EXTRATO
DE: O ANDAR DO BÊBADO
Como o acaso determina nossas vidas
Autor: Leonard Mlodinow
Ed. Zahar – 2008/2009
8/9
Temos a cultura de que o êxito ou fracasso de um time é em grande medida responsabilidade do técnico. Mas a análise matemática das demissões em todos os grandes esportes, mostrou que, em média, elas não tiveram efeito no desempenho da equipe.
Os processos aleatórios são fundamentais na natureza, e onipresentes em nossa vida cotidiana; ainda assim, a maioria das pessoas não os compreende nem pensa muito a seu respeito.
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As pessoas bem-sucedidas em todas as áreas quase sempre fazem parte de um certo conjunto – o conjunto das pessoas que não desistem.
Todos entendemos que a genialidade não garante o sucesso, mas é tentador presumir que o sucesso deve emergir da genialidade.
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“Se eu tivesse dito sim a todos os projetos que recusei, e não a todos os que aceitei, a coisa teria funcio0nado mais ou menos da mesma maneira.” David Picker, executivo de Hollywood
Os fatores são tão complexos e o caminho que vai do sinal verde ao lançamento é tão vulnerável a influencias imprevisíveis e incontroláveis que palpites bem informados sobre o potencial de um filme ainda não produzido não são muito mais eficazes que um cara ou coroa.
[mina observação é de que, tomando o exemplo de um filme fazer ou não sucesso, há a questão da quantidade de informação que as pessoas podem absorver em uma determinada unidade de tempo, no caso, há um limite de filmes que consigo ver em um mês, por exemplo, e ainda há a questão de quanto estou disposto a gastar em cinema por mês, e por ai....]
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Não é muito fácil determinar que proporção de um resultado se deve à habilidade e que proporção se deve à sorte.
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Como é possível que um gênio infalível como Lansing conduza uma empresa por sete excelentes anos e
então despenque, praticamente da noite para o dia? Foram propostas muitas
teorias para explicar o sucesso inicial de Lansing.
Enquanto a Paramount ia bem, Lansing foi elogiada por
torná-la um dos estúdios mais bem conduzidos de Hollywood e por seu talente em transformar historias convencionais em sucessos
de US$100 milhões. Quando a sorte de Lansing mudou,
os revisionistas entraram
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Se não fosse por tantos fatores imprevisíveis, um jogador sempre converteria um pênalti em gol.
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Cientistas nos mostram que modelos baseados em jogos de cara ou coroa, se aproximam bastante do desempenho real de jogadores e equipes, incluídas aí suas fases boas e ruins.
Eventos aleatórios muitas vezes se parecem com eventos não aleatórios, e ao interpretarmos as questões humanas, devemos ter cuidado para não confundir uns com os outros.
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Isaac Newton refletiu sobre as regularidades apresentadas por objetos em queda e criou uma lei de gravitação universal. Outros perceberam uma melhora em seu desempenho atlético quando estavam usando meias sujas, e a partir daí se recusaram a usar meias limpas.
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Se os detalhes que recebemos se adequarem à imagem mental que temos de alguma coisa, então, quanto maior o numero de detalhes numa situação, mais real ela parecerá, e, portanto, consideraremos que será mais provável – muito embora o ato de acrescentarmos qualquer detalhe do qual não tenhamos certeza a uma conjectura a torne menos provável. Essa inconsistência entre a lógica da probabilidade e as avaliações das pessoas com relação a acontecimentos incertos despertou o interesse dos pesquisadores, pois poderia levar a avaliações injustas ou equivocadas de situações na vida real.
Axiomas: afirmações que devem ser aceitas sem provas
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(...) as pessoas têm memória notavelmente fraca ao tentarem estimar a freqüência – e, portanto, a probabilidade – de ocorrências passadas.
Qual é a probabilidade de que, dentre as cinco filas do mercado, escolhamos a mais lenta? A menos que tenhamos sido amaldiçoados por um praticante de magia negra, a resposta é de aproximadamente 1/5. Assim, por que motivo, quando pensamos no assunto, temos a sensação de possuirmos um talento sobrenatural para escolher a fila mais lenta? Porque temos coisas mais importantes com as quais nos preocupar quando as coisas correm bem, mas quando a senhora à nossa frente, que tem um único produto no carrinho, decide reclamar de que a galinha lhe foi cobrada a US$1,50 o quilo e ela tem certeza de a placa na geladeira de carnes dizia U$1,49, prestamos muita atenção ao fato.
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“A probabilidade é o próprio guia da vida”, Cícero.
“O homem que joga com freqüência acabará por fazer, uma vez
outra, uma jogada de Vênus: de vez em quando, fará até mesmo duas ou três
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A Peste Negra entrou na Europa em 1347 e dizimou de
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Isomorfismo – quando dois problemas são iguais, embora pareçam diferentes.
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As finais dos campeonatos esportivos podem ser divertidas e empolgantes, mas o fato de que um time leve o troféu não serve como indicação confiável de que realmente é o melhor time.
O mesmo raciocínio se aplica quando duas empresas competem diretamente, ou se dois funcionários competirem dentro da mesma empresa, embora possa haver um vencedor e um perdedor a cada trimestre, precisaríamos manter a comparação ao longo de décadas ou séculos para obter uma resposta confiável quanto a qual empresa ou empregado é de fato melhor. É perigoso, portanto, julgar alguém com base em resultados de curto prazo.
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Se a Caixa Econômica fizesse um jogo anunciando que de todos que jogarem 1 real, a maior parte não receberá nada, uma pessoa receberá uma fortuna e uma pessoa sofrerá um acidente de trânsito e morrerá, você toparia? Mas a verdade é que elas topam sim, pois enquanto uma pessoa recebe o grande prêmio em cada sorteio, milhões de outros participantes dirigiram seus carros para a lotérica e não ganharam nada e alguns deles ainda sofreram acidente no trajeto e uma morreu. !!!
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Em 1896, o filosofo americano Charles Sanders Peirce escreveu que uma amostra seria aleatória se “coletada a partir de um pressuposto ou método que, sendo aplicado muitas vezes indefinidamente, faça com que, a longo prazo, o sorteio de qualquer conjunto de números ocorra com freqüência igual à de qualquer outro conjunto de mesmo tamanho”. Isso é conhecido como probabilidade determinística. A principal alternativa a ela é conhecida como a probabilidade subjetiva. Na probabilidade determinística, julgamos uma amostra pelo modo como ela se apresenta; já na probabilidade subjetiva, julgamos uma amostra pelo modo como é produzida. De acordo com esta segunda forma, um numero ou conjunto de números é considerado aleatório se não soubermos ou não pudermos prever que resultados serão gerados pelo processo.
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Se médiuns realmente existissem eles estariam todos em volta de uma roleta do cassino rindo e descendo a rua com carrinhos de mão cheios de dinheiro, e não na internet com nomes do tipo Zelda Que Tudo Sabe e Tudo Vê, oferecendo conselhos amorosos 24 horas por dia, competindo com outros 1,2 milhões de médiuns da internet (segundo o google).
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Paradoxo de Zenão (Zenão, filósofo do século V a. C.) – se alguém para caminhar de um ponto a outro, tiver que caminhar a metade da distância que falta, nunca chegará a lugar algum porque sempre haverá uma metade a transcorrer. A conclusão de Zenão: nunca podemos chegar a parte alguma.
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Com métodos matemáticos atuais, os estatísticos demonstraram que podemos atingir um resultado estatisticamente significativo com uma precisão de mais ou menos 5% se entrevistarmos apenas 370 pessoas. Entrevistando 1.000 teremos uma probabilidade de 90% de nos aproximarmos a menos de 2% do resultado real.
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“Não deveríamos analisar as ações humanas com base nos resultados.” Bernoulli
É necessária uma grande personalidade para ir contra a (falsa) Lei dos Pequenos Números. Afinal, qualquer um é capaz de apontar relaxadamente para o último da lista como forma de justificar suas criticas, mas precisamos ter confiança, inteligência, discernimento e, bem, coragem para avaliar o verdadeiro conhecimento e habilidade de uma pessoa. Não podemos simplesmente nos levantar no meio de uma reunião com colegas e dizer: “Não a demitam. Elas ó estava no lado errado de uma série de Bernoulli.”
A ideia de que a chance de ocorrência de um evento com probabilidade fixa aumenta ou diminui dependendo de ocorrências recentes é chamada falácia do jogador. Por exemplo, se você tirasse, digamos, 44 caras nas primeiras 100 jogadas, a moeda não passaria a favorecer as coroas para desfazer a diferença! Isso não acontece. Uma boa seqüência não traz azar, e uma seqüência ruim, infelizmente, não significa q a sorte vai melhorar.
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Digamos q meu chefe está levando mais tempo que o habitual para responder a meus e-mails. Muitas pessoas veriam isso como um sinal de que minha reputação na empresa está caindo, porque se minha reputação estiver caindo, há uma grande chance de que meu chefe passe a demorar mais a responder meus e-mails. Porem, meu chefe pode estar levando mais tempo por estar excepcionalmente ocupado, ou porque a me de lesta doente....Ou seja, depende da confusão entre a probabilidade de que uma serie de eventos ocorra se forem o produto de uma grande conspiração e a probabilidade de que exista uma grande conspiração se ocorrer uma serie de eventos.
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A maior parte das nossas experiências de vida são assim: observamos uma amostra relativamente pequena de resultados, a partir da qual inferimos informações e fazemos julgamentos sobre as qualidades que geraram tais resultados.
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A diferença fundamental entre probabilidade e estatística é que a primeira trata de previsões baseadas em probabilidades fixas enquanto a segunda trata de como inferir essas probabilidades com base nos dados observados.
Curva de Gauss ou distribuição normal.
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Nas degustações às quais compareci ao longo dos anos, notei que se o barbudo à minha esquerda murmura “ótimo nariz”, é bem provável que outras pessoas concordem com ele. Se as anotações forem feitas de maneira independente, no entanto, sem discussões, muitas vezes veremos que o barbudo escreveu “ótimo nariz”, o camarada de cabeça raspada rabiscou “não tem nariz nenhum” e a loira de permanente escreveu “nariz interessante com camadas de salsa e couro recém-curtido com tanino”.
Em termos estritos, o sentido do paladar surge de 5 tipos de células receptoras presentes na língua: salgado, doce, azedo, amargo e umami (responde a certos aminoácidos presentes, p.ex., no molho de soja).
O sabor que sentimos no vinho surge dos efeitos de uma
mistura de
E num estudo feito em 2008, um grupo de voluntários deu nota melhor a uma garrafa com etiqueta de US$90 que a outra com etiqueta de US$10, embora os sorrateiros pesquisadores tivessem enchido as duas com o mesmo vinho.
Quando realizamos uma avaliação ou uma medição, nosso cérebro não se fia paneas nos estímulos perceptivos diretos. Ele também integra outras fontes de informação – como a nossa expectativa.
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Segundo um editor da revista Wine Enthusiast, “quanto mais nos aprofundamos no tema, mais percebemos o quanto tudo isso é enganador e ilusório”.
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O desvio padrão da amostra caracteriza o quanto um conjunto de dados se aproxima da média – ou, em termos práticos, a incerteza dos dados. Quando é baixo, todos os dados caem perto da média.
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A idéia de que a distribuição dos erros segue alguma lei universal, por vezes é chamada de Lei dos Erros.
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Se em 19 em cada 20 pesquisas (95%) o resultado estará a menos de 5% do valor correto, também que dizer que 1 em cada 20 (5%) pesquisas trará um resultado absolutamente errado.
[Duvide portanto dos gráficos do JN que mostram a queda na popularidade do Lula de 72% para 71% numa pesquisa em que a margem de erro é de 3% para mais ou para menos, o que dará uma variação de 68% a 74%.]
As pessoas não têm a chance de jogar 100 anos de basquete profissional, investir em 100 imóveis ou abrir 100 empresas de biscoitos de chocolate.
Quando observamos um êxito ou um fracasso, estamos observando um único dado, uma amostra da curva normal que as potencialidades já previamente existentes. Não temos como saber se essa nossa única observação representa a media ou uma ocorrência excêntrica, um evento no qual deveríamos apostar ou um acontecimento raro, que provavelmente não se repetirá.
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Ao vasculharem dados sociais tornados disponíveis havia pouco tempo, os cientistas do século XIX descobriram que, onde quer que procurassem, o caos da vida parecia produzir padrões quantificáveis e previsíveis. No entanto, não ficaram impressionados apenas com as regularidades, mas também com a natureza da variação. Como descobriram, os dados sociais frequentemente seguem a distribuição normal.
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A mais grave das epidemias sempre é compensada em menos de 2 anos.
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Vítimas ocultas do 11 de setembro – após o incidente, as pessoas que precisavam viajar, temendo entrar em aviões,m decidiram subitamente ir de carro. Esse medo fez com que o numero de vitimas de acidentes em rodovias crescesse, resultando em aproximadamente mil óbitos a mais que no mesmo período do ano anterior.
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Nos últimos anos, os psicólogos descobriram que a capacidade de persistir ante adversidades é um fator ao menos tão importante quanto o talento na busca do sucesso. É por isso que os especialistas costumam falar na “regra dos dez anos”, segundo a qual precisamos de no mínimo uma década de trabalho firme, pratica e empenho para sermos muito bem-sucedidos na maior parte dos empreendimentos. (...) Considero isso estimulante, pois, enquanto nossa constituição genética está fora do nosso controle, o grau de esforço depende de nós mesmos. E os efeitos do acaso também podem ser controlados, na medida em que, dedicando-nos a tentativas repetidas, podemos aumentar nossa chance de êxito.
Processo de regressão à média – ex. dos filhos de pais altos etc.
Coeficiente de correlação – quanto mais perto de 1 mais correlacionadas estão as duas variáveis.
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Segundo a Teoria Atômica, o movimento fundamental das moléculas de água é caótico.
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Boa parte da ordem que observamos na natureza esconde uma desordem subjacente invisível, e assim, só pode ser compreendida por meio das regras da aleatoriedade.
É bastante difícil evitar a ilusão de significado em padrões aleatórios.
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O físico Michael Faraday notou que a percepção humana não é uma conseqüência direta da realidade, e sim um ato imaginativo.
A percepção necessita da imaginação porque os dados que encontramos em nossas vidas nunca são completos, são sempre ambíguos.
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Não temos como realizar estudos grandes e controlados na vida diária, nem aplicamos intuitivamente a analise estatística. Em vez disso confiamos em nossa intuição. Quando o meu fogão Viking começou a apresentar defeitos e, por acaso, uma conhecida me contou que tivera o mesmo problema, comecei a dizer aos meus amigos que evitassem essa marca.
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Buscar padrões e atribuir-lhes significados faz parte da natureza humana.
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A Apple teve que “forçar” um pouco para que a função de música aleatório no iPod ficasse um pouco mais aleatório (valida para evitar que a próxima música seja a mesma que acabou de tocar ou que seja do mesmo cantor ou do mesmo álbum).
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Segundo um estudo de 1995, os oito ou 12 superstars de Wall Street mais bem pagos, convidados pela revista Barron’s para fazer recomendações em sua mesa-redonda anual, apenas igualaram o retorno médio gerado pelo mercado.
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Naturalmente, se esperarmos tempo suficiente, encontraremos alguém que, por pura sorte, realmente conseguiu fazer previsões surpeendentemente bem-sucedidas.
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Os cientistas descobriram fazendo testes com jogadores de basketebal que um acerto seguido de outro acerto era tão provável quanto um acerto seguido de um erro. A expectativa popular contrário a esta constatação é chamada de “falácia da boa (ou má) fase”.
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Se milhares de pessoas jogam moedas uma vez por ano, e vêm fazendo isso há décadas, qual é a probabilidade de que uma delas, por algum período de 15 anos ou mais, tire apenas cara? Essa probabilidade é muito, muito mais alta que a de simplesmente jogar 15 caras em seqüência.
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As pessoas gostam de exercer o controle sobre seu ambiente; é por isso que os mesmos indivíduos que dirigem um carro depois de tomar meia garrafa de uísque entram em pânico se o avião em que estiverem passar por uma leve turbulência.
A necessidade de nos sentirmos no controle da situação interfere com a percepção precisa de eventos aleatórios.
Nas palavras de Langer “ainda que as pessoas concordem da boca para fora com o conceito do acaso, comportam-se como se tivessem controle sobre os eventos aleatórios.” Na vida real é ainda mais difícil resistir à ilusão do controle.
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Uma vez que acreditamos enxergar um padrão, não abrimos mão dessa percepção com muita facilidade.
201
Quando estamos diante de uma ilusão – ou em qualquer momento em que tenhamos uma nova idéia -, em vez de tentarmos provar que nossas idéias estão erradas, geralmente tentamos provar que estão corretas. Os psicólogos chamam essa situação de viés da confirmação.
Como afirmou o
filosofo Francis Bacon em 1620, “a compreensão humana, após ter adotado uma
opinião, coleciona quaisquer instâncias que a confirmem, e ainda que as instâncias
contrárias possam ser muito mais numerosas e influentes, ela não as percebe, ou
então as rejeita, de modo que sua opinião permaneça inabalada.
Para piorar ainda
mais, também interpretamos indícios ambíguos de modo a favorecerem nossas
idéias.
202
O experimento dos estudantes a favor e contra a pena de morte.
Quando um empregador entrevista um candidato a um emprego, sua tendência é formar uma rápida primeira impressão do sujeito e passar o resto da entrevista buscando informações que a corroborem.
Estamos mais
concentrados em encontrar e confirmar padrões que em minimizar nossas
conclusões falsas.
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O comportamento humano é frequentemente irracional (no sentido de que agimos de modo contrário aos nossos interesses).
Ditado: depois da onça morta, todo mundo é caçador.
215
É fácil construir histórias para explicar o passado ou confiar em algum desdobramento futuro duvidoso. (...) Em vez de confiarmos em nossa capacidade de prever os acontecimentos futuros, podemos nos concentrar na capacidade de reagir a eles, por meio de qualidades como flexibilidade, confiança, coragem e perseverança.
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Em sistema complexos como nossas vidas, devemos esperar que fatores menores, que geralmente ignoramos, possam causar grandes acidentes em função do acaso.
Afinal, num empreendimento complexo, por mais vezes que fracassemos, se continuarmos tentando geralmente haverá uma boa chance de que acabemos por ser bem-sucedidos.
Economistas como W. Brian Arthur afirmam que uma cooperação entre pequenos fatores pode até mesmo levar empresas sem nenhuma vantagem em especial a dominarem as concorrentes. “No mundo real”, escreveu, “se diversas firmas de tamanho semelhante entrarem juntas num mercado, pequenos eventos fortuitos – pedidos inesperados, encontros casuais com compradores, palpites gerenciais – ajudarão a determinar quais delas farão as primeiras vendas e, ao longo do tempo, quais delas acabarão por dominar o mercado. A atividade econômica é determinada por transações individuais pequenas demais para serem previstas, e esses pequenos eventos “aleatórios” podem se acumular, ampliando-se ao longo do tempo em virtude dos retornos positivos que trazem”.
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É um fenômeno bem conhecido na indústria cinematográfica: depois de ouvirem elogios a um filme, os futuros espectadores tendem a gostar mais dele.
222
O acaso não nos mostra que, na vida, a conexão entre ações e resultados é aleatória, e sim que influencias aleatórias são tão importantes quanto nossas qualidades e ações.
“Poucas pessoas se dedicariam por muito tempo a uma atividade se acreditassem existir uma conexão aleatória entre o que fazem e as recompensas que recebem”. Para manterem a própria sanidade as pessoas superestimam a capacidade de inferir a habilidade de uma pessoa em função de seu sucesso. [Se são famosos (ou ricos) é porque são mais inteligentes.]
E, infelizmente, parecemos ter uma propensão inconsciente a julgar negativamente os que se encontram no lado mais desfavorecido da sociedade.
228
O modo como enxergamos o mundo seria muito diferente se todos os nossos julgamentos pudessem ser isolados da expectativa e baseados apenas em informações relevantes.
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Thomas Edison: “Muitos dos fracassos da vida ocorrem com pessoas que não perceberam o quão perto estavam do sucesso no momento em eu desistiram.”
A linha que une a
habilidade e o sucesso é frouxa e elástica.
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Quando me sinto tentado a julgar alguém com base em seu grau de sucesso, gosto de lembrar que, se tivessem que recomeçar do zero, Stephen King seria apenas um Richar Bachman e V. S. Naipaul seria apenas mais um autor lutando pelo reconhecimento. Além disso, em algum lugar do mundo vagueiam os equivalentes de Bill Gates, Bruce Willies e Roger Maris que não ficaram ricos nem famosos, pessoas às quais a fortuna não concedeu a chance de criar um produto revolucionário, estrelar um programa de TV ou bater um recorde. O que aprendi, acima de tudo, é a seguir em frente, pois a grande idéia é a de que, como o acaso efetivamente participa de nosso destino, um dos importantes fatores que levam ao sucesso está sob o nosso controle: o número de vezes que tentamos rebater a bola, o número de vezes que nos arriscamos o número de oportunidades que aproveitamos. Pois até mesmo uma moeda viciada que tenda ao fracasso às vezes cairá do lado do sucesso. Nas palavras de Thomas Watson, o pioneiro da IBM: “Se você quiser ser bem-sucedido, duplique sua taxa de fracassos.”
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A verdadeira força da teoria dos processos aleatórios está no fato de que, uma vez compreendida sua natureza, podemos alterar o modo como percebemos os acontecimentos ao nosso redor.
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Para minha mãe, esta história ilustra o quanto é inútil fazermos planos. Eu não concordo. Acredito que seja importante planejar a vida, se o fizermos de olhos bem abertos. Porém, acima de tudo, a experiência de minha mãe me ensinou que devemos identificar e agradecer a sorte que temos e reconhecer os eventos aleatórios que contribuem para o nosso sucesso. Ela me ensinou, também, a aceitar os eventos fortuitos que nos causam sofrimento. E, acima de tudo, ensinou-me a apreciar a ausência de azar, a ausência de eventos que poderiam ter nos derrubado e a ausência das doenças, da guerra, da fome e dos acidentes que não – ou ainda não – nos acometeram.