pouco
importando quem saia “vencedor”.
A obrigação de tomar posição não pode
ser absoluta. É relativa por definição. (...) Os
professores universitários projetam sobre o auditório o conflito que se agita
nas suas almas, e só os mais presunçosos dentre eles proclamam que é o conflito
essencial do mundo, ante o qual ninguém tem o direito de permanecer neutro. [Se
quem decide os destinos da civilização são os que detêm o poder, que obrigação,
ou mesmo valor, têm os que lhes deve obediência e servidão!!?]
O apelo à “vontade de poder” (...) volta à cena
sempre que alguém deseja dissuadir-nos de buscar uma solução racional para os
conflitos humanos e convidar-nos a participar de um morticínio redentor.
Política não é mero confronto de ideologias. É
disputa do poder por grupos humanos bem concretos e definidos. O Professor
Dugin não será cínico o bastante para negar que o grupo atualmente no poder na
Rússia pessoa o mesmo que dominava o país no tempo do comunismo.
Substancialmente é a KGB. (...) antes havia um agente da polícia secreta para
cada quatrocentos cidadãos, hoje há um para cada duzentos (...).
Para Marx, ideologia é apenas um
“vestido de ideias” a encobrir um esquema de poder.
“Genocídio” é a liquidação sistemática de uma
comunidade étnica, política ou religiosa. “Democídio” é o extermínio de
populações civis pela iniciativa de seus próprios governos.
[Um dos resultados da aplicação das técnicas
comunistas é a de] desnortear a plateia para impedi-la de enxergar a realidade
nua e crua.
(...) aquela pressa indecente da juventude (...)
Aristóteles: “Uma dedução é erística quando parte de
opiniões que parecem ser de aceitação geral, quando na verdade não o são”.
Se o estoque de palavras limitasse o estoque de
percepções e ideias, cada cidadãos poderia perceber as coisas cujos nomes já
conhecesse de antemão, e os bebes seriam incapazes de
usar chupetas corretamente antes de saber pronunciar a palavra “chupeta”.
Ludwig Wittgenstein diz que praticamente nada
conhecemos da realidade, que tudo o que fazermos é passar de um “jogo de
linguagem” a outro “jogo de linguagem”, sem muito ou nenhum controle do que
fazemos.
[Um exemplo da hipocrisia esquerdista:] Quem pode
negar que a “liberação sexual, um dos pontos fortes do esquerdismo moderno,
desperta uma ânsia de satisfações eróticas que eleva o individualismo egoísta
às suas ultimas consequências?
A mera observação do contraste grotesco entre a
alegada debilidade da vítima e o tamanho do arsenal que se mobiliza para
domá-la já basta para mostrar que há algo de errado com todas as filosofias do determinante apriorístico isto é, com toda a linhagem dos
filhos legítimos e bastardos de Immanuel Kant.
Na verdade, não vejo nenhum holismo, nenhum senso de
solidariedade comunitária numa sociedade onde as pessoas se dedicam mais que em
qualquer outro lugar do mundo, com exceção da China a matar seus compatriotas.
Segundo dados da revista polonesa Fronda, 80.000
russos morrem assassinados por ano, 10.000 abortos são praticados a cada dia. A
população diminui a olhos vistos. E embora 7.000.000 de casais não tenham
filhos, a quantidade de adoções é tão irrisória que hoje há mais órfãos na
Rússia do que ao término da Segunda Guerra Mundial.
(...) A difusão dos fatos produz novos fatos; de
que, portanto, o controle do fluxo de informações é absolutamente essencial a
qualquer grupo ou entidade que planeja ações históricas de longo prazo.
Na conduta da elite Em todos os países. Controles
estatais, draconianos para dentro. Liberdade de mercado para fora. (...) Com
toda a evidência, a Liberdade de comércio Internacional. É apenas um momento
dialético do processo de instauração do controle estatal mundial.
Com a maior ingenuidade, o professor Dugin [Ingenuidade!!!???]
põem assim a mostra um dos traços mais feios do seu pensamento: a adoração do
poder. Enquanto tal, o culto dos vitoriosos, a idolatria da força, muito acima
da verdade e do bem. Cada vez mais o cristianismo do professor Dugin me parece
uma fachada publicitária a encobrir uma religião bem diferente.
O Barão Rothschild, por exemplo é dono do le Monde, o jornal mais esquerdista e antiisraelense da
grande mídia europeia, assim como a família judia, sucesso
Sulzberger
é dona do diário americano que mais mente contra Israel. O senhor George Soros,
Judeu que ajudou os nazistas a tomar as propriedades de outros judeus, financia
tudo quanto é movimento antiamericano e antiisraelense do mundo.
A “salvação pela destruição” é um dos chavões mais
constantes do discurso revolucionário. A revolução francesa prometeu salvar a
França pela destruição do antigo regime: trouxe-a de queda em queda até a
condição de potência de segunda classe. A revolução mexicana prometeu salvar o
México pela destruição da igreja católica: transformou-o num fornecedor de
drogas para o mundo e de miseráveis para assistência social Americana.
A mentalidade revolucionária, com suas promessas
auto adiáveis, tão prontas a se transformar nas suas contrárias com a cara mais
inocente do mundo, é o maior flagelo que já se abateu sobre a humanidade. Suas
vítimas, de 1789 até hoje, não estão abaixo de 300.000.000 de pessoas, mais que
todas as epidemias, catástrofes naturais e guerras entre nações mataram desde o
início dos tempos.
Dugin é um revolucionário como outro qualquer.
Apenas imensamente mais pretensioso.
CONCLUSÕES
CONTRA O MUNDO PÓS-MODERNO – ALEXANDRE DUGIN
[O delírio de Dugin:] Quando há somente uma
instância aquele decide quem está certo, quem está errado e quem deveria ser
punido, temos um tipo de ditadura global. Estou convencido de que isso não é
aceitável. Portanto, deveríamos lutar contra isso. Se alguém nos priva e nossa
liberdade, temos que reagir. E fá-lo-emos. O Império Americano deveria ser
destruído. E será, em algum momento.
[Dugin “constata” que “os valores americanos
pretendem ser universais” e em outro momento diz que sua luta é por um
globalismo eurasiano e, para piorar, diz defender a soberania nacional e a
espiritualidade tradicional!!!??? Bota na camisa-de-força e interna!]
ALEXANDRE DUGIN E A GUERRA DOS CONTINENTES – OLAVO
DE CARVALHO
O professor Dugin não é um sonhador, um poeta macabro
a criar hecatombes imaginárias num porão escuro infestado de ratos. É o mentor
do governo Putin e o cérebro por trás da política externa russa. Suas ideias
desde há muito, já deixaram de ser meras especulações. Uma de suas encarnações
materiais é a organização de cooperação de Shangai, que reúne Rússia, China,
Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão e pretende ser o centro de
uma reestruturação do poder militar mundial. Outra é o eixo Paris-Berlim-Moscou,
há anos a menina dos olhos da diplomacia russa.
Se a missão do intelectual, em tempos obscuros, é
dar nome aos bois, exorcizar as palavras ocas e trocar os slogans
estupefacientes por uma representação exata do estado de coisas, os “eurasianos”
falham miseravelmente em cumprir seu dever. Só o que podem alegar como
atenuante é que os estrategistas dos 2 outros blocos globalizantes também se
notabilizam menos pelo realismo do que pela capacidade prodigiosa de encobrir o
mundo sob a imagem projetiva de seus respectivos interesses