EXTRATO DE: APRENDIZAGEM
TÍTULO DO ORIGINAL:
LEARNING
AUTOR: SARNOFF A.
MEDNICK - Prof.
de Psicologia da Universidade de Michigan
EDITADO EM: 1964 POR:
ZAHAR EDITORES
1. Alguns Exemplos
de Pesquisa sobre Aprendizagem
Planária - um verme
primitivo e planiforme que tende a habitar sob as
rochas em águas estagnadas e poluídas. Mede 18mm. Ela
aprende a se contrair ao ser feita uma experiência condicionante associando uma
luz a um choque elétrico (por 250 vezes).
A a partir de então,
toda vez que a luz é acesa ele se contrai.
O método usado com
a planária denomina-se condicionamento clássico.
O método da [ação e
recompensa] usado pelo médico para atrair o paciente gravemente perturbado até
que ele entre em uma determinada sala, é denominado de condicionamento
operante.
O condicionamento
clássico só se aplica às situações em que uma reação é inevitável; no caso da
planária, a contração é um reflexo automático ao choque elétrico.
No condicionamento
operante o investigador deve aguardar pacientemente que a reação ocorra
naturalmente, antes de poder incrementar a sua probabilidade com um prêmio.
[Isto me fez pensar
na herança que os jovens da "Geração Games"
levarão para a vida adulta. Os Games são condicionamentos operantes porque se
desenvolvem à base da relação ação-prêmio. Alcançar uma nova etapa (e este é o
objetivo) é o prêmio. Agir rápida e corretamente é o meio. Portanto, estamos
desenvolvendo jovens habituados a só agir em função de um prêmio. Será isto
possível de ser averiguado para que possamos ter uma idéia da tendência de
comportamento da força de trabalho da parte superior da pirâmide intelectual?]
[Um
outro detalhe. CONDICIONAMENTO CLÁSSICO é o condicionamento através do
medo [ou melhor, é a obtenção de reação por uma ameaça a um valor - não sentir
dor] e o CONDICIONAMENTO OPERANTE é o condicionamento através do prazer (ou
melhor, é a obtenção de uma ação pelo oferecimento de algo que satisfaz uma
necessidade.]
Experiências de
John A. McGeoch, comprovaram
que as pessoas recordam cada vez mais itens de uma lista à medida que a sua
significação aumenta.
Sobre a motivação como dinamizador: depois de 15 ensaios, o rato
ficará cada vez mais relutante em deixar a caixa de saída. A razão é muito
simples; após essas 15 provas, o rato terá comido
É evidente que
precisamos tanto de aprendizagem quanto de motivação. Esta sem aquela redunda
em atividade às cegas; aquela sem esta, em inatividade. [Este é um ponto
crítico na minha discussão a respeito da negação da motivação. O que ocorre é
que sem auto-motivação não há nem mesmo aprendizagem. O que eu percebi em todo
o livro é que quando as experiências são feitas com seres humanos estes estão
sempre, evidentemente, estimulados por uma auto-motivação por participar do
experimento. E isto, parece, ninguém percebeu.]
[Mal começou o
livro e o autor, sem perceber, já diz: ] se dotarmos
um dos braços do labirinto com uma ilha de segurança contra o choque o rato
logo aprenderá a correr para esse abrigo. [Ou seja, até o rato não deseja a dor
e procura uma ilha de segurança. E logo a seguir vai dizer:] E o fato de
preferirmos cerveja e pipoca seca assinala a associação com os motivos
específicos (sede) dos padrões de estímulo interno e individual (boca e
garganta secas) que dirigem o comportamento.
A experiência dos
chimpanzés feita por Herbert G. Birch mostrou que a
aparente intuição para transformar uma vara em utensílio dependia do emprego de
hábitos e associações anteriormente aprendidos. [Ou seja, foi de ver a mãe
chimpanzé usando o graveto para pegar as lesmas na árvore podre que ele
aprendeu.] [O acesso livre às associações] determina a facilidade com que os
processos mentais superiores [mais complexos], tais como a solução de
problemas, são levados a efeito. [Isto é a comprovação de que a solução
criativa de problemas depende da liberdade que será dada para fazer associações.
É a base do brainstorming.]
[A solução do
problema das duas cordas penduradas do teto depende dos recursos que forem
oferecidos. ]
As leis básicas do
condicionamento parecem ser as mesmas quando passamos de uma espécie para
outra. [Lá vem eles!]
quantidade de conhecimento prévio
velocidade de
aprendizado
(....)
sabemos ser bastante simples condicionar as reações em seres humanos.
Quase todo
comportamento humano adulto é aprendido. Uma parte é reflexiva ou instintiva: o
coração pulsa; as nossas células parecem vibrar de atividade; os joelhos
movem-se. (....) Algumas horas após emergirem de suas
cascas, os patinhos recém-nascidos podem ser induzidos a seguir, em seu andar
ainda sem jeito, no encalço de qualquer coisa, desde uma bola de futebol até o
pesquisador que se mover por perto.
O
esgana-gato (um tipo de peixe)
tem um padrão de comportamento intricado durante a incubação da espécie. Todo o
comportamento tem inicio quando ele vê alguma forma semelhante a um peixe que
apresente uma vermelhidão no local que lhe pareça ser um ventre vermelho e um abdome protuberante.
Tudo o que é necessário para provocar uma reação é a ocorrência do estímulo de
descarga.
O medo é um
estímulo interno.
Proprioceptivo é o
nome especial que se aplica a um estímulo interno resultante de movimentos
musculares.
Uma reação
converte-se, quase inevitavelmente, num estímulo. Se respondermos a um estímulo
com uma reação de medo, poderemos sentir um incremento no ritmo do coração, uma
subida na pressão sangüínea, as extremidades do corpo ficarem
frias e suadas, e a respiração tornar-se ofegante.
Uma recompensa é
[em termos operacionais] um acontecimento que se segue imediatamente a uma
reação e incrementa a probabilidade dessa reação.
Segundo uma teoria,
as recompensas não são necessárias à aprendizagem. Nesta opinião, tudo o que é
necessário para aprender é que um estímulo e uma reação ocorram,
aproximadamente, ao mesmo tempo; essa associação tem o nome de contigüidade
temporal, ou justa contigüidade.
Aparentemente, tudo
o que é necessário para que se desenvolva uma associação entre um estímulo e
uma reação é que ocorram juntos com freqüência.
3. Aprendizagem Simples:
Condicionamento Clássico e Operante
Reflexos são
reações a estímulos não-aprendidas.
[Na TP, reflexos
são ajustes do sistema biológico às alterações ou ameaças do ambiente ou de sua
projeção futura.]
Depois da
combinação da apresentação do rato com o ruído áspero durante 5 ensaios, aproximadamente, os pesquisadores voltaram a
apresentar o rato sozinho (....) o que foi suficiente para fazer Albert chorar.
Generalização do
estímulo: similaridade de estímulos levam a mesmas
reações.
Deslocamento da
emoção: é o
nome dado ao comportamento de um menino que ao chegar em casa grita com a
irmãzinha, depois de escutar silenciosamente uma severa reprimenda do professor
na escola. Consiste numa transferência de reação (....)
.
Generalização
secundária: as palavras "bebê" e "criança" têm pouca
semelhança física, mas são, contudo, similares, de um modo nitidamente
reconhecível. Estas reações baseadas na semelhança aprendida são denominadas
generalização secundária.
Neurose
experimental: [se dá quando o indivíduo não consegue perceber qual o estímulo
que virá a seguir.] (....) o animal cai num estado de
extremo conflito sobre se lhe compete o não reagir.
(....)
a possibilidade de abundantes variedades neuróticas provocadas pelas
capacidades simbólica e verbal das pessoas.
Foi Pavlov que
cunhou as palavras técnicas para descrever o método de condicionamento
clássico. Denominou a ligação estímulo-reação (E-R) de reflexo condicional (RC)
(ou seja, um reflexo dependente de um treino anterior, condicionada a); [No
exemplo do cachorro, da carne e do som] Pavlov denominou a carne de um estímulo
não-condicional (ENC) (ou seja, aquele que é inato, que, independente de
treino, já existe e provoca um reflexo) e a salivação reflexa uma reação
não-condicional (RNC)(ou seja, a reação inata ou não
condicional a uma outra). Ao som, Pavlov chamou estímulo condicionado (EC) (ou
seja, aquele que foi criado pelo aprendizado, através da associação com um
ENC).
A Reação
Condicionada pode ser descrita através de 4 estágios:
condicionamento, extinção, pausa (ou repouso) e recuperação espontânea.
O método para
eliminar uma reação condicionada é treinar uma reação incompatível ao mesmo
estímulo. (....) Essa técnica é ideal para reeducar
crianças (....) mas a situação deve ser orientada com sutileza.
Alguns psicólogos
acreditam que o condicionamento clássico constitui a forma básica de
aprendizagem.
[Atrair e repudiar]
Teoria
do Reforço - o pescador não apanha um peixe cada vez que lança a linha; a
semente que o lavrador joga na terra nem sempre gera uma colheita." No condicionamento operante o reforço deve
ser parcial (ou seja, espaçadamente). Uma vez que no treino o grupo de reforço
parcial tem muitas reações que não são acompanhadas de reforço, o período de
extinção não constitui uma grande mudança para o mesmo. Mas é, sem dúvida uma
dramática mudança para o grupo de reforço de 100%. [O que explica as reações às
perdas de privilégios. Apesar de não estarem mais funcionando como estímulos
"motivadores", o sua perda implicará em um estímulo
"desmotivador". (....) Quando tentamos, pela primeira vez, ensinar
uma criança a desempenhar um determinado ato, devemos reforça-la
liberalmente [intensamente]. À medida que ela adquire prática, o reforço deve
ir diminuindo. Por meio dessa redução, garantimos à reação uma vida duradoura,
mesmo quando não estamos por perto para aplicar freqüentes reforços.
Comportamento
supersticioso e a modelação do comportamento - Um agricultor primitivo faz uma
dança e chove. Volta a dança uma e outra vez, na esperança de que isso acarrete
novas chuvas. Ocasionalmente, a dança é seguida de um reforço. Em tais
condições de reforço parcial, é difícil extinguir a reação e crença na dança.
Daí em diante, o indivíduo acredita que, realizando essa dança, a chuva é
provocada. (....)
A modelação da reação é o processo de recompensar reações que se
aproximem da que é desejada.
Disposição - para
estar apta a aprender a ler, uma criança deve estar fisicamente preparada para
as condições da tarefa, isto é, ter coordenação visual, ser visualmente capaz
de discriminar entre as várias letras, etc.
Generalização - um
organismo treinado para ter certa reação a um estímulo terá essa mesma reação a
estímulos semelhantes.
Extinção - Se
continuarmos apresentando o EC sem o benefício do ENC, extinguiremos,
porém, a RC. Isto é, deixará de ocorrer à apresentação do EC. Após um período
de repouso, entretanto a RC recuperar-se-á espontaneamente dos efeitos da
extinção.
No condicionamento
operante, uma reação ocorre, caracteristicamente, sem qualquer incitamento por
um estímulo específico, imposto pelo pesquisador.
A principal
diferença parece ser que o condicionamento operante [pelo prazer] se relaciona
com a aprendizagem que requer reações voluntárias, ao passo que o
condicionamento clássico [pela dor] envolve reações involuntárias [contra a
vontade]. O condicionamento clássico parece ser mais apropriado para a
aprendizagem que envolve um condicionamento emocional, como a ansiedade ou o
medo, ao passo que o condicionamento operante é mais aplicável às reações da
musculatura esqueletal ou processos mentais
superiores (no que está envolvido o sistema nervoso central).
4. Hábitos
Complexos
O efeito de uma
recompensa diminui com o tempo e a distância da meta. [Isso quer dizer que é
preferível [em termos de revigoramento] uma pequena recompensa imediatamente
após o ato digno de louvor, do que uma grande recompensa, mas muito posterior.]
Benton J. Underwood
sugeriu que a aprendizagem ou reconhecimento de conceitos requer que se
percebam as relações entre estímulos. [Ou seja, quanto maior associação entre
conceitos já adquiridos, maior é a capacidade de aprendizado.]
A probabilidade
média de associar "redondo" aos estímulos "Bola",
"cabeça", "botão" e "maçaneta" é
de 66,25%, enquanto "duro" tem uma probabilidade associativa de
8,25%.
Underwood e Richardson mostraram que a probabilidade
de associação conceptual é uma variável extremamente poderosa, determinando a
facilidade de se alcançar o conceito.
Mediante a promoção
de condições para imediato reforço de reações corretas, Fred S. Keller reduziu a porcentagem de malogros na escola para um
quinto, e as horas de treino para dois terços do nível anterior. (....) [Atenção:] Uma característica importante desse programa
de treino que deveria ser mencionada é o fato dos alunos gostarem dele. O
prazer ajudou a manter a motivação dos alunos num nível apropriado à tarefa.
Na vida cotidiana,
parece que atingimos um nível superior estável, provavelmente por ser raro termos qualquer indicação clara da perfeição com que
realizamos algo e por nos satisfazermos com um desempenho relativamente
adequado.
Esses aumentos no
desempenho em níveis superiores parecem depender bastante do interesse do
executante. O charuteiro e o campeão de atletismo incrementam suas aptidões
porque estão interessados no nível de desempenho, por razões financeiras ou
pessoais. (....) A repetição monótona não aumenta a
aptidão; parece fazer, apenas, com que um desempenho de nível inferior se torne
mais automático.
[Me toquei numa
coisa. Como explicar as absurdas diferenças de aprendizagem numa sala de aula
se o método que está sendo utilizado e o professor são
o mesmo para todos? Ou seja, por mais que se estude como se processa a
aprendizagem na mente, o que, efetivamente altera o resultado é o interesse em
aprender que é tão maior quanto maior for o prazer extraído do aprendizado, ou
seja, o aprendizado tem que ser um prazer e para que isto aconteça só
contribuem 3 fatores: o prazer do aprendizado, o prazer proporcionado pela
própria transmissão da mensagem e o prazer que o receptor percebe que terá com
a satisfação de uma necessidade por aquele determinado aprendizado.]
RESULTANTE DA
CAPACIDADE DE APRENDIZADO
Prazer na recepção
Expectativa de prazer futuro
5. Motivação e
Aprendizagem
[MEDO - emoção que
impulsiona para fora - impulso de afastar-se de alguma coisa.
DESEJO - emoção que
impulsiona para dentro - impulso de aproximar-se de alguma coisa.
O ESTÍMULO É
EXPECTATIVA DE PRAZER
O MEDO É
EXPECTATIVA DE DOR
RECOMPENSANDO COM O
ELOGIO VOCÊ CAUSA PRAZER E ESTIMULA A REPETIÇÃO.
PUNINDO
COM A CRÍTICA VOCÊ CAUSA DOR E INIBE A REPETIÇÃO.]
Dentro de razoáveis
limites, os incrementos de motivação acarretam aumentos de atividade.
Motivos
fisiológicos (ou impulsos primários): fome, sexo e dor (?).
O desempenho
depende de motivação e aprendizagem.
Parece que a
ansiedade aprendida constitui um impulso.
[Elimina-se o medo
oferecendo um ponto de fuga ou área de segurança.]
Muitos teóricos
explicaram os sintomas neuróticos como reações que repelem a ansiedade. [Ou
seja, procuram por um ponto de fuga que os liberte de sentir aquele medo. Ou
seja, de acordo com a minha Teoria da Opção Óbvia, o neurótico nada mais fez do
que procurar um medo menor.]
Diz-se que uma
situação de aprendizagem é complexa quando, primeiro, são possíveis muitas reações além da
correta. Segundo, tratando-se de uma questão de aprendizagem, a reação correta
não será a mais provável. Se o fosse, pouco haveria que aprender.
A dedução é que as
pessoas altamente ansiosas terão um desempenho pior do que as menos ansiosas em
situações de aprendizagem complexa. As pesquisas forneceram uma comprovação
bastante sólida para essa dedução. [tudo bem, mas qual o efeito compensatório
do interesse na melhoria do aprendizado? E o contrário?]
Os homens
trabalharão arduamente para adquirirem prestígio e fortuna.
Numa experiência os
estudantes foram privados de todos os movimentos durante vários dias. (....) Eles apresentaram alucinações e se tornaram
vulneráveis ao pânico; desempenharam fracamente os testes de inteligência ... (....) Embora uma parte desses efeitos seja devida à sugestibilidade dos indivíduos, a raiz dessa desordem de
comportamento é a insatisfação de uma necessidade de mudança de estímulo.
Os resultados
destas experiências indicam que tanto os homens como os animais reagem
favoravelmente a alterações no estímulo. Com efeito, esse desejo de mudança nas
condições estimulantes é suficientemente forte para induzir a aprendizagem de
novas reações que provoquem as mudanças. (....) Devido
à generalização do estímulo, outros objetos semelhantes aos que são agora
familiares serão também ignorados.
As pesquisas sobre
o tédio da reação constante tendem a realçar como fator crítico a fadiga ou a
necessidade de repouso.
O resultado indica
que o maior espaçamento, entre itens e entre repetições separadas, produz menos
erros e melhor aprendizagem. Contudo, o efeito do espaçamento é maior entre
itens do que entre provas. Quer dizer, um montante muito pequeno de repouso,
entre cada um dos itens de uma série, mais do que compensa uma soma
relativamente ampla de repouso entre as provas completas de toda a série.
[Observe-se que é o mesmo fenômeno já observado anteriormente em relação à
recompensa.]
[A minha
aprendizagem para escrever este livro se deu assim:
Ler -> refletir
-> sublinhar -> refletir -> copiar (ler e escrever) -> refletir
-> resumir -> refletir -> concluir]
[A fadiga é
resultado do estresse por não nos ser permitida a
reflexão.]
[A aprendizagem
então é resultado de freqüência da prática + tempo de repouso + referências
passadas +...]
Quando o material a
aprender é um tanto breve [quanto? como medir?] e não extraordinariamente
difícil, a prática maciça tem a vantagem de que a aprendizagem poderá ser
efetuada antes que se verifique um grande decréscimo de trabalho.
Por outra parte, o
espaçamento da prática só serve para desperdiçar tempo quando as respostas a
aprender são familiares, mas têm de receber um novo significado ou estão
associadas a um diferente estímulo.
[Não existe
“material difícil”. Isto é subjetivo. Se alguma coisa parece difícil, é porque
nossas referencias ainda não são suficientes, ou seja, há um gap de referencias. É preciso retornar um ou mais passos
atrás.]
[Quando não se
encontra referência passada, não há associação e, portanto, tem-se que imaginar
e crer.]
6. Transferência de
Treino
[O autor fala em
transferência negativa e positiva. Preferi chamar de transferência inibidora
(negativa) e estimuladora (positiva). A questão da transferência diz respeito
a, por exemplo, você ter aprendido a lidar com a planilha Lotus
e ter que usar a Excel. Na verdade acontecem sempre ambas as transferências.
Para mim isto é hábito, ou condicionamentos anteriores. Quando o
condicionamento anterior dá um mesmo resultado, é uma transferência positiva
(ou estimuladora) e quando não dá o mesmo resultado é uma transferência
negativa (ou inibidora) porque somos obrigados a desfazer um condicionamento e
condicionar outro. O autor dá um exemplo do óbvio:] Aprender XAD-PIV será mais
difícil se tivermos aprendido antes XAD-GEJ. [Isto nada mais é do que a fonte
de todos os nossos problemas de reaprendizado: Eliminar o velho e assimilar o
novo.]
7. Recordar e
Esquecer
Ao resíduo
hipotético deixado pela experiência anterior, chamamos um hábito, um vínculo ou
um traço de memória.
Os 3 métodos para medir a memória [ou as 3 formas da memória se
manifestar] são:
1. recordação [memória sem qualquer estímulo
que não a vontade de lembrar]
2. reconhecimento [lembrança provocada por
estímulos semelhantes]
3. reaprendizagem [crescimento cumulativo da
memória pelo reaprendizado]
A melhor maneira de
causar o "esquecimento" de uma reação condicionada é evocá-la
repetidamente, na ausência do estímulo não-condicionado. A repetição, em si e
de si mesma, não impede o esquecimento; nem o esquecimento é, primordialmente,
uma conseqüência do desuso.
Uma das causas do
esquecimento é que a nossa recordação tende a modificar-se de modos
específicos. [na verdade não há esquecimento e sim substituição. O autor
apresenta 3 desenhos: o círculo incompleto; o quadrado
com uma reentrância; e um "t" com uma aba angulada. Ele sustenta que
o círculo se fecha (efeito da continuidade); a reentrância desaparece (efeito
da boa figura); e o "T" fica correto (efeito da simetria). Na minha
Teoria não há diferença nenhuma entre os três casos. Todas as figuras tende a
se ajustar conforme o estímulo que elas geraram inicialmente. O círculo
incompleto se fosse percebido como um "C" tenderia a ficar mais
parecido ainda com um "C". O
mesmo aconteceria com o quadrado etc. Ou seja, a memória se modifica de acordo
com a primeira percepção que se teve da figura. Vou um pouco mais longe. Penso
que nós temos um mecanismo de simplificação da informação. Ou seja, nós não
memorizamos todas as variantes possíveis da letra "c" e, sendo assim,
tudo o que se aproximar desta letra será simplificado como sendo ela. Ou tudo o
que se aproximar de ser um círculo será transformado em círculo. Para concordar
comigo] F. C. Bartlett fez os indivíduos reproduzirem
estórias e formas visuais. Descobriu que ocorrem, de fato, alterações na memória,
mas que elas são amplamente influenciadas pela nomenclatura, ou rótulos
atribuídos às coisas. (....) Se o indivíduo vir uma
figura ambígua que lhe pareça assemelhar-se a algum objeto com que esteja
familiarizado, suas reproduções transformarão gradualmente o original, até que
se converta no objeto familiar.
A análise de
interferência do esquecimento sugere que o material só se perde na memória
quando é substituído por algum outro material. (....)
Por conseguinte, tanto maior é a pratica interpolada (alteração entre duas
práticas diferentes sobre um mesmo evento), tanto maior é a interferência [ou
seja, mais prejudica o aprendizado].
Underwood concluiu que a porcentagem de material que
os indivíduos recordam está claramente relacionada com o número de listas
anteriores que tinham aprendido, [ou seja, quanto mais informação se tem, menor
é a capacidade de recordar].