EXTRATO DE: APRENDIZAGEM E REFORÇO
Volume A3 da
coleção Curso Básico de Psicologia
TÍTULO DO ORIGINAL:
LEARNING AND REINFORCEMNET
AUTOR: STEPHEN
WALKER
EDITADO EM: 1977 POR:
ZAHAR EDITORES
1. Introdução
Em
Alguns anos depois,
em Londres, The Times estava muito preocupado com o
fato de que "a moralidade perderia todos os elementos de autoridade
estável" se o público acreditasse nas idéias expressas em um controvertido
livro: A Descendência do Homem, de Darwin. Mas, alguns anos mais tarde, Darwin
era sepultado na Abadia de Westminster, com plena
aprovação de The Times.
Apesar do
reconhecimento finalmente concedido a Darwin e Sechenov, ainda hoje existe considerável
constrangimento a respeito desse enfoque da psicologia humana.
[O discurso da
manipulação:] Na medida em tais aplicações funcionam, pensa-se por vezes ser
imoral usá-las, porque os psicólogos não deveriam utilizar seus conhecimentos
para manipular outras pessoas.
Darwin atribuiu a
vários animais não só "atenção", "imaginação",
"razão" e "abstração", mas até formas primitivas de
"sentido de beleza", "crença em Deus" e "senso
moral".
[O perigo de
inferir o comportamento humano através do estudo do comportamento de animais é
não levar em conta as diferenças até mesmo por não saber se existe
alguma da capacidade sensitiva de cada um dos sentidos. O pássaro é
capaz de se orientar por alguma coisa que até hoje o homem ainda não descobriu.
As abelhas são um exemplo ainda mais complexo. Gatos, ratos e pombos têm o
sentido da visão e do olfato diferente. Se ainda não tivéssemos descoberto que
a capacidade auditiva do cachorro é maior do que a do homem,
atribuiríamos o fato dele latir sem que nada tivéssemos ouvido, a um
"sexto sentido".]
A sugestão de que
os psicólogos devem
ignorar os sentimentos e pensamentos íntimos foi feita pela primeira vez por J.
B. Watson em 1913. (....) Watson concluiu que algumas
das questões em que ele estava interessado, como se os animais vêem cores,
podiam ser respondidas muito mais eficazmente se fosse ignorada a questão das
sensações. [Mas não no homem.] É muito mais fácil apurar se um animal pode
responder de modo diferente ao vermelho e ao verde do que responder à questão
sobre o que o animal "sente" ao ver cores vermelhas ou verdes. Tendo demonstrado que era útil ignorar as
impressões subjetivas de animais, Watson recomendou com veemência o emprego
dessa estratégia pelos
psicólogos em gera. Essa prática de apoio nas provas comportamentais é o
aspecto crucial do behaviorismo, que foi o nome dado por Watson às suas
recomendações.
Uma das teorias de
Watson era que todas as capacidades humanas, todos os traços de personalidade e
motivos, são aprendidos. (....)
Na opinião de Watson, nada que se revista de importância psicológica é herdado
e todas as diferenças psicológicas entre indivíduos se devem a diferenças na
criação, treino ou experiência passada. [Isto é difícil de engolir quando se
olha para os gêmeos..] (....) Watson chegou à
conclusão de que até os aspectos mais complexos da personalidade adulta eram
produtos de "milhões de condicionamento". [É outra coisa difícil de
engolir. A questão é a seguinte: se o ser humano demorou milhões de anos para
chegar a esse estágio, como é que um bebê leva apenas alguns meses para estar
realizando pensamentos extremamente complexos. Ora, é óbvio que existe algo que
já foi aprendido antes mesmo da concepção, está nos genes. É exatamente este parte
já aprendida que nos diferencia dos animais. A questão agora é saber o que foi
aprendido. A mim, parece que foi o processo. O processo de acumular
aprendizados e de relacionar aprendizados criando novos aprendizados, numa
espiral sem fim. É isto que os animais não têm. A capacidade, sem estímulos
específicos, desenvolver um novo comportamento a partir da livre associação
entre dois outros. Lembremo-nos, ainda, que a primeira reação dos patos
imediatamente ao saírem dos ovos é seguir o primeiro vulto em movimento que
perceberem. ]
[Ratos não escrevem
livro. Portanto, eu não sou um rato. Ratos não criam campanhas publicitárias
usando homens como personagens centrais da mensagem a ser transmitida. Mas
homens criam comerciais surpreendentemente criativos e eficientes (a
redundância é proposital) utilizando ratos (comercial criado por seres humanos
de uma agência da África do Sul para a BMW) como personagem central.]
Para o
behaviorismo, a aprendizagem é algo que acontece continuamente, quer o
indivíduo goste ou não, e
modifica o seu comportamento em relação a outras pessoas [certo
até certo ponto], muda as suas opiniões [depende do que seja encarado como
opinião] e opera de um modo mais óbvio para melhorar as capacidades ou aptidões
acadêmicas[? mas se o que ele quer dizer é melhorar o conhecimento, então,
OK.]
Thorndike (1898), contemporâneo de Watson desenvolveu
a Lei do Efeito. Seus experimentos o persuadiram de que os animais conseguiam
sair da caixa não por alguma forma de raciocínio ou pensamento mas por se recordarem automaticamente de êxitos acidentais.
[Aqui fica evidenciado a diferença em ter aprendido e ter memorizado. E aí
aparece uma questão: memorizar é tarefa da memória, mas e aprender é tarefa de
que "equipamento" biológico? Eu não sei a resposta
mas tenho certeza que existe uma diferença gritante entre o que seja
memorizar e o que seja aprender. As experiências escolares de matemática são
óbvias quanto a isso. A tarefa de "decorar" não é aprendizado. A
criança a prende o número 27 sem ter conhecimento de que ele é resultado de
2x101+7.]
Ao ser reposto na
caixa, o gato volta a perambular ao acaso e a explorar aqui e ali. ?Dá-se a aprendizagem, de fato, mas somente pelo gradual
ajustamento da conduta, de modo que numa seqüência de vinte tentativas o gato
escapa ligeiramente mais depressa de cada vez.
De acordo com a Lei
do Efeito, o progresso ocorre porque as ações que fazem funcionar o ferrolho
são gradualmente fortalecidas pelo êxito, prazer ou satisfação produzidos pela saída da caixa (que é o efeito das ações).
[Fica uma pergunta: se, além de o único estímulo ser "sair da caixa"
(o que pode não se constituir num estímulo tão estímulo assim) acrescentarmos um prato de leite do lado de fora, será que o
"aprendizado" melhora.]
A Teoria do
Comportamento Sistemático de C. L. Hull tentou juntar
as teorias de Pavlov e Thorndike em equação
matemática:
EER = D X V X K X
EHR
Isto significa [se
eu entender] que a intensidade ou possibilidade de qualquer item de
comportamento aprendido (EER)
pode ser calculada se forem conhecidos quatro outros fatores:
o impulso ou motivação associada ao mesmo
(D), [horas de privação ou necessidade física]
a intensidade do sinal para o comportamento
(V), [intensidade de cheiro, volume, cor, som]
o grau de incentivo usado (k) [nível de
recompensa usado]
e o grau de hábito (EHR). [montante de
prática]
E. C Tolman (junto com Honzik) colocou
que há uma diferença entre conhecer e fazer. Ele demonstrou (1930) que ratos
podiam descobrir seu caminho num labirinto durante a exploração ociosa ().
Expectância - conhecimento de o-quê-leva-a-quê
A informação sobre
o meio pode ser adquirida independentemente de respostas particulares ao meio.
(....) Tolman disse que essa
capacidade se devia à formação de "mapas cognitivos", os quais podiam
ser usados mais tarde para guiar várias espécies de movimentos.
A obra (1938) de
Skinner (um behaviorista radical) é atualmente (1977) o mais influente de
qualquer psicólogo no campo da aprendizagem
Fatos do
condicionamento operante
O condicionamento
de tarefas complexas pode ser obtido apenas com o efeito do reforço positivo. (....) Isto pode ser conseguido se for usado um método
gradual para desenvolver progressivamente ou modular (ou técnica da aproximação
sucessiva) o comportamento do sujeito no sentido da forma final.
A descoberta de
Skinner é que as contingências de reforço exercem uma influência extremamente
poderosa sobre o comportamento.
Todos os atos da
vida consciente ou inconsciente são determinados por contingências de reforço.
[Não] Skinner sugere que Utopia é de fato alcançável pelo uso de tais métodos.
Seriam deveras
interessantes as explicações sobre por qualquer e como funcionam as
contingências de reforço, mas Skinner evitou dá-las. [???]
Os behavioristas
uma vez que rejeitam toda e qualquer impressão subjetiva, sublinham a
continuidade entre o comportamento humano e animal. Ao enigma do comportamento obviamente mais
variado do homem respondeu-se com a "aprendizagem", supondo-se que o
homem aprende mais depressa e melhor que os outros animais, embora não de um
modo diferente. Por conseguinte, dedicou-se muita atenção ao estudo da
aprendizagem em animais, por causa desse pressuposto básico de que a
aprendizagem é importante para o resto da Psicologia.
[SATISFEITA UMA
NECESSIDADE É NECESSÁRIO REFORMULAR A RELAÇÃO. Ou seja, o estímulo deixa de ser
estímulo quando deixa de ser percebido como tal. ]
2. Habituação: A
Diferença entre Estímulos Comuns e Incomuns
[É preciso ser
feita uma distinção. Aprender um conhecimento (informação organizada relacionalmente a algum interesse) é uma coisa e outra bem
diferente é aprender no sentido comportamental. E não necessariamente é preciso
ter um conhecimento para aprender um comportamento. Assim, proponho que se
separe em Aprender (adquirir conhecimento) e Condicionar (aprendizagem através
de uma repetição de uma relação Estímulo-Resposta de forma a mudar um
comportamento. Eu "aprendi" contabilidade mas
não mudei meu comportamento por causa disso.)
A forma usual de
habituação é a repetida exposição ao mesmo estímulo que propicia expostas muito
apáticas a esse estímulo (....)
[No evento salto-após-alfinetada] o que é exatamente o estímulo? É o
alfinete, a inserção do alfinete, a ativação dos terminais nervosos na pele ou
a sensação subjetiva da alfinetada? E a resposta é a crispação de determinados
músculos ou qualquer movimento brusco do corpo? [Antes de
mais nada acho uma amplitude de dúvida meio idiota. O alfinete não é
porque a resposta independe de ser ver o alfinete. A ativação dos terminais
nervosos já é resposta. Portanto, sobraria apenas o óbvio, a espetada. Mas uma
espetada não provoca a reação se não estiver acompanhada de dor. É conhecida a
capacidade dos indianos (ou hindus) em suportar a dor (ou não senti-la? ou conscientizá-la
de tal forma que possa ser controlada?). Não é a alfinetada assim como não é a
queimação provocada por um ferro em brasa. O que provoca resposta é a
necessidade de fugir da dor. E quanto à resposta, ela será qualquer uma que nos
afaste da dor. O soco na cara de quem nos está alfinetando é uma resposta
provável (e merecida).]
A habituação faz
com que não aja reação ao estímulo.
A relação E-R é a
unidade básica da aprendizagem [condicionamento].
[Para
mim, a habituação nada mais é do que o ajuste da percepção a uma nova
"realidade". E isto pra mim é muito básico, bastando se recorrer às
experiências que obtiveram um tremendo estresse (seja em homens ou animais]
quando variaram o reforço (entre bom e mau) para um mesmo estímulo.]
Chegou-se a um ponto
que indica que as teorias E-R não se aplicam muito bem a atividades
complicadas, como a solução de problemas.
O declínio da
resposta em virtude de fadiga muscular tem algumas características semelhantes;
se você saltou quando alguém disse "salte", o vigor
dos saltos declinará gradualmente se o estímulo se repetir com freqüência que
mais não seja em razão do cansaço muscular. [Existe ainda] a adaptação
sensorial [olha eu aí, gente] que tem na reação da pupila o melhor exemplo. (....) A habituação pode ser concebida como um abrandamento
da resposta produzido pela crescente familiaridade do estímulo. [Não acho que
seja isso. A habituação não se dá pela familiaridade e sim da substituição de
uma percepção baseada no que pode acontecer por um percepção
do que acontece.
Surpresa,
vigilância e Reflexo Orientador
Expressões fisiológicas de surpresa
O modelo neuronal dos estímulos
Efeitos de
Aquecimento ou Sensitização
Excitação,
Interesse e Sono.
Foi sugerido que a
curiosidade, a qual representa a ausência de habituação, é intrinsecamente
motivadora. Embora a primeira reação de animais a estímulos estranhos ou
insólitos seja usualmente de medo e retraimento, a reação seguinte é um certo grau de curiosidade, exploração e, após suficiente
investigação, a "curiosidade fica satisfeita", isto é dá-se a
habituação. [Pôrra, é a percepção de ameaça
substituída pela percepção de não-ameaça.]
Saciação do estímulo [ou seja, fim do estímulo pelo
exagero] na da mais é do que o fim da necessidade. Pôrra!]
3. Condicionamento
Clássico: Associações Involuntárias
Aquisição da
resposta condicionada.
Extinção e
recuperação espontânea.
Discriminação e
generalização.
Condicionamento
retroativo. É geralmente difícil obter respostas condicionadas a um EC que
começa após o início do ENC: se um cão já está a comer, os besouros e as luzes
tendem a ser ignorados, e não farão o animal salivar se ligados sem o alimento,
mesmo que tenham acompanhado muitas vezes o período de comer e o que se lhe
segue imediatamente. [??? I don't
believe!] É difícil imaginar por que o
condicionamento retroativo se cerca de tantas dificuldades com estímulos que se
condicionam com a maior facilidade se forem usados como pré-avisos de alimento
na forma pavloviana normal.
Processos de
condicionamento e personalidade.
Condicionamento e Contracondicionamento das Emoções Humanas.
A terapia de
aversão.
Contracondicionamento para remover a ansiedade.
Conclusão e Resumo
As leis do
condicionamento clássico foram estabelecidas medindo-se a secreção das glândulas
salivares de cães e pode-se ver que se aplicam melhor a respostas semelhantes,
isto é, respostas que são involuntárias ou controladas pelo sistema nervoso
autônomo. Isto inclui, em particular, aspectos das reações emocionais. Numa
acepção geral, o condicionamento clássico significa que estímulos pareados no
tempo acabam por se associar, sendo as respostas a um, dadas também ao outro.
Experimentalmente, um dos estímulos deve preceder o outro, quando são pareados,
e o principal efeito é, portanto, que as respostas dadas ao segundo passam a
ser antecipadamente dadas ao primeiro estímulo. Se o estímulo dianteiro ocorre
depois repetidamente por si mesmo, a resposta condicionada sucumbe (extinção) mas há um efeito residual que permite a recuperação espontânea.
A especulação, amparada em experimentos com sujeitos humanos, sugere que
associações previamente realizadas governam as reações emocionais humanas.
Modificações nas reações emocionais podem ser geradas no decorrer da terapia,
mediante o uso dos métodos de condicionamento clássico, quer associando o
retraimento diante de estímulos dolorosos com os impulsos a serem suprimidos,
quer associando o relaxamento com os estímulos que provocam uma ansiedade
exagerada.
4. Condicionamento
Operante: Recompensa e Reforço Positivo
Aprendizagem
Operante em Várias Formas
Modelagem das
Respostas Operantes por Aproximação Sucessiva
Automodelagem, Instigação e Orientação
Esquemas de Reforço
Capacidades de
resposta
Aprendizagem
Espacial: Descobrir Alimento e Descobrir o Caminho
Respostas Criativas
Classes de Resposta
Gerativa e Generalização da Resposta - Podemos "conhecer as
regras" sem ser capazes de desempenhá-las, no sentido de estarmos aptos a
recitar os princípios pelos quais manobraríamos o pouso de um módulo lunar, sem
qualquer proficiência pessoal nesse desempenho.
Classe de Resposta
Gerativa [nada mais é do que a teoria da simplificação que faz com eu tenha uma mesma reação para um conjunto de estímulos
semelhantes.]
Conclusão e Resumo
A pedra angular do
condicionamento operante é a proposição de que o comportamento pode ser
fortalecido por recompensas contingentes. Isto é o reforço positivo, o qual é
sumamente visível nas proezas realizadas por animais de laboratório
recompensados com alimento. A modelagem gradual de novas capacidades ou
categorias de resposta pode ser útil em muitos contextos, especialmente quando
combinada com meios adicionais de direção. Os poderes motivadores do reforço
podem fornecer incentivo a numerosos itens de conduta
e influenciar uma vasta gama de decisões e opções.
5. Condicionamento
Operante: Reforço Negativo e Punição
A maioria das
pessoas gasta uma parte do seu tempo liquidando dívidas, (....)
mudando o carro de lugar para não ser multado por estacionamento proibido,
tentando chegar na hora às reuniões para evitar a reprovação social.
[Penso que aqui
cometeram um erro crasso e que na minha teoria ele não existe. O que chama de
reforço negativo, na verdade ou é a opção entre a dor e menor dor, ou entre a
menor dor e o pouco prazer.
Melhor colocando:
trocar o carro de lugar é uma ação voluntária, fruto da capacidade de raciocínio
(ou capacidade de dedução) se o meu carro está parado em local não
permitido, é provável que eu seja multado ou seja,
isto é muito mais próximo de um condicionamento clássico (pela ameaça de dor).
O reforço, na verdade, só ocorreria quando houvesse uma multa, mas aí é
punição. Penso que neste ponto está a diferença fundamental entre seres humanos
e animais. É a capacidade de previsão, que nada mais é do que a análise da
percepção atual do ambiente gerando uma previsão da percepção de um momento
futuro num determinado ambiente. Em primeiro lugar não há condicionamento
porque a ação é refletida. Um exemplo meu. Estávamos em meados de junho e ao
entardecer a temperatura, mesmo no Rio de Janeiro, caia bastante. Minha filha
estudava de manhã e chegava em casa por volta de 1
hora da tarde sempre com a blusa amarrada na cintura. Note-se, então, que a sua
última percepção era de um dia quente. Certo dia levei-a
a um dentista às 5 horas da tarde. A roupa que ela escolheu foi um shortinho. O
que faltou? Reforço negativo ou ameaça de dor? ]
Quando sentimos
frio tiritamos e quando superaquecidos suamos e ofegamos; estes extremos de
desconforto precipitam ações dirigidas mais no sentido de escapar aos extremos
do que de procurar o máximo conforto. A ansiedade é mais do que ausência de
felicidade [isso é angústia] e é claramente mais do que ausência de prazer
físico [carência].
Parece haver uma
forte tendência natural para pensar na punição como incluída no reforço
negativo mas é necessário que se estabeleça a distinção
entre reforço negativo e punição.
[Realmente, neste
ponto há toda
uma confusão, inclusive propondo diferença entre Aprendizagem de Fuga e
Aprendizagem de Evitação.]
A aprendizagem
muito rápida também é observada quando se trata de uma questão de
"sair", em vez de "ficar quieto onde está". [Mas isso é tão
óbvio. "Sair" é um comportamento condicionado pelo dor e portanto traumatizante. "Ficar" não traumatiza
porque não causa dor. Aposto que, se for associado um prazer ao
"ficar", o desgraçado do rato aprender rapidinho a ficar no degrau
"seguro".]
A segurança impede
a descoberta. [Outro óbvio. A segurança é um fim. Alcançado nada mais há
descobrir.]
Se
tentamos persuadir os
ratos a aprenderem novas respostas, a fim de lavá-los a entrar numa caixa preta
que costumava ter alimento em seu interior, eles depressa deixarão de se
incomodar porque aprenderam que a caixa preta já deixou de conter alimento. Mas
se eles estão escapando com êxito de um compartimento branco que costumava ser
perigoso, poderão continuar nisso indefinidamente porque, tendo fugido do
compartimento branco, não podem descobrir que este já deixou de oferecer
perigo. [Elementar, meu caro Walker!]
Experimentos [e a
nossa própria vida] com humanos demonstraram que, quando são usados estímulos
fortes para estabelecer uma resposta de evitação, a
resposta poderá continuar [não, continuará] indefinidamente se não for
fisicamente impedida. Se os sujeitos estão suficientemente preocupados para se
assegurarem de que evitarão uma situação provocadora de ansiedade, será muito
difícil averiguar se a situação mudou.
Evitação sem medo [?] - Solomon
e Wynne treinaram seus cães a saltar para fora de um
compartimento aplicando-lhes alguns choques fortes, e verificaram que os cães
continuaram durante centenas de ensaios a fio a saltar para fora do
compartimento sem que novos choques lhes fossem aplicados.
Os efeitos
perturbadores da Ansiedade - Animais de laboratório são mantidos atarefados,
respondendo num esquema de intervalo variável para obtenção de um reforço
alimentar. A intervalos irregulares, apresenta-se um
sinal (um besouro elétrico, por exemplo) durante um minuto, o qual é no começo
ignorado. Isto evidencia-se pelo fato de o animal
prosseguir em sua tarefa operante, possivelmente descobrindo alimento e comendo
enquanto o sinal está presente. Mas se o sinal de aviso for usado como
precursor de um choque elétrico, aí ele já se converterá rapidamente num
estímulo perturbador; o animal cessa completamente sua atividade normal
enquanto durar o sinal, mesmo que isso signifique a possível perda de entregas
de alimento. [Está trocando o não-prazer pela ansiedade [dúvida quanto ao
futuro] de uma possível dor.
Talvez reforçadores
negativos moderados possam apoiar os comportamentos de rotina sem ondas condicionadas
de medo, muito embora estímulos mais fortes possam resultar em ansiedade ou
estresse.
Punição - Em vista
do desejo de todos de escapar a situações desagradáveis e sinais associados,
sempre houve reservas e apreensões a respeito de infligir dor ou aflição a
outras pessoas ou mesmo a outros animais como um meio de educação ou reforma. O
declínio do uso culturalmente sancionado da punição corporal pode ser
interpretado como uma dimensão de progresso social. [Nada disso. Este declínio
se dá em função de que os valores mudaram. Do homem dominando o homem pra o
homem dominando a riqueza.] Contudo, as multas, o encarceramento, a ameaça, o
insulto e a rejeição ainda constituem uma parte intrínseca da legalidade e, em
menor grau, da educação.
[Quanto à intensidade
da punição] No caso de Thorndike, ele apurou que
dizer "errado" depois de os estudantes terem
apresentado uma tradução errada não impedia que eles cometessem novos
erros [punição ínfima, mas inibidora de novas redações]. (....)
É hoje perfeitamente claro que o desencorajamento de
ações por meio de punição contingente é, quando mais não seja, uma influência
mais forte sobre o comportamento do que os efeitos de incentivo dos
reforçadores positivos, no que se refere ao trabalho de laboratório com animais.
[Tão simples! É apenas uma questão de proteção de valores, apesar da dor
física.]
O problema com a
punição não está em ser sempre ineficaz mas em ter
desagradáveis efeitos secundários no sujeito: estresse, ansiedade, retraimento
e agressão.
Estresse: excesso
de ansiedade
O reforço fortalece
e encoraja, ao passo que a punição, de um modo geral, debilita e desencoraja.
[Quando isto não ocorre, causando dúvidas entre os pesquisadores, é porque eles
não estão percebendo o que está realmente acontecendo. Se a punição não está
funcionando, é porque ela é preferível a ter-se que abrir mão de um valor ou da
satisfação de uma necessidade.]
Resumo e Conclusões
O condicionamento
operante pode adotar duas formas de aprendizagem :
Como fugir de situações assustadoras ou perigosas(?) e como acercar-se mais dos
reforçadores positivos. Diz-se que foi negativamente reforço aquele ato
aprendido ou fortalecido porque remove ou impede sensações desagradáveis. Considera-se punida uma resposta suprimida ou
debilitada, quando é acompanhada de dor ou perda de recompensa. É necessário
levar em conta que as reações emocionais condicionadas a estímulos associados e
eventos adversos, porquanto podem influenciar respostas que não são diretamente
reforçadas ou punidas. Outras reações, como fugir de situações perigosas ou
agir agressivamente em relação a outros indivíduos presentes, podem também
resultar. Os estímulos aversivos muito fortes e imprevisíveis ou causadores de
conflito contribuem para o estresse. Apesar desses numerosos efeitos
secundários, o reforço negativo e a punição têm ocasionalmente aplicações
terapêuticas. [???]
6. Reforço
Intermitente e Extinção: Escassez e Ausência de Reforçadores
[Quantas tacadas
são necessárias para aprender a jogar sinuca muito bem? E depois disso, quantas
tacadas são necessárias para colocar uma bola qualquer na caçapa? Quanto se
desaprende num determinado período de tempo sem jogar? Quanto tempo será
necessário ficar sem jogar para desaprender totalmente?]
A mais espetacular
descoberta das pesquisas na área do condicionamento operante foi que os efeitos
comportamentais de cada reforçador podem-se desenvolver com a ampliação do
treinamento, de modo que o mesmo reforçador que originalmente gerava uma
resposta acaba por comandar literalmente milhares de resposta do mesmo gênero.
Um chimpanzé que começa por apertar hesitantemente um botão uma vez para cada
recompensa alimentar poderá, após longo treinamento, apertá-lo até 4.000 vezes
para obter a mesma recompensa de antes. Mas qual é o limite desse processo? [O
limite é a opção por uma dor menor]
A extinção é mais
lenta depois de um reforço esparso e infrequente do
que depois de um reforço rico e contínuo. Dá-se a isso o nome de efeito do
reforço parcial, o qual é um dos fenômenos mais fáceis de reproduzir e mais
difíceis de explicar. [Por quê? Pra mim, é simples. O reforço parcial cria uma
condição de aleatoriedade. Aprende-se que acontece a intervalos regulares mas acontece. O reforço intermitente interrompido logo
indica (intermitentemente) que não há mais recompensa e, além disso, ausência
de reforço é um reforço (este sim) negativo substituindo o anterior]
Esquemas múltiplos
- O mesmo sujeito pode aprender dois ou mais esquemas quando é usada uma pista
distinta para assimilar qual dos esquemas está em vigor.
Essa diferença
entre aprender sobre reforçadores e aprender o que fazer para obter
reforçadores é ampliada quando os reforçadores são
eventos relativamente raros.
Por que é que as
tarefas difíceis escassamente recompensadas são mais persistentemente
executadas na extinção do que as tarefas fáceis que foram amplamente
recompensadas? [Porque as tarefas fáceis satisfazem valores de baixa prioridade
e são facilmente substituídos por tarefas que satisfazem valores mais significativos(!!!)]
As circunstâncias
que ajudam o sujeito a "notar a diferença "
na extinção, como novas pistas ou uma mudança no aparelho, acelerarão a
extinção, ao passo que as dificuldades em descortinar a ausência de reforço
prolongam a extinção.
Reforço
Intermitente e Extinção no Comportamento Humano - Afirma-se que os
comportamentos persistentes que têm muito poucas recompensas evidentes podem
ser sustentados por reforço ocasional. São exemplos a
participação em jogos de azar e em rituais supersticiosos. (....)
Ferster (1969) assinalou os perigos teóricos da
insuficiente reação dos pais às atividades de seus filhos. Se os pais
permanecerem impassíveis em face da gama habitual de condutas irritantes, pode
acontecer que somente os comportamentos bizarros da criança conquistem a
atenção parental. Portanto, é arriscado que os pais ignorem os atos moderados
de má conduta se, ao mesmo tempo, atos mais extremos provocam recompensadoras
trocas sociais. Não obstante, a extinção de comportamentos desviantes tem sido algumas vezes conseguidas quando os pais cuidadosamente
ignoram todas as respostas desse gênero.
[Analisar o caso da
doença que faz crescer pelos sob a ótica de como se disseminam boatos,
crendices e etc.]
7. Reforçadores
Primários e Secundários: De Onde Provêm?
O que é reforço e
por que é que os reforçadores reforçam? (....) Uma
resposta pode ser dada em termos de evolução. A menos que Darwin estivesse
completamente errado, todas as espécies tiveram de desenvolver métodos para
assegurar que comessem suficiente alimento, se mantêm afastados de situações
perigosas ou nocivas e têm relações sociais adequadas com seus semelhantes,
sobretudo no contexto da reprodução.
[Parece que a turma
entende que atividade sexual é valor e não necessidade. Mas se é assim, como
explicar a ejaculação noturna?]
Fisiologia do
Reforço - Existem, pois, bases razoáveis para a hipótese de que a diferença
comportamental entre reforço positivo e negativo é parcialmente produzida por
processos fisiológicos distintos. Uma sugestão mais conjetural é a de que
talvez haja sistemas quimicamente diferentes para as funções de incentivo e
modelagem de resposta do reforço positivo. Sabe-se que a transmissão de
impulsos em muitos percursos neurais requer a descarga do produto químico
noradrenalina, ao passo que alguns outros percursos fazem uso de um diferente
agente neurotransmissor, a dopamina. [preciso estudar melhor essa questão de
reforço positivo e negativo.]
[Como se dá a
ausência de dor no mundo animal no momento da predação?]
O poder reforçador
comportamental de um estímulo não pode ser rigorosamente julgado a partir das
sensações pessoais de alguém, se bem que, de um modo geral, as coisas de que as
pessoas dizem que gostam devam funcionar como reforçadores. [???]
A descarga de
tensões ou redução de impulsos é um modo de descrever o reforço pela fuga ao
medo ou ansiedade. Contudo, isso provou ser uma parte muito secundária do
reforço positivo com alimento ou estimulação cerebral. A fuga de um estado de
fome é menos importante do que o reforço positivo para alimento, até onde isso
pode ser provado através de experimentos de laboratório. [Ora, e o que são os
remédios para diminuir o apetite? Eles trabalham exatamente sobre o fato de que
não existindo fome não existe vontade de comer.] Existe atualmente um bom
acervo de conhecimentos acerca do modo como o hipotálamo controla a motivação para
comer, mas tudo isso é compatível com o simples fato de que as necessidades
nutricionais estão algo distantes do reforço a curto prazo para comer. São as
propriedades de estímulo do paladar e do cheiro, quando não o prazer de comer,
que reforçm, como é evidenciado pela gulodice dos ratos
por sacarina e pela tendência da maioria das pessoas para comer mais do que
necessitam, se lhes derem essa oportunidade. [Isto é absolutamente falso. A
questão é que existe um conjunto de pessoas (maioria ou minoria, isto não
importa) que age dessa forma porque, por algum motivo, isto satisfaz uma
necessidade que vai além da fome ou preserva um valor que não nos foi dado
conhecer.] [O que pode estar envolvido aqui é a questão do vício. Se formos
considerar o ponto de vista de que] as atividades são a coisa essencial no
tocante ao reforço, no sentido de que o que mais importante não é o
"alimento" mas "comer" [como vamos
explicar as pessoas que tomam apenas um copo de vinho e depois continuam a
beber mas somente algo não alcoólico?]
"Pode-se fazer
com que ratos mudem de comer para copular e vice-versa ao simples toque de um comutador ." (Caggiula, 1970)
O fato interessante
(....) é que esse controle elétrico não é o disparo
mecânico de reflexos, mas a indução de um estado de ânimo ou incentivo de
resposta. Isso é mais fácil de imaginar no caso de respostas sexuais, quando a
estimulação cerebral provoca uma excitação sexual que é recompensadora em si
mesma, mas também gera o incentivo para ulterior atividade sexual.
[O homem é um
complexo orgânico voltado para o funcionamento harmonioso. Tanto o prazer
quanto a dor são elementos desequilibradores desta
harmonia e portanto precisam ser compensados
quando de baixa intensidade ou neutralizados quando de alta
intensidade.]
[A excitação sexual
é um estado de ansiedade e a ansiedade ativa a sexualidade.(Será?)]
[Não me importo
como o meu pensamento funciona biologicamente, mas tão-só como fazê-lo
funcionar a contento.]
O alimento é usado
com tanta freqüência em experimentos porque constitui um reforçador
extremamente fidedigno e poderoso, capaz de motivar uma vasta gama de respostas
na maioria dos animais. [Este foi o problema básico das
pesquisa até aqui. Mas por outro lado, esta afirmação em si mesma é uma
comprovação de que o prazer (e supressão da dor é prazer) é um estímulo
poderoso. Por quê será que os pesquisadores não utilizam um saca-rolha como
estímulo no condicionamento operante? Não é só porque não é um ENC, como
definiu Pavlov. É porque ratos não estão interessados em saca-rolhas. Ou
melhor, é porque saca-rolhas não satisfazem nenhuma necessidade de ratos nem
são uma ameaça a seus valores. Prova é que o autor já vem dizendo que ] as respostas
de asseio individual catar e alisar o pêlo com as patas e a língua
não são muito bem reforçadas com alimento, por exemplo [ou seja, tem
que haver relação].
[Os patos não
sabendo que têm que seguir a mãe ao nascer, mas como ainda não sabem o que é
"mãe", saem correndo atrás do gato, por exemplo, se for esta a
primeira coisa que virem se mexer. Se deixarmos isso acontecer por 24 horas,
eles farão isso o resto de suas vidas.]
(....)
via de regra, o funcionamento apropriado de reforçadores sociais e sexuais na
vida adulta depende da experiência social quando criança.
[Os próprios
cientistas admitem que ] como na maioria dos casos da
controvérsia natureza/educação, não existe um modo de separar as influências
inatas e adquiridas sobre a motivação ().
Andar de carro
parece ser reforçador para os chimpanzés e poderia ser descrito, portanto, como
algum valor primata inata! Mas a principal determinante do poder da televisão e
dos automóveis como reforçadores é, por certo, um conjunto de experiências e atitudes
aprendidas dentro de uma certa cultura.
Reforçadores
Secundários - É conveniente distinguir entre uma categoria em que a necessária
função biológica dos reforçadores é bastante obvia tradicionalmente,
alimento, água, dor [Não. Olha a confusão que o cara faz!]e
sexo e uma categoria em que a função biológica é remota.
A maioria das
pessoas concorda em que o incentivo para trabalhar horas extras está
relacionado com atividades mais preferidas, as quais requerem o dispêndio de
dinheiro. É menos óbvio que ver televisão recompense aparar a grama do jardim
da frente, mas contingências como esta são frequentemente estabelecidas para
crianças, como em "você deve arrumar o seu quarto antes de ir brincar lá
fora". [E os caras continuam não
enxergando o que está na cara.]
[Outro erro:] A
presença de moças atraentes em grande proximidade física de um automóvel,
cigarro ou avião, pode realçar as propriedades recompensadoras daqueles
produtos, por causa do condicionamento clássico involuntário ou algo dessa espécie.
[???]
Duas questões
teóricas estão vinculadas à formação de reforçadores secundários (por vezes
chamados reforçadores condicionados). Em primeiro lugar, que informação é
fornecida pelo pareamento? Em segundo lugar, qual é a importância das respostas
dadas ao estímulo reforço secundário?
Ambos estes fatores
teóricos podem ajudar a fazer com que símbolos [é o que pode ser trocado pelo
que se deseja na verdade] sejam reforçadores condicionados muito eficazes.
O dinheiro pode ser
considerado a recompensa simbólica por excelência, mas na vida real é
complicada por variáveis econômicas e sociais, como poupança e investimento.
Reforço Secundário
através de Associações Remotas - Diz-se que roer unhas ocorre como uma espécie
de substitutivo de uma forma muito mais drástica de automutilação; amealhar
dinheiro é algo que se desfruta como expressão de retentividdade
anal e assim por diante. [???]
[Aqui um
despautério:] Um reforço original por aprovação dos pais poderá realçar a
satisfação auferida em colecionar selos, o que poderá mais tarde produzir
frutos numa dedicação a assuntos de política externa. [Por que não dedicação a
atividades no setor gráfico, ou artístico, ou de cromoterapia etc.?]
O Reforço em
Relação a Conhecimento e Propósito - É possível colocar uma surpreendente
proporção de fatos psicológicos sob a égide da teoria do reforço, como fez
Skinner, mas isso não parece resolver por si só muitos dos tradicionais enigmas
sobre o conhecimento e propósito humanos. [E veja-se a sequência:] As
diferenças entre impulso e previsão [reação e ação], entre motivos conscientes
e inconscientes, satisfação sensual e intelectual [toda satisfação é sensual,
pois não existe intelecto, só sentidos] etc ainda são
questões de debate tanto filosófico como científico.
Poderá o
conhecimento ser seguramente adquirido sem a assistência do reforço? Poderemos
olhar para fora da janela ou ler um jornal sem propósito ou reforço? [Não.
Prova é que toda a leitura para a qual não houve associação com necessidade ou
valor, não fica gravada na mente. Mas olha o que ele
diz:] Estes problemas têm uma longa história em teoria da aprendizagem, sendo o
consenso geral que o conhecimento pode ser adquirido sem recompensa mas as
ações precisam ser motivadas.
Resumo e Conclusões
O reforço é
essencialmente um conceito comportamental, aplicável às provas idoneamente
observadas de que as respostas variam de acordo com os seus efeitos. O conceito
apoia-se na pesquisa fisiológica, a qual está
desvendando os mecanismos cerebrais responsáveis pelos efeitos do reforço e os
prazeres subjetivos que podem ou não acompanhá-lo. A base evolucionária do
reforço é a necessidade de excitar e dirigir comportamentos instintivos e
aprendidos nos momentos apropriados. Reforçadores primários são aqueles cuja
função biológica é clara: reforçadores secundários são aqueles cujos poderes
foram adquiridos através de uma associação com recompensas e punições mais
poderosas. É possível colocar a questão da função biológica de lado e
classificar os reforçadores hierarquicamente, de acordo com as preferências
observadas de um indivíduo
ou de uma espécie.
8. Aprendizagem de
Discriminação: Reforço para Prestar Atenção
"Que estímulo
está controlando o comportamento?" Será o sinal ostensivo ou alguma outra
pista para a resposta correta? Uma forma alternativa de apresentar a pergunta
é: "A que estímulo o sujeito está dando atenção?" A resposta tem que
ser dada isolando-se cuidadosamente a característica ou características
decisivas do meio ambiente que estão sendo captadas. A técnica consiste em
alterar algum aspecto da situação e tomar nota de quaisquer mudanças no
comportamento.
Aprendizagem com e
sem inibição - Quando o animal aprendeu que ter uma pata flexionada significava
que não haveria comida, passou a esticar ativamente a perna, a
"inibir" a flexão.
[Relatar a relação
da Paula com o elevador.]
De um modo geral,
pode-se conjeturar com razoável segurança que a mistura de "boas"
condições com períodos "menos bons" ou
"maus", para o mesmo indivíduo, realça o valor ou a eficácia das
circunstâncias "boas" [porque o objetivo é estar na melhor entre duas
situações.]
Prestar Atenção e
não Prestar Atenção - Se está realmente acontecendo "atenção" ou não
tem que ser deduzido, portanto, em vez de diretamente observado.
Podemos caminhar
sobre a grama ou porque não lemos o aviso "Não Pisar" ou porque o
lemos corretamente mas caminhamos deliberadamente pelo
gramado. É concebível que tenhamos evitado cuidadosamente olhar para o aviso,
no caso de ela dizer "Não Pisar".
[Relatar
a simplificação através do recurso de "auto correção" e o novo
condicionamento da escrita através da digitalização.)
Os pombos a que se
dá alimento por darem bicadas num botão amarelo "percebem" o amarelo,
na medida em que tendem a suspender as bicadas se a cor do botão for mudada. Se
for feito um experimento análogo usando o som, fazendo-se ouvir um dó agudo em
vez da cor amarela, o dó agudo é ignorado, visto que as aves continuam dando
bicadas exatamente da mesma forma, quer a intensidade do som seja
consideravelmente mudada numa direção ou outra (jenkins
e Harrison, 1960)
Ratos criados com
grande experiência de círculos e triângulos são muito melhores na solução de
problemas de discriminação que usem essas formas geométricas do que, por
exemplo, quadrados e trapézios, de modo que as experiências iniciais têm
possivelmente muito a ver com as aptidões perceptuais nos anos subsequentes.
[Devo me posicionar
quanto às "habilidades inatas"]
Os Efeitos da Habituação
do Condicionamento clássico
sobre a Atenção - Quando se considera que existe ainda um outro
significado distinto de "atenção" o de esforço ou
concentração mental surpreende mesmo que alguns psicólogos procurem
evitar totalmente o uso da palavra, preferindo referir-se a "controle do
estímulo"[???].
Reforço Operante
para Prestar Atenção - Trata-se do pressuposto de que se presta atenção a
aspectos dos estímulos que são importantes, ao passo que outros aspectos são
ignorados. [Ora viva!!!]
Os macacos entraram
em conflito quando um estímulo dizia-lhes que acionassem a alavanca direita, o
outro a da esquerda. O dilema pôde ser resolvido porque as recompensas eram
obtidas acionando a alavanca da esquerda para a exposição vertical/verde mas a da direita para a exposição horizontal/vermelho. Os
testes mostraram que os macacos chegaram a essa solução correta ignorando
totalmente as cores e trabalhando na base das linhas vertical e horizontal, em
vez de aprenderem que as cores significavam agora o oposto de seu treinamento
original.
"Dimensões"
e analisadores - Segundo Piaget, as crianças levam algum tempo para começar a
"prestar atenção" a dimensões físicas tais como volume, largura e
número da maneira certa (....) [Agora já se sabe que a
visão da criança (distância focal e campo visual) se desenvolve gradativamente.
Só com um ano de idade o campo visual é igual ao do homem adulto e o foco é
quase igual mas só será realmente igual aos 4 anos de idade.]
Estreitamento da
faixa de atenção. - Se dois estímulos são dados ao mesmo tempo num contexto de
condicionamento clássico mas um deles é
"melhor" que o outro, os animais concentram-se frequentemente no
melhor e ignoram o outro, até onde nos é possível revelar por testes separados.
Por exemplo, uma luz bastante tênue poderia normalmente funcionar muito bem
como estímulo condicionado num experimento pavloviano.
Mas se um besouro elétrico soar sempre muito forte enquanto a luz tênue estiver
ligada, o besouro pode ofuscar a luz, pelo que o cão não salivará se a luz for
ligada sozinha.
O principal ponto
acerca do estreitamento da faixa de atenção é a idéia de que existe um limite à
nossa capacidade de processo informações e prestar atenção a estímulos, o que
torna necessário reduzir a atenção a algumas fontes a fim de se dedicar o
máximo esforço à informação mais importante. A saliência intrínseca, a elevada
intensidade, a novidade e as associações passadas com o reforço são fatores que
parecem aumentar a "importância" de certas categorias de estímulo.
Aplicação de
Procedimentos de Discriminação: Aprendizagem Programada - Os textos programados
são compêndios em que o leitor é convidado a responder às perguntas escrevendo
as palavras que faltam no texto, à medida que avança. Esse método de pergunta-e-resposta é especialmente útil se o leitor
precisa memorizar uma boa soma de informação no livro. A instrução assistida
por computador é a mais recente forma das máquinas de ensinar (....)
Princípios
behavioristas de texto programado: 1) cada indivíduo avança segundo o seu
próprio ritmo [não, segundo seu grau de interesse]; 2) cada indivíduo realiza
respostas ativas [a cada passo]; 3) Reforço imediato para a aprendizagem
correta. (....) O reforço deve ser positivo, não
negativo ou punitivo, tanto quanto possível; "responder certo" pode
ser encorajado mas "responder errado" não deve ser punido. 4) Minimizar os erros. [os erros provocam dor e, por isso,
eles nos "ensinam" a não repetir aquela determinada ação ou a inibir
uma reação.]
Resumo e Conclusões
Aprender uma
discriminação implica que aprendemos a perceber a diferença entre duas coisas
semelhantes, e que também aprendemos a fazer respostas separadas aos dois
casos. Teorias recentes pressupõem que a aprendizagem perceptual e a
aprendizagem de resposta são distintas uma da outra. A espécie perceptual
poderá envolver a aprendizagem para estar alerta e a aprendizagem para prestar
atenção a determinados aspectos dos acontecimentos, como o formato e a cor. Com
freqüência, a aprendizagem de reforço requer a inibição de respostas porque a
tarefa exige que elas não sejam dadas ao estímulo incorreto. As técnicas
práticas que propiciam a aprendizagem de discriminação e que podem ser
proveitosamente adaptadas para uso em auxiliares de educação estão dominadas
pela necessidade de associar o reforço a um conjunto limitado de estímulos.
9. Aprendizagem de
Conceitos: Reforço para o Comportamento Abstrato
[A se seguir por
Darwin] ainda se pode defender que até as faculdades da fala e da imaginação,
as quais parecem colocar os seres humanos à parte, são elaborações de aptidões
já presentes em espécies inferiores.
O debate
natureza-aprendizagem desenrola-se com veemência há, pelo menos, quinze anos
[isso em 77] e parece estar agora esmorecendo sem que se chegue a um acordo
satisfatório mas ambas as partes estão hoje cônscias
das contradições inerentes aos pontos de vista extremos.
Além da linguagem,
existe uma lista quase interminável de atributos psicológicos que distinguem o
homem dos animais inferiores: senso moral; uso de ferramentas; previsão;
autoconsciência; sentido de beleza estas eram as características que
Darwin achava serem aquelas com que tinha de lidar. (....)
Princípios psicológicos que não são exclusivamente humanos podem-se aplicar a
comportamentos que unicamente humanos. [Eu corrigiria para: princípios
psicológicos que não são exclusivamente humanos sofrem interferências de
princípios psicológicos que são exclusivamente humanos.]
Três espécies de
atividade que são especialmente, em vez de exclusivamente, humanas e em que é
possível tentar
uma análise comportamental são a discriminação de conceitos de estímulo, a
aprendizagem por imitação e a aprendizagem da comunicação com sinais e
símbolos.
O nome conceitos de
estímulo tem a
intenção de enfatizar que o único critério são as discriminações baseadas nos
atributos do estímulo.
Macacos e homens
têm capacidades semelhantes para generalizar o princípio de
"singularidade", no âmbito de numerosas dimensões visuais, mas os
macacos talvez não possam aplicar a regra de uma modalidade para outra
das exposições visuais para sons, por exemplo, tão bem quanto as pessoas.
Pombos e macacos
são capazes de emparelhar cores ou formatos por esse método, se bem que, nesse
caso, os pombos pareçam, uma vez mais, adquirir um menor grau de abstrativididade que os macacos. [Ora, ora! Como é que se
admite que os processos são diferentes entre pombos e
macacos mas não entre homens e ratos?]
A percepção de
regularidades e repetidos motivos demonstra a existência de regras perceptuais.
Aprendizagem por
Imitação -- Pode-se dizer com segurança que sabemos muito pouco acerca dos
processos cerebrais que geram um tipo de aprendizagem, para não falarmos já de
oito tipos distintos, mas é difícil evitar alguma especulação baseada na
existência de diferentes procedimentos para se aprender diferentes espécies de
coisas. Daí as questões sobre se o condicionamento operante difere do
condicionamento clássico ou se a aprendizagem de conceitos difere da
aprendizagem de discriminação. (....) se importa de
que modo aprendemos se vendo outro fazer ou se fazendo nós mesmos essa
coisa [E existe dúvida sobre isto?]
O problema para a
teoria da aprendizagem está em que existe um número infinito de tipos de
situação em que a aprendizagem pode ocorrer e quase tantos "métodos de
instrução" quantos os professores. (....) Mas
poderíamos considerar as principais divisões entre "aprender fazendo", "aprender
vendo fazer" e "aprender através da linguagem".
As crianças que têm
medo de cães podem ser tranquilizadas se uma outra criança "mostrar como" se pode fazer
festas num cão sem correr qualquer risco; [Tem horas que eu penso que tem gente
de brincadeira. Isto não tem relevância nenhuma. Se tivesse, seria simples
resolver todas as questões. Quando isso funciona é porque o medo não era tão
grande assim, era apenas um receio, ou seja, ainda não estava
"impressa" uma referência clara da consequência de se expor à
proximidade de cães. (Analisar o meu caso com os cães da Neusa Maria.]
estudantes com moderada (o grifo é meu) fobia a respeito de cobras podem ficar
menos receosos (novamente o grifo é meu) delas depois de verem filmes de outros
estudantes manuseando cobras, como parte de uma técnica de dessensitização
[é incrível esse estudioso da psicologia dizer uma coisa dessas. Tais
estudantes romperão com o receio porque terá sido provocada uma ameaça a seus valores frente aos seus companheiros caso não enfrentem
seus "medos" (se eles pegaram a cobra eu também tenho que pegar) e
isto sem considerar o fato de que existe um interesse em se formar naquele
curso.]
É sobejamente
conhecido que, quando o protagonista de um filme acende um cigarro, os fumantes
na platéia procuram o seu próprio maço. [E o que tem a ver isto. Isto é hábito,
ou reflexo condicionado. Tá misturando tudo esse
cara!]
No caso do
desenvolvimento da personalidade humana, há a tendência para a
"identificação" emocional com os pais ou heróis, de modo que
"ser como Fulano" converte-se num reforçador. (....)
A relação pais--filhos é um exemplo óbvio mas a imitação de figuras de
autoridade, como guardas de campos de concentração, também foi posta nesta
categoria. [???]
Há uma acentuada
discrepância entre a importância atribuída à imitação no desenvolvimento da
personalidade e das condutas sociais e o baixo apreço em que a imitação é tida
por muitos psicólogos que estudam o desenvolvimento do pensamento e da
linguagem em crianças.
A concepção behaviorista
contemporânea da aprendizagem da fala, aceita em 1940 por Bertrand Russel, tem
aqui sua apresentação irretocável:
Existem dois
elementos na aprendizagem da fala: em primeiro lugar, a destreza muscular; e,
em segundo lugar, o hábito de usar uma palavra em ocasiões apropriadas.
Poderemos ignorar a destreza muscular, a qual também é adquirível por
papagaios. As crianças emitem espontaneamente muitos sons articulados e têm o
impulso para imitar os sons feitos por adultos. Quando emitem um som que os adultos
consideram adequando ao meio circundante, elas acham os resultados agradáveis.
Assim, pelo usual mecanismo de prazer-dor, as crianças aprendem, em devido
tempo, a articular ruídos apropriados a objetos que estão sensivelmente
presentes e, depois, quase imediatamente, aprendem a usar os mesmos ruídos
quando desejam esses objetos...(Russel, 1940, p. 69)
A concepção linguística de Skinner - tudo o que dizemos e escrevemos é
determinado mais pelo meio ambiente do que por inspiração ou intuição
espontâneas. O meio ambiente, entretanto, inclui a nossa experiência passada e
presente, educação, cultura intenção e audiência.
A concepção linguística de Chomsky - o meio ambiente, seja como for que
se interprete, tem uma influência quase desprezivel
sobre a natureza da linguagem ou sobre o conhecimento em geral. (....) Chomsky
adotou a posição de que a aprendizagem da linguagem é uma questão de
"extrair o que é inato na mente".
Resumo e Conclusões
A posição de
Chomsky, de que a linguagem só pode ser entendida em termos
de intuições humanos inatas, e a posição de Skinner, de que uma completa
descrição da linguagem e do pensamento pode ser feita com base nas
contingências de reforço, são uma e outra extremas. Pode ser
necessário chegar a um meio-termo entre essas duas posições
mas é impossível afirmar que foram respondidas com firmeza quaisquer
interrogações acerca da linguagem e da aprendizagem de conceitos. Entretanto, a
capacidade de aprendizagem de conceitos e de comunicação em animais prova ser
substancial. Os procedimentos para crianças, combinando as técnicas de reforço
e a imitação, também sugerem
que a aquisição de aptidões abstratas ou governadas por regras
pode ser colocada sob o gurarda-chuva de uma
abordagem behaviorismo da aprendizagem.
Assim, as doutrinas
originalmente escandalosas do Behaviorismo, caracterizadas pelo intento de
simplificar as complexidades, podem ser defendidas em dois aspectos. Elas
continuam a fornecer uma base prática e realista dos métodos e da teoria,
contra a qual podem ser testados os vôos mais desvairados da fantasia
psicológica. E, talvez mais inesperadamente, o Behaviorismo, em suas modernas
formas, tem algumas pretensões a ser uma fértil fonte de recomendações para os
campos aplicados da Psicologia Humana.