EXTRATO DE: COMO VENCER UM DEBATE SEM PRECISAR TER RAZÃO

Arthur Schopenhauer (1788-1860)

Ed. Topbooks 1819/2003/2023

 

Schopenhauer é um dos raros casos de precocidade filosófica que a História registra. Aos 31 anos publica “O Mundo como Vontade e Representação”.

 

INTRODUÇÃO E NOTAS POR OLAVO DE CARVALHO

 

Dialética erística, a arte do debate malicioso.

 

Na maioria das discussões nascem apenas as falsas certezas e as decisões catastróficas.

 

Mais vale saber sem poder provar do que produzir 1000000 de provas daquilo que no fundo, não se intui de maneira alguma.

 

Uma vez neutralizada a diferença qualitativa que era nossa única superioridade, o oponente pode nos vencer pelo mais simples dos expedientes: reúne meia dúzia de comparsas e nos esmaga pela força do número.

 

O melhor dos treinos é lutar contra as nossas próprias mentiras final.

 

Fazer da opinião pública o juiz da interioridade humana é, talvez, o pecado original da cultura contemporânea, onde cada homem é obrigado pela pressão exterior, a apagar de seu coração tudo aquilo que não seja confirmado pelo falatório dos vizinhos, até chegar à suma degradação de se ignorar por completo e de ter de ir à boutique esotérica ou psicoterapêutica da moda na esperança de comprar o último modelo de autoconhecimento prêt-à-porter.

 

Na maior parte dos casos, um homem tanto mais gesticula e dramatiza em defesa de suas opiniões. Quanto menos está seguro delas por dentro por não. Mas havia examinado bem.

 

Cada homem nasce com sua filosofia pronta e todo o seu esforço de argumentação não passa de uma tentativa de adornar com um verniz de racionalidade, suas preferências pessoais. [Eu diria, geneticamente construídas.]

 

34

Para Aristóteles, só havia 4 ciências do discurso: a poética, a retórica, a dialética e a analítica (hoje denominada lógica). Dessas, 2 lidam com a arte da discussão: a retórica e a dialética.

 

Para Aristóteles, a retórica é a arte da persuasão e esta tem 3 fatores: a pessoa do orador, os fatos de que ele fala e o teor dos argumentos. Para ele, a retórica se concentra nos argumentos. E a dialética é uma técnica de confrontar os argumentos contraditórios oferecidos em resposta a uma questão, para encontrar, por baixo deles, os princípios de base que permitam dar à questão uma resposta mais racional.

 

Aristóteles admitia a existência de 2 técnicas secundárias: a erística e a sofística.

 

Quanto à dialética, não é uma arte de persuadir, nem propriamente de discutir, mas uma técnica de confrontar os argumentos contraditórios oferecidos em resposta a uma questão para encontrar por baixo deles. Os princípios de base que permitam dar a questão uma resposta mais racional.

 

A dialética, quando praticada a 2, é um exercício do qual só podem participar as pessoas informadas e honestas dispostas a encontrar a verdade e, portanto, a abandonar no curso da disputa as opiniões que se revelam inconsistentes.

 

Aristóteles define a erística como a arte da discussão contenciosa ou belicosa, onde se trata apenas de vencer e não de buscar uma prova.

 

40

A erística é uma arte da discussão contenciosa, que, utilizando os instrumentos da dialética, da sofistica, da erística e da retórica aristotélicas, abrange também os aspectos psicológicos do duelo argumentativo, ao mesmo tempo que deixa de lado as regras de ordem ética que faziam da dialética aristotélica um instrumento confiável de investigação.

 

42

Para se compreender um filósofo – dizia Benedetto Croce – é preciso saber contra quem ele se levantou polemicamente. É uma regra dialética.

 

53

Para Schopenhauer, só existem 2 métodos de pensar: A lógica, caminho rigoroso da demonstração da verdade e a dialética arte de argumentar, independentemente da verdade.

 

O dialético toma por ponto de partida, não as definições necessárias em si, mas as opiniões ou as teses propostas pelo senso comum ou pelos filósofos e investiga qual é dessas opiniões diversas a mais verossímil.

 

Só a lógica pode provar a veracidade necessária de uma tese e ela é, portanto, o meio indispensável de toda a demonstração científica. Mas a prova lógica depende sempre de premissas e a questão decisiva na investigação científica não está, portanto, em tirar logicamente as conclusões, mas sim em descobrir as premissas.

 

Uma vez encontrado o princípio, ele serve de premissa para muitas demonstra Sonic, estas sim, deverão se ater rigorosamente à loja.

 

Diz ali stories: Devemos selecionar desta maneira as proposições adequadas a cada problema. Primeiro, temos de estabelecer o assunto, a definição e as propriedades da coisa.

 

A dialética nada prova sugere, compara, refuta, classifica, seleciona e descobre. A lógica nada descobre: prova firma e consolida.

 

A não é, não-A. Psicologicamente, a receita da negação de algo não é o mesmo que sua afirmação. E chega mesmo a ser o seu contrário: a revolta contra a frustração de um desejo não satisfaz esse desejo, mas até aumenta a frustração, porque os desejos só podem ser satisfeitos por uma gratificação positiva.

 

[Num certo momento da história], a disputa cada vez mais ruidosa e sangrenta entre as 2 formas possíveis do estado, a questão do destino, da alma parecia antiquada e desinteressante. O giro do cenário for repentino e completo e a busca de Deus estava excluída do terreno filosófico, doravante ocupado pela disputa de ideologias.

Está aí a raiz do mais trágico erro de perspectiva moral, em que a humanidade caiu ao longo de toda a sua história: a convicção de que a sociedade, e não os indivíduos concretos, o verdadeiro sujeito da responsabilidade moral, pressuposto que está na base de toda a atual ideologia “politicamente correta”.

 

[A civilização parece pender entre a busca da perfeição da alma e a luta pelo Estado perfeito.]

 

O raciocínio lógico, nada pode. Sem as premissas e não pode sequer encontrar os seus próprios princípios que lhe são dados pela intuição intelectiva.

 

O desejo de uma eternidade unidimensional, subjugada e reduzida, as condições do jogo mental humano, traz em seu bojo uma reivindicação prometeica do poder absoluto, que, não podendo elevar-se à condição sobre humana, acaba por se tornar apenas inumana.

 

Na tradução islâmica: “mulher nasceu de uma costela torta; se tentas endireitá-la, ela se quebra.

 

A tagarelice e a patifaria invadiram a cidadela mesma da filosofia e nela ocupam não raro os lugares de comando. É preciso uma luta ativa e sem descanso para expulsá-las.

 

 

93

DIALÉTICA ERÍSTICA (Schopenhauer) – TEXTO E COMENTÁRIOS (Olavo de Carvalho)

 

INTROITO

 

Dialética erística é a arte de discutir mais precisamente a arte, de discutir de modo a vencer. E isto per fas et per nefas (por meios lícitos ou ilícitos).

 

Schopenhauer faz sempre um contraste entre ter razão realmente, estar com a verdade, e aferrar-se à razão, insistir teimosamente em ter razão quando não se tem.

 

Nossa vaidade congênita, especialmente suscetível em tudo o que diz respeito à capacidade intelectual, não quer aceitar que aquilo que, num primeiro momento, sustentávamos como verdadeiro, se mostre falso e verdadeiro aquilo que o adversário sustentava. (...) à vaidade inata associa-se a verborragia e uma inata deslealdade.

 

96

(...) Daí vem que, em regra geral, aquele que entabula uma discussão não se bate pela verdade mas por sua própria tese (...).

 

Topos – do grego “lugar”.

 

103

A dialética aristotélica é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, exercício pedagógico técnica da discussão e a arte da investigação.

 

110

(...) Tudo o que é sensível é incerto, na medida que procedi do campo dos sentidos.

O que Aristóteles enfatiza, aí não é a fragilidade do conhecimento sensível enquanto tal, mas sua inaptidão para passar sem um longo Rodeio racional. Do lado sensível, a afirmação de um próprio que demanda um procedimento generalizante, abstrativo e na acessível ao aparato sensório.

 

Com frequência, nós mesmos não sabemos se temos razão ou não. Muitas vezes acreditamos tê-la e nos enganamos e com frequência as 2 partes, o creme.

Para Demócrito, a verdade está nas profundezas.

 

Na diabética de Aristóteles o confronto de 2 teses só é possível justamente porque, diante mão, nenhuma delas é provadamente verdadeira.

 

Ainda na dialética de Aristóteles também a investigação dialética não pode pressupor a velocidade de uma das teses em disputas (seria o mesmo que dar a disputa por resolvida antes de começa-la);

 

119

A BASE DE TODA DIALÉTICA

 

O adversário expôs uma tese. Para refutá-la, há dois modos e dois métodos. Os modos: a) ad rem (não está de acordo com a natureza das coisas, com a verdade objetivo, ou b) ad hominem, que não concorda com outras afirmações ou apartes do adversário, isto é, com a verdade subjetiva, relativa. Os métodos são a) refutação direta, ataca a tese em seu fundamento ou b) indireta, ataca em suas conseqüências.

 

121

Apagoe – significa a ação de levar, conduzir, arrastar, arrebatar

 

Não se deve discutir contra quem negue os princípios. Bing?

 

124

 

1 - Ampliação indevida – Levar a afirmação do adversário para além de seus limites naturais, interpretá-lo do modo mais geral possível, tomá-la no sentido mais amplo possível e exagerá-la.

 

2 – Homonímia sutil

Synonyma são duas palavras que designam o mesmo conceito; Homonyma são dois conceitos designados pela mesma palavra.

 

 

3 – Mudança de modo

 

4 - Pré-silogismos – Se queremos chegar a uma certa conclusão, devemos evitar que esta seja prevista, e atuar de modo que o adversário, sem percebê-lo, admita as premissas uma de cada vez e dispersas sem ordem na conversação.

 

Nota:

Se a conclusão não for declarada explicitamente em parte alguma, ela terá ainda mais força persuasiva, porque a vítima, ao tirá-la, acreditará estar raciocinando livremente e assumirá responsabilidade pela crença que lhe foi incutida, passando mesmo a defendê-la como expressão pura de sua opinião espontânea.

 

5 - Uso intencional de premissas falsas – O verdadeiro também pode seguir-se de premissas falsas, mas não o falso de premissas verdadeiras. Deste modo, podemos também refutar teses falsas do adversário por meio de outra tese falsa que ele aceite como verdadeira. Devemos adaptar-nos a ele e usar o seu modo de pensar.

 

6 - Petição de princípio oculta

 

7 – Perguntas em desordem

 

Erotemático – do grego – perguntar, interrogar – é o método de perguntas e respostas.

 

8 – Encolerizar o adversário – impedi-lo de raciocinar

 

9 – Perguntas em ordem alterada

 

10 – Pista falsa

 

11 – Salto indutivo

 

12 – Manipulação semântica

Bom, o que uma pessoa totalmente sem intenção nem partidarismo chamaria de culto ou doutrina pública de fé. Quem deseja falar a favor chamaria devoção, Piedade e um adversário crendice, fanatismo. O que um chama manter uma pessoa em segurança ou colocá-la sob Custódia, seu adversário chama de encarcerá-la. Um diz o clero, o outro, os padres. Fervor religioso, contrasta com fanatismo. Passo em falso contrasta com adultério. Desequilíbrio econômico com banca rota. Mediante influência e ligações com “mediante suborno e nepotismo”. Reconhecimento sincero com uma boa remuneração.

 

13 – Alternativa forçada

“Deve-se obedecer ou desobedecer os pais em todas as coisas.”

 

O cinzento, colocado junto ao negro, parece branco. E junto ao branco, parece negro.

 

14 – Falsa proclamação de vitória

Tratar como prova o que não é prova.

 

15 - Anulação do paradoxo.

 

16 – Várias modalidades do argumentum ad hominem

 

17 Distinção de emergência

 

18 – Uso intencional da mutatio controversie

 

19 – Fuga do específico para o geral

 

20 – Uso da premissa falsa previamente aceita pelo adversário

 

21 – Preferir o argumento sofistico

 

22 – Falsa alegação de petitio principii (petição de princípio, dar por demonstrado aquilo que se pretende demonstrar).

 

23 – Impelir o adversário ao exagero

 

24 – Falsa reductio ad absurdum

 

25 – Falsa instância

 

Epagoge – indução – É raciocínio probabilístico, fundado na premissa de que aquilo que se dá num grande número de casos pode ser tomado como regra geral para todos os casos possíveis.

 

26 – Retorsio argumenti (remeter de volta)

Por exemplo. É apenas um menino. Devemos deixá-lo fazer o que quiser. Retorce o. Precisamente porque ao menino deve-se castigá-lo para quem não persevere em seus maus hábitos.

 

27 – Provocar a raiva

 

28 – Argumento ad auditores

As pessoas são inclinadas ao riso fácil, e os que riem estão do lado daquele que fala.

 

29 – Desvio

Qualquer discussão entre pessoas comuns mostra como este estratagema é, por assim dizer, instintivo. Se um debatedor lança ao outro reprovações pessoais, este não responde com uma refutação, mas sim com reprovações pessoais ao primeiro, deixando subsistir os lançados contra ele e, portanto, quase os admitindo.

 

30 – Argumentum ad verecundiam (dirigido ao sentimento de honra)

 

Nota – Daí também que seja quase impossível, num ambiente dominado por jovens, um debate honesto e sem preconceitos.

 

Em contrapartida, as pessoas comuns têm profundo respeito ante os especialistas de todo gênero. Ignoram que quem faz de um assunto sua profissão não ama o assunto em si, e sim o lucro que ele lhe dá; e que aquele que ensina um assunto raras vezes o conhece a fundo, porque àquele que o estuda a fundo não resta, em geral, tempo para dedicar-se ao ensino.

 

Nota: Definição de “homem comum” de Ludwig von Mises – “O homem comum não especula sobre os grandes problemas. Ampara-se na autoridade de outras pessoas, comporta-se como um sujeito decente deve comportar-se, como um cordeiro no rebanho. É precisamente esta inércia intelectual que caracteriza um homem como um homem comum. Entretanto, apesar disso, o homem comum efetivamente escolhe. Prefere adotar padrões tradicionais ou padrões adotados por outras pessoas porque está convencido de que esse procedimento é o mais adequado para atingir o seu próprio bem-estar. E está apto a mudar sua ideologia e consequentemente, o seu modo de ação, sempre que estiver convencido de que a mudança servirá melhor a seus interesses.”

 

Nota: O homem não se liberta do “espírito de rebanho”, de que falava Nietzsche, simplesmente por passar de um rebanho mais velho a um mais novo.

 

De fato, uma vez que a opinião tinha um bom número de vozes que a aceitavam, os que vieram depois supuseram que só podia ter tantos seguidores pelo peso concludente de seus argumentos. Os demais, para não passar por espíritos inquietos que se rebelam contra opiniões universalmente admitidas e por sabichões que quisessem ser mais espertos que o mundo inteiro, foram obrigados a admitir o que todo mundo já aceitava. Neste ponto a concordância torna-se uma obrigação. E, de agora em diante, os poucos que forem capazes de julgar por si mesmos se calarão, e só poderão falar aqueles que, totalmente incapazes de teer uma opinião e juízo próprios, sejam o eco das opiniões alheias. E estes, ademais, são os mais apaixonados e intransigentes defensores dessas opiniões. Pois estes, na verdade, odeiam aquele que pensa de modo diferente, não tanto por terem opinião diversa daquela que ele afirma, quanto pela sua audácia de querer julgar por si mesmo, coisa que eles nunca poderão fazer, sendo por dentro conscientes disto.

 

“Eu digo, tu dizes e, no fim, o diz também ele; depois de dar-lhe tantas voltas, ninguém mais vê aquilo que se disse.” - Bayle

 

Não esquecer que nos dias atuais, a simples adesão ao novo preconceito faz um sujeito se sentir livre de preconceitos. O uso corrente da palavra preconceito é de terror nitidamente preconceituoso. Pois cria uma prevenção irracional contra uma opinião que, em geral, só se conhece por auto acusação de preconceito. É hoje um dos estratagemas de uso mais frequente: ela dispensa o exame dos argumentos da parte contrária.

A suscetibilidade neurótica que espuma de raiva ante gracejos, por seu lado, não é preconceito: é exemplo de superior neutralidade científica.

 

Aristóteles: Re, as coisas que parecem justas há muitos dizemos que o são.

 

A universalidade de uma opinião. Não é uma prova, nenhum indício de veracidade.

Se algumas verdades admitidas por todos atravessam os tempos e outras não, estas últimas não são realmente admitidas por todos, mas só aparentemente, e temporariamente.

 

Os dogmas das várias religiões não são, por definição, opiniões aceitas por todos, mas só pelos partidários das respectivas religiões. Não são universais, mas gerais, dentro dos limites de uma classe.

 

De fato, uma vez que a opinião tenha um bom número de vozes que aceitam, os que vêm depois, supõem que só pode ter tantos seguidores pelo peso concludente de seus argumentos. Os demais, para não passar por espíritos inquietos, que se rebelam contra opiniões universalmente admitidas e por sabichões que querem ser mais espertos que o mundo inteiro, são obrigados a admitir o que todo mundo já aceita. Neste ponto, a concordância torna-se uma obrigação e, de agora em diante, os poucos que forem capazes de julgar por si mesmos, se calarão e só poderão falar aqueles que, totalmente incapazes de ter uma opinião e juízo próprios, sejam o eco das opiniões alheias e estes, ademais, são os mais apaixonados e intransigentes defensores dessas opiniões, pois estes, na verdade, odeiam aquele que pensa de modo diferente, não tanto por terem opinião diversa daquela que ele afirma, quanto pela sua audácia de querer julgar por si mesmo, coisa que eles nunca poderão fazer, sendo por dentro conscientes disso. Em suma, são muito poucos os que podem pensar, mas todos querem ter opiniões.

 

31 – Incompetência irônica

 

32 – Rótulo odioso

 

33 – Negação da teoria na prática

 

34 – Resposta ao meneio de esquiva

 

35 – Persuasão pela vontade

Na maior parte das vezes, pesam mais umas migalhas de vontade que 1 t de compreensão e persuasão. Naturalmente, isto só funciona em circunstâncias muito particulares. Fazemos o adversário perceber que sua opinião, desde o momento em que seja aceita, fariam um dano notável a seus próprios interesses e ele a deixará cair com a mesma rapidez com que soltaria um ferro candente que inadvertidamente tivesse agarrado.

 

Um proprietário de terras afirma a excelência da mecânica na Inglaterra, onde uma máquina a vapor realiza o trabalho de muitos homens fazemo-lo observar que logo também os veículos serão arrastados por máquinas a vapor. Com isso, cairá o preço dos cavalos de seus numerosos estábulos. E veremos o que ele diz. Em tais casos, a reação mais frequente é. Com que rapidez sancionamos uma lei que vai contra nós?

 

O entendimento não é uma luz que arde sem óleo, mas é alimentado pela vontade e pelas paixões.

 

36 – Discurso incompreensível

 

37 – Tomar a prova pela tese

 

38 – Último estratagema

 

Como diz Thomas Hobbes: todo o prazer do espírito e todo o contentamento consiste em termos alguém em comparação com o qual possamos ter auto estima de nós mesmos.

 

Um dos maiores conselhos de Aristóteles é: não entrar em controvérsia com qualquer um que chegue, mas só com aqueles que conhecemos e dos quais sabemos que têm inteligência suficiente para não propor coisas absurdas que levem ao ridículo e que têm suficiente talento para discutir à base de razões e não com bravatas, para escutar e admitir tais fundamentos, e que enfim, apreciem a verdade, prestem com gosto ouvido às razões, mesmo quando procedam da boca do adversário, e sejam o bastante equitativos para suportar que não se lhes dê razão quando a verdade está do outro lado.

 

E para Voltaire, “A paz vale ainda mais que a verdade”. E um provérbio árabe, diz que “da árvore do silêncio pende, como fruto, a paz”.

 

“Todo prazer do espírito e todo contentamento consistem em termos alguém em comparação com o qual possamos ter alta estima de nõs mesmos.”  - Hobbes

 

ADENDO E ANOTAÇÕES DE SCHOPÉNHAUER

 

A dialética erística é a doutrina do procedimento, que é inato no homem para pensar que ele tem razão.

 

Para Aristóteles, a persuasão é objetivo da retórica, não da dialética.

 

 

NOTAS FINAIS

 

Temístocles dirigindo-se a Eurípedes: “Bate, mas escuta.”

 

Deixemos que digam o que querem porque ser idiota é um dos direitos do homem.

 

“A paz vale ainda mais que a verdade.” – Voltaire.

 

Dialética Erística: a doutrina do procedimento que é inato no homem para pensar que tem razão.

 

A dialética parte de premissas que são prováveis ou admitidas como tal; a erística, de premissas que não são realmente prováveis nem admitidas como tal, mas que apenas o parecem aos olhos de um determinado público.

 

Maquiavel prescreve ao príncipe que aproveite em cada momento a debilidade de seu vizinho, para atacá-lo; do contrário, este pode, em qualquer ocasião, tirar partido da debilidade do príncipe.

 

A dialética de Schopenhauer se distancia da de Aristóteles: de um método de busca da verdade, apto a encontrar os princípios de base das várias ciências, até uma arte do maquiavelismo psicológico, há um longo caminho a percorrer – para baixo.

 

Pilatos: Que é a verdade?

Demócrito: A verdade está no profundo.

Olavo: é claro que este provérbio tem apenas valor poético, não se devendo em hipótese alguma aceitá-lo como verdade filosófica, em sentido literal, estrito, malgrado todo o prestígio do misterioso. Pois como qualquer um sabe, por experiência, a verdade pode estar tanto na profundidade como na superfície, há verdades latentes e verdades patentes. Só a título de exercício, o leitor pode comparar a sentença de Demócrito com esta de Plotino, aliás de igual valor poético: “A essência salta aos olhos, pois se revela na forma”.

 

[Para trazer luz à verdade é preciso saber onde ela está.]

 

Se o amor tem sua sede na vontade, então também a tem o ódio. Mas se este se encontra no sentimento, o mesmo de dá com o amor.  (...) Com isto, pode ver-se que os loci são certas verdades gerais que se referem a classes inteiras de conceitos aos quais se pode, nos casos particulares, recorrer para delas tirar argumentos e também para referirmos a elas como universalmente evidentes. Mas na maioria os Loci são enganosos e sujeitos a grande número de exceções.

 

Ad rem = à coisa, refutação ao assunto

 

Ad hominem = ao homem, refutação às idéias e convicções do interlocutor

 

 

COMENTÁRIOS SUPEMENTARES (Olavo de Carvalho)

 

O Coronel Fontenelle, diretor de Trânsito do então Estado da Guanabara, num debate de TV, não podendo agredir a socos a deputada Conceição da Costa Neves, teve um ataque cardíaco e morreu diante das câmeras.

 

220

Nos regimes totalitários - uma invenção do século 20, que Schopenhauer não poderia prever -, a manipulação semântica passou a ser usada já não no confronto polêmico, mas como instrumento de um discurso monológico, destinado a bloquear primeiro a expressão de ideias antagônicas e, depois, a mera possibilidade de pensá-las. (...) A erística sem debate é um dos produtos mais requintados da perversidade humana. (...) [O objetivo dos demônios] é que enfim a vítima venha a assumir a responsabilidade pelo crime.]

 

João Scot Erígena: autoridade provém da razão. Não há razão da autoridade. (...) Não há um cérebro totalmente livre da influência de alguma autoridade: porque o decisivo em toda a argumentação é saber usar do argumento de autoridade como simples ponto de referência digno de atenção, nunca como prova.

 

Desejo mimético: desejamos porque todo mundo o deseja.

 

234

Por força da velocidade das comunicações, a autoridade de crenças universalmente aceitas, relativiza ou revoga no ato e sem exame, opiniões milenares.

 

Para Nietzsche, o interesse de classe ou qualquer outro motivo alegado para explicar a conduta humana não é senão o véu ilusório a encobrir a verdadeira motivação da história toda: a vontade de poder.

 

O esquecimento adquire o prestígio de um saber superior. Doutrinas que o público desconhece, passam por “superadas” sem exame por mero decurso de prazo. O temor de passar por um “sabichão que quer ser mais esperto que o mundo inteiro” cede o lugar ao medo de passar por um bobalhão desatualizado, que se ocupa de ideias superadas. Este preconceito é hoje o mais temível obstáculo em qualquer discussão científica.

 

Raramente a carga negativa ou positiva associada à palavra tem algo a ver com a realidade do seu significado.

 

Principais Marcos no caminho. Dessas novas formas de persuasão foram:

1.   a descoberta dos reflexos condicionados por Ivan Pavlov.

2.   A descoberta da estimulação subliminar por Otto. Poezl, psicólogo austríaco.

3.   As descobertas do psiquiatra inglês William Sargant.

4.   A programação Neurolinguística.

 

Flo Conway e Jim Siegelman que se pode, mesmo por programação Neurolinguística, não apenas levar uma pessoa a decidir contra seus valores, suas convicções e seus interesses mais óbvios, como também torná-la refratária de ante mão a qualquer argumentação.

 

É sempre a tentação da Árvore da Ciência que leva o homem a perder a Árvore da Vida.