ADMINISTRAR, A DIFERENÇA É A PREPOSIÇÃO |
Frases do tipo “não
se pode dar liberdade a empregado” e “clientes são todos
iguais” são frequentemente ditas nas conversas entre executivos. Uma só
experiência basta para criar um padrão de como lidar (ou não lidar) com
futuros clientes ou empregados. São típicos os exemplos. Um lojista,
acostumado com uma clientela honesta e correta, tem um cheque devolvido e no
dia seguinte coloca a placa: “não aceitamos cheque”. Um dos
empregados aos quais se permitiu flexibilidade no horário de trabalho usa mal
este direito. Depois de algumas advertências, ele é demitido e o empregador
põe fim à “regalia”. Esta é a técnica que chamo de
"Administrar POR Exceção". Por exceção vem funcionando muito bem
para o ser humano desde milênios. A experiência negativa, que tem consequências físicas e/ou psicológicas desagradáveis,
determina, por prevenção, o comportamento que o indivíduo vai ter no
futuro. A exceção, portanto, determina um novo padrão de "se isto,
então, a conseqüência sempre será esta". O que era exceção deixou de
sê-lo. Na vida cotidiana, assumir que na semana santa vai chover porque
“sempre” chove, é muito mais fácil do que entender a complexidade
da interação das variáveis que afetam o clima. Mas na atividade gerencial
este tipo de princípio traz resultados desastrosos. A decisão de mudar a
regra para todos porque houve uma exceção, por injusta, causará justa revolta
nos que receberão o mesmo conceito negativo do empregado demitido, mesmo que
sempre tenham usado a flexibilidade de horário corretamente. Nestes casos,
estamos diante de um pseudo-administrador, pois lhe falta saber lidar com o
futuro e mostra insensibilidade para perceber as variáveis que afetam o
desempenho dos administrados. Ao longo dos anos só
aumentou minha convicção de que em administração cada um é sua própria
teoria, mas levar a própria personalidade para a administração está limitado
ao objetivo empresarial que, para o administrador, e no que tange à sua
relação com gerenciados, é o de manter a mais alta qualidade na relação
destes com a empresa, garantindo justiça, produtividade, estabilidade e
compromisso recíproco. Eu não vejo outro caminho para atingir tal objetivo
sem o uso da técnica que chamo de "Administrar A Exceção".
Nesta abordagem, o administrador analisa cada exceção, toma decisões e não
muda seus padrões ou os da empresa. Há exceções, mas na maioria dos negócios,
clientes caloteiros continuarão a ser exceção. Quando digo isso me sinto até
um pouco idiota pela obviedade intrínseca. Mas olhe à sua volta e veja como
as coisas realmente acontecem. É impressionante! Voltemos aos exemplos. O que
faz alguém optar pelo pior caminho demitindo e mudando as regras? Ou
colocando as vendas em risco simplesmente decidindo vender só a dinheiro?
Penso que a resposta é "simplificação irresponsável". Administrar a
exceção requer o esforço de ir contra uma genética pessoal e uma herança
cultural difíceis de serem enfrentadas. Ambas têm uma força descomunal na
determinação de nossas atitudes. Não é cômodo, mas aquele que pretende ir
dormir com a convicção de que é um bom administrador, não pode priorizar
comodidade. Para administrar, talento
nato para lidar com pessoas e formação técnica, ajudam, mas há que se
despojar do próprio ego e fincar os pés no comprometimento profissional. Como
administrador, olhe para os acontecimentos do seu dia-a-dia procurando
separar exceções e padrões. O mundo não está contra você. Exceções são apenas
modos diferentes do seu de dar solução para um mesmo problema. As exceções é
que justificam a necessidade de administrar e, portanto, sua existência.
Experimente esta proposição e mude a preposição. Passe a administrar
“as” exceções porque os padrões já estão administrados e nenhuma
empresa precisa de um administrador para lidar com eles. Temos a certeza de
que administrando "as" exceções, o nível de estresse (extremamente
alto em nossa atividade) vai ser muito menor e seus dias serão bem melhores!!!
Pense nisso. Leia também: Administrar,
uma Questão Pessoal
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